Frenezi na Semana de Moda de Outono/Inverno de Milão

Continuando com as coleções de Outono Inverno de 2022, passamos para a cidade de Milão, a qual tem impressionado com sua visão moderna e inovadora aplicada a silhuetas e formas dentro da alfaiataria clássica Italiana. Com a presença marcada de algumas das estreias mais aguardadas da temporada, Glenn Martens na Diesel por exemplo, qual pega o material mais conhecido da marca – o jeans – repensando-o para um olhar descolado e inovador, quase sem limites para a criatividade e sensualidade. 

Assim como o primeiro desfile da Bottega Veneta após a saída do então diretor criativo Daniel Lee, Matthieu Blazy foi o escolhido como sucessor da diretoria criativa a da marca, com características clássicas da história da marca intercaladas com uma influência da era Lee, Blazy encontra o perfeito equilíbrio entre os novos e velhos clientes, ao contrário de Versace e SportsMax que investem nesta temporada na irreverência do sensual ao extremo, com influências e reflexos do fetichismo e do sensual ao extremo, de pernas de vinil, plataformas cada vez maiores, corsets e decotes em roupas de couro, estamos vendo a reação sensual de Milão nesta temporada.

Você pode encontrar o calendário oficial da Semana de Moda de Outono Inverno de Milão aqui.

Foto dos detalhes do desfile da Fendi, retirada do Vogue Runway.

Confira a cobertura completa da Semana de Outono Inverno em Milão:

DIA 1

O primeiro dia de Milão Fashion Week (23) foi, merecidamente, marcado pelo debut da Diesel por Glenn Martens. A marca italiana descreve uma inteira ‘all-gender runway collection’ pela primeira vez ao público numa das principais fashion weeks do mundo. 

Não coincidentemente, o responsável pelo mais novo burburinho é o – recente – diretor criativo da marca: Glenn Martens; o mesmo ainda é diretor criativo da marca ‘Paris based’ Y/Project, e foi, também, responsável pela mais nova colaboração de haute couture da grife francesa JPG. Essa foi a segunda coleção de passarela de Martens para Diesel e reafirma sua personalidade irônica, excêntrica, indiferente e ‘too cool’. Brincando com streetwear, silhuetas, futurismo, sensualidade e singularidade. 

A Diesel, que após um hiatus no ‘gosto popular’, já vem lentamente construindo sua volta e trabalhando numa evolução para a imagem da marca através de campanhas, colaborações e, claro, nas mídias sociais. No entanto, quem incorpora essa evolução para o mundo real é Glenn Martens. Seu affair com a manipulação de silhuetas está presente nos looks assimétricos, volumosos, exagerados e bem construídos. Glenn é, claramente, o próximo passo da evolução da Diesel. 

E agora, a nova cara da Diesel desfila seus looks com influência 2000’ (cintura-baixa e minis), astros e futurista (com direito a modelos pintados dos pés à cabeça), denim ‘all ways’ – exagerado, mini, ‘distressed’, super construído, quilted, vários tons, na parte de cima, de baixo e nos pés – as adoradas mini saias (mas dessa vez acompanhadas pelas botas denim de cano alto e bico fino) e o exagero no ‘outerwear’. 

Para manter o comprometimento da marca com a sustentabilidade, Martens aposta no ‘upcycle’. Provando sua fama pelo seus looks ‘reconstruídos’. E, também, paralelamente, muito bem construídos quando falamos do seu trabalho de denim e couro, e outros mais tecidos, na construção de silhuetas.  Este ano, Glenn Martens vai fazer todo mundo se apaixonar, vestir e falar novamente sobre a Diesel. Nos entregando um novo capítulo da marca. 

Fotos para a montagem retiradas do Vogue Runway.

O sucessor de Karl Lagerfeld, Kim Jones, inicia seu segundo ano à frente da direção criativa da casa italiana Fendi. Após sua nomeação ao cargo a pressão, críticas e expectativas não têm sido fáceis. Entretanto, para esta coleção de outono 22’ Jones parece ter acertado o público da marca e vem arrancando críticas positivas ao ser comparado com Lagerfeld e levando o legado das mulheres Fendi em diante. 

Os mais treinados olhos já tiram de cara quais foram as inspirações de Jones para sua nova coleção. A estampa italiana Memphis, utilizada por Lagerfeld na coleção de 1986, ou a delicadeza e fragilidade da coleção de primavera 2000, também por Karl. 

Apesar das referências, Jones trás a energia e os adorados clássicos dos anos 2000, como a cintura baixa ou as saias ¾, de uma maneira refrescante – não cansativa e repetitiva. Afinal, o espaço que a influência ‘y2k’ vem tomando não é pequeno. 

A estampa Memphis nessa coleção foi acompanhada pelo uso do chiffon e a alfaiataria imaginativa e inigualável de Jones. Blusas transparentes, calças e macacões, adornados com babados ondulados ou “alface”. 

