[Crítica] Vilã: Ludmilla traz versatilidade e paixão a cada faixa

O quinto álbum de estúdio de Ludmilla, nomeado VILÃ, foi lançado na última sexta-feira (24) e traz um turbilhão de informações. Mostrando abundantemente, mais uma vez, sua versatilidade, Ludmilla traz faixas que transitam entre funk, pop, reggaeton, hip hop e baladas mais lentas, com participações especiais, outros idiomas e diversas artimanhas que transformam a experiência do ouvinte em uma montanha russa sonora, no bom sentido.

O álbum abre com Nasci Pra Vencer e Sou Má (feat.Tasha & Tracie), duas canções previamente lançadas e que já estão na boca do povo. Nelas, já é perceptível a linha das próximas músicas, com melodias marcantes, um toque robusto de rap e a letra com elementos de autoestima, desabafo e um certo deboche confiante, que traz autenticidade e a personalidade de Ludmilla para suas composições.

A terceira canção é Senta e Levanta, com participação de Stefflon Don e Topo La Maskara. A faixa traz muita latinidade e frescor, com um belo refrão chiclete e melodia dançante e poderosa, tornando impossível ficar parado enquanto escuta, sendo um potencial hit de verão (no outono) e nas redes sociais. Em seguida, temos a música mais comprida do álbum, Brigas Demais, com participação de Delacruz e Gaab, onde os viúvos do “Numanice” comemoram, pois a sofrência é dominante e o ritmo começa a diminuir. Neste momento, Ludmilla demonstra algumas notas mais altas e um timbre diferenciado da anterior, lembrando bastante o tom que normalmente utiliza cantando pagode.

5 contra 1, com participação de Dallass, segue o ritmo da anterior, sendo um pouco mais lenta, mas o que realmente se destaca: a composição. Parecendo com um desabafo, as palavras formam uma cronologia e o ouvinte fica imerso na história contada de forma tão honesta, repleta de palavrões e com maestria.

A faixa Vem Por Cima quebra a sequência anterior e sobe o ânimo novamente. Com a participação do grupo Piso 21, que faz toda a diferença para o andamento da canção, a mistura entre uma quase batida de funk e melodia predominante do reggaeton, traz para o Brasil uma música em português voltada para o gênero, algo que somente temos acesso com músicas em espanhol, sendo um experimento interessante e com bastante futuro no campo musical brasileiro.

A próxima faixa é o hit Socadona, com participação de Mariah Angeliq, Mr. Vegas e Topo La Maskara. Mesmo sendo lançada há mais de um ano, a música consegue se adequar ao restante do álbum e mantém a linha animada e dançante da anterior, que também contém diversos elementos latinos em sua composição, testando a teoria anterior de que reggaeton cantado em português é uma possibilidade bem sucedida.

[Imagem: Twitter]

A oitava faixa é Solteiras Shake, com participação de DJ Gabriel do Borel, colocando o funk na cena de forma “empopzada”. A composição carrega um pouco de humor e segue a linha da contação de uma história dentro da música, mas dessa vez uma história engraçada e irônica. A próxima é Sintomas de Prazer, segunda música solo do álbum, que diminui a animação da sequência anterior e abre alas para uma divisão mais lenta do disco. Com diversos componentes do R&B, a letra é romântica e o ouvinte é levado pela sintonia.

Eu Só Sinto Raiva, com participação de Ariel Donato, te tira completamente da transe que poderia ter restado de animação. Mesmo muito bem casada, Ludmilla transmite um sentimento muito profundo de dor e sofrimento tão bem que essa luta contra o fim se torna consistente e, mesmo sem motivos, é impossível não sofrer junto. Essa canção é uma demonstração clara da versatilidade e talento da cantora, lembrando bastante a linha de penhasco, de Luisa Sonza.

A faixa Malvadona, com participação de Vulgo FK e Oruam, traz de volta o R&B e muda da água para o vinho para uma letra romântica e apaixonada. As participações são muito bem inseridas e constroem um andamento agradável e um ritmo contagiante, mesmo que mais lento. Gostosa com Intensidade eleva novamente o compasso e é uma das melhores faixas do álbum. A composição é completamente pautada no amor próprio e é capaz de empoderar o ouvinte em poucos minutos, com uma melodia majoritariamente pop, ficando na linha tênue entre as lentas e as animadas. Um acerto e tanto é a escolha de ser uma música solo, quebrando a sequência de participações e provando que estas são opcionais, pois Ludmilla consegue sustentar uma música sozinha.

