Por Vitória Geremias
A pandemia causada pelo Coronavírus em 2020 foi devastadora e mudou a rotina de todo mundo. As pessoas não podiam sair de casa, ver amigos ou passear. Compras só no mercado ou farmácia. A economia obviamente saiu afetada dessa história, e o mercado do entretenimento também. Entretanto, nesse cenário, já havia uma figura que vinha ganhando atenção, e agora, viria a ter ainda mais destaque.
Em 2011 chegou ao Brasil uma das primeiras plataformas de streaming, a Netflix. Hoje com um estúdio de produção próprio e diversas premiações da Academia, pode-se dizer que a plataforma criou um legado e revolucionou a sétima arte. No Emmy de 2021, a Netflix liderou a noite de premiações, deixando ainda mais clara sua influência e poder nas produções para televisão.
Nas categorias de Drama, a série “The Crown” levou todas as estatuetas principais, com Olivia Colman como Melhor Atriz, Josh O’Connor como Melhor Ator, Tobias Menzies como Melhor Ator Coadjuvante, Gillian Anderson como Melhor Atriz Coadjuvante e Claire Foy como Melhor Atriz Convidada, além dos prêmios de Melhor Série de Drama, Melhor Roteiro e Melhor Direção. O serviço de streaming também foi premiado nas categorias de Série Limitada por “O Gambito da Rainha”, levando as estatuetas de Melhor Série e Melhor Direção. Para mais detalhes sobre a noite de premiações, acesse o link do guia Melhores Momentos do Emmy 2021, no Instagram da Frenezi.
Olivia Colman com o prêmio de Melhor Atriz Principal por The Crown, da Netflix. [Imagem: https://oglobo.globo.com/cultura/revista-da-tv/emmy-2021-coroa-the-crown-ted-lasso-o-gambito-da- rainha-veja-lista-de-vencedores-1-25204269]
Com o sucesso da Netflix, hoje o mercado de streaming é muito variado. Foi durante a pandemia que grandes estúdios, como a Disney, resolveram criar suas próprias plataformas para abrigar seus antigos filmes e séries, além de trazer novas produções exclusivas. Outros gigantes da produção audiovisual também aproveitaram a repercussão para aprimorar seus serviços digitais, como fizeram com a HBO Max – a melhor e mais completa versão da antiga HBO Go – e, no Brasil, o Grupo Globo, com a plataforma Globoplay.
Nesse panorama, em 2021, a plataforma Disney+ trouxe séries exclusivas em parceria com a Marvel Studios. O pioneiro “WandaVision”, indicado a 5 Emmys, incluindo de Melhor Atriz, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Ator em Minissérie, foi seguido por “Falcão e o Soldado Invernal”, “Loki”, “What If…?” e “Gavião Arqueiro”. O sucesso das minisséries no streaming surpreendeu os executivos e animou os fãs da Marvel após um ano de hiato devido a pandemia.
Pôster da série “WandaVision”, disponível no Disney+. [Imagem: https://olhardigital.com.br/2021/03/05/videos/wanda-vision-final-da-serie-aponta-para-3-producoes- do-universo-marvel/]
Ainda seguindo a grande quantidade de inovações que o mercado de streaming trouxe, a Disney+, na tentativa de potencializar sua plataforma, tentou trazer estreias paralelamente ao cinema, o que se mostrou uma experiência polêmica e sem muito sucesso. Com títulos como “Mulan”, “Cruella”, “Raya e O último Dragão” e “Viúva Negra”, a empresa testou o Premier Access, uma taxa adicional dentro do próprio streaming, com o intuito de trazer estreias do cinema simultaneamente para dentro de casa.
Além do preço de R$69,90 que não agradou os usuários, a empresa também arranjou problema com a estrela da Marvel, Scarlett Johansson. A atriz, que foi prejudicada financeiramente com a decisão da Disney, decidiu entrar com um processo por uso indevido de imagem. A protagonista de “Cruella”, Emma Stone, estava avaliando seguir os mesmos passos de Johansson contra a empresa.
