Em 1944, o médico alemão Ludwig Guttman foi chamado pelo governo britânico para chefiar o Centro Nacional de Traumatismos do hospital Stoke Mandeville, que ficava em uma vila no sudeste da Inglaterra. Lá ele passava a maior parte do tempo acolhendo um grande número de soldados feridos pelos combates da 2ª Guerra Mundial.
Guttman, empenhado em encontrar novas maneiras de tratar os ferimentos e os casos de paraplegia dos soldados, começou a usar o esporte como tratamento e ferramenta de motivação para seus pacientes. Os arremessos de bola eram praticados como exercício para os membros superiores e, logo produziram um aumento de resistência física e de autoestima nos feridos.

Roma, 1960
Foi então que, em 1948, na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, Ludwig Guttman organizou a primeira competição esportiva exclusiva para pessoas com deficiências físicas, chamada Jogos de Stoke Mandeville, em homenagem ao hospital.
Em 1952, a Holanda aderiu ao movimento e os Jogos se tornaram internacionais. Este fez com que os jogos no estilo olímpico, para atletas deficientes, ganhassem bastante notoriedade e, em 1960, em Roma, foram realizados os primeiros Jogos Paralímpicos oficiais da história, com 400 atletas de 23 países.
A História do Brasil nos Jogos
No início dos anos 50, Robson Sampaio de Almeida, um alagoano que vivia nos Estados Unidos, sofreu um acidente e ficou paraplégico. Ele passou por diversos tratamentos no hospital, mas o que realmente o transformou, foi o basquete em cadeira de rodas. Motivado em ajudar brasileiros, Robson voltou ao Brasil e, em 1958, fundou no Rio de Janeiro o Clube de Otimismo, o primeiro movimento organizado de prática esportiva para pessoas com deficiência.
Mesmo a prática já sendo comum no Brasil, o país só participou de sua primeira Paralimpíadas em 1972, em Heidelberg, na Alemanha. 20 atletas homens embarcaram para participar nas competições de tiro com arco, atletismo, natação e basquete com cadeira de rodas.
Mas o país só subiu ao pódio na edição de 1976, em Toronto, no Canadá, quando justamente Robson Sampaio, acompanhado de Luiz Carlos Costa, ganharam a medalha de prata em uma prova de Lawn Bowls.
Em 1995, após o Brasil ter conquistado 63 medalhas nos Jogos Paralímpicos, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) foi fundado no Rio de Janeiro. Até hoje ele atua como Confederação Nacional de cinco modalidades esportivas paralímpicas: atletismo, esgrima em cadeira de rodas, halterofilismo, natação e tiro esportivo. Tem como missão promover o esporte Paralímpico da iniciação ao alto rendimento e a inclusão da pessoa com deficiência na sociedade.
Em 2001, foi sancionada a Lei Agnelo/Piva, que estabelece o repasse de parte da arrecadação das loterias federais para os comitês olímpico e paralímpico, proporcionando diversos avanços estruturais e técnicos ao paradesporto nacional.
O Primeiro Centro de Treinamento Paralímpico do Brasil foi construído quando o país foi escolhido para sediar os Jogos Paralímpicos de 2016. A obra foi orçada em cerca de R$ 260 milhões e fez parte do Plano Brasil Medalhas do Governo Federal. O CT Paralímpico conta com instalações esportivas indoor e outdoor, para competições, intercâmbios e treinamentos de atletas de seleções em 15 modalidades.

[Imagem: Alessandra Cabral]
É essencial salientar a importância da visibilidade do esporte paralímpico, pois em um país desigual como o Brasil, no qual pessoas com deficiência ainda sofrem preconceitos, ele carrega consigo valores fundamentais para toda sociedade como acessibilidade, representatividade e inclusão. O movimento paralímpico reitera o caráter democrático do esporte.
Felizmente, a representatividade do Brasil no esporte cresce ano a ano. Ao longo das 12 edições, os atletas brasileiros já conquistaram 301 medalhas, sendo 87 de ouro, 119 de prata e 95 de bronze.
Na edição de 2021 dos Jogos Paralímpicos realizados em Tóquio o Brasil, com 260 atletas, tem a 5ª maior delegação. Os atletas buscam o sonho de conquistar a 100ª medalha de ouro da história das Paralímpiadas.
As competições já estão sendo transmitidas pelos canais Globo e SporTV.
Bora torcer, Brasil?