Make Love é romântica e cativante, lembrando as origens pop de Ludmilla de 2014, mas com a sua personalidade e afirmação atual. A faixa é contagiante e dançante, mas não confunda com o “dançante” de TikTok, essa é daquelas músicas para fechar os olhos e se deixar levar pelo ritmo e movimentos, aproveitar a música em sua forma mais livre.

A penúltima música é Me Deixa Ir, uma típica balada lenta melódica pop. Considerada também como uma grande queridinha em potencial dos fãs árduos do “Numanice”, a faixa começa a desenrolar o fechamento do álbum, diminuindo o ritmo e dando um check em todos os gêneros que a cantora é capaz de interpretar em um mesmo trabalho.

Achou que o fim seria calmo? Nada disso, Ludmilla fecha o álbum com Todo Mundo Louco, com participação de Capo Plaza, Tropkillaz e Ape Drums. Resgatando o rap e o toque de reggaeton, a faixa é extremamente animada e irônica, realmente dando o nome da faixa, com diversos recursos acontecendo ao mesmo tempo tornando-a meio caótica, mas sem atrapalhar o entendimento da música e sendo perfeita para encerrar o álbum, já que representa a montanha russa sonora da maneira mais pura possível.

[Imagem: Twitter]

A montanha russa chega ao fim e, como na vida real, o sentimento é de “quero mais”. Mesmo com uma quantidade às vezes desnecessária de participações, “VILÔ é histórico por ser mil álbuns em um, sem medo de ousar gêneros, velocidades e ritmos. Ludmilla é a protagonista de uma mudança na indústria brasileira e um elemento determinante do empoderamento feminino, demonstrando seu poder a partir de sua capacidade de fazer o que estiver determinada e se reproduzir dentro de tantas realidades.

A palavra é VERSATILIDADE! Não há nenhuma voz ecoando que Ludmilla não seja capaz de adentrar, independente da proposta, e este álbum é a representação de que ela consegue cantar o quiser com muito talento. Neste momento, fica claro que ela é somente vilã dos haters, que têm cada vez menos artifícios para usarem contra a artista, já que todos os seus projetos apresentam, novamente, VERSATILIDADE e muita qualidade, do início ao fim.

Revolução do rádio na indústria musical

A história do rádio começa em 1860, quando as ondas de rádio foram descobertas pelo físico escocês James Maxwell, passando por sua real difusão durante a Primeira Guerra Mundial, até a chegada das transmissões no Brasil, em 1923. De lá para cá, a abordagem e influência desse meio de comunicação mudou bastante, a rádio ergueu carreiras e criou grandes sucessos com sua disseminação em massa. Mesmo que possa parecer uma indústria morta, ela apenas está se adequando, mas mantém sua hegemonia quando o assunto é difusão de hits.

A Era de Ouro do rádio aconteceu mundialmente a partir de 1927, quando passou por um processo de massificação por conta da possibilidade de transmissões sonoras de aparelhos que tocavam os discos direto no microfone, profissionalizando o meio com contratação de artistas, criação de grades com novelas, programas humorísticos e de auditório.

Com a chegada de outros artifícios midiáticos, como a TV e a internet, a rádio foi ameaçada de extinção diversas vezes, mas conseguiu e ainda consegue se adequar às novas realidades. A mais nova atualização é a transição de formatos, vindo do analógico ao digital. As emissoras possuem sites que transmitem ao vivo sua programação, seja ela recheada de músicas, entrevistas, notícias ou debates, podendo até mesmo conter imagens. Essa modalidade trouxe grande benefício, uma vez que rádios locais puderam se alastrar por toda internet, não apenas a pequena porção que antes cobria, expandindo suas barreiras geográficas e levando seu conteúdo a outros públicos, sem fronteiras.