Lingeries, corpetes e transparencias delicadas, muitas vezes sobrepostas por casacos numa cartela de cores suave, que brincava somente às vezes com o vermelho-sangue. Os acessórios, o ‘cabelo molhado’, a sobreposição, alfaiataria e as estampas geométricas trouxeram um toque moderno à coleção. 

Kim Jones, diretor artístico de costura e vestuário feminino, trabalha com a magnata e fundadora da marca, Silvia Venturini Fendi, responsável pelo vestuário masculino e acessórios da marca sediada em Roma. 

Foi observando Delfina Delettrez, que frequentemente usa as roupas da mãe Silvia, que teve sua grande epifania para sua coleção de outono. Delfina estava no escritório da Fendi em Roma usando uma blusa Fendi ‘archive’ que pertencia a sua mãe de uma coleção de 1986, quando Kim Jones a viu. 

A coleção ao mesmo tempo em que homenageia o legado de Karl Lagerfeld na casa, de mais de 50 anos, também honra as fundadoras da marca e a ‘mulher Fendi’. 

Fotos para a montagem retiradas do Vogue Runway.

Essa coleção revela uma sensibilidade feminina ao mesmo tempo que mostra que a mulher Fendi encara qualquer coisa: a coleção de outono teve mais pele à mostra do que outerwear. Enquanto que traz esse ‘renascimento cultural’ do y2k para a vida real com peças de roupas para uma vida no dia a dia. 

E ainda falando em renascimento e renovação, tivemos novas re-edições das incógnitas e comentadas baguettes na passarela. Com o sucesso das baguettes impulsionado pela geração Z é, nada mais, que o novo reboot de Sex and the City, este é o momento mais que ideal para Jones trazer esse acessório aos holofotes, mais do que já está. Nessa coleção contamos com re-editions feitas de cashmere, couro e ‘intarsia mink’. 

Nos anos 90, Roberto Cavalli foi ‘renascido’ como o designer estrela dos Red Carpets. Muitas vezes comparado com Gianni Versace, o afamado estilista é conhecido por suas estampas exóticas e seu estilo flamboyant e glamuroso. Responsável por vestir as celebridades mais sexys de décadas atrás, Cavalli ainda mantém sua reputação e notoriedade, principalmente, através de suas peças archive que são cada vez mais prestigiadas por celebridades de agora, Zendaya e Bella Hadid para citar algumas, que trazem de volta à sedução e o poder da mulher. 

E foi pensando nisso, em unir as gerações de mulheres Cavalli, que Fausto Puglisi apresentou sua primeira coleção como diretor criativo da marca. ‘Eu quero respeitar a herança de Roberto’, disse Puglisi em entrevista. O grande momento y2k e o desejo de voltar aos anos 2000 trabalham a favor de Puglisi e da marca Cavalli. Entretanto, ao mesmo tempo, nunca se quis tanto evolução e melhoramentos para o futuro. 

Sua primeira passarela para Roberto Cavalli tinha como inspiração os anos de ouro e os archives da marca, em especial entre 1998 e 2006. O dourado, obviamente, compôs muitos dos looks, o animal print não deixou de marcar presença (assim como não deveria, por ser uma das marcas registradas de Cavalli), profundos recortes eram segurados por pequenas argolas, vestidos de festas eram feitos de couro, leather straps eram usadas como cintos ou colares, e o xadrez invadiu o outerwear e as mini saias. 

Assim, o Cavalli de Puglisi traz o sexy na medida, traz a mulher confortável da atualidade (e do pós-pandemia), traz o nada óbvio xadrez — que por ora nunca tinha feito parte de uma coleção de Cavalli — e ainda traz o poder feminino tão intrínseco na marca. 

DIA 2

Inspirada nos trabalhos do escultor  Alberto Giacometti e do fotógrafo Peter Lindbergh, a coleção ‘Esculpindo o Tempo’ da Max Mara, contou com 12 casacos femininos, em diferentes formas e volumes, conectados por sua neutra cartela de cores e pelos designs atemporais. 

Produzidas a partir de fibras naturais,de forma artesanal, as peças apresentadas exalam bom gosto e sofisticação, com acabamentos impecáveis.

Por sua casualidade, os looks podem ser adaptados a diversos estilos, uma ótima estratégia para uma coleção comercial. Mais uma vez, a marca mostrou que o básico também pode ser surpreendente. 

Simbolizando o ritmo acelerado da moda, em uma crítica ao consumo desenfreado, modelos da Sunnei, corriam pela “passarela” da marca – uma calçada, num cenário cinematográfico industrial. O público podia acompanhar a apresentação em câmera lenta, através de seus smartphones, para que os detalhes pudessem ser observados; metaforicamente, os aparelhos eletrônicos “congelam o tempo”.

Seguindo o ar esportivo do desfile, a coleção foi desenvolvida a partir de tecidos tecnológicos, que acompanham os movimentos corporais, estendem e esticam, permitindo a construção de camadas, essenciais para o clima invernal.

Simone Rizzo e Loris Messina, designers da marca, mantiveram a proposta elegante e minimalista, mas apostaram em cores saturadas e um assertivo mix de texturas, assegurando, assim, o senso de humor da Sunnei. 

