[Crítica] Stranger Things é uma das melhores séries da atualidade mesmo com algumas ressalvas dessa quarta temporada

Após uma espera de praticamente três anos desde o último lançamento, Stranger Things retornou com a quarta temporada no final de maio, levando todos os fãs de volta a Hawkins para contar mais uma história sombria dos irmãos Duffer.

O primeiro volume possui 7 episódios muito bem construídos do início ao fim, ainda mais pelo tempo: a maioria ultrapassa uma hora, o último chega a uma hora e quarenta minutos. No dia 01 de julho, os dois últimos episódios foram liberados, que somados entre si dão quatro horas de duração e encerram esse arco, que até agora pode ser considerado um dos melhores.

Relembre um pouco do que aconteceu nas temporadas anteriores

O início da série se passa em 1983, em Hawkins, Indiana. O jovem Will Byers (Noah Schnapp) desparece e seus amigos, Mike (Finn Wolfhard), Lucas (Caleb McLaughlin) e Dustin (Gaten Matarazzo) decidem procurá-lo com a sua família e a polícia da cidade. Com isso, eles se deparam com uma série de eventos sobrenaturais e é nesse momento que eles começam a entender um pouco sobre o Mundo Invertido.

[Imagem: Divulgação/Netflix]

Nancy (Natalia Dyer), que é a irmã de Mike, Steve (Joe Keery), namorado de Nancy, e Jonathan (Charlie Heaton), irmão de Will, investigam por conta própria o que pode ter acontecido com o menino e Barb (Shannon Purser) – a melhor amiga de Nancy que é morta por um Demogorgon no início da história.

Nesse meio-tempo, aparece Eleven (Millie Bobby Brown), uma garota que tem superpoderes e não sabe muito sobre seu passado ou conviver em sociedade. No final, eles salvam Will, graças a um sacrifício de El, mas os problemas e a ligação do menino com o Mundo Invertido estão longe de acabar.

[Imagem: Reprodução/Netflix]

A segunda temporada avança para 1984, onde todos tentam seguir em frente após tudo o que rolou no ano anterior. Porém, uma nova ameaça aparece direto do Mundo Invertido para ameaçar os protagonistas, e além desse novo inimigo, também há uma nova personagem Max (Sadie Sink), que chega na cidade junto com seu irmão problemático, Billy (Dacre Montgomery).

[Imagem: Reprodução/Netflix]

Enquanto isso, o detetive de Hawkins, Jim Hooper (David Harbour), decide criar Eleven, que sobreviveu aos acontecimentos do final da 1ª temporada, e é nesse ano que aborda mais sobre seu passado, sua mãe biológica, que ficou viva, mas teve sequelas após enfrentar uma terapia de eletrochoque, e a existência de uma irmã, a Eight/Kali (Linnea Berthelsen).

Eleven fica escondida na cabana de Hopper e só Mike sabe que ela está lá. Cansada dessa realidade, ela foge e, quando volta, aprende a verdade sobre sua história. Depois disso, seus amigos enfrentam um Demodog e Eleven entende que precisa fechar de vez o portal para o Mundo Invertido.

No final, ela consegue destruir o Monstro das Sombras, que está conectado a Will e ameaçando a todos, e fica com Mike no baile da escola. Só que há uma vítima no meio disso tudo: Bob (Sean Astin), o novo interesse amoroso de Joyce (Winona Ryder). Ainda nessa temporada, Nancy termina com Steve e fica com Jonathan.

No terceiro ano da série, em 1985, o verão chega e um shopping novo na cidade de Hawkins também, deixando o amado grupo ainda mais sintonizado com sua juventude e com novos casais no ar. Aparecem cientistas russos como vilões tentando abrir um portão para o Mundo Invertido embaixo desse shopping, como revela Alexei (Alec Utgoff), um dos envolvidos nisso. Eleven descobre que o irmão de Max está possuído pelo Devorador de Mentes e, em uma futura batalha com o monstro, acaba sendo ferida e perdendo seus poderes.

Já no final da trama, Billy se sacrifica para proteger o grupo após El entrar em sua mente e o Hopper tenta destruir a máquina usada pelos russos para manter o portal para a outra realidade aberto mas é dado como morto. Eleven, então, vai morar com os Byers, que se mudam para a Califórnia.