A onda de podcasts também beneficiou o formato, fazendo com que o público voltasse a ser ouvinte. Seja escutando nas plataformas de áudio ou acompanhando o áudio do Youtube sem, necessariamente, estar vendo a imagem, os podcasts trazem de volta o storytelling ao rádio, despertando o interesse do ouvinte para ouvir a história completa, saber mais sobre o assunto, conhecer a pessoa entrevistada, todos esses estímulos atiçam a curiosidade, tornando mais pessoas fiéis ao formato – em sua versão atualizada.

[Foto: Pexels]

Na indústria musical, a rádio continua sendo carro forte na disseminação de músicas – com certeza não em seu formato analógico, mas em suas segmentações. Com a facilitação do processo de abrir sua própria empresa, foram criadas diversas rádios digitais que cobrem cada um dos gêneros musicais, dando oportunidades a novos artistas independentes, que conquistam o público nichado da estação sem precisar de grandes gravadoras fazendo o marketing por trás, evitando a polarização de gostos.

Polarização? Sim, em tempos remotos, quando o modelo analógico era forte, apenas músicas e gêneros rentáveis com grandes gravadoras por trás, como a Warner, Sony, Som Livre e Universal entravam na programação, para atingir superficialmente o público, fazendo-o focar apenas no que eles gostariam que fosse escutado, repetindo diversas vezes a mesma música e artista até que se tornasse um sucesso.

A polarização entra no quesito de que cada rádio fazia isso com um gênero ou artista específico, criando sucessos de extremos diferentes, enquanto músicas que seguiam a mesma linha, mas sem nenhum patrocínio, eram ignoradas. E se até os que seguiam a linha eram ignorados, os criativos que faziam obras fora da caixa simplesmente não existiam.

O formato criava personalidades endeusadas e muita rivalidade, uma vez que o espaço dentro da mídia era extremamente disputado e caro. Nesta nova fase, quem se arrisca e tem as ideias marketeiras mais criativas é que ganha destaque, indo parar nas rádios e grandes playlists organicamente, fruto da massificação do trabalho na internet.

[Foto: Unsplash]

Isso certamente dificulta o trabalho das rádios, que antes criavam as tendências e agora tem que acompanhá-las para não ficar para trás, enquanto ainda luta com a pirataria e as novas leis de autorização do uso dessas músicas.

O que antes estava na rotina do indivíduo agora tem que disputar com diversas distrações para arranjar uma migalha de atenção, e nada cria mais relevância do que se sentir visto. A estratégia das emissoras para manter a audiência é um sistema de participação do ouvinte, quando este se sente parte da programação e tem seus pedidos atendidos, instintivamente cria um laço emocional com o programa e seus apresentadores, resultando na fidelidade deste indivíduo, que irá inserir o rádio em sua rotina meticulosamente – a atenção está nos detalhes, e o reconhecimento é uma grande porção desta migalha.

Entre trancos e barrancos, o rádio ainda vive! Assim como todos os antigos meios de comunicação, o rádio precisou se atualizar para continuar em vigor, abandonando antigos costumes e abraçando a globalização, tudo isso precisando manter a essência do emissor e sua ligação com o receptor. Essas mudanças foram drásticas e tem seus pontos positivos e negativos, mas não anulam o esforço de emissoras e aspirantes a manter o sistema ativo, mesmo que com diferentes dinâmicas.

[Crítica] Holy Fvck: A reação musical da liberdade e sobriedade de Demi Lovato

Um ano após o lançamento do renegado e brilhante Dancing with the Devil… The Art of Starting Over, Demi Lovato retorna ao palanque e suas raízes do rock com seu oitavo álbum de estúdio Holy Fvck. O disco lançado pela gravadora Island Records realmente não atingiu as expectativas da gravadora e fãs numericamente, mas mostra seu valor indo muito além, se tornando uma experiência sobre explosão de energia, é possível entender o sentimento de Demi com o passar das faixas, saindo da raiva e explorando outras sensações, como desejo e amor.

A primeira música é FREAK. A colaboração com YUNGBLUD já abre alas para o que se espera do restante, explora diversos ritmos e deixa expostas as emoções de ter seus traumas tirados como piada pela indústria e ser diminuída a “freak” (esquisita, em português). Após essa faixa, toda uma expectativa e energia já é estipulada, chegando para mostrar que o pop de Demi Lovato está realmente morto.