Fotos para a montagem retiradas do Vogue Runway.

“O sexy está mais na cabeça do que na pele exposta. Esse é um ponto cardeal da filosofia da Prada.” escreveu Gian Luigi Paracchini em seu livro “A vida Prada”, que conta a história da marca e de sua fundadora através de uma extensa pesquisa e de inúmeras entrevistas com Miuccia e sua família.

A frase de Gian Luigi resume bem a silhueta central da apresentação de hoje: regatas brancas vestidas sem sutiã e saias midi em tecidos leves e transparentes foram a base para a coleção, que herda referências claras de uma Prada mais minimalista que bombou nos anos 2000. O que essas peças têm em comum com a mensagem do autor? São casualmente sexys, no maior estilo Prada possível.

Para aqueles que estavam sentindo falta dos traços de Miuccia nesta nova fase da marca, que conta com Raf Simons como co-diretor criativo, a apresentação de hoje foi um deleite. Miuccia fez o que sabe fazer melhor: celebrar a mulher e sua história – e de quebra brincar com texturas e detalhes excêntricos ao longo do line up.

Foto do desfile da Bottega Veneta, retirada do Vogue Runway.

O penteado do desfile – um coque banana volumoso e impregnado de laquê – e a bolsa principal da coleção – de couro, espaçosa e carregada na mão – nos revelam que a estilista tenta dialogar nesta temporada com uma mulher profissional, mas não exclusivamente a que trabalha em escritórios. Miuccia utiliza esses códigos apenas para delinear a sua narrativa e mostrar ao espectador que a apresentação se trata de uma celebração do viver, do casual, do dia a dia; do rotineiro.

Mas é claro que, se tratando de Miuccia Prada, o rotineiro não precisa ser necessariamente tão minimalista assim: maxi bordados de flores, penas tingidas em marrom e azul marinho e pele fake azul bebê são alguns dos motivos e detalhes excêntricos que a estilista adiciona em peças-chave que formam as camadas de sobreposição da coleção.

Peças essas que, no geral, são os únicos traços de Raf na coleção – como as maxi jaquetas bomber, os trench coats em couro e a abotoadura embutida da alfaiataria. Todas, sem exceção, são heranças do último desfile masculino da dupla.

Ao longo da semana a marca postou vídeos de nove das 54 modelos que desfilaram hoje – dentre elas Anok Yai, Kaia Gerber e Kendall Jenner – em seu Instagram. Neles, as modelos apareciam ainda crianças em vídeos caseiros de infância e, após um corte, em takes atuais recém gravados. Com a legenda “Uma saudação à profissão de modelo. Uma história de mulheres.” a marca já indicava a narrativa que seria contada através das roupas: a vida acontece e quando percebemos já não somos mais crianças; temos agora uma vida cuja experiência e rotina são moldadas pela profissão.

Coincidência ou não, Hunter Schafer, a modelo que teve sua vida e rotina viradas de cabeça para baixo após estrear como atriz na série mais comentada do momento, encerrou o desfile.

Fotos para a montagem retiradas do Vogue Runway.

Nesta temporada, o time misterioso por trás da MM6 Maison Margiela deixou de lado a conceitualidade das peças e optou por apresentar uma coleção focada apenas em roupas. Os 37 looks desfilados apresentam modelagens e cortes super contemporâneos e que certamente serão um sucesso de vendas.

A marca passa ainda por uma reformulação na sua grade de tamanhos, extinguindo a clássica numeração europeia e a divisão entre masculino e feminino. Blazers de couro, luvas em estampa de cobra e conjuntos de alfaiataria acinturada são algumas das peças que certamente farão sucesso entre o público.  

Pela passarela da Emporio Armani, que remetia a um tabuleiro de xadrez, encontramos diversos elementos do militarismo, em alusão às peças do jogo. As roupas femininas apresentavam uma marcante cartela de cores, contrastando com os visuais masculinos, em sua maioria, monocromáticos e sóbrios.

 A coleção contou com mais de 100 looks, apresentando desde trajes formais, até roupas esportivas (em um mood invernal, claro!), passando por muita alfaiataria e, pelo estilo casual chic, característico da marca. 

Com comprimentos mini, midi e máxi, Armani passeou por diversas décadas, resultando em uma coleção coesa, mas que ainda assim, consegue agradar a seus diversos públicos. Xeque Mate! 

Nicola Brognamo, diretor criativo à frente da Blumarine, fez a marca voltar aos holofotes da imprensa e do público através da incorporação da estética Y2K em seus designs. A tática foi boa: ele aproveitou a tendência do momento e criou roupas que supriam a demanda daqueles mergulhados na #Y2Kfashion no TikTok e no Pinterest – conquistando assim centenas de clientes ao redor do mundo, dentre elas Dua Lipa e Bella Hadid.