Agora, nessa quarta temporada, é possível ver o que aconteceu com cada personagem e todo o mistério por trás de uma nova ameaça do Mundo Invertido: o Vecna, que marca suas vítimas através de um vínculo psíquico e as mata das formas mais tenebrosas e brutais, para se alimentar.

ALERTA DE SPOILER

[GIF: Reprodução/Giphy]

Ao longo de toda essa trama, foi possível ver três núcleos separados: Eleven, Will, Jonathan e Mike estavam na Califórnia; Joyce, Murray e Hopper na Rússia e os demais em Hawkins. Essa dissonância do grupo afeta um pouco a fluidez dos episódios, porque para conciliar tantas linhas narrativas simultâneas, Stranger Things opera na constante quebra de ritmo, ou seja, desenvolve uma situação e, assim que ela estoura, muda de núcleo em uma tentativa de manter a tensão sempre alta.

Durante a primeira parte, parecia que essa divisão entre os personagens não funcionaria em sintonia para salvar Hawkins e o mundo de Vecna, deixando os papéis de cada personagem um tanto quanto confusa. No entanto, o segundo volume acaba mostrando como todos esses enredos funcionam bem para a primeira conclusão desta ameaça de fim do mundo.

A protagonista Eleven ou Jane, vive um difícil período de adaptação nesta season. Apesar de seus esforços, a jovem sofre para se encaixar na escola e é constantemente vista como “a esquisita” por seus colegas de escola. Para piorar, ela está sem os seus poderes, passa pelo luto da morte de Hopper e lida com as saudades dos amigos e do namorado Mike. Porém, após um início movimentado nos primeiros episódios, a jornada de Eleven se torna mais solitária, no entanto poderosa, no final. Millie Bobby Brown consegue sustentar um núcleo inteiro praticamente sozinha, ditando os pontos de virada e provando que nasceu para interpretar esse papel.

Outro grande destaque da temporada, se não for o maior, é Sadie Sink, que volta à pele de Max. É possível acompanhar um lado da jovem nunca visto antes, o que está marcado pelo trauma e culpa. Reclusa de todos, Max passa por uma interessante jornada de reconexão consigo mesma e com os amigos, enquanto carrega um dos principais e mais emocionantes acontecimentos do quarto ano da série.

Ela é capturada por Vecna mas escapa ao som de Running Up That Hill de Kate Bush, música favorita da personagem. A crença de que a canção seria capaz de salvar Max, foi baseada em uma conexão astuta feita por Robin Buckley e Nancy Wheeler depois que uma das primeiras vítimas de Henry, seu pai Victor Creel, parecia ter sido salvo por ouvir Dream A Little Dream Of Me de Ella Fitzgerald e Louis Armstrong.

No entanto, como Vecna ​​revelou na conclusão da primeira parte da quarta temporada de Stranger Things, a música não foi a razão pela qual seu pai, Victor, sobreviveu. Em vez disso, foi simplesmente porque que Henry ultrapassou os limites de seus poderes, o que o levou a entrar em coma antes que pudesse acabar com seu pai.

Isso não deve minimizar a importância da canção de Kate Bush para a sobrevivência de Max. Nancy descreve isso como “uma ponte de volta à realidade” e deve haver pouca dúvida de que ela estava certa. A música evoca memórias fortes que são boas e ruins, então faz sentido que ela pudesse abrir uma porta para fora da alienação opressiva de trauma, desespero e culpa em que Max se encontrava. Além disso, também faz sentido que se ela não tivesse memórias tão positivas e o amor de seus amigos para retornar, não haveria como escapar da maldição de Vecna.

É importante mencionar também Eddie e Argyle, os novos personagens incluídos nessa história. Ambos são completamente diferentes, um é viciado no jogo D&D e é metaleiro, e o outro um completo maconheiro entregador de pizza, mas os dois são um alívio cômico no meio de tantos acontecimentos.