Dando sequência vem os dois singles lançados antes do álbum SKIN OF MY TEETH e SUBSTANCE, duas músicas muito fortes que abordam a superação do vício, se descobrir e entender o mundo socialmente sem o uso de substâncias, como as pessoas tratam umas às outras e o quanto é comum a indiferença. O rock rápido e melódico encaixa bem com a intenção de Lovato de deixar uma mensagem, não importa o quão rápido as coisas aconteçam, ter cuidado com o próximo exige tempo e empatia.

A quarta faixa EAT ME, com participação de Royal & the Serpent, é um verdadeiro tapa. Com o queixo caído desde o início, a letra é agressiva e impositiva, se tornando um hino de aceitação e denúncia sobre a maneira como a indústria molda seus artistas da maneira como acham que vende mais, ignorando a essência e vontades desse artista. Unanimemente a melhor faixa do álbum, que vem depois de tantas críticas voltadas à Demi em relação ao seu corte de cabelo e mudança de ritmo, não gostou? Engasgue com isso!

A música que dá nome ao álbum HOLY FVCK é empoderada e repleta de referências bíblicas explícitas, já saindo da parte raivosa do álbum e entrando na sexual. Até o final da música, qualquer um é capaz de comprar a mensagem e se sentir o próprio holy fuck, e acreditar que Demi Lovato também é.

29 é a faixa mais polêmica do álbum. Demi conta em entrevista ao podcast Call Her Daddy que a motivação para escrever a música passado tantos anos do término é a reflexão sobre a situação de maneira mais madura, o como mulheres jovens caem no canto de homens muito mais velhos de que elas são diferentes, mas na realidade são apenas mais maleáveis e manipuláveis. A música trata do relacionamento de seis anos de Demi com Wilmer Valderrama, que se iniciou quando ela tinha 17 anos e ele 29.

Wilmer tem um histórico de relações com mulheres de idade inferior, quando namorou Lindsay Lohan, ela tinha 18 anos e ele 24, com Mandy Moore, ela tinha 15 anos e ele 20. Essa percepção sobre o que aconteceu na própria vida por anos é sentida em ‘29’, a voz confiante carregada por emoções e o ritmo dramático transcreve seus sentimentos e emociona quem escuta.

Continuando na linha de baques emocionais, temos HAPPY ENDING. Uma música lenta que transcreve a desesperança com a vida, como ser a inspiração de tantas pessoas e tentar se manter perfeita para os holofotes a cansou, entre tantas tentativas mal sucedidas de felicidade genuína com relacionamentos, Demi expõe sua solidão, mesmo cercada de pessoas, como sua equipe, família e fãs, ainda se sente sozinha e desolada por não ter um final feliz.

HEAVEN, CITY OF ANGELS e BONES abordam abertamente o lado sexual. Com letras eletrizantes e ritmos dançantes, Demi não tem vergonha de mostrar seu desejo e se divertir com este lado utilizando diversos trocadilhos e, novamente, referências religiosas. A mais interessante e que é quase um easter egg se encontra em HEAVEN, a música trata sobre masturbação e possui versos que dizem “cut it off” (corte fora, em português), o motivo para esta linha existir é o versículo Mateus 5:30, onde é dito “E, se a sua mão direita o fizer pecar, corte-a e lance-a fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ir todo ele para o inferno.”

A música WASTED é romântica e platônica, com um refrão um pouco repetitivo e chato, a música surpreende no restante por sua letra inesperadamente apaixonada e ritmo mais lento, deixando se tomar pela paixão, mesmo com medo de se magoar, vive este amor sem restrições.

[Imagem: Lovato Gallery]

COME TOGETHER une as duas vertentes anteriores: o amor e o desejo. Sendo uma das favoritas do álbum e a que tem mais influência pop/R&B, também é uma música mais lenta, mas mantendo o tom eletrizante e comovente, daquelas que é perfeita para cantar no carro ou no banho a plenos pulmões de um coração apaixonado.

Passando para a faixa 13, DEAD FRIENDS mostra a essência do álbum. A letra é dedicada aos amigos que Demi perdeu no passado por conta de vícios, e se sente em dúvida do porquê ela continua viva, e eles não. Mesmo com uma letra extremamente triste, a melodia é rápida e animada, fazendo você querer dançar – com a mão na consciência em respeito aos mortos, claro -. O que poderia ser um tiro no pé e uma música dramática demais é totalmente o contrário, sendo um desabafo real e emocionante, mas mantendo uma batida animada.