Mas, depois de quatro coleções imersas no tema, seu trabalho começou a ficar cansativo. Isso porque Nicola não chegou a injetar uma linguagem própria na marca ou adaptar a tendência dos anos 2000 para o Zeitgeist – suas roupas, por vezes, pareciam fantasias.

A coleção apresentada ontem (24/02) marca talvez uma nova era de sua direção criativa: o designer deixa de lado a interpretação caricata do Y2K e passa a inserir designs e elementos de um processo criativo próprio pensado para o agora. Macacões justos, conjuntinhos de top e saia em tricot e vestidos drapeados são alguns deles, produzidos em uma cartela de cores mais sóbria do que o normal para o estilista.

A ruptura com o tema não foi também tão abrupta assim: tops de borboleta, mini saias de babados e jeans de cintura baixíssima são algumas das peças que seguem a estética dos anos 2000, tão adorada e explorada pelo estilista.

No geral, a coleção peca pelo impacto estético e pela inovação, mas certamente mira em um sucesso comercial. O que importa na verdade são os rumos que a marca irá tomar após o desfile: será que veremos mais de Nicola em futuras coleções?

A coleção apresentada ontem por Nicola Brognamo, diretor criativo à frente da Blumarine, marca talvez uma nova era para a marca: o designer abre um pouco a mão da estética Y2K e insere elementos e designs atuais em uma cartela de cores mais sóbria.

Conjuntinhos de tricot com busto à la JPG, macacões decotados justos e mini vestidos drapeados foram os destaques da coleção, que também herdou referências da Gucci de Tom Ford. Acompanhe no carrossel a review completa.

Fotos para a montagem retiradas do Vogue Runway.

Jeremy Scott é um daqueles designers que você ama ou odeia. Isso porque o estilista é um dos únicos que tira sarro da moda de maneira caricata e direta, fazendo muitas vezes com que seus designs sejam vistos como cafonas e bregas. 

Mas Jeremy não tem medo das críticas e construiu uma identidade para a Moschino pautada essencialmente na estética camp. O inverno de 2022 apresentado pelo designer segue portanto no mesmo mood: Jeremy escolhe um tema central e a partir deste constrói peças puramente inspiradas neste. 

O clássico “Space odyssey”, de Stanley Kubrick, é a narrativa que permeia e inspira toda a coleção – desde o cenário até o look vestido pelo designer no final da apresentação. Jeremy apresentou looks que incorporaram traços, desenhos e motivos de móveis antigos em suas modelagens e finalizações, construindo verdadeiros objetos-vestíveis (um clássico do estilista). Vestidos-sofá, ombreiras-moldura e tops-gaveta foram alguns deles.

A ideia por trás da GDCS de Giuliano Calza é clara: o designer faz roupas para aqueles que gostam de se divertir e brincar com a moda. Dentre estes está ninguém menos que Dua Lipa, que já desfilou diversos dos modelos de roupas e acessórios do estilista por aí. 

Esse talvez seja o motivo pelo qual Lorenzo Posocco, stylist da cantora, estivesse sentado na primeira fila da apresentação de inverno de 2022 da marca. Em uma cartela de cores tão colorida quanto a das outras apresentações, Giuliano apresentou uma coleção que brinca com texturas e beira a estética DIY: casacos são construídas em material de esfregadores de pó, vestidos midi aparecem feitos a partir de cabelo sintético colorido e casacos em látex contrastam com mini macacões de renda.

No geral, a coleção é mais um exemplo de como Giuliano consegue produzir peças criativas e instagramáveis. Por mais que o designer não seja muito forte em acabamento e edição final dos looks, sua entrega final dialoga perfeitamente com o zeitgeist – em uma era na qual cada vez mais os looks são pensados para fotos do que para serem efetivamente usados.

DIA 3

“As formas mais essenciais e rigorosas”, descreve Walter Chiapponi sobre sua coleção de outono/inverno de 2022 para a Tod ‘s. Nomeada de “Italian Beauty”, a coleção é repleta de alfaiataria, trench coat longos inspirados em uniformes – looks femininos para a volta ao trabalho – e sobretudo alongados apertados na cintura. Uma coleção elegante com looks invernais alongados e soltos. Botas em cano alto femininas e masculinas, mocassim e tênis completavam os looks, além de bolsas e cintos. A paleta girava em torno de tons terrosos como marrom, preto, bege, verde militar, laranja e vermelho. 

O diretor-criativo da casa reduziu a coleção para 44 looks alguns dias antes da apresentação na passarela em Milão. “Decidi desnudar e reduzir a coleção, tornando-a mais essencial”, disse ele à imprensa. “Não é hora para frivolidade, realmente.” O desfile iniciou com Gigi Hadid em um terno preto, corte fino na perna, uma verdadeira homenagem aos anos 90. A alfaiataria de Chiapponi expressa uma estética moderna, mas com um toque clássico e silhuetas amigáveis. Ternos masculinos usados por modelos femininas vem sendo mostrada em toda temporada, com Tod´s não foi diferente, o designer abordou essa versão em diversos looks.

Fotos para a montagem retiradas do Vogue Runway.

