[Crítica] Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, além de louca, é a obra mais macabra do MCU

Doutor Estranho no Multiverso da Loucura estreou na última quinta-feira, dia 5 de maio, nos cinemas brasileiros. O quinto filme da Fase 4 do Universo Cinematográfico da Marvel é estrelado por Benedict Cumberbatch, Elizabeth Olsen, Benedict Wong e Xochitl Gomez. A direção tem o retorno de Sam Raimi, responsável por trazer a trilogia do Homem-Aranha nos anos 2000, aos filmes de heróis.

[GIF: Reprodução/ Pinterest]

CRÍTICA SEM SPOILERS

Após o sucesso estrondoso de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, o segundo filme do herói dos magos prometia ser impactante, visto que, quando se trata do Multiverso, tudo pode sair do controle e inclusive ter algumas participações especiais. 

O longa acompanha a jornada do Doutor Estranho rumo ao desconhecido. Além de receber ajuda de novos aliados místicos e outros já conhecidos do público, o personagem atravessa as realidades alternativas incompreensíveis e perigosas do Multiverso para enfrentar um novo e misterioso adversário.

A temática do multiverso começou a ser introduzida em algumas produções, como WandaVision, Loki, What If…? e Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa. Nesta ocasião, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura explora sobre as outras realidades e versões dos personagens e possui uma pegada que nunca foi vista no MCU.

[Imagens: Divulgação/ Marvel Studios]

Escrito por Michael Waldron (Loki, 2021), o roteiro é direto, sem enrolação e explicações e com muitas cenas de ação. Talvez seja, até mesmo, muito rápido para uma duração de 2 horas, visto que, poderia ter explorado mais o seu tema central: o multiverso. A correria na narrativa afeta os diálogos e explicações sobre alguns casos curiosos do multiverso. É possível viajar profundamente com o filme em relação às viagens de um universo para o outro e também a presença de muitas cores e formatos deixa a experiência muito louca e eletrizante. O público da sala de cinema pode entrar em delírio momentâneamente, com a aparição de alguns personagens que serão mais detalhados na crítica com spoilers.

O longa adota elementos de terror que nunca foram vistos em qualquer produção do Universo Cinematográfico da Marvel. Em alguns momentos, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura consegue estabelecer o jump scare, uma técnica usada para o telespectador pular da cadeira pelo susto. Inclusive, o longa consegue referenciar alguns filmes de horror, como Carrie, A Estranha (1976), O Chamado (2002), Invocação do Mal (2013) e A Morte do Demônio (1981). Em adição, a obra traz inovações, como cenas violentas, sombrias e muita magia, o que pode causar aflição, porém, como em alguns filmes do universo, não deixa o humor de lado.

Sam Raimi entrega uma direção de forma corajosa, com certeza, ele realizou um dos projetos ousados de sua carreira e do MCU. Ele trabalha o longa com primazia e mostra progressivamente mais sua ambição de trazer as referências e os componentes de terror para a trama.

[Imagem: Reprodução/ Marvel Studios]

Após o incidente envolvendo o Homem-Aranha, Doutor Estranho/ Stephen Strange percebe que perdeu o controle do multiverso e mostra que não tem como conter toda a situação. O personagem não podia ser de outro ator sem ser do Benedict Cumberbatch, mais uma vez o astro realizou um trabalho competente e com muito carisma se envolvendo em uma jornada bastante louca interpretando o Mago. 

Elizabeth Olsen entrega uma atuação excepcional como Wanda Maximoff/ Feiticeira Escarlate. Após os acontecimentos em Westview que foram mostrados em WandaVision (2021), a dor que a personagem carrega por ter perdido Visão (Paul Bettany) e seus filhos gêmeos, Billy (Julian Hilliard) e Tommy (Jett Klyne), é perceptível e não tem como ficar sensibilizado assistindo o seu sofrimento.

[Imagem: Divulgação/ Marvel Studios]

O longa apresenta uma nova personagem para o universo: America Chavez, interpretada por Xochitl Gomez, a nova heroína do MCU. A jovem heroína é introduzida de forma não muito detalhada, porém a narrativa consegue mostrar mais sobre a sua habilidade de abrir diversos portais para o multiverso.

