Séries que se prolongam demais

Algumas produções são marcadas por apresentarem diversas temporadas de vários episódios, o que gera uma eterna discussão entre a audiência: alguns espectadores amam quando são renovadas, enquanto outros esperam um final digno para séries que muitas vezes já esgotaram a sua trama. A audiência fiel e a vontade dos atores em continuar com o projeto são algumas das razões pelas quais séries que já chegaram ao seu limite continuam sendo renovadas.

Portanto, pensando nessa premissa aqui na Frenezi listamos 5 séries que se prolongaram demais, umas que ainda estão em exibição e outras que já foram finalizadas. Lembrando que esta matéria trata-se do ponto de vista da editoria.

Grey´s Anatomy (2005 – presente)

[Imagem: Divulgação/ ABC Studios]

Criada por Shonda Rhimes e estrelada por Ellen Pompeo, a série médica é talvez o maior exemplo quando se fala sobre esse tema. Grey’s – como é carinhosamente chamada pelos fãs – possui 17 temporadas e, em cada episódio, os médicos internos e residentes lidam com diversos casos ao longo do expediente no Grey Sloan Memorial Hospital/Seattle Grace Hospital.

A 18ª temporada já tem data de estreia para fevereiro de 2022 e, recentemente, a ABC renovou oficialmente a série para sua 19ª temporada com estreia prevista somente para 2023, portanto, a série de drama médico norte-americana está longe de acabar no momento.

É inegável que Grey´s Anatomy bate diversos recordes de audiência, e que, apesar da longa maratona, a série ainda possui fãs fiéis que ano após ano continuam acompanhando Meredith Grey e seus colegas em seus dramas profissionais e pessoais.

Mas uma boa base de fãs não necessariamente significa que Grey’s continue com uma trama coerente e aceitável. Nos seus primeiros anos, quando Shonda ainda estava sob comando da série, Grey’s era um drama médico promissor, que se destacava dos demais pelas boas atuações e personagens cativantes facilmente relacionáveis com o público. Mas os anos passaram, e seja por confusões no set que resultaram em demissões ou a debandada de atores -e da própria criadora da série! – para outros projetos, Grey’s já perdeu praticamente todo o seu elenco original e a história já ficou sem sentido há uns bons anos. 
É até doloroso ver a dificuldade dos roteiristas em criar mais histórias para a série que já caminhou para todas as alternativas – e mortes – possíveis (até acidente de avião já teve!)  O que resta aos fãs sensatos de Grey’s Anatomy, que desejam um fim digno para sua série favorita, é a pergunta: o que mais há para contar? Ou melhor, quem mais pode morrer?

Supernatural (2005 – 2020)

[Imagem: Divulgação/ CW]

Após 15 anos de exibição, Supernatural chegou ao fim depois de 15 temporadas. A produção acompanha a história dos irmãos Winchester, Sam (Jared Padalecki) e Dean (Jensen Ackles) que investigam criaturas sobrenaturais pelo mundo. Criada por Eric Kripke, a série foi  pensada inicialmente para se estender até a 5ª temporada onde seria finalizado o enredo principal. 

No entanto, devido ao sucesso da série a The CW decidiu ampliá-la para mais temporadas, mas a partir da sexta temporada, quando Kripke deixou o seriado, a  produção passou pela mão de 4 showrunners, Sera Gamble, Jeremy Carver, Andrew Dabb e Robert Singer. Essa troca mostra que a série podia ter sido finalizada no momento certo, após a saída de Kripke.

Supernatural é um excelente exemplo do que a ganância dos produtores hollywoodianos pode fazer. Eric Kripke idealizou um seriado coeso, com trama fechada que duraria 5 anos. Os irmãos Winchester terminariam sua trajetória de forma brilhante, até porque todos os fãs de Supernatural sabem, a 5ª temporada foi a melhor temporada da série e o arco do Apocalipse foi o mais bem trabalhado. No entanto, a CW tinha uma mina de ouro em mãos e resolveu explorá-la até o fim, foi aí que os irmãos Winchester se perderam em sua história e os roteiristas ficaram sem criaturas mágicas novas para criar, ou vai dizer que ninguém se cansava daqueles monstros que eram para estar mortos retornando num looping eterno? 

Por fim, não foi nada fácil para a equipe de Supernatural nas gravações da última temporada. Assim como aconteceu nas outras produções, ela também foi uma das afetadas pela pandemia da COVID-19 e acabou sofrendo alterações no roteiro para que as filmagens pudessem acontecer com segurança, outro sinal que a CW ignorou para terminar a série logo.

Os Simpsons (1989 – presente)

[Imagem: Divulgação/ Fox Channel]

Não tem como falar do tema e não deixar de comentar de Os Simpsons, o sitcom possui 33 temporadas e também parece que está longe de acabar. Em 2016, após ter sido renovada para sua 30° temporada, o seriado se tornou o mais longo da história.

O sitcom acompanha uma família de classe média americana e já passou por vários produtores, como Matt Groening, James L. Brooks, Sam Simon, Mike Reiss, David Mirkin, Bill Oakley, Josh Weinstein, Mike Scully e, atualmente, quem está no comando é Al Jean. 

Não há fórmula mágica, e se depender dos produtores, Os Simpsons não tem data para acabar. Um dos motivos para argumentar contra seu fim seria o de que a série fala sobre a humanidade e tudo o que está acontecendo no mundo. O seriado até mesmo ficou famoso por eventualmente prever alguns acontecimentos e chocar os espectadores, se tornando uma curiosidade para o público – o que pode ser um pouco assustador. Logo, sua trama parece eterna já que se baseia de forma bem humorada em tudo que os humanos podem fazer.

