O quinto álbum de estúdio de Ludmilla, nomeado VILÃ, foi lançado na última sexta-feira (24) e traz um turbilhão de informações. Mostrando abundantemente, mais uma vez, sua versatilidade, Ludmilla traz faixas que transitam entre funk, pop, reggaeton, hip hop e baladas mais lentas, com participações especiais, outros idiomas e diversas artimanhas que transformam a experiência do ouvinte em uma montanha russa sonora, no bom sentido.


O álbum abre com Nasci Pra Vencer e Sou Má (feat.Tasha & Tracie), duas canções previamente lançadas e que já estão na boca do povo. Nelas, já é perceptível a linha das próximas músicas, com melodias marcantes, um toque robusto de rap e a letra com elementos de autoestima, desabafo e um certo deboche confiante, que traz autenticidade e a personalidade de Ludmilla para suas composições.
A terceira canção é Senta e Levanta, com participação de Stefflon Don e Topo La Maskara. A faixa traz muita latinidade e frescor, com um belo refrão chiclete e melodia dançante e poderosa, tornando impossível ficar parado enquanto escuta, sendo um potencial hit de verão (no outono) e nas redes sociais. Em seguida, temos a música mais comprida do álbum, Brigas Demais, com participação de Delacruz e Gaab, onde os viúvos do “Numanice” comemoram, pois a sofrência é dominante e o ritmo começa a diminuir. Neste momento, Ludmilla demonstra algumas notas mais altas e um timbre diferenciado da anterior, lembrando bastante o tom que normalmente utiliza cantando pagode.
5 contra 1, com participação de Dallass, segue o ritmo da anterior, sendo um pouco mais lenta, mas o que realmente se destaca: a composição. Parecendo com um desabafo, as palavras formam uma cronologia e o ouvinte fica imerso na história contada de forma tão honesta, repleta de palavrões e com maestria.
A faixa Vem Por Cima quebra a sequência anterior e sobe o ânimo novamente. Com a participação do grupo Piso 21, que faz toda a diferença para o andamento da canção, a mistura entre uma quase batida de funk e melodia predominante do reggaeton, traz para o Brasil uma música em português voltada para o gênero, algo que somente temos acesso com músicas em espanhol, sendo um experimento interessante e com bastante futuro no campo musical brasileiro.
A próxima faixa é o hit Socadona, com participação de Mariah Angeliq, Mr. Vegas e Topo La Maskara. Mesmo sendo lançada há mais de um ano, a música consegue se adequar ao restante do álbum e mantém a linha animada e dançante da anterior, que também contém diversos elementos latinos em sua composição, testando a teoria anterior de que reggaeton cantado em português é uma possibilidade bem sucedida.

A oitava faixa é Solteiras Shake, com participação de DJ Gabriel do Borel, colocando o funk na cena de forma “empopzada”. A composição carrega um pouco de humor e segue a linha da contação de uma história dentro da música, mas dessa vez uma história engraçada e irônica. A próxima é Sintomas de Prazer, segunda música solo do álbum, que diminui a animação da sequência anterior e abre alas para uma divisão mais lenta do disco. Com diversos componentes do R&B, a letra é romântica e o ouvinte é levado pela sintonia.
Eu Só Sinto Raiva, com participação de Ariel Donato, te tira completamente da transe que poderia ter restado de animação. Mesmo muito bem casada, Ludmilla transmite um sentimento muito profundo de dor e sofrimento tão bem que essa luta contra o fim se torna consistente e, mesmo sem motivos, é impossível não sofrer junto. Essa canção é uma demonstração clara da versatilidade e talento da cantora, lembrando bastante a linha de penhasco, de Luisa Sonza.
A faixa Malvadona, com participação de Vulgo FK e Oruam, traz de volta o R&B e muda da água para o vinho para uma letra romântica e apaixonada. As participações são muito bem inseridas e constroem um andamento agradável e um ritmo contagiante, mesmo que mais lento. Gostosa com Intensidade eleva novamente o compasso e é uma das melhores faixas do álbum. A composição é completamente pautada no amor próprio e é capaz de empoderar o ouvinte em poucos minutos, com uma melodia majoritariamente pop, ficando na linha tênue entre as lentas e as animadas. Um acerto e tanto é a escolha de ser uma música solo, quebrando a sequência de participações e provando que estas são opcionais, pois Ludmilla consegue sustentar uma música sozinha.
Make Love é romântica e cativante, lembrando as origens pop de Ludmilla de 2014, mas com a sua personalidade e afirmação atual. A faixa é contagiante e dançante, mas não confunda com o “dançante” de TikTok, essa é daquelas músicas para fechar os olhos e se deixar levar pelo ritmo e movimentos, aproveitar a música em sua forma mais livre.
A penúltima música é Me Deixa Ir, uma típica balada lenta melódica pop. Considerada também como uma grande queridinha em potencial dos fãs árduos do “Numanice”, a faixa começa a desenrolar o fechamento do álbum, diminuindo o ritmo e dando um check em todos os gêneros que a cantora é capaz de interpretar em um mesmo trabalho.
Achou que o fim seria calmo? Nada disso, Ludmilla fecha o álbum com Todo Mundo Louco, com participação de Capo Plaza, Tropkillaz e Ape Drums. Resgatando o rap e o toque de reggaeton, a faixa é extremamente animada e irônica, realmente dando o nome da faixa, com diversos recursos acontecendo ao mesmo tempo tornando-a meio caótica, mas sem atrapalhar o entendimento da música e sendo perfeita para encerrar o álbum, já que representa a montanha russa sonora da maneira mais pura possível.

A montanha russa chega ao fim e, como na vida real, o sentimento é de “quero mais”. Mesmo com uma quantidade às vezes desnecessária de participações, “VILÔ é histórico por ser mil álbuns em um, sem medo de ousar gêneros, velocidades e ritmos. Ludmilla é a protagonista de uma mudança na indústria brasileira e um elemento determinante do empoderamento feminino, demonstrando seu poder a partir de sua capacidade de fazer o que estiver determinada e se reproduzir dentro de tantas realidades.
A palavra é VERSATILIDADE! Não há nenhuma voz ecoando que Ludmilla não seja capaz de adentrar, independente da proposta, e este álbum é a representação de que ela consegue cantar o quiser com muito talento. Neste momento, fica claro que ela é somente vilã dos haters, que têm cada vez menos artifícios para usarem contra a artista, já que todos os seus projetos apresentam, novamente, VERSATILIDADE e muita qualidade, do início ao fim.