HELP ME segue a mesma linha de EAT ME. Com um tom de deboche escrachado, a parceria com Dead Sara é irônica e empoderada. Tratando sobre pessoas que querem “ajudar” mas no final só estão dando sua opinião que não foi pedida e acabam atrapalhando, a música é cativante e caminha para o final do álbum de maneira positiva, mantendo a atenção do ouvinte.

A penúltima música é FEED. Uma faixa honesta sobre a luta com os vícios e seus antigos hábitos que eram confortáveis, mas muito perigosos, a percepção de possuir um lado bom dentro de si e alimentá-lo para que ele se sobressaia e a vida fique mais leve, mas não retirando o outro lado, apenas aprendendo a lidar com ele e controlá-lo. É uma música muito emocionante e corajosa, considerando todo o seu contexto.

Para fechar com chave de ouro temos 4 EVER 4 ME, uma suma de tudo que foi abordado no restante do álbum, dando um fechamento esperançoso e contente. A letra fala sobre a mudança de vida, onde talvez ela tenha encontrado seu happy ending e, principalmente, seu grande amor. A música encaixa todas as pontas soltas deixadas pelas outras, dando um belo desfecho para suas questões e alimentando sua felicidade.

[Imagem: Lovato Gallery]

Álbuns rock tendem a ser repetitivos e com músicas muito similares, Demi quebra essa barreira e explora todas as vertentes do gênero, transformando seu álbum em uma verdadeira aula para os que estão acostumados com a bolha do pop.

Mesmo se tratando de um álbum extenso, com 16 faixas, HOLY FVCK prende a atenção do ouvinte em todas as músicas e conta uma história a partir de um ponto de vista honesto e mais maduro. Uma frase antiga de Demi que foi lema de muito lovatics facebookers por anos é “I’m maturing, not changing, I promise” (Eu estou amadurecendo, não mudando, eu prometo, em português) e é exatamente do que se trata o álbum, a recuperação de Demi e o retorno de suas raízes, que podem ser exemplificadas por seus dois primeiros álbuns Don’t Forget e Here we go again.

[Crítica] Os e-mails não enviados por Sabrina Carpenter são emocionantes e imersivos

O quinto álbum de estúdio de Sabrina Carpenter, emails i can’t send, foi lançado na última sexta-feira, 15 de julho. Sob domínio da gravadora Island Records, produção de Leroy Clampitt, Jason Evigan, Jorgen Odegard, John Ryan, Ryan Marrone e Julian Bunetta. Já como compositores, participaram Julia Michaels, JP Saxe, Steph Jones, Amy Allen e a própria Sabrina descritos nas faixas. O álbum surpreende com composições honestas e pode ser representado por três pilares: storytelling, imersão e vulnerabilidade.

Com a imagem totalmente desvinculada da Disney, coloca um ponto final nas polêmicas em que foi envolvida no ano passado. Carpenter transita entre diversos gêneros musicais com o passar das músicas e se dá bem com todos. Arriscando com transições engraçadas e pessoais, consegue criar um enredo e conta o seu lado da história.

A primeira faixa, emails i can’t send, carrega o nome do álbum e é um verdadeiro soco no estômago. Com instrumental mínimo, poder vocal e rimas impecáveis, a apelidada pelos fãs de intro na época do pré-álbum, emociona e choca por revelar que a insegurança de Sabrina com relacionamentos é vinda da traição de seu pai. Cada palavra toca profundamente e a música prende a atenção por ser contada praticamente de maneira cronológica, como uma história.

Vicious foi lançada menos de um mês antes do álbum e foi responsável por aumentar as expectativas de todos. Vindo de uma sequência de singles não tão bem aceitos, essa canção é forte e debochada, tendo seu momento de explosão na ponte, onde é dito “Você não sente remorso, você não sente os efeitos, porque você não acha que me machucou se me deseja o melhor, eu deveria ter percebido antes que eu seria apenas a próxima a tomar suas músicas de amor como promessa”. Doeu por aí?

