Cultos: O que são, de onde surgiram e como não acabar em um

Os cultos, essencialmente, representam um pequeno grupo religioso que não se encaixa na religião maior do senso comum, já que suas crenças são consideradas extremas e perigosas – não existe uma definição acadêmica unânime para essa palavra, de acordo com Suzanne Newcombe em “Handbook of Religion: A Christian Engagement with Traditions, Teachings and Practices”. A partir do dicionário Merriam Webster, são rituais e devoções criadas por um grupo pequeno de pessoas em relação a algo ou alguém. Popularmente, são organizações estranhas e que devem ser evitadas a todo custo.

A partir da pesquisa de arqueólogos da Universidade de Jerusalém, as primeiras evidências de um comportamento similar a de um culto surgiu na cidade de Khirbet Qeiyafa (30 km ao sul de Jerusalém) no reino do Rei David. Foram encontrados potes, pedras, ferramentas de metal, artes, objetos de culto, além de três santuários voltados à cultos. Durante a história da humanidade, há vários exemplos de como eles se consolidam e como podem ser maiores ou menores, dependendo do tópico de devoção e o quão extremista é. 

Pessoas são vulneráveis. Há dias que são piores, e coisas ruins acontecem. Nessas situações, ouvir alguém dizendo que há melhora e que certa crença ou comportamento irá melhorar a qualidade de vida de si pode ser o divisor de águas para cair em um culto. Obviamente, nem todos os cultos vão parecer chamativos para todos, mas dependendo do tópico não é tão difícil recrutar membros. Ninguém sabe que é um culto, muitas vezes pessoas demoram para perceber e algumas nunca descobrem. Desse modo, indivíduos ficam presos sem nem desconfiar. 

A Dra. Janja Lalich (ex-membro de um culto e atualmente socióloga) respondeu várias perguntas frequentes sobre o assunto em um vídeo para a WIRED, por ser um tema que gera muita curiosidade.

De acordo com ela, os líderes de cultos não são tranquilos, são tipicamente narcisistas loucos por poder e acham que são o centro do mundo. Não são necessariamente estranhos, com a possibilidade de ter uma aparência e comportamento público comum – para assim recrutar membros. Muitos cultos apresentam vestimentas parecidas, a falta de individualidade várias vezes é necessária (questão do uniforme), mas não em todos os casos. É uma maneira de reforçar a conexão dos membros.

Como alguém cai em um culto? A pessoa está na beira da insanidade? Tem transtornos psicológicos? Ou está perfeitamente saudável e ainda pode se perder neste caminho? A pessoa não precisa ter nenhum transtorno psicológico. Os cultos procuram recrutar gente com alta produtividade, dinheiro e contatos. Eles precisam que os membros trabalhem bastante, já que os líderes normalmente são preguiçosos e não fazem muito. Essas sociedades não tomam conta do membro, o membro precisa tomar conta dela. Agora, já dentro do culto, a chance de desenvolver problemas psicológicos é bem maior. Deixar um culto não é fácil, já que é uma relação de dependência emocional e, às vezes, física desenvolvida neste processo. É importante que as pessoas de fora estejam abertas para ouvir e abrigar ex-membros de cultos e pessoas que desejam sair. 

Culto x Religião

Qual a diferença entre culto e religião? Cultos podem ser sobre qualquer tipo de sistema de crenças, não necessariamente envolvendo religião e Deus. Porém, existe a possibilidade de uma religião se tornar um culto quando a liberdade do fiel passa a ser inexistente. Exemplo: as religiões têm regras, mas nenhum líder religioso irá invadir a casa de alguém para garantir que todas as regras são cumpridas, existe um discernimento pessoal do certo e errado. Já os cultos privam essa liberdade e pensamento individual dos membros. 

Alguns cultos, ao longo da história, tomaram proporções grandes pela quantidade de membros, falas extremistas e comportamentos completamente bizarros, violentos e sádicos, por exemplo: O templo do povo (Jim Jones), Família Manson, o culto de Rajneesh, Heaven’s gate, Cientologia e até mesmo a seita de João de Deus.

Se perder em um culto não parece ser uma possibilidade tão rara assim para muitas pessoas, já que há inúmeras maneiras de recrutar pessoas. O ideal é sempre ficar atento ao redor, confiar nos próprios instintos e, principalmente, não idolatrar seres humanos.

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