TikTok, aplicativo que permite criar e compartilhar vídeos de até 3 minutos, foi criado em 2016 e ganhou popularidade internacional no final de 2018. Uma das razões da febre dessa plataforma é o fato de poder adicionar sons e músicas aos vídeos, criando desafios, danças, memes, entre outras coisas. Assim, os usuários têm acesso muito fácil a novos artistas e músicas, o que acaba impactando diretamente a indústria musical.
O algoritmo desse aplicativo funciona de forma diferente de outras redes sociais, que costumam favorecer quem tem mais seguidores e pagam por anúncios. O Tiktok possibilita que qualquer pessoa consiga viralizar com seus vídeos independentemente desses fatores, e por entregar vídeos personalizados na página “Para Você”, usuários com gostos e interesses similares recebem esse conteúdo. Dessa maneira, pequenos e novos artistas têm mais chances de ter um hit de sucesso.
Esse foi o caso de artistas como Lil Nas X, Doja Cat e Olivia Rodrigo, são apenas alguns dos nomes que alcançaram o topo das paradas da Billboard e Spotify ao viralizar no Tiktok com suas músicas Old Town Road (17 semanas em 1º na Billboard Hot 100), Say So (1 semana em 1º na Billboard Hot 100) e Drivers Licence (9 semanas em 1º na Billboard Hot 100), respectivamente, que foram além dessa rede social e hoje continuam fazendo extremo sucesso e são consideradas estrelas do mundo da música.
Além desses artistas que todos conhecem, há outros casos, como o de Tai Verdes, um jovem de 25 anos. Tentou diversas vezes participar de programas como ‘American Idol’ e ‘The Voice’, mas nunca foi aceito. Seu sucesso começou ao postar seu primeiro single Stuck In The Middle no Tiktok com a legenda “se esse vídeo tiver 1000 likes eu lanço essa música” e de noite para o dia, já acumulava milhares de curtidas. O hit virou tão popular que alcançou primeiro lugar no Viral 50 – USA no Spotify e foi considerada pelo New York Times como uma das melhores músicas de 2020. Hoje, tem milhões de streams e visualizações, e Tai continua fazendo sucesso com outros singles e seu novo álbum TV.
Esse fenômeno não acontece somente com lançamentos, mas também com músicas de décadas atrás, como foi o caso de Dreams do Fleetwood Mac, lançada em 1977, em que Idahoan Nathan Apodaca, um tiktoker famoso, postou um vídeo com ela de fundo e logo estava entre as músicas mais procuradas do momento. Para ter noção do impacto, ela voltou a Billboard Hot 100 pela primeira vez em quatro décadas na 21ª posição, a melhor colocação do Fleetwood Mac desde 1988, quando Everywhere ocupou o 17º lugar. A música também ficou em 2º no Hot Rock & Alternative Songs, 20º no Global 200, e 68º na Global Excluding US. Fora que, de acordo com a Nielsen Music/ MRC Data, a música teve 13,4 milhões de streams e um aumento de 197% nos downloads. Além disso, o álbum Rumours e outros singles também receberam atenção do púbico e tiveram ainda mais conquistas.
Pelo Tiktok ter toda essa influência, cada vez mais a indústria musical está tendo que se adequar à plataforma, lançando pedaços de músicas para teste, fazendo remixes e remasterizações. Gravadoras e produtores musicais têm até pagado grandes tiktokers para gravarem danças e trends com suas músicas, pois o alcance desses influencers como Charlie D’Amelio (122,8 milhões de seguidores) e Addison Rae (82,7 milhões de seguidores) é extremamente alto e isso tem mostrado dar dado muito resultado. Alguns exemplos são; a rapper Flo Milli, que pagou $200 ao tiktoker Michael Pelchat, para tornar a dança de Beef Flomix mais popular, o vídeo foi um sucesso, logo após assinou com a RCA Records e hoje tem milhões de seguidores e streams em praticamente todas suas músicas. Outro caso foi de The Kid LAROI com sua música Addison Rae chamou a atenção da mesma e hoje está nominado a Artista em Ascensão no VMA 2021.
O TikTok é além de tudo, uma ferramenta de marketing. Ele continua a controlar quais músicas são ouvidas e quais se tornam populares. Assim, há a controvérsia, de que tudo isso faz os artistas pensarem apenas no sucesso de vendas imediato e colocação nas paradas ao invés de qualidade da produção a longo termo, já que músicas estouram e semanas ou dias depois são consideradas “velhas”. Mas, isso também se relaciona ao momento que estamos vivendo, onde sempre tem muitas coisas acontecendo, muito rápido e como temos acesso fácil a todas essas coisas, nossa capacidade de manter atenção diminui, consumimos demais e acabamos nos cansando rapidamente.
Ainda não se sabe os totais efeitos do Tiktok, em nós, nem na indústria musical, se músicas feitas para vídeos curtos podem separá-la como forma de arte. Porém, é um fato que o aplicativo tem proporcionado inúmeras oportunidades e mudado a vida de muitas pessoas.
Um comentário em “O impacto do TikTok na indústria musical”