Tirando o ouvinte da transe causada pelas faixas anteriores, Read your Mind começa com vocais angelicais e tranquilos, mas essa calmaria passa poucos segundos depois, quando a melodia muda totalmente para algo mais agitado e dançante. A música retrata um amor confuso onde um dos lados quer continuar solteiro, mas não consegue resistir a paixão – embora não assuma, fazendo idas e vindas dolorosas e egoístas na vida da outra parte envolvida. Novamente é uma grande aposta no storytelling, contando a situação praticamente como uma fofoca para a melhor amiga.

Passando para Tornado Warnings, o quesito de conversação no início da música lembra muito o single skinny dipping, também presente no álbum. A faixa representa a fase de negação em um relacionamento mal sucedido, Sabrina contou em entrevista que possui as notificações do telefone ativadas para alertas de tornado, e que a composição se trata de uma história real envolta por uma metáfora, onde ela estava com alguém que não deveria estar em um parque e logo começou a chover, mas decidiu ignorar todos os alertas de perigo e mentiu para seu psicólogo sobre esse encontro, para não zangá-lo.

Se as outras faixas se tratavam de um desabafo, because i liked a boy é um grito alto e claro. Retornando às origens do ódio que recebeu no passado, a artista diz que não esperava que um amor tão inocente e intenso te traria tantas ameaças de morte e ofensas pesadas, como “destruidora de lares” e “vagabunda”. A grande revelação da música é a afirmação de que quando o caos começou, o casal já havia terminado o relacionamento. Com uma melodia voltada para o R&B e a estética circense presente no clipe, essa canção se torna facilmente uma das queridinhas do álbum.

Already Over, que já havia uma prévia postada nas redes sociais da cantora, é uma faixa leve e divertida, com uma pegada mais country. Ela volta para o assunto do caos mesmo sem estarem mais juntos, e com tudo vindo à tona, é ainda mais difícil colocar um ponto final em um assunto que está constantemente aparecendo em sua frente, causando algumas recaídas entre os dois.

Quebrando a agitação da faixa anterior, how many things possui mais de quatro minutos e retrata o fim do amor de uma das partes: “Eu imagino quantas coisas você pensa antes de pensar em mim, eu imagino quantas coisas você quer fazer e eu estou impedindo”. É a fase do fim do relacionamento onde tudo ainda é muito recente e tudo lembra a pessoa, mas não sente que o outro está na mesma situação. Com um instrumental mínimo servindo apenas de acompanhamento, a música é muito relacionável, servindo para relacionamentos amorosos, familiares ou em amizades que não correspondem mais ao mesmo carinho.

bet u wanna é a herdeira de Sue me e Looking at Me. Com um tom mais debochado, vingativo, sexy e coberto de autoestima, a música trata do momento de respeito a si própria e seu valor após o fim de um ciclo, descritos através de frases provocativas. Carpenter ironiza a situação e aposta que a pessoa a quer de volta, mas agora já é tarde demais. Simplesmente a faixa que os fãs esperam todo álbum, para recuperar sua força e autoestima, e também porque fica bem nos “stories de biscoito”.

Nonsense possui uma raiz semelhante a de algumas faixas do álbum positions de Ariana Grande. A canção mantém a energia provocativa e irônica, onde está vivendo novas experiências e volta para a fase leve, perdendo a noção quando está ao lado de outra pessoa. O verso “Eu acho que tenho um ex, mas esqueci dele”, junto ao significado de bet u wanna, confirmam que estamos na parte da história onde já deu o que tinha que dar e está superado.

Fast times e skinny dipping dão procedência ao álbum e são os dois singles anteriores da era. Bem diferentes entre si, ambas das músicas representam elementos presentes no restante das faixas, o tom de storytelling presente na composição e clipes, sempre instigando o ouvinte a escutar a música até o final para saber o desfecho da história.

Chegando a penúltima faixa, Bad for Business traz uma ambiguidade na interpretação: A insegurança de um novo relacionamento atrapalhar sua carreira e imagem como o anterior ou essa paixão literalmente atrapalha os negócios, pois não a deixa dormir de noite e é sua grande fonte de inspiração, fazendo com que ela não consiga pensar em mais nada. A música tem uma melodia leve e um pouco mais lenta, a composição é apaixonada e traz a calmaria de um amor – por enquanto – tranquilo.