Eduardo Franco, que interpreta o personagem Argyle, esteve presente no MTV Movie&TV Awards e declarou ser uma honra fazer parte de uma série de tanto sucesso. “Todo mundo do elenco, da produção foram maravilhosos e gentis comigo. Todos me receberam muito bem, é como se fosse uma família mesmo”, afirmou o ator.

Inclusive, mesmo Eddie sendo um novo rosto, ele protagoniza a melhor cena do segundo volume da série, onde sobe no topo do próprio trailer no Mundo Invertido com uma guitarra e um amplificador e toca Masters Of Puppets da banda de heavy metal Metallica para atrair os morcegos de Vecna.

O mais curioso dessa cena é que Tye Trujillo, filho do baixista da banda, Robert Trujillo, participou da quarta temporada gravando as faixas de guitarra utilizadas nessa versão. Além dele, o guitarrista do Metallica, Kirk Hammet, colaborou nas gravações.

Além da escolha da música refletir bem as características do personagem, que é fã de thrash metal. A letra de Master of Puppets combinou muito com Stranger Things. James Hetfield, líder da banda, fala da perda de controle e do uso de drogas na música, então os versos sombrios fazem jus a atmosfera ameaçadora do Mundo Invertido. “Master of Puppets lida com drogas. Como as coisas ficam de cabeça pra baixo, em vez de você assumir e fazer, as drogas controlam você” o vocalista afirmou sobre a faixa em entrevista à Thrasher Magazine.

Porém, infelizmente no final dessa trama o Eddie morre nos braços do Dustin, mas os fãs ainda não possuem 100% de certeza, talvez porque não querem acreditar ou porque não têm uma confirmação de fato. De qualquer maneira, isso é uma pena e que chega a ser revoltante, principalmente por ter sido um personagem inserido na penúltima temporada da série, onde foi muito bem desenvolvido e aceito por parte do público.

Uma das grandes surpresas do quarto ano da série, foi a junção de Nancy e Robin como uma dupla. As atrizes apresentam uma ótima sintonia e as personagens, surpreendentemente, se completam, rendendo cenas memoráveis. Já Steve e Dustin, voltam a chamar atenção por sua incrível e divertida dinâmica em conjunto.

Por outro lado, alguns personagens perdem completamente o destaque e ficam à deriva durante a narrativa. É o caso dos irmãos Byers, na qual é possível contar nos dedos quantas falas tiveram ao longo de todos os episódios. Mike e Lucas também não apresentam tanta relevância, mas ainda conseguem aparecer mais do que os primeiros.

O mais revoltante é que o Will saiu de personagem principal para um mero coadjuvante, e que o maior arco gira em torno do personagem ser gay e estar apaixonado por Mike. Já o Jonathan, foi reduzido a maconheiro e que até a trama entre ele e a Nancy que poderia ser explorada, foi deixada de stand by.

Apesar disso, Will protagoniza uma das cenas mais tocantes da quarta temporada. Sem qualquer ambição de grandiosidade, nem ameaça monstruosa pelo caminho, o adolescente demonstra toda sua coragem quando, de coração partido, aconselha Mike sobre seu relacionamento com a Eleven. E, como se suas lágrimas não fossem suficientes para dar conta da sua vulnerabilidade, os olhares furtivos de Jonathan pelo retrovisor denunciam o quanto dói no irmão mais novo estender a mão para seu melhor amigo dessa maneira.

Apesar disso, a direção consegue equilibrar melhor o tempo de tela dos núcleos, onde é possível identificar perfeitamente o motivo pelo qual eles estão separados, como é o caso de Joyce e a Rússia. A história flui em um bom ritmo e se mostra mais madura em relação às outras temporadas. Ao mesmo tempo, referências aos anos anteriores estão mais presentes, assim como pontos narrativos que se conectam com o início da série.

Como é o caso do grande vilão da temporada, Vecna. Ele vem do jogo de RPG Dungeons & Dragons, citado na série desde a primeira temporada. No game, ele é uma criatura que usa um tipo proibido de mágica para se tornar imortal, e é quase isso que Stranger Things mostra. Na série, o monstro se torna ainda mais forte a cada humano que mata. A escolha de suas vítimas, no entanto, não é aleatória. Vecna prefere possuir pessoas que passaram por algum evento traumático e estão vulneráveis emocionalmente, e as tortura com memórias dolorosas antes de acabar com suas vidas.

