Se você é fã de uma boa história dramática e não está obcecado por Daisy Jones & The Six, certamente você ainda não assistiu. A minissérie, que conta com 10 episódios, estreou na Amazon Prime Video em março de 2023 e narra a história da ascensão relâmpago de uma banda de rock fictícia e sua separação repentina depois de uma única turnê.
Ambientada na década 1970, a série se divide em revelar os acontecimentos da época e nos relatos dos personagens – que mais velhos – contam sua versão dos fatos ao serem entrevistados. A narrativa é baseada no livro Daisy Jones and The Six: Uma história de amor e música da autora best-seller norte-americana Taylor Jenkins Reid, já consagrada por outros trabalhos como Os Sete Maridos de Evelyn Hugo.
Em entrevista para o Collider, Brad Mendelsohn, seu empresário e produtor, comenta sobre seu trabalho: “Ela cria personagens incríveis e os coloca em cenários que todos nós gostaríamos de ter vivido ou passado (…) Ela tem uma visão da condição humana que considero extremamente atraente.”



De fato, os personagens são avassaladores. O ator britânico conhecido pela atuação em comédias românticas, Sam Claflin, dá vida a Billy Dunne e Riley Keough, neta de Elvis Presley, interpreta Daisy Jones. Seus personagens são os cantores e líderes da banda e sua química em cena assim como seu relacionamento conturbado têm sido o motivo de exaltação por parte dos fãs apaixonados, assim como tudo que envolve a série: a música, o figurino, os atores.
Com nota 8,1 no IMDB, Daisy Jones & The Six se solidifica como uma ótima aposta no entretenimento. As filmagens da minissérie – que começariam em 2020 – foram adiadas devido a pandemia do Covid-19. Por essa razão os atores tiveram muito mais tempo de preparação para desempenhar os seus papéis. Alguns dos principais integrantes da banda sequer sabiam tocar os instrumentos de seus personagens e esse espaço para o desenvolvimento técnico foi muito positivo.
“Não sei o que teríamos feito se tivéssemos filmado quando deveríamos. Teria sido muito diferente. Teríamos um pouco mais de magia do cinema envolvida. Mas, neste caso particular, eles realmente fizeram todas essas coisas (estudo de personagem).”, comenta o showrunner Scott Neustadter, em entrevista ao Entertainment Weekly.
O SUCESSO POR TRÁS DA SÉRIE
ALERTA DE SPOILER


No primeiro episódio intitulado Track 1: Come and Get It há um entendimento claro do formato da minissérie: um texto explicativo nos conta que Daisy Jones & The Six eram uma das maiores bandas do mundo e que após um show de plateia lotada – da turnê do premiado álbum “Aurora” – eles se separaram sem deixar explicações.
Vinte anos depois, o silêncio é rompido e os integrantes da banda e amigos íntimos estão dispostos a falar sobre o acontecido em um documentário.
É aí que a história se divide em dois, contando sobre o começo de The Dunne Brothers composta pelos irmãos Billy e Graham (Will Harrison) e a trajetória solitária de Margaret – que se tornaria a conhecida Daisy Jones – até o momento em que os integrantes se tornam um grupo musical.
Há muitos destaques positivos nas sequências dos personagens que concedem o tom necessário para a identificação do telespectador com suas trajetórias. Billy e Graham lidam cada um à sua maneira com a ausência do pai alcoólatra e o relacionamento de Karen Sirko (Suki Waterhouse) e Graham e a escolha vanguardista de Karen de não ser mãe e nem esposa.

O personagem Eddie (Josh Whitehouse) somado a sua rivalidade com Billy e a “disputa” por Camila Dunne (Camila Morrone) é uma grata surpresa e traz o contraponto necessário para o ego inflado do vocalista da banda que em muitos momentos desvaloriza sua relação com a esposa. Quando se sente desprezada, Camila têm um rápido affair com Eddie.
“Começamos a conversar sobre isso e acho que acaba sendo totalmente justificado porque não é por vingança. Não é para chamar a atenção. Sublinha realmente o quão importante é se sentir visto e desejado e como é ser deixado de lado e não ser cuidado emocional ou fisicamente. É por isso que estou muito orgulhosa da decisão de fazer o que era melhor para ela naquele momento”, diz Morrone a Rolling Stones sobre a traição de sua personagem.

A melhor amiga de Daisy – a personagem da atriz brasileira Nabiyah Be – Simone Jackson, cumpre bem o papel de “o outro lado da história” com seu enredo de precursora da disco music e a luta contra os preconceitos enraizados na indústria da música. Foi bonito assistir as cenas na boate em que ela aparece deslumbrante e arrasando nos vocais.
Ao lado de Daisy, Jackson também conduz o arco para a personagem de Jones crescer e decidir cuidar da sua saúde mental e física.



