Na madrugada desta quinta-feira (24), Putin (presidente da Rússia) ordenou o ataque aéreo, terrestre e marítimo ao leste da Ucrânia. Os russos invadiram diversas regiões, incluindo a capital Kiev e Kharkov – maior cidade do país depois da capital – com mísseis e bombas.
Após a Ucrânia decretar que a invasão é ‘total’, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, informou que pelo menos 800 soldados russos foram mortos em combate. Outrora foi divulgado que cerca de 137 ucranianos também foram mortos e 169 pessoas foram feridas — incluindo feridos de combate e não-combatentes.
Visando a segurança dos civis, Volodymyr autorizou a distribuição de armas aos cidadãos, adotou a lei marcial (quando leis militares substituem as leis civis comuns) e o toque de recolher na capital ucraniana. Além disso, o presidente ainda pediu doações de sangue.
Nesta manhã, foi registrada a corrida dos ucranianos para armazenar mantimentos e até mesmo para sair do país. Em Kiev, as principais rodovias, estações de ônibus, trens e metrô encontram-se totalmente congestionadas.

Pelo menos duas explosões foram ouvidas no centro da capital antes das sirenes de alerta a bombardeios ressoarem. Os moradores correram para as estações subterrâneas de trem mais próximas em busca de abrigo.

Outras explosões também foram ouvidas na cidade portuária de Mariupol, assim como em Odessa, no Mar Negro, e em Kharkov – perto da fronteira com a Rússia.
Fugindo da invasão russa, muitos ucranianos seguem em direção a Polônia e outros países da Europa Central já iniciaram os preparativos para receber os refugiados. Em contrapartida, a Bélgica pediu à União Europeia o veto na emissão de vistos para os russos.
A Eslováquia vai enviar 1,5 mil militares para a fronteira com a Ucrânia para ajudar os refugiados. O país também vai aumentar o volume de passagens pela fronteira, segundo veículos da imprensa local.
A OCUPAÇÃO DE CHERNOBYL:
A usina nuclear de Chernobyl — local do acidente nuclear acontecido em 1986 — foi tomada pelos militares russos, de acordo com o conselheiro do gabinete presidencial da Ucrânia, Mykhailo Podolyak.
As autoridades ucranianas ainda relatam combates perto do depósito de resíduos nucleares da central de Chernobyl.
“As forças de ocupação russas estão tentando capturar Chernobyl. Nossos defensores estão dando suas vidas para que a tragédia de 1986 não se repita”, twittou Zelensky. “Esta é uma declaração de guerra contra toda a Europa”
OTAN:
A OTAN — Organização do Tratado do Atlântico Norte — afirmou em comunicado que está com o povo da Ucrânia e está tomando todas medidas necessárias para garantir a segurança e defesa de todos os aliados.
Apesar da Ucrânia não ser membro da organização, ela é considerada um país parceiro que poderia vir, em algum momento, a fazer parte. Entretanto, a Rússia se opõe a essa entrada.
“Pedimos que a Rússia cesse imediatamente sua ação militar e retire todas as suas forças da Ucrânia e arredores, respeitando plenamente o direito internacional humanitário e permitindo o acesso humanitário seguro e assistência a todas as pessoas necessitadas”, diz o comunicado lido pelo presidente da aliança, Jens Stoltenberg.
Apesar desse discurso, Jen Stoltenberg explicou que os 100 aviões de guerra que foram colocados em alerta não devem entrar no território ucraniano já que o país não é um membro da organização. Entretanto, contou que as tropas da OTAN serão reforçadas em países do leste que fazem parte da organização, como Albânia, Bulgária, Croácia, República Tcheca, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Montenegro, Macedônia do Norte, Polônia, Romênia, Eslováquia e Eslovênia.
PUTIN CONTRA A EXPANSÃO:
Putin considera inaceitável a filiação da Ucrânia à aliança militar comandada pelos Estados Unidos e exigiu que a OTAN interrompa sua expansão em direção ao leste.
De acordo com o presidente, a Rússia se viu em um momento sem escolhas a não ser se defender contra o que ele classificou como ameaça da Ucrânia.
“Quem tentar interferir, ou ainda mais, criar ameaças para o nosso país e nosso povo, deve saber que a resposta da Rússia será imediata e levará as consequências como nunca antes experimentado na história”, ameaçou Putin.
Ainda, Putin afirmou que a responsabilidade pela guerra e suas consequências são da Ucrânia.
O DISCURSO EMOTIVO DE VOLODYMYR ZELENSKY:
Em um discurso divulgado em vídeo e dirigido aos cidadãos russos, o presidente da Ucrânia confirmou o ataque da Rússia ao seu país e fez um apelo a todos.
“Quero me dirigir a todos os cidadãos russos. Não como presidente. Dirijo-me aos cidadãos russos como cidadão da Ucrânia”, disse Zelensky, falando em russo. “Existem mais de 2000 km de fronteira comum entre nós. Seu exército está ao longo dessa fronteira agora. Quase 200 soldados. Milhares de veículos militares. Sua liderança aprovou que eles dessem um passo adiante, para o território de outro país”, afirma.
“Estão dizendo a vocês que somos nazistas. Como pode uma nação que deu 8 milhões de vidas para combater o nazismo apoiá-lo? Como posso ser nazista? Conte ao meu avô sobre isso”, disse Zelensky. “Ele esteve, durante toda a guerra, na infantaria do exército soviético e morreu como coronel na Ucrânia independente.”
“Estão dizendo a vocês que odiamos a cultura russa? Como alguém pode odiar a cultura? Alguma cultura? Os vizinhos sempre se enriquecem culturalmente, mas isso não os torna um, não nos dissolve em vocês”, disse o presidente ucraniano. “Nós somos diferentes. Mas não é motivo para sermos inimigos.”
A REAÇÃO INTERNACIONAL:
Segundo Josep Borrell, o mais alto diplomata da União Europeia, “a Europa vive o momento mais sombrio desde o fim da segunda guerra mundial” e chamou a atitude russa de inaceitável e intolerável.
Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, também mostrou sua insatisfação com a invasão da Rússia.
“O presidente Putin escolheu uma guerra premeditada que trará uma perda catastrófica de vidas e sofrimento humano. A Rússia sozinha é responsável pela morte e destruição que este ataque trará, e os Estados Unidos e seus aliados e parceiros responderão de forma unida e decisiva. O mundo responsabilizará a Rússia”, disse Biden.
Outros líderes mundiais, como Boris Johnson (Reino Unido), Emmanuel Macron (França) e Olaf Scholz (Alemanha), também condenaram os ataques.
BRASILEIROS NA UCRÂNIA E A NEUTRALIDADE EM RELAÇÃO A CONDENAÇÃO DA RÚSSIA:
A Embaixada em Kiev recomenda que os brasileiros saiam da Ucrânia. Ainda, pedem para àqueles que puderem se desloquem por meios próprios para outros países.
Para os que vivem ao leste do país e que não conseguem viajar por meios próprios a orientação é se deslocar para Kiev e contatar a embaixada pelo plantão consular +380 50 384 5484. Já aos que residem em Kiev, a orientação é não sair, por conta dos grandes engarrafamentos, e aguardar novas orientações.

Até o momento, o Brasil vem optando por não condenar explicitamente as ameaças de invasão russa na Ucrânia. Entretanto, com o estopim do ataque, o governo brasileiro discute internamente abandonar a posição de neutralidade e passar a condenar as ações da Rússia na Ucrânia.