Por fim, com efeitos especiais esplêndidos e uma pegada única, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura tem seus pontos positivos e negativos, mas é um dos filmes mais diferenciados já feitos pela MCU. O trabalho criativo de Sam Raimi não deixa a desejar e entrega sem medo um evento grandioso de deixar arrepios do começo ao fim. 

ATENÇÃO!

CRÍTICA COM SPOILERS + FINAL EXPLICADO

Embora a parte técnica, as cenas impactantes e o protagonismo e antagonismo de alguns personagens sejam positivos, na crítica com spoilers, será explicado com mais detalhes o motivo do filme ter decepcionado alguns fãs e telespectadores.

Desde diversas divulgações de teasers e trailers, os internautas questionaram-se sobre qual seria o estopim do novo longa, ao assistir o filme percebe-se que a Feiticeira Escarlate é a grande vilã de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura onde mostra o seu comportamento impiedoso e sombrio sob a influência do Darkhold. Seu arco narrativo se constrói a partir da obsessão que Wanda possuía de ter seus filhos de volta, após os acontecimentos de WandaVision, e, inclusive, na cena pós-créditos do seriado, a personagem estuda o livro Darkhold para tentar mudar de realidade e conviver com Billy e Tommy novamente. Repara-se que as histórias dos seriados do MCU, disponíveis no Disney+, começam a entrelaçar-se com as futuras produções, como o caso da série da vingadora que traz uma conexão significativa para o enredo do filme.

[Imagem: Reprodução/ Marvel Studios]

Para realizar esse feitiço, ela precisa capturar America Chavez e apanhar seu poder de se deslocar de uma realidade para outra. Toda essa perseguição começa logo na primeira cena bastante eletrizante, com a presença de Estranho Defensor, uma variante do Mago e provindo de outro universo, ajudando a personagem de Xochitl Gomez, mas ele acaba morrendo durante a batalha contra uma criatura, mandada pela Feiticeira, que tentava raptar a jovem. Contudo, Chavez consegue escapar para o mundo de Doutor Estranho.

[Imagem: Divulgação/ Marvel Studios]

Doutor Estranho descobre todo o plano da Feiticeira Escarlate e arrisca-se para salvar a vida de America. O Mago foge e passa por diversas dimensões para proteger a personagem de Xochitl Gomez, logo, várias viagens pelos universos são mostradas, em uma delas aparece o cenário de What If…?, e a passagem é visualmente fascinante e bem trabalhada. Além de conhecer novos personagens que podem levar o telespectador à loucura.

Com a viagem pelo multiverso, a Marvel não podia negligenciar a presença de algumas participações especiais que todos esperavam: o surgimento dos Illuminati. Em um outro universo, Doutor Estranho e América ficam presos em uma instituição de pesquisa e, nesse momento, o Mago é levado para conhecer o grupo de heróis, composto por Mordo (Chiwetel Ejiofor), a Capitã Carter (Hayley Atwell), o Raio Negro (Anson Mount), a Capitã Marvel (Lashana Lynch),Reed Richards (John Krasinski) de Quarteto Fantástico e a aparição de ninguém mais e ninguém menos que Professor Charles Xavier (Patrick Stewart). O aparecimento deles trouxe uma nostalgia para os fãs e foi capaz de arrancar gritos na sala de cinema.

[Imagens: Marvel Comics/ Marvel Studios]

Nesse encontro com os Illuminati, Doutor Estranho descobre que sua outra versão desse universo, Estranho Supremo, foi morta, dado que, para derrotar o Thanos, ele recorreu ao Darkhold. Mas o Mago acabou sendo sacrificado por causar uma Incursão, que é quando acontece a colisão de dois universos obliterados, causando a destruição de um ou ambos. 