Após dois desfiles sob sua direção criativa, o designer Alberto Caliri está deixando a Missoni, marca onde trabalhou por mais de 20 anos como chefe de design de Angela Missoni. O diretor-criativo desenvolveu uma coleção que relembra passos da marca, simplista e descomplicada. “Os confrontos harmoniosos entre um espírito burguês, elegante e milanês, e uma atitude rock moderna e jovem”, descreve ele sobre sua coleção. Looks modernos e que levam a pegada punk rock – característica que tem se mostrado presente em grande parte dos looks dessa temporada. 

Alberto desenvolveu looks como uma jaqueta motociclista de couro preto que foi usada sob um blazer masculino listrado, além de um couro branco envernizado por baixo de um casaco chevron de tricô jogado sob os ombros, além de macacões de couro vermelho e calças de motoqueiro, bem como em jeans largos e calças extra largas de cintura baixa usadas com tops ou malhas, que chegaram em conjuntos aconchegantes. 

As roupas leves eram brilhantes, opacas, metálicas, luminosas e brilhantes, que à noite, os looks eram iluminados por vestidos de malha tricotados com fio de lurex brilhante, como o usado pela supermodelo Eva Herzigova que encerrou o desfile.

Para Veronica Etro, diretora criativa da marca, nesta temporada ela desenvolveu a coleção nomeada de ‘Etro Remix’, uma verdadeira viagem aos anos 1960-1980, revivendo a herança da marca e as raízes familiares na Itália durante sua infância.  

Foram apresentados 46 looks que para essa coleção mostram o desejo pelo verão europeu. Looks coloridos e estampados em vestidos, calças, tops e terceira peças como uma camisa manga curta ou jaquetas. Looks como malhas boho arty-crafty, alguns em tons escuros com a pele a mostra que expressam uma estética punk, mas moderna e diurna. Os tecidos são um destaque a parte que vale a pena considerar a grande relevância da Etro nisso. 

Fotos para a montagem retiradas do Vogue Runway.

Para essa coleção de outono/inverno, Gucci entra em mais uma collab, dessa vez com a Adidas – as últimas collabs contaram com The North Face, Disney, e a mais recente Balenciaga – abrangendo desde chapéus – boinas, bonés, cachecóis – até ternos, vestidos de noite, corset, vestidos e acessórios. Intitulada de ‘Exquisite Gucci’, Alessandro Michele, ainda apresenta uma clássica estética vintage fazendo referências a várias épocas da marca, com casacos de pelo e reedições de bolsas clássicas.

A alfaiataria reina na coleção. Apesar do look ser um totalmente clássico, Michele o insere de uma forma contemporânea, usado com óculos, toucas com listras da Adidas ou brincos verdes. Reprisando um dos maiores sucessos de Tom Ford, um smoking de veludo vermelho do outono de 1996, o diretor criativo o insere com novos ajustes e outro tecido, que incluem ombros mais modernos, detalhes em couro que contornam a frente do smoking em preto com placas arredondadas de metal, além da camisa azul e uma gravata preta fina em couro. O look acompanha um sapato social, mas com toque esportivo. 

Ele disse que as mulheres com que trabalha muitas vezes expressam afeição por roupas masculinas e adoram usar ternos masculinos. “A linha é tão reta e elegante em um terno masculino”. O traje de abertura é tecnicamente um traje masculino usado e mostrado por uma modelo. “Você não precisa de muito para adaptá-los a corpos masculinos ou femininos”, disse Michele sobre o terno. 

Looks de renda e lingerie são usados com casacos volumosos e botas. Uma moda sexy e ousada é apresentada em looks femininos e masculinos, tanto nos looks em si como em suas cores e estampas, seja quadriculada, listrada e estampa de cobra que tem surgido nas passarelas.  

O ponto de partida da coleção, foi uma foto da Madonna de 1993, onde ela aparece em um vestido da Adidas. A parceria com a marca esportiva além de ganhar um ar vintage, apresenta um ar ousado como peças de tricô em pontos abertos. Muitos looks são apresentados com uma enorme logomania, característica clássica da Gucci. 

As cinturas nesta coleção subiram, não estão mais abaixo do umbigo como tem aparecido nas passarelas. Os ombros e as bolsas estão maiores, o contrário também do que tem sido visto, como a tendência de mini bolsas. 

Alessandro honra o legado da marca, mas sem perder o timing do novo, da mudança necessária. Resgata os arquivos e os insere no hoje. Uma coleção comercial que não irá demorar para ser vista pelas ruas. 

Não é de hoje que Donatella Versace gera expectativas sobre seus desfiles e consegue surpreender em boa parte deles. Para essa coleção de outono/inverno 2022, Donatella cria looks modernos e sexys, o que melhor sabe fazer em sua direção criativa da marca. Cinturas marcadas, corset e mini saia cintura baixa são apresentadas na coleção. O uso de cores que são atraídas ao sexy como rosa, preto e vermelho se encontravam nos looks. 

