NFT: O impacto na indústria musical e os seus perigos

Sem dúvidas, um dos tópicos mais em alta nas pautas que se referem a economia e tecnologia nesse momento é a popularização dos NFTs. Eles são uma das grandes novidades no universo dos criptoativos, e consistem na criação de uma peça original a partir de um elemento totalmente digital.

NFT é a sigla do termo Non Fungible Token, ou ‘Token Não Fungível’, composto por uma espécie de código numérico que demarca tais itens digitais colecionáveis que, por sua vez, não podem ser transferidos. Um NFT pode representar desde trabalhos artísticos, cards digitais, obras de arte, a até mesmo música. E é aí que mora o problema.

Ao falar da associação do NFT e o mundo da música, há dois polos a serem analisados. O primeiro: pode ser algo positivo ao artista, já que permite uma certa interação entre o músico e o fã, possibilitando até mesmo a criação de uma comunidade muito mais íntima.

É fato que esse surgimento de criptoativos pode revolucionar a forma que a música e as produções musicais são vistas hoje em dia. A inovação altera toda a receita envolvida na questão do lucro que um criativo ou uma produtora terá, desde os compartilhamentos aos acessos.

Diversas marcas que estão ganhando espaço no universo NFT, como Bored Ape Yacht Club e CryptoPunks, que já estão atrás de acordos de mídia e produção.

E o segundo: não são todos os artistas beneficiados com essa história. Esse foi o caso do produtor Mailson Moraes Santiago, conhecido como Nightmare Beats, que produz profissionalmente desde 2017. Santiago compartilhou recentemente com seus seguidores no Twitter a notícia de que todas as tracks que havia produzido foram transformadas em NFT sem o seu consentimento e os dos artistas que colaboraram.

Em entrevista a Frenezi, Mailson relatou que só descobriu através de um print em que o produtor canadense Elaquent mostrava que teve todo o catálogo postado no site Hitpiece, uma plataforma que vende músicas em NFT. “Logo que vi o print fui pesquisar o meu catálogo e bingo, tudo que eu lancei estava lá”, conta. “Fiquei com raiva, não dei consentimento para que fizessem isso, até agora estou tentando digerir essa situação”.

O produtor relatou nas redes sociais que já havia conseguido colher algumas informações sobre o caso. De acordo com ele, um dos donos tem acesso exclusivo ao API do Spotify — um conjunto de padrões estabelecidos pelo software — e por esse motivo, conseguiu as faixas. Ele completou dizendo também que já haviam sido movimentados em seu trabalho cerca de cinco milhões de dólares.

O site onde tudo isso ocorreu, o Hitpiece, enfureceu diversos músicos e artistas que tiveram suas obras revendidas como NFT sem autorização prévia — e então, por consequência, os autores e produtores das composições não receberam absolutamente nada.

“Até o momento eu só publiquei sobre o ocorrido nas minhas redes sociais, eu ainda estou cogitando a possibilidade de entrar com uma ação conjunta, porque se eu for sozinho contra esses caras eu vou ser engolido vivo na justiça”, explica Nightmare Beats

Como forma de alerta, o produtor afirma: “Busquem seus direitos e tentem descobrir se alguma música sua foi comercializada nessa plataforma. Eles de alguma forma, sem autorização de ninguém conseguiram todo meu catálogo, nenhuma das distribuidoras de música com qual trabalho, deram aval para isso. Todo o músico que for trabalhar com NFT, têm que estar atento porque daqui a pouco a gente pode se tornar refém de uma nova situação como essa.”

Em meio a toda a história de NFT no ramo musical, alguns artistas como Kanye West já afirmaram não querer envolvimento com tal tecnologia. O rapper se manifestou em suas redes sociais pedindo para que seus fãs parassem de exigir que ele fizesse NFT e afirmou que produz “para a vida real”.

[Imagem: Reprodução/Instagram]

Portanto, a questão é extremamente delicada e nublada — mas é certo que, cada vez mais, as NFTs esterão imersas na musica e em vários outros âmbitos. É fácil afirmar também que esse novo mercado em ascendência, pelo fato de apresentar esse caráter independente, pode soar como uma ameaça até mesmo para as gigantes de streaming, como o Spotify.

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