Todavia, o que é bom dura pouco e esse seria um dos pontos negativos do filme que decepcionaram os fãs; o pouco tempo de tela dos Illuminati que tiveram um destino brutal causado pela Feiticeira Escarlate, essa aparição era o momento mais esperado pelo público e acabou decepcionando pela passagem quase insignificante do grupo. Mas, há a possibilidade de surgirem novamente em outros universos e serem mais desenvolvidos futuramente, visto que a Marvel Studios confirmou uma produção do Quarteto Fantástico, então é possível chegar muitas novidades em breve.

Um outro ponto que surgiu nos trailers, mas não foi tão explorado: a presença do Estranho Sinistro (Strange de Três Olhos), a expectativa de ter uma batalha grandiosa entre ele e o Doutor Estranho, na verdade, foi rápida. Contudo, os efeitos especiais são inovadores e envolviam as notas musicais juntamente com um som clássico. A versão sombria do Mago deixou um alerta: se praticar a possessão do Darkhold, pagará um preço alto.

[imagem: Reprodução/ Marvel Studios]

O tão aguardado momento do filme, no entanto, aconteceu, para quem acompanhou a série What If…?, o Doutor Estranho zumbi, usando o cadáver do Estranho Defensor. O Mago usa a magia perigosa do Darkhold e entra no corpo do Defensor para impedir a Feiticeira Escarlate de sacrificar America, essa com certeza é uma das cenas mais assustadoras e sombrias da obra. No final, quem consegue também acabar com os planos de Wanda é a personagem de Xochitl Gomez que consegue ter o controle de seus poderes.

[GIF: Reprodução/ Giphy]

América abre mais um portal e Wanda encontra seus filhos que se assustam com sua figura de feiticeira e ela percebe que sua obsessão machucou todas pessoas ao seu redor. Então, ela toma uma atitude corajosa e destrói o livro Darkhold de todos os universos para que não seja usada por ninguém, o castelo na Montanha Wundagore desmorona e a vingadora é soterrada, considerada “morta”. É impossível não ficar impactado com o destino da personagem, mas não tem como afirmar se ela voltará ou se também terá uma outra versão de Wanda futuramente, então o filme deixa essa abertura.

Após impedir Wanda de apanhar os poderes de America, Doutor Estranho volta para o seu universo e caminha pelas ruas de Nova York, porém ele acaba pagando o preço alto por ter usado a magia do Darkhold e, como resultado, aos gritos, revela seu terceiro olho se abrindo na testa. Essa cena final deixa o telespectador chocado e a espera o que acontecerá futuramente com o Mago lidando com as consequências após a prática da dominação onírica.

A primeira cena pós-créditos é um fator importante para o futuro da Marvel, Doutor Estranho é abordado pela Clea, interpretada por Charlize Theron, que o alerta sobre o ínicio de uma incursão, esse evento aconteceu devido ao herói usar a magia para possuir uma mente de outra versão, que no caso foi o cadáver do Estranho Defensor. Então, eles entram para uma outra dimensão e o terceiro olho aparece na testa do Mago. 

[Imagens: Marvel Comics/ Sunday Magazine]

A segunda cena pós-créditos faz uma referência à cena final de A Morte do Demônio II, dirigido por Sam Raimi. O diretor chamou o seu amigo Bruce Campbell, que atuou na trilogia clássica de terror, para interpretar o dono da Pizza Poppa em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura. No filme, em um outro universo, o personagem de Campbell foi enfeitiçado pelo Mago para se bater por 3 semanas, após o fim da magia, ele olha para a câmera com um sorriso e falando “acabou”, que se refere ao fim do feitiço e do filme. Esse momento é apenas uma zueira com o telespectador que ficou os últimos segundos da produção.

Em conclusão, embora não tenha agradado uma parte do público e dos críticos, o filme entrega uma obra bem ousada com tons de terror bem encaixado, um introdutório do multiverso bem louco e um bom desenvolvimento dos personagens, mas o filme deixou mais tópicos em aberto e, logo, pode ser um preparativo do que estar por vir. No final, o longa promete que Doutor Estranho voltará, então uma possível sequência pode trazer mais uma jornada árdua sobre a incursão e também introduzir a maga Clea (Charlize Theron). 


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