Devaneios

Acabei de me pegar sonhando acordada com uma vida que não é minha com pessoas que não conheço em lugares onde nunca estive. Eu faço muito isso. Geralmente é a maneira que escolho para lidar com problemas da minha vida extremamente real, concreta e palpável. Algumas pessoas podem achar isso meio triste, um pouco preocupante. “Pare de viver na sua cabeça”, eles dirão. Por um bom tempo, eu também pensei assim. Eu pensei que era uma tonta que tinha uma cabeça tão danificada que ficava inventando historinha na cabeça ao invés de prestar atenção na vida real. Acabei percebendo que isso não é necessariamente verdade. Sim, a vida pode ser difícil às vezes. Então, claro, posso buscar conforto em sonhos e pequenas fantasias bobas que crio. Por que isso seria errado?

É como uma pílula feliz para o cérebro – uma pílula de ilusão, pode ser. As ilusões às vezes são vistas como algo ruim, mas passei a amá-las. Se você pensar bem, eles são 50% da nossa vida. Se não fossem, a humanidade nunca teria avançado. As ilusões são uma ótima maneira de criar e inventar coisas novas. Eles são onde as ideias nascem. Não importa se elas acabarão se tornando realidade ou não, criá-las na sua mente é em si um ato de crescimento e aprendizado. Há muito o que aprender com seu cérebro delirante. Você pode aprender tanto, se não mais, com ele quanto com as experiências da vida real.

Claro, você deve ser capaz de encontrar um certo equilíbrio. Não pode simplesmente viver toda a sua vida na ilusão. Você não vai avançar ou retroceder; só vai ficar preso na mesmice. Confie em mim, eu já estive presa na mesmice da minha cabeça. Sonhar acordado pode ser quase como assistir a uma série de televisão: às vezes você não consegue parar. Você pisca e, de repente, passou o dia inteiro sem fazer nada além disso. Você tem que dar um jeito de se equilibrar antes de cair na toca do coelho. Essa é a parte complicada.

A vida é como uma máquina que nunca para – todas as peças precisam estar funcionando. A ilusão cria a realidade e a realidade cria a ilusão. Uma precisa fazer a sua parte para que a outra sobreviva. Pense nisso: seu cérebro precisa de referência para o sonho. Ele precisa ser alimentado com experiências e traumas e momentos especiais para que possa mastigar tudo e criar a gororoba que é um pensamento.

Vou te dar um exemplo. Alguns meses atrás, fui a um festival de música. Você pode apostar que passei pelo menos algumas horas depois deitada, com meus fones de ouvido, escutando música que eu gostaria de ter escrito e inventando meu próprio show imaginário. Imaginando-me como uma cantora pop apresentando todos os meus maiores sucessos para milhares e milhares de fãs gritando e dançando junto comigo. Como eu seria capaz de chegar a isso se não tivesse a experiência de ver um show como esse? Se eu não tivesse sido um daqueles fãs cantando junto com um artista que provavelmente uma vez sonhou acordado com aquele momento? A ilusão levou a sonhos que levaram a ideias que levaram à ação. Ou, um exemplo mais fácil. Sabe quando você sai do cinema depois de um filme e transforma aquele mundo todo na sua própria realidade imaginária? Já fez isso? Ou sou só eu com meu cérebro danificado e ilusório? Bom, se for, sorte a minha.

Para citar uma daquelas músicas que eu gostaria de ter escrito, go ‘round and ‘round and ‘round in the circle game. Não se sinta culpado ou envergonhado por sonhar acordado, eles são parte do motivo pelo qual você segue em frente.

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