Voltando a D&D, no jogo Vecna nasceu humano séculos atrás, e sua mãe, Mazzell, foi executada por praticar feitiçaria. Então, em busca de vingança, Vecna se tornou um mestre das magias obscuras, chegando a um nível em que nenhum outro mortal havia alcançado. Em Stranger, os adolescentes começaram a comparar o monstro do Mundo Invertido com Vecna, devido aos seus poderes e pela aparência. Tão poderoso quanto o personagem do jogo, o Vecna de Hawkins é mais perigoso que o Demogorgon, mais complexo de se entender e mais difícil de ser combatido.

Não é só no RPG que Vecna tem um passado traumático com a família. Na série, se descobre que o monstro é Henry Creel, agora conhecido como Peter. O personagem, interpretado por Jamie Campbell, foi uma criança que demonstrava comportamentos estranhos. Com isso, sua mãe buscou ajuda profissional para tratar sua “natureza perturbada” e ele não gostou nada disso. Henry começou a usar seus poderes, primeiramente, para matar animais, até acabar matando a própria família. Victor Creel, o pai, foi o único sobrevivente para poder carregar a culpa pelos crimes.

Também é revelado a origem dos poderes de Eleven, mostrando que Henry, agora Peter, é o paciente 001 dos experimentos do laboratório de Hawkins. Levado à força para lá, Martin Brenner usou o sangue de Henry para criar outras crianças com os mesmos poderes. Para isso, no entanto, precisaria suprimir suas habilidades com a ajuda de um dispositivo implantado em seu pescoço.

Ao longo de todos esses anos, Peter esteve no laboratório de Hawkins auxiliando Brenner nos experimentos, quando descobriu que Eleven era tão poderosa quanto ele. Então, nos flashbacks de 1979 no episódio 7, O massacre no laboratório de Hawkins, os fãs podem ver que ela foi manipulada por Peter e acabou removendo o dispositivo que controlava seus poderes.

Então, Henry provoca um massacre no laboratório, matando as crianças e funcionários da instalação, mas é detido por Eleven, que acaba abrindo o portal para o Mundo Invertido e empurrando ele para lá. Ao cair, ele é queimado por um raio e se transforma em Vecna, o que é comprovado com a marca 001 no pulso.

É inegável como Jamie, que já tem grandes nomes no currículo, como Caius Vulturi em Crepúsculo, Jace em Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos e Gellert Grindelwald em Harry Potter, se sobressaiu fazendo o Vecna. Em entrevista a Vanity Fair, o ator declarou que não enxerga necessariamente o seu personagem como um vilão.

“Eu sou capaz de vê-lo como um vilão? Eu certamente sou capaz de vê-lo como um ponto de conflito”, afirmou. “Mas em termos de, tipo, ele é mau ou [é um] vilão? Quero dizer, eu o entendo e o amo. E eu me relaciono com ele. Fiquei com os olhos lacrimejados ao dizer isso – talvez eu devesse calar a boca! Tipo, eu o entendo, então sempre estarei do lado dele”. Ele ainda acrescenta que: “Acho que ainda há um nível de humanidade nele, mesmo onde ele está agora, mas acho que a humanidade dele estar onde está agora é um fato com o qual posso me relacionar. Tenho certeza que todos nós podemos.”

Com um aspecto bizarro, Vecna tem uma aparência tétrica, que até mesmo fez Millie Bobby Brown chorar quando viu o ator caracterizado. Em conversa com The Verve, Barrie Gower, designer de próteses e maquiador, revelou que o personagem foi feito à base de efeitos especiais e muito lubrificante.

“No dia [da filmagem] ele tem que estar superviscoso, então usamos produtos como lubrificante K-Y. Também usamos um produto chamado UltraWet, um gel transparente, que passamos em todo o corpo dele”, declarou ele. “É o tipo de coisa que, no set, se você colocava a mão no ombro dele, você se arrependia porque ficava todo melecado”, enfatizou Barrie.