Encerrando o álbum com chave de ouro, decode é vulnerável e honesta, uma das mais pedidas pelos fãs – por conta de uma prévia anteriormente postada por Sabrina – vai além do esperado. A letra assume cruamente que não aguenta mais pensar e repensar sobre o relacionamento, sobre o que pode ou não ter acontecido, por isso simplesmente desiste e afirma que não há mais o que falar sobre o assunto, não há mais nada para decodificar, todos as partes deram seu lado da história e o assunto está encerrado entre eles.

[Imagem: Reprodução/Sabrina Carpenter Brasil]

O poder narrativo de Sabrina Carpenter é surpreendente, a cada faixa é possível desvendar seus sentimentos e simpatizar com eles. Todos sabem a maldade presente na internet e como ela pode afetar a vida das pessoas, como todo esse ódio e repressão toma conta de alguém, a ponto que ela não tenha como falar por si mesma. Portanto, emails i can’t send é a resposta de uma sobrevivente deste ódio, que ficou calada por muito tempo e ainda continua guardando algumas informações, mas prefere que elas continuem em segredo.

Este disco simboliza a maneira como a artista materializa sua arte, tratando suas músicas como um desabafo vulnerável, o sentimento de ser chamada de “destruidora de lares” enquanto estava vivendo o inferno dentro de sua casa com seus pais.

É gratificante escutar uma sequência tão real e bem produzida, cada faixa se destaca singularmente e mantém a coesão dentro de um conjunto. Os e-mails não enviados por Sabrina Carpenter vieram à tona e merecem o reconhecimento máximo, não somente por sua coragem de falar, mas pela qualidade imposta no álbum, a história contada em etapas, arriscando diversos gêneros e abordagens. Mesmo em meio a uma realidade de uma gravadora negligente e descuidada, o álbum se mantém desde seu lançamento em primeiro lugar no Apple Music Brasil, e é de se esperar que esses números continuem crescendo.

Marginalização generalizada do funk prejudica cultura da juventude – Dia do Funk 07/07

Na última quinta-feira (07) foi comemorado o Dia Estadual do Funk. A data surgiu após a morte do funkeiro MC Daleste, assassinado durante um show com tiros na região abdominal em 07 de julho de 2013. O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, sancionou a data comemorativa no dia 21 de setembro de 2016. A sanção foi realizada dois anos depois que a então deputada estadual Leci Brandão (PCdoB) apresentou o projeto na Câmara Federal. O funk é um gênero musical majoritariamente periférico que sofre ataques desde sua origem no Brasil, nos anos 80, quando as músicas faziam a alegria de frequentadores de bailes do Rio de Janeiro.

Funk é crime? Não! (Mas não por falta de tentativa)

Em 1995, o município do Rio de Janeiro iniciou uma CPI para enquadrar a possível parceria entre cantores e organizadores de eventos de funk e o tráfico, mas a investigação não encontrou provas nem nenhum tipo de ligação.

Insatisfeitos com o resultado, em 1999 foi aberta uma CPI estadual, intitulada “CPI do Funk” (nome familiar? Recentemente tivemos a “CPI do Sertanejo”, explicada neste post. Spoiler: a única similaridade é o nome.), a investigação perseguiu mais uma vez a procedência dos bailes em relação a violência, circulação de drogas e possíveis crimes contendo menores de idade, mas novamente não houve provas suficientes. Mesmo com o resultado negativo das CPIs, foi criada a Lei Estadual nº 3.410/2000, que apresenta diversas regulamentações e regras para a organização de bailes.

Em 2013, os vereadores de paulistanos Coronel Camilo (PSD) e Conte Lopes (PTB) apresentaram um Projeto de Lei que proibiria a realização dos “fluxos” nas vias públicas da cidade. O então prefeito Fernando Haddad vetou o PL, mas assinou um decreto impondo multa para quem utilizasse som automotivo muito alto em determinados horários, atrapalhando a vizinhança.

