[CRÍTICA] The Batman: o lado mais pessoal e sinistro do herói

Após diversos adiamentos nas gravações e na data de lançamento devido à pandemia do coronavírus, uma nova produção de um dos heróis mais queridos da DC, The Batman, estreou nos cinemas no início de março. O novo filme solo do Homem-Morcego é estrelado por Robert Pattinson (Crepúsculo), a direção foi comandada por Matt Reeves (Planeta dos Macacos: A Guerra) e o roteiro foi escrito por Mattson Tomlin (Power) e Peter Craig (Jogos Vorazes: A Esperança).

Como começou nas HQs

Batman é um dos personagens mais queridos e populares da DC e de todo o mundo. Desde 1940, já foram vendidos 460 milhões de HQs do homem morcego, ficando apenas atrás de Superman que já vendeu aproximadamente 600 milhões de cópias. 

Em 1939, Batman foi criado por Bob Kane, que teve a ideia de desenvolver um herói sem poderes. Além de Kane,o escritor Billy Finger, que foi convidado pelo mesmo para ajudar a escrever o primeiro HQ, concedeu os elementos essenciais no universo do Homem-Morcego; colaborou fazendo o traje do personagem, criou o nome “Bruce Wayne” e originou os seus inimigos e aliados, como Coringa, Mulher-Gato, Robin, Alfred e entre outros. A primeira aparição do Cavaleiro das Trevas foi na revista Detective Comics #27, mas ficou popular apenas em 1940, após ganhar uma série de HQs próprias, Batman #1 foi a primeira revista publicada.

A revista Detetive Comics #27 apresenta o justiceiro pela primeira vez, mas a sua origem e introdução acontece em Detetive Comics #33, também lançado em 1939. Bruce Wayne é o filho do médico Dr. Thomas e Martha Wayne. Aos 8 anos, a vida do jovem Bruce muda  completamente ao presenciar seus pais serem baleados e assassinados pelo assaltante Joe Chill em um beco de Gotham, a cidade onde vive. Logo após esse homicídio, Bruce jurou que lutaria contra os crimes e começou a treinar intensamente para combater a criminalidade com suas próprias mãos como Batman. 

[Imagem: Reprodução/ DC Comics]

Com o sucesso das HQs, o homem morcego foi conquistando vários fãs, e várias adaptações cinematográficas e televisivas passaram a surgir, como Batman, dos anos 1960, interpretado por Adam West, a versão de Batman (1989) interpretado por Michael Keaton e dirigido por Tim Burton e sua sequência Batman Returns (1992), a aclamada trilogia de Cavaleiro das Trevas (2005–2012) estrelada por Christian Bale e dirigida por Christopher Nolan, que conta com a premiada atuação de Heath Ledger como Coringa. Por fim, antes de Pattinson assumir o papel do icônico personagem, o ator Ben Affleck deu vida ao milionário justiceiro atuando em Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016), Esquadrão Suicida (2016), Liga da Justiça (2017) e Liga da Justiça de Zack Snyder (2021), todos filmes do Universo DC.

[Imagem: Divulgação/ Warner Bros. Pictures/ HBO Max]

Em uma entrevista para Esquire, Matt Reeves, o diretor de The Batman (2022), afirmou que o longa não abordará a origem do Homem-Morcego, pois o público já a assistiu várias vezes: “Nós vimos isso tantas vezes. Foi feito à exaustão. Desde o começo, sabia que não deveríamos refazer isso”. Por tal razão, a nova produção será baseada nas HQs Batman: Ano Um, de Frank Miller, Batman: O Longo Dia das Bruxas, de Jeph Loeb e Tim Sale, e Batman: Ego, de Eisner Darwyn Cooke, que não abordam as origens do herói.

Confira a crítica sem spoilers

Em The Batman, em seus primeiros anos lutando com suas próprias mãos, Batman (Pattinson) enfrenta as injustiças e a bandidagem nas ruas sombrias de Gotham. Todavia, uma série de assassinatos surgem na cidade e o herói precisa, juntamente com Jim Gordon (Jeffrey Wright), desvendar os mistérios e enigmas feitos pelo vilão Charada (Paul Dano).

O trabalho de Matt Reeves de adaptar as três HQs em um filme é de forma certeira e bem encaixado no enredo. Apesar da produção ter quase 3 horas de duração, acompanhar os mistérios e desvendar os segredos ocultos durante as investigações do “maior detetive do mundo” não se torna muito cansativo, já que cada ação desenvolvida por Charada é bem trabalhada, assustadora e violenta. O telespectador fica cismado, impactado e grudado na telona pelo surgimento de cada enigma e código, que são montados como um quebra-cabeça até uma grande descoberta no final do longa.

[Imagem: Reprodução/ Warner Bros. Pictures]

Por ser bastante intenso, The Batman entrega um herói mais sombrio que as outras produções e mostra o lado mais pessoal, realista e profundo do personagem. O longa mostra que o herói tem suas cicatrizes externas e internas que o atormenta é visível, também, o trauma e a culpa que Bruce Wayne carrega pelo assassinato de seus pais. Embora ele guarde um rancor e tenha uma sede de vingança, a trama também desenvolve o amadurecimento de Bruce Wayne/ Homem-Morcego. Durante a exibição do longa, o  telespectador consegue sentir entusiasmo, tensão e nervosismo na poltrona, e também reconhecer a dor pelo olhar do protagonista.

Ademais, as cenas de ação são brutais, bem realistas e muito explícitas, esse combate corpo a corpo e os sons dos golpes são impactantes e estremecedores que faz o telespectador ficar inquieto na poltrona. O aparelhamento da trilha sonora dramática, assinada por Michael Giacchino, com as sequências de conflito e perseguição contribuem para a sensação de inquietação e aflição sempre presentes.

[Imagem: Reprodução/ Warner Bros. Pictures]

A fotografia, responsável por Greig Fraser, é um grande destaque do longa, os tons sombrios e acinzentados trazem esse lado mais aterrorizante na narrativa, principalmente nas sequências de luta e perseguição. Do mesmo modo que a cor vermelha representa a vingança que evidencia essa sede presente no Cavaleiro das Trevas. A mesclagem entre as cores, trilha sonora e cenas sinistras apresenta um longa amedrontador e impactante.

Após ser anunciado que Robert Pattinson receberia o manto do Homem-Morcego, a decisão foi bastante criticada devido ao seu trabalho na saga adolescente Crepúsculo. No entanto, o ator não se deixou abalar pelo julgamento e entregou uma atuação sinistra e arrepiante e conseguiu incorporar o lado intenso e sombrio da personagem. 

[Imagem: Reprodução/ Warner Bros. Pictures]

Outro destaque de atuação é de Zoë Kravitz interpretando Selina Kyle, a Mulher-Gato, assim como os vilões Charada e Pinguim, interpretados respectivamente por Paul Dano e Colin Farrell, que conquistam seus espaços na trama e entregam uma proposta impecável de seus personagens no enredo.

Por fim, The Batman é um dos melhores filmes do ano e pode receber indicações de algumas premiações, visto que promete entregar de maneira ousada uma proposta distinta das outras produções do herói ao desenvolver esse lado mais intimista da personagem, já que fica claro no longa que além da vingança, ele também luta por esperança. O final surpreende a todos fazendo com que o público vibre e espere ansiosamente pela possível sequência que pode ser ainda mais intrigante.

Confira o trailer abaixo:


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