O perfil oficial da Netflix compartilhou um vídeo que mostra a impressionante transformação de Jamie Campbell Bower no poderoso vilão da 4ª temporada de Stranger Things. O processo, que inclui a aplicação de diversas camadas de tecido e maquiagem no rosto e no corpo do ator, impressionou os internautas.

Além disso, a caracterização dos personagens carrega um estilo oitentista em seu auge, onde os penteados e figurinos tentam rejuvenescer o elenco, mas não é com todos que consegue. No entanto, tudo não se torna um mero detalhe assim que adentra a nostalgia da série. Os produtores da série reveleram algumas características sobre os looks, que vão desde tênis personalizados da Converse, até referências a nomes como o cantor britânico David Bowie e o filme Grease – Nos Tempos da Brilhantina.

Nessa temporada, Natalie Dyer fez uma permanente mas também usou uma peruca parcial para chegar ao visual de Nancy. Já Mike, deixou o cabelo crescer para ficar parecido com Eddie, em quem se inspira, mantendo um pouco mais comprido atrás e com camadas curtas.

Para os cenários da Califórnia nessa temporada, a figurinista Amy Parris usou diversas referências visuais, como a Thrasher Magazine, Skateboard Magazine, Surfer Magazine, além de anuários reais de escolas do ensino médio americano.

A equipe de figurino colaborou com a Quiksilver para criar o visual tipicamente californiano de Argyle: os tênis do personagem foram customizados pela Vans, e ele usa meias tie-dye igualmente customizadas. O figurino de Mike na Califórnia também foi feito pela Quiksilver, com o intuito de combinar com as roupas do personagem de Eduardo Franco.

O visual de Jonathan nessa season foi influenciado pelo Argyle e pelas atividades extracurriculares que eles fazem juntos. Consequentemente, ele está usando estampas mais psicodélicas. Já para o visual dos alunos do Colégio Hawkins, a Converse fez tênis personalizados em três cores para combinar com a paleta da escola.

No capítulo 4 dessa quarta temporada, a roupa da Robin parece que saiu do armário da Nancy e foi inspirada por catálogos antigos da coleção primavera-verão da Sears, Montgomery Ward e JCPenney em 1986.

Originalmente, os irmãos Duffer queriam que o cabelo do Eddie fosse parecido com o penteado clássico do David Bowie como Jareth em Labirinto – A Magia do Tempo, mas a equipe responsável pelos cabelos dos atores baseou o visual final em Ozzy Osbourne e outros integrantes de bandas famosas dos anos 1980.

E por fim, o penteado de Chrissy foi inspirado na personagem de Olivia Newton-John chamada Sandy em Grease – Nos Tempos da Brilhantina, no estilo líder de torcida americana, mas com franjas bem anos oitenta.

A fotografia de Stranger Things sempre foi bastante mutável e na quarta temporada isso não foi diferente. A depender do contexto de cada cena, a iluminação transita entre o claro e o escuro, também dando bastante destaque para a cor vermelha no mundo de Vecna. As transições do mundo real para o mundo invertido também acontecem e apresentam um bom jogo de câmeras.

Como foi dito anteriormente, a trama se divide entre núcleos diferentes, portanto, a cenografia é intercalada entre a Califórnia, Hawkins, a Rússia e o Mundo Invertido. São muitos os cenários que carregam a história neste ano, entre novos e já conhecidos, mas o destaque vai para a mansão que habita Vecna. O local é cheio de detalhes e uma importante peça para a narrativa, que inclusive por fora, lembra um pouco da casa do filme A Casa Monstro.

A trilha sonora da série também é um grande marco e que trouxe boas posições nos charts. A música de Kate Bush, Running Up That Hill por exemplo, na época de lançamento alcançou a posição mais alta do Hot 100 da Billboard da carreira da cantora, com um 30º lugar. Mas a série da Netflix mostrou o poder de uma plataforma de streaming, levando a música à 1ª posição do ranking no Spotify. Agora, a canção do Metallica, Masters Of Puppets, é a próxima a atingir bons lugares nas paradas musicais.

Outra música dessa quarta temporada que caiu no gosto do público foi Pass the Dutchie, do grupo Musical Youth. A trilha de Argyle e Jonathan, alcançou o 9º lugar no ranking da Apple Music. Além disso, embala vários vídeos divertidos nas redes sociais.

