A data da edição brasileira do Lollapalooza, um dos festivais mais conhecidos do mundo, chega cada vez mais perto, e, com isso, a expectativa dos fãs por grandes apresentações de seus músicos favoritos aumenta. Muitas das vezes, os que carregam legiões de fãs para os festivais são atrações principais. No entanto, diversos artistas que não estão entre os headliners prometem fazer shows à altura do festival.
Dentre as atrações confirmadas na edição deste ano, há uma série de artistas nacionais que têm crescido em suas carreiras e elaborado trabalhos interessantes, merecendo atenção especial do público. A Frenezi separou alguns dos destaques para o festival, que acontecerá em São Paulo, nos dias 24, 25 e 26 de março.

Gab Ferreira (sexta-feira, 12:00-12:30)
Artista independente que faz parte do cenário de música pop alternativa no Brasil, a cantora, que teve um começo mais alinhado ao pop e ao R&B, familiarizou-se com a cena indie depois de seus primeiros lançamentos. Gab possui um show com um formato mais eletrônico, com destaque para os beats e a guitarra. A apresentação no Lollapalooza acontece no momento de maior maturidade musical da artista, em que suas obras mais recentes soam como algo mais completo e com uma identidade bem estabelecida.
Em entrevista para o canal “Som no Set”, a cantora definiu a música como liberdade e uma forma de se expressar e testar coisas novas. Isso é evidenciado de forma bem clara nas suas próprias canções, já que a artista variou o seu estilo musical ao longo de sua trajetória.
Brisa Flow (sexta-feira, 12:30-13:15)
Primeira indígena originária marrona a se apresentar no Lollapalooza Brasil, a artista preparou uma apresentação especial para o festival. A cantora possui um repertório com foco no rap, mas que explora a ancestralidade por meio de cantos e efeitos sonoros. Como realizou licenciatura em música e especialização em arte-educação, Brisa entende que a arte é uma forma de evitar que tradições e conhecimentos culturais sejam esquecidos ou apagados ao longo do tempo.
A artista nasceu em Minas Gerais e é filha de dois artesãos chilenos que fugiram da ditadura em seu país. Ela explora sua representatividade e exerce seu papel político também fora das canções, posicionando-se em questões sociais e buscando transformar a cena em um lugar com mais diversidade, valorizando e potencializando a cultura brasileira e latino-americana.
Mulamba (sábado, 12:00-12:30)
Utilizando a sonoridade do rock e da MPB para se pronunciar contra o que há de errado na sociedade, a banda formada em Curitiba dá ênfase ao empoderamento feminino, ao combate ao machismo e à igualdade de gênero. Lançaram, por exemplo, uma música contra a violência contra travestis e mulheres transexuais. A canção tem o nome de Dandara, que se tornou símbolo de resistência também na luta contra a transfobia após o assassinato da travesti Dandara dos Santos. Mantendo o caráter crítico de suas canções, criaram uma música sobre o rompimento da barragem em Mariana, fora outras temáticas.
O nome da banda é, na verdade, uma ruptura ao significado pejorativo que a palavra presente no nome carrega, fazendo dela uma demonstração de força e poder. Dentre as diversas influências do grupo, estão o carimbó, o rock clássico e o samba.
Tássia Reis (sábado, 13:05-13:45)
Pronta para entregar um show com grande variedade musical, a artista natural de Jacareí (SP) é dona de hits de rap, R&B, jazz e MPB. Tassia utiliza sua inspiração para se expressar como artista de diversas formas também fora da música, e essa pluralidade criativa surte efeito no sucesso ao explorar diferentes estilos musicais.
Mesmo passeando por diversos gêneros, Tassia Reis mantém consistência e qualidade, fazendo os álbuns parecerem exatamente ajustados para encaixar cada um desses estilos musicais. Com a apresentação não deve ser diferente: a artista possui gabarito para entregar um ótimo show no sábado de Lollapalooza, independente do caminho que desejar seguir para a apresentação.
Larissa Luz (domingo, 12:40-13:20)
A cantora natural de Salvador fará um dos primeiros shows do domingo de festival. Iniciou sua carreira solo em 2012, após fazer parte do grupo Ara Ketu. Chegou a ter seu álbum Território Conquistado indicado ao Grammy Latino quatro anos depois, na categoria “Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa”. Traz um techno misturado com MPB, e, apesar de preferir não colocar suas músicas em uma prateleira específica, a cantora define o gênero de suas canções como música baiana futurista e ancestral para “dançar e pensar ao mesmo tempo”.
Larissa também possui um projeto musical com Luedji Luna e Xênia França, que busca resgatar as mulheres pretas no carnaval, homenageando cantoras que foram silenciadas no passado. Sua apresentação no Lolla deve contar com elementos que esbanjam brasilidade e dificultem o trabalho de quem quer passar o domingo de festival sem dançar.
Black Pantera (domingo, 12:40-13:20)
Donos de letras tão fortes quanto a sonoridade de suas músicas, a banda de crossover thrash, composta por três integrantes, possui nome em homenagem aos Panteras Negras, partido estadunidense criado para lutar contra a opressão ao povo negro. Apesar de ter sido criada em 2014, já possui experiência em grandes festivais, como Rock In Rio e Download Festival.
Fazendo o número de três membros em uma banda que mistura hardcore punk e thrash metal parecer mais que o suficiente para um som pesado bem completo, o grupo utiliza suas canções para fazer duras críticas sociais associadas a política, discriminação e igualdade de direitos, possuindo influências de ícones da música como Bad Brains, Rage Against The Machine e Sepultura.
O Grilo (domingo, 14:15-15:15)
Banda de rock formada em 2016, O Grilo iniciou sua carreira fazendo sucesso com EPs e singles. Três anos depois, e em meio a uma reestruturação da banda, venceram um concurso da Rádio 89 FM e tiveram a oportunidade de abrir a edição daquele ano do Lollapalooza Brasil. Após o evento, a agenda lotou. Devido à — até então — recente reformulação e à falta de tempo para ensaiar, as apresentações, na visão do grupo, ainda estavam aquém do esperado naquela época. Isso mudou conforme os integrantes passaram a ter mais tempo para criar novas canções e aumentar o entrosamento entre eles.
Com a pandemia e a necessária interrupção da agenda de shows, a banda decidiu se isolar e gravar seu primeiro álbum de estúdio, que foi lançado em 2021. Esse projeto foi tratado como uma virada de chave para a banda, por conseguir realizar algo da forma que os membros realmente gostariam de fazer. Desta vez, o grupo chega com mais corpo para o festival, contando também com mais alternativas sonoras para sua apresentação, devido ao repertório mais vasto e variado, e sem deixar escapar os primeiros hits que fizeram parte do início do sucesso da banda.
O festival
A edição de 2023 do Lollapalooza Brasil acontece neste final de semana, nos dias 24, 25 e 26 de março. Com diversos artistas nacionais talentosos e de variados gêneros musicais no line-up, é mais um festival repleto de opções de shows para o público assistir e, assim, valorizar a música brasileira.