Desde versões em inglês de canções de sucesso como Garota de Ipanema de Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes por Norman Gimbel, até influências diretas nos artistas mais famosos do momento como Billie Eilish em Billie Bossa Nova, a Bossa Nova é um dos estilos musicais brasileiros mais populares internacionalmente.
No começo, seu nome era um termo em relação a um modo diferente de tocar samba, mas com o passar do tempo, com grandes compositores e a mistura do jazz americano com o samba brasileiro, a Bossa Nova se desenvolveu e se tornou um dos maiores movimentos da música popular brasileira, além de referência mundial.

Contexto Histórico
Esse gênero musical teve sua origem na zona sul do Rio de Janeiro, em reuniões de grupos de músicos da classe média carioca que se encontravam para experimentar e fazer música no final da década de 50.
Os artistas de Bossa Nova tinham a intenção de romper padrões e inovar a música brasileira, queriam um ritmo novo e mais moderno. Criaram um modo de cantar com a voz mais suave e baixa, letras mais intimistas e detalhadas sobre o dia a dia, mas com uma linguagem coloquial.
Com o lançamento dos discos Canção Do Amor Demais de Elizeth Cardoso e Chega de Saudade de João Gilberto, ambos com participações de Vinicius de Moraes e Tom Jobim, 1958 é considerado o marco inicial desse novo ritmo.

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Desde o início o gênero fez sucesso, apesar das várias críticas devido à forte relação com estilos norte-americanos, foi um fenômeno comercial e levou a música brasileira a novos patamares, ao ser admirada por outros países.
Bossa Nova mundo afora
Em 1962, apenas alguns anos após o começo oficial da Bossa Nova no Brasil, foi sua estreia internacional em um festival no Carnegie Hall em Nova York. A partir daí, artistas brasileiros passaram a gravar parcerias com músicos estadunidenses, como por exemplo Stan Getz, que ganhou um Grammy em 1963 com a música Desafinado, escrita por Tom Jobim e Newton Mendonça, e também versões em inglês de músicas já existentes.

Antônio Carlos Jobim, João Gilberto, e Stan Getz ensaiando no Carnegie Hall [Foto: Reprodução Carnegie Hall] Apresentação da banda Bossa Rio Sextet no Carnegie Hall em Nova York, 1962
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Norman Gimbel, o letrista norte-americano, traduziu para o inglês as letras das músicas de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, Garota de Ipanema, Insensatez e Meditação de Tom Jobim e Newton Mendonça. Desde então, muitas faixas foram regravadas, mas Garota de Impanema é uma das mais gravadas da história e sua lista conta com cantores renomados como Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Amy Winehouse, Andrea Bocelli, Cher, Madonna e muitos outros.
A música é um marco na indústria musical brasileira. Ganhou grammys, apareceu em diversos filmes, foi colocada no Hall da Fama do Grammy Latino, incluída no Registro Nacional de Gravações pela Biblioteca do Congresso dos EUA, ficou 96 semanas no Top 100 da Billboard e quase todas suas variações fizeram sucesso. Até hoje, serve de referência para artistas contemporâneos estrangeiros como Rosalía, Shakira e mais recentemente Alessia Cara.
Onde em seu terceiro álbum de estúdio In The Meantime leva claramente a influência do estilo, além da menção à canção de Jobim na letra de Find My Boy: “Skating down the block, down in Ipanema” (em portugues “Andando de skate no quarteirão em Ipanema”). E ainda revelou em entrevista ao G1 que a Bossa Nova é um dos seus gêneros musicais favoritos e só escutou isso durante o verão que compôs seu álbum.
No Brasil, um exemplo da continuação do legado de Garota de Ipanema é com Anitta, a artista brasileira com maior sucesso internacional atualmente. Seu single Girl From Rio é um sample, faz alusão a estética da época em seu clipe e traz à tona novamente esse ritmo para o público nacional e de fora.
A música Arrastão cantada por Elis Regina e composta por Vinícius de Moraes e Edu Lobo marca o fim do movimento da Bossa Nova e o início da Música Popular Brasileira. Após o golpe da ditadura militar, as músicas passaram a ser formas protestos e a junção da Bossa Nova com Centros Populares de Cultura da União Nacional dos Estudantes, foi parte da evolução e desenvolvimento da MPB.
Apesar do movimento não ter durado muito oficialmente, artistas ainda criaram e fizeram Bossa e continuam até hoje. Sua contribuição para a cultura brasileira e mundial é atemporal.