Uma das frequentes e famosas síndromes do século XXI é a do burnout – a qual representa, originalmente, mau funcionamento por exaustão. É utilizada para representar um esgotamento (profissional, acadêmico ou pessoal) que pode desencadear ou intensificar distúrbios psíquicos e físicos. Alguns dos possíveis sintomas, a partir da pesquisa de Isabela Vieira, são: fadiga persistente, falta de energia, adoção de condutas de distanciamento afetivo, insensibilidade, indiferença ou irritabilidade relacionadas ao trabalho de uma forma ampla, além de sentimentos de ineficiência e baixa realização pessoal.
De acordo com a psicóloga Thaiana Brotto, o fenômeno é classificado em três categorias: esgotamento de sobrecarga, esgotamento subestimado e desamparo. O primeiro representa a vida frenética na sociedade atual de base capitalista, já que o método de desempenho é baseado em potenciais conquistas. O segundo é voltado para o sentimento de apatia que surge quando a pessoa está passando por essa síndrome, o que gera possível isolamento e falta de motivação. Já o último, representa pessoas que negligenciam tudo e vivem na passividade – e o resultado é desistência.
Quais são as possíveis causas do burnout?
As mais comuns incluem falta de autocuidado, pouco apoio nas relações interpessoais com familiares e amigos, sobrecarga de trabalho ou deveres acadêmicos, mecanismos de defesa relacionados com saúde mental e distúrbios. É um problema sério e deve ser tratado como tal, considerando que pode levar a sérias consequências ao longo do tempo.
A partir da pesquisa da Vetx International, existem cinco estágios no processo do burnout no mercado de trabalho. Para enfrentá-lo, é importante reconhecer a ordem dos acontecimentos.
O primeiro estágio é The Honeymoon Stage (a fase da lua de mel). No caso de um novo emprego, por exemplo, a pessoa entra com um gás novo para trabalhar e, apesar de não serem tarefas fáceis, são cumpridas pela energia e ambição do novo funcionário. O segundo estágio é The Balancing Act (O ato de equilíbrio), é quando alguém compreende que há coisas nesse ambiente/emprego não tão agradáveis e a energia não é a mesma do início, o que leva à negligência em outras partes da vida devido ao próprio serviço. O estágio número três é o número dois ao quadrado, ou seja, são sintomas mais intensos, porém derivados, do balancing act – é nomeado de Chronic Symptoms (sintomas crônicos) e inclui estado de negação. The crisis stage (fase da crise) é o estágio quatro, define a crise e o ponto de “surto”, resultado da falta de controle, sintomas físicos e mentais na vida da pessoa e o dilema: ajuda profissional ou mudança radical. Por fim, Enmeshment (Enredamento) é a última fase do burnout, que representa a pessoa que já está presa no ciclo desta síndrome e muitas vezes não reconhece. Pode levar a vários distúrbios mentais e desistência total.
Outro ponto importante para se discutir é: Por que jovens estão sofrendo burnout? Pessoas esperam que esse fenômeno permaneça entre veteranos e quem já vive uma vida desse parâmetro há muito tempo. Qual seria o motivo de os Millennials e parte da Geração Z estarem incluídos nesta estatística? Uma das possíveis respostas é a seguinte: competição no meio acadêmico e no mercado de trabalho, perfeccionismo ao extremo, e a cultura das redes sociais – a necessidade de conquistar coisas com certa idade, expectativa de parentes em relação a tudo e comparação podem desencadear todo este ciclo.
É fundamental sempre estar atento para sinais de burnout, porque quanto mais fundo estiver, mais difícil de sair será. Sempre que estiver com suspeitas ou alguns sintomas dessa síndrome, é importante conversar com alguém (algum amigo, familiar ou até mesmo algum profissional) e tentar não cair na armadilha do isolamento causado pelo burnout – peça ajuda!
Ninguém consegue controlar todos os fatores presentes na rotina e na vida, porém ter mecanismos de enfrentamento e auxílio externo pode ser essencial para evitar cair nas garras desse distúrbio e seu aprisionamento.