Supermodelos como Gigi e Bella Hadid, Emily Ratajkowski e Lila Moss desfilaram para a marca. As maquiagens eram com os olhos contornados de preto e sobrancelhas apagadas, além do cabelo liso e dividido ao meio – tendência que tem se mostrado presente nas semanas de moda.

A versão Y2K é enrustida na coleção, mas de uma forma madura e punk, e não jovial como ela se apresenta normalmente. O uso de choker, botas tratoradas e calças em vinil contemplaram boa parte da coleção. Camisetas com frases como “I ‘love” – representado em forma de coração – you, but I’ve chosen Versace” usada como baby look e mini saias ganharam o centro das atenções, e no final Bella Hadid aparece usando com Donatella. 

A paleta de cores é apresentada em tons neon, preto, verde, vermelho, rosa, entre outras. Nas estampas as cores se encontram e formam casacos quadriculados, blazers e vestidos. Casacos alongados e conjuntos de blazers ganham destaque nessa coleção como nesta temporada de outono/inverno 2022. 

Não é de hoje o resgate dos arquivos da marca por Donatella, como a inserção do salto bloco que em toda coleção é apresentado e continua atraindo olhares. O caminho da diretora criativa tem mudado e surpreendido, mas uma coisa é certa: ela não tem dúvidas do seu trabalho e o que fazer para alterar o estilo da marca, mas mesmo assim deixar seu DNA claro e cada vez mais presente. 

DIA 4

Em seu primeiro desfile após quase dois anos longe das passarelas, o designer nigeriano-britânico Tokyo James buscou direcionar suas criações a mensagens extremamente positivas. ‘’Pelo menos não se parece com o que passamos’’, disse o estilista após sua apresentação. 

Sendo assim, ele buscou apresentar peças que pudessem fugir do sentimento de tensão pela qual o mundo tem passado nos últimos 18 meses por conta da pandemia em decorrência do novo coronavírus (Covid-19). 

Durante seu desfile suas peças fortes e justas foram grandes protagonistas de seu grande show 一 marcado pela resiliência. As mulheres de Tokyo James foram representadas de maneira altamente sexy e sensual. De maneira mais geral, a apresentação da nova coleção de Outono de James apresenta referências ao universo punk 一 representados pelos cabelos espetados e óculos cobertos de tecido 一 e ao upcycling, marcados pelo jeans reciclado e uso de materiais mortos da Nigéria.  

Fotos para a montagem retiradas do Vogue Runway.

Entretanto, a alfaiataria de Tokyo James foi a grande estrela do desfile. Confeccionada a partir de ternos feitos em mohair felpudo, em seda chartreuse abotoada na parte lateral e com bordados de sapos 一 toten escolhido por James 一 feitos de maneira caprichada.

Como forma de ressaltar a parceria da marca com a Nike e sua paixão pelo universo futebolístico, foi possível observar pregas de futebol em praticamente todos os modelos da coleção, além do reaproveitamento de alguns materiais como os cadarços dos sapatos como acabamento em um de seus vestidos e babados da Nike como remendos. 

Não é novidade alguma que o DNA de Jil Sander está diretamente ligado à construção de ternos clássicos em alfaiataria e toda a sua sutileza e elegância, e nesta temporada não foi diferente. Enquanto a maioria das marcas 一 inclusive as que passaram pela Semana de Moda de Milão 一 buscou mirar nas referências e gostos da Geração Z, Lucie & Luke Meier (responsáveis pela direção criativa da Jil Sander) optaram direcionar as criações da marca ao olhar adulto e mais maduro, pensando na comunidade desta determinada faixa etária que ocasionalmente possam se sentir abandonadas e deixadas de lado no quesito ‘’representatividade’’ ou, ainda, na quase ausência de vestimentas voltadas para si nas últimas temporadas das semanas de moda. 

Este sentimento de lealdade foi reproduzido através da produção das peças clássicas em alfaiataria escultural, construídas de modo que praticamente imitassem a produção em alta-costura, bem como pela adoção de silhuetas mais cortadas, representando toda a elegância que somente a Jil Sander tem.  

Seguindo essa pegada, foi possível encontrar ternos de saia em lã, jaquetas com uma construção mais esculpida em volumes de ampulhetas e complementadas com a presença das famigeradas botas Chelsea 一 desta vez, com detalhes dourados, mais planas e resistentes. Além disso, o minimalismo dos anos 60 em junção ao propósito artesanal construíram – de maneira altamente sucessiva – a estética de Jil Sander para este Outono.  

Fotos para a montagem retiradas do Vogue Runway.

A nova coleção da Bottega Veneta antes de seu lançamento poderia facilmente ser considerada como uma incógnita para a comunidade da moda, especialmente após a saída de seu então diretor-criativo, Daniel Lee, anunciada oficialmente em 10 de novembro de 2021. Desde o comunicado, muito se especulava quem assumiria e quais rumos a marca italiana iria tomar 一 uma vez que Lee foi considerado como o grande responsável pelo rebranding da marca, especialmente durante o início da pandemia, em 2020. 

