Para a felicidade dos fãs da loirinha, Taylor Swift lançou seu décimo álbum de estúdio, Midnights, na última sexta-feira (21). O disco conceitual passa por histórias de 13 noites sem dormir ao longo da vida da artista e transita pelas madrugadas, tendo a meia noite como o maior símbolo do projeto.
No anúncio do álbum, Taylor o descreveu como “uma coleção de música escrita no meio da noite, uma jornada através de terrores e sonhos doces. Para todos nós que lançamos e viramos e decidimos manter as lanternas acesas e ir em busca – esperando que apenas talvez, quando o relógio bater às doze… nós nos encontraremos.”
O disco conta com 13 faixas (e 7 faixas bônus), divididas em lado A e B, e com uma única colaboração especial de Lana Del Rey. O projeto tem 6 produtores principais, Jack Antonoff, Jahaan Sweet, Keanu Beats, Sounwave e Taylor Swift. A masterização é feita por Randy Merrill e a mixagem assinada por Șerban Ghenea.
Além de Taylor como escritora creditada, o álbum tem como participações nas letras Jack Antonoff, Jahaan Sweet, William Bowery (pseudônimo do namorado da artista, Joe Alwyn), Keanu Beats, Lana Del Rey, Sam Dew, Sounwave e a atriz Zoë Kravitz.


A primeira faixa de Midnights é Lavender Haze, marcando a entrada do disco como um álbum pop. A música é inspirada na expressão “lavender haze”, que nos anos 50 era associada ao sentimento de estar apaixonada. A artista declarou que viu a frase em um episódio da série Mad Men e achou uma definição muito bonita do amor. A canção fala sobre não abandonar esse sentimento e o proteger a todo custo, ignorando os aspectos negativos que vem com ele. Taylor também cita seu relacionamento de 6 anos com o ator Joe Alwyn e todos os esteriótipos e rumores que teve que ignorar.
A segunda música é Maroon, uma faixa pop que estabelece conexão com a metáfora de cores usada na canção Red, do seu quarto álbum de estúdio. Em Red, a cor vermelha intensa é usada para descrever o fervor do amor, já em Maroon, o tom de vermelho ganha mais complexidades e descreve um relacionamento mais maduro e que de alguma forma foi perdido.
Anti-Hero é a terceira faixa e lead single do projeto, a canção que aborda as inseguranças da artista tem uma abordagem bem honesta e quase satírica sobre o que ela mais odeia em sua vida. A música ganhou um clipe no mesmo dia do lançamento do álbum que foi escrito e dirigido pela artista.
Na produção, a persona popstar de Taylor a assombra de várias maneiras e o vídeo contém inúmeras ironias sobre a carreira e vida da cantora. Além disso, Anti-Hero fez mais de 17 milhões de streams no Spotify, debutando no topo do chart global da plataforma e quebrando o recorde maior estreia de um single na história da plataforma.
Seguimos com Snow on The Beach, a canção com a participação de Lana Del Rey. A faixa fala sobre duas pessoas se apaixonando ao mesmo tempo, sentimento que parece tão surreal e mágico que se assemelha com a sensação de ver neve caindo na praia. Snow on The Beach é uma música pop moderna mais calma que mostra os vocais das duas artistas, mesmo com a colaboração de Lana sendo mais discreta do que o esperado.
You’re on Your Own, Kid é a quinta música do projeto, que acompanha uma pessoa mais jovem em busca do amor. A faixa que vai crescendo sonoramente, debate a solidão da juventude e o destaque vai para a letra na ponte da canção. Nos versos, “You’re on your own, kid; You always have been.” (Você está por conta própria, garoto. Você sempre foi; em português) é possível resumir a intenção da canção.
A sexta música é Midnight Rain, uma faixa pop que apresenta o uso de sintetizadores em seu início e refrão, uma produção bem diferente na carreira da artista. A letra da canção fala sobre se lembrar de um amor passado, em que algumas noites Taylor contempla essa relação que já acabou por suas incompatibilidades.
A sétima faixa é Question…? , que inicia com uma interpolação de Out Of The Woods, do álbum 1989. A canção pop com melodia bem definida, traz na produção elementos diferentes como sintetizadores e palmas. Os versos são a incansável busca de respostas para algumas questões de um relacionamento passado que parecem assombrar a artista.


Vigilante Shit é a oitava música, com a sonoridade mais obscura do projeto, ela aborda o lado da vingança, que lembra muito seu disco Reputation. Na letra escrita unicamente por Taylor Swift, o eu-lírico se vinga de um amor passado e ajuda outras mulheres a fazer o mesmo. A faixa tem tudo para se tornar queridinha pelos fãs, já que vários versos tem potencial para viralizar nas redes sociais.
Continuamos com Bejeweled, a canção mais animada e com uma óbvia mensagem positiva de Midnights. Nela, a artista sabe muito bem o seu valor e após situações frustradas em seu relacionamento, vai atrás do que realmente merece. O recado é claro, Taylor sabe que pode brilhar em qualquer espaço e qualquer interesse romântico deve entrar na fila pela sua atenção. A produção acompanha a ideia da letra, transportando o ouvinte para um mundo que parece estar cheio de brilho e glitter.
A décima canção é Labyrinth, uma faixa sobre o medo de se apaixonar. Seja por não ter superado um amor antigo ou pela velocidade em que se inicia um novo relacionamento, Taylor exibe seus medos e inseguranças em ter uma nova paixão pelo medo do fim. A produção da música brinca com os vocais da cantora, o que traz elementos interessantes à canção.
O disco segue com Karma, conceito conhecido pelos fãs da artista. A expressão indiana que simboliza que toda ação tem uma consequência, pode ser associada a uma vingança feita pelo universo. Taylor mostra sua versão de karma, que para ela é um sentimento divertido e tranquilizante, mas pode ser para os desafetos de sua carreira um grande problema.

