A história do rádio começa em 1860, quando as ondas de rádio foram descobertas pelo físico escocês James Maxwell, passando por sua real difusão durante a Primeira Guerra Mundial, até a chegada das transmissões no Brasil, em 1923. De lá para cá, a abordagem e influência desse meio de comunicação mudou bastante, a rádio ergueu carreiras e criou grandes sucessos com sua disseminação em massa. Mesmo que possa parecer uma indústria morta, ela apenas está se adequando, mas mantém sua hegemonia quando o assunto é difusão de hits.
A Era de Ouro do rádio aconteceu mundialmente a partir de 1927, quando passou por um processo de massificação por conta da possibilidade de transmissões sonoras de aparelhos que tocavam os discos direto no microfone, profissionalizando o meio com contratação de artistas, criação de grades com novelas, programas humorísticos e de auditório.
Com a chegada de outros artifícios midiáticos, como a TV e a internet, a rádio foi ameaçada de extinção diversas vezes, mas conseguiu e ainda consegue se adequar às novas realidades. A mais nova atualização é a transição de formatos, vindo do analógico ao digital. As emissoras possuem sites que transmitem ao vivo sua programação, seja ela recheada de músicas, entrevistas, notícias ou debates, podendo até mesmo conter imagens. Essa modalidade trouxe grande benefício, uma vez que rádios locais puderam se alastrar por toda internet, não apenas a pequena porção que antes cobria, expandindo suas barreiras geográficas e levando seu conteúdo a outros públicos, sem fronteiras.
A onda de podcasts também beneficiou o formato, fazendo com que o público voltasse a ser ouvinte. Seja escutando nas plataformas de áudio ou acompanhando o áudio do Youtube sem, necessariamente, estar vendo a imagem, os podcasts trazem de volta o storytelling ao rádio, despertando o interesse do ouvinte para ouvir a história completa, saber mais sobre o assunto, conhecer a pessoa entrevistada, todos esses estímulos atiçam a curiosidade, tornando mais pessoas fiéis ao formato – em sua versão atualizada.

Na indústria musical, a rádio continua sendo carro forte na disseminação de músicas – com certeza não em seu formato analógico, mas em suas segmentações. Com a facilitação do processo de abrir sua própria empresa, foram criadas diversas rádios digitais que cobrem cada um dos gêneros musicais, dando oportunidades a novos artistas independentes, que conquistam o público nichado da estação sem precisar de grandes gravadoras fazendo o marketing por trás, evitando a polarização de gostos.
Polarização? Sim, em tempos remotos, quando o modelo analógico era forte, apenas músicas e gêneros rentáveis com grandes gravadoras por trás, como a Warner, Sony, Som Livre e Universal entravam na programação, para atingir superficialmente o público, fazendo-o focar apenas no que eles gostariam que fosse escutado, repetindo diversas vezes a mesma música e artista até que se tornasse um sucesso.
A polarização entra no quesito de que cada rádio fazia isso com um gênero ou artista específico, criando sucessos de extremos diferentes, enquanto músicas que seguiam a mesma linha, mas sem nenhum patrocínio, eram ignoradas. E se até os que seguiam a linha eram ignorados, os criativos que faziam obras fora da caixa simplesmente não existiam.
O formato criava personalidades endeusadas e muita rivalidade, uma vez que o espaço dentro da mídia era extremamente disputado e caro. Nesta nova fase, quem se arrisca e tem as ideias marketeiras mais criativas é que ganha destaque, indo parar nas rádios e grandes playlists organicamente, fruto da massificação do trabalho na internet.

Isso certamente dificulta o trabalho das rádios, que antes criavam as tendências e agora tem que acompanhá-las para não ficar para trás, enquanto ainda luta com a pirataria e as novas leis de autorização do uso dessas músicas.
O que antes estava na rotina do indivíduo agora tem que disputar com diversas distrações para arranjar uma migalha de atenção, e nada cria mais relevância do que se sentir visto. A estratégia das emissoras para manter a audiência é um sistema de participação do ouvinte, quando este se sente parte da programação e tem seus pedidos atendidos, instintivamente cria um laço emocional com o programa e seus apresentadores, resultando na fidelidade deste indivíduo, que irá inserir o rádio em sua rotina meticulosamente – a atenção está nos detalhes, e o reconhecimento é uma grande porção desta migalha.
Entre trancos e barrancos, o rádio ainda vive! Assim como todos os antigos meios de comunicação, o rádio precisou se atualizar para continuar em vigor, abandonando antigos costumes e abraçando a globalização, tudo isso precisando manter a essência do emissor e sua ligação com o receptor. Essas mudanças foram drásticas e tem seus pontos positivos e negativos, mas não anulam o esforço de emissoras e aspirantes a manter o sistema ativo, mesmo que com diferentes dinâmicas.