Sobre o assunto, é inevitável mencionar a cena em que Billy Dunne salva Daisy de uma overdose. Há nas entrelinhas um espelhamento no qual o vocalista também se vê em Jones e seu amor por ela endossa ainda mais a atmosfera de desespero de perdê-la. A partir disso, eles criam uma conexão além da já estabelecida tensão sexual, o que dificulta a sanidade de ambos.
BILLY X DAISY X CAMILA





A relação de Billy Dunne com as mulheres de sua vida é intensa. O encontro com Camila ainda em Pittsburgh se solidifica com a ida da moça para Los Angeles. Camila fica grávida de Billy, porém o vício do rockstar por álcool e drogas impede que ele conheça a filha.
A sensibilidade de como o tema é tratado é um dos pontos altos da série, vide a cena em que Teddy Price (Tom Wright) o consola na porta da maternidade. Depois que sai da reabilitação, um novo Billy surge, conquista a atenção de Camila e se torna um ótimo pai.
Porém, tudo parece desmoronar quando Billy conhece sua parceria musical Daisy Jones: a antipatia inicial pela cantora esconde uma enorme tensão sexual. Assim como Dunne, Daisy é uma “alma perdida”, carente de amor na infância, uma mulher livre e propensa a chegar aos seus limites. A química entre os dois é inegável e sua esposa, Camila, sente que para Billy chegar ao estrelato precisa de Jones ao seu lado. E estava certa.
O triângulo amoroso é retratado de maneira tão justa e visceral que é possível que você se pegue torcendo para todos os personagens igualmente. Apesar de traída, a personagem de Camila não se torna a vítima, como Jones também não é a vilã.
“Estou tão confuso quanto Billy estava, honestamente. Eu amei as duas mulheres por razões diferentes e acho que ambas foram boas para ele por razões diferentes.”, explicou Sam Claflin ao ser perguntado se Billy e Daisy foram feitos um para o outro pelo Insider.
Em comentários de fãs nas redes sociais da série é possível notar essa dualidade de sentimentos: “Camila era o coração do grupo e Daisy era a alma. E esses são exatamente os lugares que as duas guardavam na vida de Billy”.
Billy, ainda que controverso, é humanizado em suas ações e a escolha de ficar com Camila é acertada. Quando decide estar com Daisy é em seu pior momento – o de recaída – e até a cantora percebe que os dois realçam as sombras um do outro.
“Achei que eles não deveriam terminar juntos”, disse Riley, também para o Insider. “Talvez eu tenha tido minha cota de relacionamentos tóxicos, mas não vi, naquele momento de suas vidas, um final feliz para eles. Achei que ele deveria ficar com a Camila.”
A DOENÇA DE CAMILA
O último episódio é marcado pela morte recente de Camila Dunne em decorrência de um câncer. O plot twist causa surpresa e é a justificativa para a reunião dos integrantes da banda depois de tanto tempo: Julia Dunne filha do casal Camila e Billy é a responsável pela documentação das entrevistas.
O recado que Camila deixa registrado para Billy e Jones é o gancho emocionante para a cena final em que o rockstar aparece na porta de Daisy e ela o atende com um sorriso no rosto, assim como Camila pediu: “Fale para o seu pai ligar para Daisy Jones e fale para Daisy Jones atender. No mínimo, eles ainda me devem uma música”

THE SEVENTIES
A trilha sonora estrelada na série foi fruto de uma equipe de músicos e especialistas dos anos 70. Embora as letras das canções já estejam presentes no livro, seu conteúdo foi mudado parcialmente e a sonoridade foi pensada especialmente para o formato.
Um dos responsáveis pelo lançamento das faixas entoadas por Daisy e os integrantes de The Six, é Blake Mills, produtor e compositor: “Criar a biblioteca de músicas para Daisy Jones & The Six foi uma experiência que nunca esquecerei. Sou grato por, entre outras coisas, ter me proporcionado a oportunidade de colaborar com tantos de meus colegas e também com alguns de meus heróis”, afirma ele, via Collider.
O esforço parece ter rendido frutos! No Spotify, 6 faixas do álbum “Aurora” debutaram no Top 50 das canções virais do Brasil, entre elas, Look at Us Now (Honeycomb) e The River. Já no chart global, as virais chegaram a 3 músicas mais tocadas.
E se as músicas transmitem a vibe folk e alucinante dos 70 ‘s, o figurino é um espetáculo à parte nesse quesito. Do início ao fim somos confrontados por roupas de tirar o fôlego, camadas de crochê que se misturam ao veludo em calças e sobreposições junto ao couro das botas e bolsas.
As plumas e peles também se evidenciam e marcam uma virada de chave para os personagens, que as usam num segundo momento da série onde estão consolidados como rockstars. A figurinista Denise Wingate, utilizou peças vintage e atuais para desenvolver o guarda-roupa dos personagens.
As meninas Karen, Camila e Daisy, conferem em cada detalhe de seu vestuário traços de suas personalidades: Karen exibe brilhos discretos e pontuais em meio ao veludo de suas roupas, Camila evolui o seu estilo e aparece suntuosa nos últimos episódios e Daisy se destaca pela sua icônica capa dourada do último show da banda.




