No dia 10 de outubro foi comemorado o Dia Mundial da Saúde Mental e a Frenezi traz uma das figuras femininas nacionais mais importantes para a psiquiatria.
Nise da Silveira nasceu no dia 15 de fevereiro de 1905, em Maceió, e foi casada com o seu primo sanitarista Mário Magalhães. Filha única, o pai era professor de matemática e jornalista, quanto à mãe, pianista. Aos 15 anos, Nise ingressou no curso de medicina e foi a primeira mulher a se formar na Faculdade de Medicina da Bahia, sendo a única figura feminina em uma classe de 157 homens — nem mesmo banheiro feminino havia na universidade. Aos 21 anos, quando concluiu os estudos e voltou para Maceió, enfrentou a perda de seu pai e, junto a Mário, mudou-se para o Rio de Janeiro.
Sua jornada de convivência com os pacientes começa em 1932, quando passa a morar no Hospício da Praia Vermelha e se prepara para o concurso de médico psiquiatra: uma trajetória que durou a vida toda e revolucionou o modo como as doenças psiquiátricas eram tratadas. Contudo, em 1936, sua afinidade ao comunismo a levou à prisão no governo de Getúlio Vargas. Enquanto estava em detenção, Nise conheceu outras presas políticas importantes como Olga Prestes, Maria Werneck e Elisa Berger, além do seu conterrâneo Graciliano Ramos.
”Depois de um ano na prisão, fiquei com mania de liberdade.” — Nise da Silveira
Posterior a isso, em 1944, Nise passa a compor o corpo clínico da primeira instituição psiquiátrica do país, o Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II. Lá, Nise se recusa a utilizar as técnicas de tratamento cruéis como forma de cuidado de seus ”clientes” — maneira como nomeava os internos. Nise queria substituir doentes dopados e alienados por pessoas assistidas e afetadas. Desse modo, em vez de choques, camisa de força, encarceramento e serviços, Nise usou a arte como método de tratamento.
A psiquiatra foi homenageada com o filme Nise – O Coração da Loucura, dirigido por Roberto Berliner e interpretado pela atriz Glória Pires, no qual retrata essa nova realidade e o primeiro contato dos doentes mentais com a arte através de ferramentas artísticas — o que resultou em verdadeiras obras —, além do tratamento terapêutico por meio da interação com os animais.
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As artes foram armazenadas no Museu de Imagens do Inconsciente e, nesse momento, estão sendo exibidas no Centro Cultural Banco do Brasil até o dia 15 de novembro. A exposição se chama Nise – a revolução pelo afeto e tem o objetivo de mostrar algumas das artes dos pacientes e contar a história de uma das médicas brasileiras mais importantes na história da psiquiatria.
Confira as imagens da exposição:
Mulher, militante, médica e nordestina, Nise faleceu em 1999, aos 94 anos, vítima de uma pneumonia. A médica enfrentou toda a sociedade conservadora da época e, com inteligência, afeto, resistência e luta, mudou a vida de muita gente e trouxe um novo rumo à ciência.
Imagens: Divulgação