No entanto, o humor da série parece estar perdendo seu timing e sua graça. É fato que Os Simpsons foi a série que influenciou e abriu as portas para todas as outras comédias de animações adultas atuais como: Futurama, Ricky and Morty dentre outras. Mas os tempos são outros, e a forma de se fazer humor mudou e Os Simpsons não acompanhou essa mudança, fato que a transformou, infelizmente, no tio velho que faz a piada do pavê: é sem graça, mas todo mundo ri por educação.  

Doctor Who (1963 – presente)

[Imagem: Divulgação/ BBC]

Produzida pela BBC, a série de ficção científica é a que a está mais tempo no ar na televisão.  A trama, acompanha um alienígena do planeta Gallifrey, chamado apenas de Doctor, que viaja em uma nave através do tempo junto de seus companheiros. 

Na época das primeiras temporadas de Doctor Who, o astro William Hartnell adoeceu gravemente, então para substituí-lo, os produtores decidiram introduzir o conceito “regeneração” em 1966, ano em que o ator parou de interpretar Doctor. Portanto, passaram 13 atores no total, com idades e características distintas, sendo o último doctor da série, Jodie Whittaker, a primeira mulher a assumir o papel em 2018. 

Entre os anos 1963 e 1989, o seriado apresentou 26 temporadas, então, em 1989, a BBC suspendeu Doctor Who. A produção voltou do hiato em 2005, e ampliou sua história para mais 13 temporadas,  atualmente em exibição. O seriado consegue ser surrealista e realista simultaneamente, em razão que, em um episódio, os personagens estão no espaço lutando com os alienígenas e, no próximo, apresenta um conto de romance voltando ao passado e apresentado personalidades históricas reais como Shakespeare e Agatha Christie. O telespectador nunca sabe o que esperar e é surpreendido com o lançamento de cada capítulo.

Ademais, por retratar de viagem no tempo, Doctor Who consegue abordar assuntos importantes, como preconceito racial, misoginia, religião e diversas culturas. E o papel de Doctor é sempre solucionar estes problemas da humanidade, pois o protagonista acredita na humanidade e faz da vida dele ter bastante sentido. 

Porém, apesar da premissa interessante e da entrada de Jodie como a nova Doctor ter elevado a audiência da série em seu primeiro ano como a personagem, Doctor Who tem sofrido grandes quedas de audiência, o que nos leva a questionar: a série está há mais de 50 anos em exibição, não é hora da BBC dar espaço para novas histórias?    

The Walking Dead (2010 – presente)

[Imagem: Divulgação/ AMC Networks]

A audiência do seriado foi uma montanha-russa durante a exibição. The Walking Dead  foi bastante aclamada pelas crítica e pelo público, inclusive, a estreia da quinta temporada quebrou recordes de audiência e um dos episódios foi um dos mais assistidos da televisão paga americana. É inegável que a produção possui uma legião de fãs que lotam Comic Cons, compram os diversos produtos derivados da série e elevam a audiência dos spin-offs. O grande destaque e diferencial da série em relação a outras produções do gênero, é que a obra não é sobre, apenas, os ataques dos zumbis, na verdade, seu enfoque é mostrar a relação entre os sobreviventes. O que fazia a audiência se afeiçoar aos protagonistas e  os fãs ficarem receosos e torcerem para que alguns dos personagens sobrevivessem.

Apesar da série ter tido ou ainda ter protagonistas que cativam cada vez mais o público e que, frequentemente, possuem torcida. A produção perdeu o sentido a partir da sexta temporada,  com a chegada do vilão Negan (Jeffrey Dean Morgan), as mortes – sem sentido – de determinados personagens importantes e também o desaparecimento de Rick – o antigo líder do grupo de sobreviventes e um dos queridos pelos fãs – afetou a audiência do programa, assim como mostra a curva decrescente do gráfico feito pelo Broadband Choices

A trama, que sempre se caracterizou por ser menos dinâmica do que a maioria das séries, ficou praticamente parada, com pouco ou nenhum desenvolvimento. Por duas temporadas inteiras nada acontecia em The Walking Dead, e o costumeiro sentimento de tragédia iminente que acompanhava o espectador desde a 1ª temporada, deu lugar a um verdadeiro “tanto faz”, onde não importava o que acontecia nada parecia suficientemente bom ou interessante para fazer a audiência se preocupar com o futuro de seus personagens. 

O seriado, no entanto, deu a volta por cima e teve um aumento do número de espectadores a partir da segunda metade da nona temporada, após a troca de showrunners e de apresentar um salto temporal de 6 anos na trama com um novo arco narrativo – já que qualquer nova trama seria mais interessante do que o arco seguido por torturantes duas temporadas. A última temporada ainda está em exibição e termina este ano, podendo ainda dar a The Walking Dead um final mais ou menos digno, deixando caminho livre para que as séries (e possível filme) derivadas da trama tomem seu lugar.

Quando se trata sobre o prolongamento dos seriados, nota-se que existem diversos fatores para as emissoras decidirem renovar várias temporadas, como foram apresentadas na matéria. O enredo prende o telespectador, os personagens cativam, o cuidado e o aperfeiçoamento no trabalho dos efeitos especiais, nas atuações e na ambientação. Portanto, trabalhar mais uma temporada é um grande desafio para toda a equipe da produção para entregar mais um projeto aprimorado e irrepreensível.

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