Por trás das maiores semanas de moda do mundo

Desde sua criação, as semanas de moda são responsáveis por direcionar a indústria. Elas não definem somente o calendário de lançamento de coleções, como ditam o estilo e as peças que estarão em alta na próxima estação. Hoje, as maiores semanas de moda são divididas entre Paris, Londres, Milão e Nova York – cada uma representando algo diferente para a indústria e para a comunicação de moda. Elas acontecem duas vezes ao ano: em fevereiro, quando são apresentadas as coleções Outono/Inverno; e em setembro, trazendo as coleções Primavera/Verão. 

Além disso, antes do início das temporadas citadas acima, ocorre a semana de alta-costura. Apesar de ter uma duração de somente três a quatro dias, ela representa o ápice do luxo dentro da indústria de moda, com roupas feitas à mão e vendidas somente sob encomenda, para consumidores selecionados. Tornando-a ainda mais exclusiva, somente marcas que possuem aprovação da Federação da Alta-Costura e da Moda podem se apresentar durante essa semana, que também ocorre em Paris. 

Por serem eventos tão grandes e importantes para o mercado de luxo e de moda, eles exigem um grande nível de organização e planejamento. Cada decisão criativa tomada durante os desfiles é resultado de meses de reuniões e preparação. De acordo com o maquiador e cabeleireiro Edu Hyde, responsável pela beleza de diversos desfiles apresentados nas semanas de moda internacionais,  o planejamento começa cerca de 3 a 4 meses antes do dia do evento. 

“São necessárias reuniões com os estilistas, diretores criativos, stylists e qualquer um que esteja envolvido na parte criativa do desfile”, conta o profissional. “Assim chegamos no consenso de desenvolvimento da beleza, que precisa ter harmonia com o tema abordado na coleção apresentada”, finaliza.

Edu Hyde com equipe criativa em sessão de fotos.
Foto: Acervo pessoal – Edu Hyde

Em semanas de alta costura, este trabalho é ainda mais detalhado. “Elas atingem um público diferenciado. A roupa possui um acabamento impecável e é feita de maneira exclusiva, o que também precisa ser empregado na execução da beleza”, compartilha Edu. O maquiador e cabeleireiro ainda conta que, na maioria das vezes, a grife já possui alguma beleza em mente, e é trabalho do responsável pela beleza do desfile dar um direcionamento às ideias propostas e trazê-las à vida. 

Após mais de dez anos trabalhando em backstages – isto é, os bastidores – das principais semanas de moda do mundo, Edu já foi responsável por assinar a beleza de diversos desfiles de grife e compartilha a grande responsabilidade que vem o cargo, “o maquiador que assina é o responsável por ver a execução dos demais e entender se está tudo em sintonia e harmonia”. Além disso, o único profissional de beleza que possui liberdade criativa durante o backstage de um desfile é aquele que o assina. 

Edu Hyde produzindo a modelo e apresentadora, Fernanda Motta, para o desfile da Dolce & Gabbana.
Foto: Acervo pessoal – Edu Hyde

Apesar de afirmar que não há rigidez em relação aos profissionais de beleza e a marca, existem algumas regras a serem seguidas. Uma delas é referente aos produtos de beleza utilizados nas modelos que irão desfilar, que não podem fazer parte do estoque pessoal de cada maquiador, e devem ser fornecidas pela produção de cada desfile. As grifes que possuem sua própria linha de cosméticos geralmente promovem o uso exclusivo desses produtos, na medida do possível, para reforçar a identidade da marca através da beleza. Aquelas que não disponham de cosméticos em seu catálogo, contam com o patrocínio ou permuta de alguma marca de beleza, utilizando somente os produtos fornecidos por elas. 

Além disso, o funcionamento do backstage é um pouco diferente na presença de celebridades. “Algumas celebridades possuem autoridade para opinar no look que vão desfilar, decidindo junto a equipe de estilo e styling”, compartilha Edu, mas reforça que elas não possuem uma decisão final da parte criativa da produção do desfile. No caso de figuras públicas presentes, ou de alguma modelo principal, elas sempre serão maquiadas pelo profissional responsável pela beleza do desfile. 

Outro fator responsável por trazer mudanças ao funcionamento dos desfiles é o crescimento exponencial das mídias sociais, e o poder de influência que elas acumulam. “Houve mudanças desde as equipes até aos participantes dos desfiles, pois os influenciadores passaram a ter mais visibilidade e autoridade na participação destes  eventos”, conclui Edu. 

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