Segundo a Disney, o intuito era trazer a ferramenta como uma sala de cinema particular, para evitar que seus usuários se deslocassem ao cinema em meio a pandemia. Entretanto, essa decisão se mostrou polêmica pois prejudicava os cinemas, que já estavam passando por um momento conturbado, e aparentava apenas fins lucrativos, visto que o preço cobrado já era além da assinatura do streaming. Após as controvérsias e a insatisfação dos assinantes, a Disney encerrou o Premier Access.
Scarlett Johansson em “Viúva Negra”, disponível no Disney+. [Imagem: https://www.legiaodosherois.com.br/2021/viuva-negra-scarlett-johansson-processa-a-disney.html]
O cinema foi muito prejudicado no ano de 2020, mas com a tecnologia de transmissão de vídeo, as pessoas ainda tiveram uma variedade de entretenimento audiovisual disponível nas plataformas. Desde então, cada streaming vêm se destacando por conteúdos diferentes.
A produção da Netflix é incansável, todo mês há uma grande quantidade de títulos que entram e saem da plataforma, tendendo a abrir espaço para mais obras originais. A HBO também está apostando em mais projetos próprios, mas diferentemente da Netflix, a plataforma vem se dedicando aos revivals, ou seja, produções novas de histórias que já são conhecidas – Gossip Girl, Sex and the City e Harry Potter são alguns exemplos que estão sendo revividos pela plataforma. Já a Globo, que trouxe suas famosas novelas para o streaming, está focando em produções derivadas das mesmas, como “Verdades Secretas 2” e “As Five”. O Prime Video, entretanto, se mostrou muito diferente de seus concorrentes, com a opção de assinar mais canais dentro da própria plataforma, o serviço de streaming expande as possibilidades do usuário ao garantir frete grátis nas compras feitas pelo site da Amazon, acesso gratuito ao Amazon Music, Kindle Unlimited por três meses além de download grátis de alguns eBooks.
O streaming foi conveniente para a pandemia e, de certa forma, salvou o entretenimento audiovisual, mas será que sua presença, dessa vez mais predominante, é uma ameaça ao cinema no caminho de volta à normalidade? A preocupação também atinge as obras nacionais e produções independentes, visto que os streamings representam um monopólio dos grandes estúdios, em sua maioria de origem estadunidense. Mas, ao mesmo tempo em que intimida, visto que pode significar supremacia das plataformas, essa tecnologia é também uma maneira de alcançar outros públicos e expandir a cinematografia.
E, apesar do receio, recentemente mostrou-se que o retorno do cinema não será um problema, pois o sucesso do novo filme “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa” demonstrou que é possível manter uma relação paralela com os serviços de streaming. Com a bilheteria mundial batendo recorde de 1 bilhão de dólares apenas 10 dias após o lançamento, o novo filme do herói provou que, ir ao cinema, se tornou muito mais do que apenas assistir a um filme, pois a combinação de telas de alta definição, som imersivo e plateia interativa, é uma experiência que não se pode ter em casa.
Recorte do poster de “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa”. [Imagem: https://estacaonerd.com/homem-aranha-3-filme-atinge-bilheteria-de-us-1-bilhao-de-dolares-apos-10- dia-confira/]
Entretanto, a demasia de plataformas vêm incomodando alguns usuários. Além de surgir uma certa guerra comercial, para uma pessoa que ama cinema, é quase que necessário adquirir todos os streamings para poder ter acesso às produções de sucesso, o que está se tornando inviável para a maioria dos cinéfilos.
No intuito de ajudar os leitores amantes de cinema e TV, a Frenezi trouxe um infográfico sobre cada plataforma, a fim de servir como consulta antes de assinar um serviço de streaming.
A pandemia afetou diretamente o cinema e as plataformas de streaming serviram de apoio para todos os amantes da sétima arte. O futuro do entretenimento audiovisual agora é compartilhado entre os dois, e promete ainda mais qualidade, além de expandir o mercado cinematográfico com uma tecnologia que aproxima e traz mais pessoas para o entretenimento do cinema e da televisão.
Um comentário em “A nova era do cinema: a influência da pandemia no desenvolvimento e sucesso dos streamings”