Mas não são apenas esses três sucessos resgatados. A quarta temporada também trouxe o hit da banda The Beach Boys, California Dreamin e Detroit rock city, do KISS. Afinal, Stranger Things aposta na nostalgia para conquistar o público, inclusive aqueles que nem viveram nos anos 80, e essa fórmula se repete desde a primeira temporada.

Quais as pontas soltas?

Com os dois episódios finais da quarta temporada de Stranger Things, muita coisa foi respondida mas algumas situações ainda ficaram pendentes para o grande final da série. Como prometido pelos criadores, os irmãos Duffer, a temporada não terminou com tudo resolvido, muito pelo contrário. O maior desafio de todos foi anunciado, e a próxima temporada precisa dar um jeito para resolver tudo o que ficou para trás, mas já foi confirmado que a produção terá um salto temporal.

Max morre?

Depois de ter escapado da morte por muito pouco, Max encerra a temporada em uma cama de hospital em coma. Além disso, parece que ela não está dentro de sua mente, que Eleven encontrou vazia. Então, fica um questionamento de que talvez ela esteja presa dentro da mente do Vecna e se ela vai ficar sem enxergar ou andar.

[Imagem: Reprodução/Twitter]

O que vai acontecer com Hawkins?

A season encerra com as quatro mortes causadas por Vecna abrindo portais que permitiram que o Mundo Invertido invadisse Hawkins. As partículas começaram a cair lentamente e a matar a vegetação que encontravam pelo caminho, então resta saber se os civis que sobreviveram continuarão por lá mesmo ou se a cidade abrigará apenas algumas pessoas, além dos protagonistas e possivelmente agentes do governo.

Vecna vivo

Vecna apesar de ter ficado bem ferido com o ataque de Nancy, Robin e Steve, conseguiu fugir e, muito provavelmente, passará estes anos do salto temporal reunindo forças a fim de concretizar seu plano de uma vez por todas. A não ser que um novo personagem poderoso seja introduzido, Eleven é a única capaz de enfrentar Henry frente a frente.

[Vídeo: Reprodução/Twitter]

Nancy, Jonathan e Steve

A relação de Nancy e Jonathan sofreu bastante com a distância física e emocional entre os dois. A diferença de planos do casal pode acabar terminando com o relacionamento, enquanto Steve está pronto para levar uma vida de família com Nancy e seus seis futuros filhos.

Will e a ligação com o Mundo Invertido

Os criadores da série já confirmaram à Collider que Will terá um grande foco na última temporada da série, o que faz sentido já que no final do nono episódio, é possível ver o personagem se arrepiando devido a ligação com o Vecna. É importante lembrar que a conexão entre ele e o Devorador de Mentes foi estabelecida na 1ª temporada, antes de ser resgatado do Mundo Invertido. Alguns fãs já estão especulando que como tudo começou com ele, faz sentido toda essa história ser finalizada com ele também.

Stranger Things continua encontrando mais força nos indivíduos e menos na jornada. A fórmula dos Irmãos Duffer funciona e entretém justamente porque eles amam seus personagens, fazem todo mundo amar seus personagens e gostam de permanecer o máximo possível em seus conflitos e emoções. Também ajuda bastante quando há consequências brutais, como no último episódio – e é de se esperar que os criadores tornem o impacto permanente.

A escala do seriado só tem aumentado, com a produção dando um show visual cada vez maior, seja esteticamente, seja cinematograficamente. Por mais desnecessariamente extenso que seja a finalização da quarta temporada, é impossível negar que foi o ano mais épico e macabro da série, mas, como sempre, mantendo o lado humano que torna a obra tão empática e divertida de acompanhar.

De uma série de mistério ao tom de terror, o seriado caminha para o seu desfecho carregando uma legião de fãs consigo. Dá para ter uma noção do que esperar do fatídico quinto ano, se considerar que apenas dois episódios foram tratados como um verdadeiro evento da cultura pop de 2022. É possível aguardar uma sequência com toda qualidade e potencial que trouxeram até aqui. Principalmente quando a promessa é grande demais para se esperar tanto.

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