A coleção de Outono/Inverno 2022 da Bottega Veneta legitima o debut de Matthieu Blazy na marca 一 designer belga que teve passagem pela Balenciaga, Raf Simons, Maison Margiela, Artisanal, Celine e Calvin Klein antes de se tornar o diretor do setor de prêt-à-porter da Bottega em 2020. Apesar das diversas especulações acerca de sua função como diretor-criativo da casa e de como ele daria continuidade ao trabalho excêntrico realizado por Lee, é possível afirmar que Blazy conseguiu entregar uma coleção íntegra e extremamente alinhada aos conceitos e identidade da Bottega Veneta. 

Pelas próprias palavras de Matthieu sobre suas criações, sua nova coleção para a marca simboliza as jornadas, e isso pode ser facilmente apreendido durante uma viagem pelos 69 looks apresentados por ele nesta temporada. Cada look contém uma história para contar e representa o conceito de diversas e distintas jornadas individuais. ‘’Há muitos personagens, todos eles têm lugares para ir, eles se sentem bastante livres’’, contou Blazy à Vogue. 

Em outras palavras, Matthieu Blazy pretende reconectar a marca com seu pedigree italiano através da inovação e criatividade 一 características bem marcantes da Bottega Veneta. O que pode ter sido considerada como uma coleção com componentes e detalhes ‘’demais’’, na verdade, representa de maneira excepcional a assinatura de Matthieu costurada à identidade da marca. 

Foto do desfile da Bottega Veneta, retirada do Vogue Runway.

Quanto aos detalhes, foi prazeroso poder assistir uma coleção tão sólida e extremamente precisa quanto à colocação dos componentes e o storytelling por trás de toda essa junção, como por exemplo a calça confeccionada de couro representada como jeans. 

Chama atenção ainda a importância do trabalho artesanal nesta coleção de Outono/Inverno da Bottega Veneta: a nova bolsa apresentada (Kalimero) foi confeccionada em uma peça única 一 sem costuras 一, assim como as botas de cano alto presentes na apresentação. Ademais, os ternos executados com precisão, malhas mais ecléticas e suéteres retalhados contribuíram para exaltar a produção à mão nas criações de Matthieu. 

Se por um lado a saída abrupta de Daniel Lee de seu cargo como diretor-criativo da Bottega Veneta deu margem a diversas lacunas quanto o futuro da marca na indústria da moda, a recém-chegada de Matthieu Blazy à maison foi crucial para fechá-las. Com uma proposta de criações mais confortáveis e destinadas a vestirem as denominadas ‘jornadas’, a coleção exposta por Blazy neste sábado (26) conseguiu conversar entre duas gerações contrastantes (passado-presente), além de posicionar a Bottega Veneta no status de moderna, atual e conectada 一 expressa pelas referências à tecnologia, propósito este também pretendido pelo novo diretor-criativo da marca. Sendo assim, a coleção que oficializa a estreia de Matthieu marca o início de uma nova era na casa italiana, sem deixar para trás a sutileza, leveza, requinte e alta qualidade característicos de Bottega Veneta. 

DIA 5

Massimo Giorgetti lança sua coleção de Outono/Inverno 2022 para a MSGM como um foguete que anseia desvendar os mistérios da imensa escuridão do espaço sideral. De acordo com as notas do designer, Giorgetti se viu observando o céu à procura de ‘um espaço mais amplo de esperança em algum lugar longe do familiar e assim fugir da realidade difícil’.

Toda atmosfera astronômica que envolve as constelações, galáxias, planetas, estrelas, buracos negro e cometas foi ponta pé de inspiração do designer italiano, que logo se viu imerso e totalmente preso na temática, segundo o prórpio Giorgetti. 

Brilho foi a palavra de ordem do início ao fim da passarela, fazendo alusão aos corpos celestes que iluminam a imensidão escura e misteriosa do cosmos. O glitter e a purpurina na estamparia de peças em tule, o vinil, bordados de cristais em forma de estrelas, paetês, o couro e o trabalho de bordado em telas transparentes; todos materiais que quando trabalhos em sequência, completam a energia luminosa que coleção aborda. Peças grandiosas de pele falsa como casacos, saias e botas “lunares” terminam por trazer essa silhueta volumosa já bem familiar dessa temática espacial.

Fotos para a montagem retiradas do Vogue Runway.

Na estamparia, o designer trabalha de forma bem literal o seu tema. Motivos onde os desenhos figurativos de constelações estelares, cometas, meteoros e planetas juntam-se em uma só superfície criando as galáxias que habitam na imaginação de Giorgetti. Já nos bordados brilhantes presentes nos conjuntos de alfaiataria e no moletom e calça jeans (look 17), levam esses looks de cortes simples a se comunicarem com maior coerência com a extravagância do restante da coleção.

Diferentemente de suas coleções passadas, Giorgetti decide apostar em uma paleta bem mais discreta do que em seus tons rosados e alaranjados extremamente saturados da sua última coleção. Os tons metalizados, acinzentados, o branco e o preto dominaram a maior parte das peças da coleção. 