Sweet Nothing é a décima segunda faixa, que mostra um pouco da dinâmica do relacionamento entre Swift e Joe Alwyn, além de ser escrita pelos dois. O namoro deles é mantido em torno de muita privacidade, exatamente pelo caos e curiosidade acerca da vida amorosa da cantora. A canção aborda a tranquilidade e facilidade da relação, além de enfatizar que Joe nunca teve alta cobranças em relação à artista.
A última faixa é Mastermind, que traz o encerramento do projeto com uma canção definidora da personalidade da artista. Na letra, as habilidades de Taylor em controlar e planejar o futuro são usadas para encantar uma nova paixão, mas os fãs sabem que a cantora é conhecida por ser uma verdadeira gênia em planejar sua carreira. Os easter eggs ou pequenas referências em seus clipes e músicas são essenciais e os fãs adoram decifrar todos os enigmas.
Para o lançamento do álbum, Taylor Swift lançou várias versões do disco com capas alternativas e faixas bônus. Midnights (3am Edition) foi a edição para as plataformas de streaming e download digital, que adicionou mais 7 músicas à versão standard. The Great War apresenta teclados sintetizadores bem característicos enquanto descreve um casal enfrentando a “guerra” e dificuldades no relacionamento, Bigger Than The Whole Sky é uma balada pop que discute a perda de alguém importante e Paris é um pop raiz que fala sobre amor e a cidade do romance.
Já High Infidelity descreve um relacionamento instável e cercado de infidelidades dos dois lados, Glitch é uma das faixas mais sensuais do projeto e aborda uma amizade que evolui para o amor, assim como o relacionamento da cantora com Joe Alwyn, e Would’ve, Could’ve, Should’ve expressa o arrependimento de um relacionamento passado, tendo muitas referências com a faixa Dear John, escrita para o cantor John Mayer em seu álbum Speak Now. A última faixa bônus é Dear Reader, que como encerramento do disco deluxe tenta dar ao ouvinte alguns conselhos e lições de vida.


Todos os lançamentos de Taylor Swift estão acompanhados de muito sucesso e quebra de recordes, com Midnights não foi diferente. O álbum fez 185 milhões de streams no Spotify em seu primeiro dia, se tornando a maior estreia de um álbum na plataforma. Todas as 13 faixas da edição standard registraram 161 milhões de streams no Spotify, alcançaram o top 13 do chart global do streaming e se tornaram as 13 maiores estreias femininas na história do Spotify.
Midnights também se tornou o primeiro álbum de Taylor a alcançar o topo da Apple Music em mais de 100 países e quebrou o recorde de disco com maior streaming no primeiro dia de lançamento na plataforma. De acordo com Hits Daily Double, o projeto tem a previsão ser o disco mais vendido em uma semana nos Estados Unidos, depois da era dos bundles.
No Metacritic, o disco alcançou a nota 85 com 23 críticas, sendo só duas delas medianas em relação ao álbum. A revista Rolling Stones atribui ao Midnights nota máxima e o descreveu como um “deslumbrante synth-pop”, com letras sobre uma história de amor e um enredo de vingança. Já o New York Times, com a resenha de nota mais baixa para o álbum, apontou a familiaridade da sonoridade com outros projetos da carreira de Taylor e que Midnights seria uma aposta segura na discografia da artista.

Depois de uma temporada experimentando em outros estilos musicais com Folklore e Evermore, Taylor Swift finalmente abandona o folk alternativo e volta para uma aguardada era pop. Midnights não era um lançamento esperado para tão cedo, já que a cantora vem regravando seus discos nos últimos anos. Mas traz uma boa surpresa para os fãs e movimentação na indústria musical.
Em geral, o destaque do disco vai para o liricismo, habilidade reconhecida no catálogo de Taylor. As letras são o ponto alto da maioria das canções, seja pela ironia ou genialidade nas rimas. Como tema central, a cantora explora a autocrítica, suas inseguranças e sua imagem pública. Mas deixa espaço também para vingança, autoconfiança, paixão e o fim dos relacionamentos.
Midnights pode ser considerado um álbum de confissões pop, abordando as histórias das melhores e piores noites de Taylor. Na produção, os elementos são sutis, mas suficientes para deixar os ouvintes intrigados. O disco é uma boa adição a sua discografia e age como um check-in de onde a artista se encontra atualmente. O resultado é um projeto pop maduro e honesto, cheio de bons momentos.