Sobre o figurino em específico, Wingate comenta sua parceria com a atriz Riley Keough para a Glamour: “Na verdade, foi ideia dela fazer a roupa dourada no final. Ela me ligou e disse: “Estou no carro, estou ouvindo ‘Gold Dust Woman’. Isso é o que devemos fazer para o show final.” E então encontramos a peça dourada assinada por Halston e foi simplesmente perfeito. Sabíamos que tinha que ser espetacular.”


O sucesso acerca do figurino é tanto que dominou as redes sociais. No Tik Tok é possível encontrar inúmeros tutoriais com inspiração no estilo das personagens da série endossados pela trilha sonora do álbum “Aurora” ao fundo.
O ESTILO DE WARREN

Menção honrosa para o baterista Warren – interpretado por Sebastian Chacon – e seu visual nada discreto. Do bigode às camadas de roupa com direito a estampas das mais diversas – e muitas plumas – no elenco masculino ele se destaca e seu vestuário imprime sua personalidade corajosa e divertida.
Quem não se apaixonou pela empolgação do rockstar e seus looks extravagantes?
DAISY JONES & THE SIX É BASEADO EM FATOS REAIS?
Sim e não. A autora Taylor Jenkins se inspirou principalmente na banda de rock folk Fleetwood Mac e toda a história por trás da produção do álbum “Rumours”, de 1977. A vocalista Stevie Nicks e o guitarrista Lindsey Buckingham se relacionavam e no momento da confecção do disco, as coisas andavam conturbadas.
O vídeo da performance de “Silver Springs” – canção que fala sobre o término dos dois e que não entrou para seleção de músicas do álbum – onde Stevie canta e olha para Lindsey na reunião da banda em 1997 foi determinante para desenhar a sinergia que o casal Billy e Daisy teriam em cena. Faíscas para todo lado.
No entanto, outros muitos detalhes e acontecimentos da minissérie são de fato ficcionais e apesar das referências estéticas e comportamentais da época estarem presentes, há bastante espaço para o novo na narrativa.
HELLO SUNSHINE
É o nome da produtora responsável pela série em parceria com a Amazon Prime Studios. Sua fundadora é a atriz Reese Witherspoon – a personagem icônica de Legalmente Loira – que tem como missão mudar a narrativa das mulheres, como ela mesmo diz em descrição da produtora no Instagram.
Sua intenção de fato é colocar mulheres em evidência. Reese emplacou projetos na Apple TV+, HBO e Netflix e todos tinham em comum o protagonismo feminino. Com Daisy Jones & The Six, mistura duas de suas paixões, livros e o audiovisual.
Inclusive – em virtude do seu clube do livro – Reese já empreendeu diversas adaptações para o streaming e cinema, com destaque para a série sucesso Big Little Lies ganhadora de vários prêmios Emmy.
“Sempre que você é uma mulher escrevendo histórias sobre mulheres, você espera que Reese [Witherspoon] ligue. Você espera por isso, da mesma forma que as pessoas esperam ganhar na loteria.” Diz a autora Taylor Jenkins Reid sobre trabalhar diretamente com a Hello Sunshine.
ELENCO EM HARMONIA

O clima pode até ter pesado para a fictícia banda Daisy Jones & The Six, mas quando o assunto é o elenco a harmonia não poderia estar mais presente: a absoluta sintonia dos atores nas entrevistas e conteúdos para internet evidencia isso.
A sinergia é tanta que a banda pode fazer uma turnê na vida real! Segundo o roteirista da série, Scott Neustadter, já há conversas entre os produtores e o elenco para viabilizar a ideia. No entanto, nada foi acertado ainda. Por aqui, vamos torcer para que a empreitada se torne realidade.

E depois de consumir todo esse conteúdo sobre Daisy Jones & The Six , é possível que você esteja cogitando cortar o cabelo no estilo mais setentista possível ou queira adquirir uma peça de roupa com inspiração folk. Eu te garanto que é super normal: eu mesma já marquei meu horário no salão para ter a minha franja a.k.a Daisy Jones!
Estou ansiosa para assistir essa série,gostei muito do comentário!
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ahhh, vou correndo assistir!!!
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