A literalidade do designer ao longo da apresentação pode ter facilitado o entendimento do tema por parte dos fãs de seu trabalho, mas talvez seguir por caminhos menos óbvios e mais orgânicos poderia ter levado sua coleção à galáxias bem mais excitantes.

A moda das pistas de corrida da Fórmula 1 retorna às passarelas na Semana de Moda de Milão através da coleção de Outono/Inverno 2022 da Ferrari, que continua a investir no mercado de moda de luxo desde junho de 2021.

Rocco Lanonne, designer italiano responsável pela direção criativa da Ferrari, partiu do ponto de partida do próprio DNA da quase centenária marca de carros de luxo. Inspirado no cotidiano dos pilotos da Ferrari, Lanonne faz estudo das inovações tecnológicas de materiais e traduz isso para um consumidor que tem interesse em consumir o produto fashion da grife. 

Ele buscou mergulhar mais fundo na cultura automotiva e não focar somente no lado superficial dessa modalidade esportiva, como nos elementos físicos, decorativos dos carros e nas roupas de pilotagem. 

Ao invés disso, procurou apostar nos fatores tecnológicos, exemplos disso foram os vários looks em Nylon, que por via de regra fazem parte do cotidiano dos uniformes dos profissionais das equipes; além de peças em fibras de carbono e fibras de plástico reciclado.

A paleta de cores escolhida por Lanonne descreve com clareza o espírito da marca, os tons de vermelho amarelo e verde estão presentes do início ao fim da coleção em diversas tonalidades diferentes; além dos azuis, preto e das estampas gráficas que remetem à circuitos de softwares, a logo de cavalo da marca foi repetida diversas vezes em alguns looks gerando estampas abstratas.

Peças em couro, lamê e borracha, casacos de cashmere e golas felpudas tiveram seu momento de destaque durante o desfile. Ianonne também aproveitou para trabalhar em luvas de pilotagem de couro e balaclavas de tricô, muito tem se discutido sobre o uso da balaclava e o significado cultural que ela carrega. No caso de uma marca de carros de corrida como a Ferrari, a balaclava é um elemento de segurança obrigatório nos uniformes dos pilotos e sua inserção na coleção faz total sentido para um consumidor que está habituado neste ambiente automotivo.

Lanonne ainda percorre pistas desconhecidas ao assumir a direção criativa de uma marca de carros em um território tão desconhecido para a Ferrari, como a moda; seus primeiros trabalhos na marca já mostraram agradar o consumidor já habituado com a marca e atrair nosso fãs para a Ferrari e para o mundo automotivo que têm crescido muito em popularidade nos últimos meses. 

Só resta saber se a marca vai saber lidar com o público do mundo fashion da mesma forma que sabe lidar com os apaixonados por carros ou se é só mais uma febre que recaiu sob o gosto popular com Fórmula 1 que voltou a estar em voga.

Fotos para a montagem retiradas do Vogue Runway.

Inspirado pela era do jazz e pelo movimento artístico Art Déco, Giorgio Armani lança sua coleção de Outono/Inverno 2022 seguindo a tendência cintilante que tem tomado conta das passarelas nessas últimas semanas de moda.

Movido pela extravagância dos anos de 1920, Armani levou a sério o trabalho eufórico de materiais brilhantes ao longo da coleção.

A extensa coleção de 90 looks desfilados na passarela contou com uma seleção de peças com silhuetas frequentes na marca de Giorgio Armani mas com um apreço pelo glamour elevado nessa temporada de Outono/Inverno.

Desde vestidos, calças, passando por blazers, casacos, cardigans e acessórios, o designer italiano trabalha a estética festiva em um paleta de cores concentrada nos acinzentados, pretos e azulados. 

Mesmo com um público masculino de perfil mais conservador e clássico, Armani conseguiu introduzir a aplicação de materiais não tão discretos sem sair exageradamente da zona de conforto da sua clientela, que já está familiarizada com a alfaiataria impecável Italiana.

As inúmeras peças de veludo molhado, jaquetas de lã, casacos estampados e brilhantes, jaquetas com abotoamento marinheiro e com bolsos utilitários, cardigãs e calças amarrotadas descrevem o guarda-roupa desse novo consumidor de Armani que passa a experimentar com certo cuidado o glamour trabalhado na coleção. Para a moda feminina, a Armani pode extravasar com maior liberdade os brilhos de um tempo passado regado a festas e holofotes. Os looks femininos foram recheados de brilho desde a linha dos ombros até aos calçados e acessórios.

Veludo molhado, brocados texturizados, estampas geométricas cintilantes, e o trabalho minucioso de bordado de miçangas em vestidos que revisitam a silhueta de linha “I” das melindrosas da era do Jazz captam toda o comportamento excêntrico das mulheres daquela época mas nos tempos de hoje.

Armani se junta ao grupo de designers que passam a olhar a moda como uma válvula de escape que viaja para tempos mais fáceis, e que ficam à espera de clientes que queiram entrar nessa fuga temporal.

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