A nova animação da Disney acaba de chegar às telinhas do cinema. Encanto (2021) é um musical da Walt Disney Animation Studios, dirigido por Byron Howard (Zootopia, 2016, e Bolt: O Supercão, 2001) e Jared Bush (Penn Zero: Quase Zero, 2014, e Moana, 2016). O elenco de peso chama atenção pelos nomes, sendo composto dentre eles pela Stephanie Beatriz (Brooklyn Nine Nine, 2013), Carolina Gaitan (Sin Senos Si Hay Paraíso 2016), Wilmer Valderrama (That’s 70’s Show, 1998), Diane Guerrero (Orange Is The New Black, 2013), e John Leguizamo (O Justiceiro das Trevas, 1997).
A história emocionante e que abraça o telespectador, acontece em uma pequena vila escondida nas montanhas da Colômbia. É apresentado a história da família Madrigal, liderados pela Abuela Alma (voz da María Cecilia Botero, El que se enamora pierde de 2019) e todos vivem juntos em uma casa mágica. Cada membro foi concedido a um dom diferente, exceto a protagonista Mirabel, por conta disso, todo dia ela quer provar a sua prestabilidade dando o seu melhor a qualquer custo, isso para não se sentir tão excluída, por ser a única da família sem poder.
Mirabel ganha o público adulto a partir desse ponto, de uma forma muito leve, tratando o assunto de como não se comparar a outras pessoas e não se diminuir por ser diferente. Principalmente na relação familiar, onde tende-se a comparar os irmãos e a nossa protagonista passa por isso, por exemplo sua irmã Luísa (voz dada por Jessica Darrow) que tem como dom a superforça ou a Isabela (Diane Guerrero) denominada a “Senhorita Perfeita” com seu poder de fazer as flores surgirem, remetendo as princesas clássicas da Disney, como a Branca de Neve.
Suas duas irmãs apresentam características totalmente diferentes entre elas, tanto na feminilidade, poderes, gostos, como na forma de se vestir e Mirabel luta para não se comparar ou deixar que a comparação feita pelo resto de sua família a afete de uma forma negativa.
É a primeira vez que a Disney coloca 12 personagens principais a serem trabalhados no mesmo filme, no caso toda a Família Madrigal, entretanto, não foram todos que receberam uma música exclusiva ou tiveram um bom desenvolvimento, o que acaba sendo um grande descaso por parte da empresa do rato. Ainda sim, representa bem uma família latina, o convívio, multigeracional e as brigas entre eles. Assim como Voldemort de Harry Potter, o Tio Bruno também não pode ser nomeado ou lembrado, isso porque foi banido da casa.
O filme é uma das primeiras narrativas ambientada na América Latina e Mirabel é a primeira princesa latina (vale lembrar que a Elena de Avalor é considerada princesa apenas do Disney Channel, porém não foi oficializada). Esse é o principal diferencial de Encanto, a expansão do universo latino que a Disney está abraçando em seus projetos. Em entrevista a Splash, John Leguizamo que dá voz ao Tio Bruno, comenta: “Não é apenas um filme que representa a comunidade latina, mas que conversa com toda a gama de cores que nós temos. (…) Tudo está representado no filme e, especificamente, os elementos colombianos. Sabe, temos arepas con queso, o vallenato. Está tudo ali.”

A trilha sonora também é de origem latina, o porto-riquenho indicado ao Oscar, Lin Manuel Miranda, autor de grandes peças da Broadway como Hamilton (2015), o novo musical da Netflix Tick Tick… Bom (2021) e encarregado da trilha sonora de Moana, foi responsável pelas oito músicas originais do longa. Diferente de Frozen (2013) que emplacou Let It Go nos charts e marcou o filme, em Encanto a trilha sonora acaba sendo pessoal, a canção principal, que é a de Mirabel, Waiting on a Miracle pode ser comparada a clássica Part Of Your World de A Pequena Sereia (1989).
Mesmo seguindo o ritmo colombiano em suas músicas, quem conhece e escuta a trilha do filme, já percebe o dedo de Lin Manuel, a conexão das letras com os acontecimentos do filme, de uma forma bem descritiva, contextualizada e teatral, além da mistura de pop, rock e as influências do rap, sempre puxando para a raíz colombiana.
Seria uma possível referência a Hamilton? No musical as irmãs Schuyler tem o seu destaque com The Schuyler Sisters além de suas próprias músicas e, não foi diferente com Mirabel, Isabela e Luisa. As três tiveram os melhores números de todo o filme, seja na música ou seja no cenário, chamando a atenção do público e com certeza, tornando-se uma das melhores cenas.


Quando o assunto é cenário, ainda mais em animação, a Disney sabe muito bem como reproduzir. A casa mágica que acaba se assemelhando aos objetos mágicos de A Bela e a Fera (1991), tem muitas cores e detalhes, todos relacionados a cultura, fauna e flora, tradições, no povo, em toda raiz colombiana.
A casa é a protagonista principal, o filme é centrado nos cômodos, quartos, salas, cozinha ou do quintal, mas é o lugar principal onde é ambientado a história. Por conta disso, cada espaço mostra um pouco da personalidade de cada membro da família, a caracterização do cenário é muito única, peculiar e mágica, não só agradando como também traz conforto para os telespectadores.

Para alguns o figurino pode ser considerado o típico estereótipo latino, com as saias longas e estampadas, poncho, muitas cores e blusas ombro a ombro. Pelo filme não ter um contexto histórico definido, é possível ver nas roupas a busca e a preocupação que os diretores e a Disney tiveram em trazer ao público as tradições colombianas, vestindo cada personagem com peças mais clássicas da cultura.
Encanto, como diz o próprio nome, encanta quem assiste. O longa ensina uma moral, como uma típica animação e te mantém atento a todo segundo, fora os Madrigal que acolhem e fazem sentir parte da família, como um dos primos. O 60º filme da Disney provou ser totalmente latino, não só pela história mas pelos próprios dubladores, o que promete abrir portas para uma nova etapa, agora a espera são novas produções com heranças latinas ganhando o devido destaque na indústria.
Assista o trailer do filme a seguir:
Um comentário em “[CRÍTICA] Encanto, o 60º filme da Disney é completamente latino”