Recentemente, em 2017, o Projeto de Lei nº 65.513/2017 foi posto para votação a fim de proibir o funk em território nacional. O projero, criado por um empresário paulista, dizia que os bailes são “um recrutamento organizado nas redes sociais por e para atender criminosos, estupradores e pedófilos à prática de crime contra a criança e o menor adolescente ao uso, venda e consumo de álcool e drogas, agenciamento, orgia e exploração sexual, estupro e sexo grupal entre crianças e adolescentes, pornografia, pedofilia, arruaça, sequestro, roubo e etc”. Embora tenha recebido mais de 40 mil assinaturas em apoio, acabou sendo rejeitado pelo senado.

As tentativas de criminalizar o funk vêm de um histórico de outras ações contra gêneros periféricos e estigmatizados por muitos anos, como o hip-hop, jazz e blues, todas terminantemente sem sucesso. Silvio Essinger, escritor do livro “Batidão: uma história do funk“ resume a polêmica em seu livro com uma metáfora clara: “Não tem nenhum sentido criminalizar o funk para acabar com a criminalidade, é como uma pessoa flagrar uma traição e jogar a cama fora.”

[Foto: Freepik.]

Ascensão e mercado

Mesmo sendo mal aceito por pessoas mais velhas, o gênero conquistou os jovens e é o mais pedido nas festas, até mesmo nas da elite — todo mundo quer curtir e dançar ao som da batida. 

O DJ Rennan da Penha foi preso em 2019 após acusações de um suposto envolvimento com o tráfico de drogas, quando apareceu conversando com o ex-governador fluminense Sérgio Cabral — condenado 22 vezes pela justiça do Rio de Janeiro, pena que soma mais de 400 anos de prisão. Rennan ficou em cárcere durante sete meses em duas prisões cariocas e foi solto após um recurso favorável do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à mudança de entendimento da prisão em segunda instância. Na época de sua soltura, a música ‘Hoje eu vou parar na Gaiola’, com participação de MC Livinho, foi hit em todo o país e logo o cantor assinou contrato com a gravadora Sony Music; foi indicado e premiado no Prêmio Multishow na categoria ‘Melhor Produtor’ com a música ‘Me Solta’; recebeu uma indicação ao Grammy Latino e gravou um DVD. Mesmo com as provas de inocência, o ‘Baile da Gaiola’ — evento idealizado pelo cantor — permanece proibido.

Em março de 2021, a Polícia Civil de São Paulo abriu uma investigação com direito a operação de busca e apreensão na casa de seis MCs, dentre eles grandes nomes do funk como MC Ryan SP, MC Brinquedo e MC Pedrinho. Mais uma vez, a polícia não obteve sucesso ao procurar ligações entre os artistas e o tráfico, não encontrando provas de financiamentos ou envolvimentos criminosos. 

A cantora Anitta, que recentemente desbancou diversos artistas internacionais e estacionou sua música ‘Envolver’ em primeiro lugar do Spotify Global, também tem sua origem no funk e mantém traços do gênero em seus shows e lançamentos. No seu show para o festival californiano Coachella, Anitta entrou na garupa de uma moto com um cenário simulando as favelas brasileiras e agradou o público internacional e a crítica especializada. Com o set em sucesso absoluto, repetiu a dose no Rock in Rio Lisboa, alegrando os fãs portugueses.

Anitta se apresentando no Rock in Rio Lisboa

O funk é inevitável e está em todos os lugares. A constante movimentação policial contra o gênero e seus artistas é a prova que mesmo chegando tão longe — e até ultrapassando as barreiras brasileiras e sendo reconhecido mundialmente —, o funk sempre será visto como criminoso e periférico. 

As letras são um reflexo da vida das pessoas […] para mudar as letras temos que mudar a realidade delas”, diz o senador e ex-jogador de futebol Romário em um de seus vídeos publicados no Twitter na época do PL 65.513/2017. Mesmo após cinco anos, essa declaração ainda possui peso sobre aqueles que sofrem preconceito judicial por frequentar bailes funk ou se envolver com o gênero na indústria musical.

Até onde a perseguição do funk é judicial ou se torna preconceituosa? A linha tênue se mostra cada dia menos sutil, tratando trabalhadores e admiradores da área como criminosos convictos e esbanjando a hostilidade da elite.

Para comemorar o Dia do funk e o poder que ele assegura, montamos uma playlist imperdível com grandes sucessos do gênero, confira aqui!

Hiatus do BTS: Relembre a carreira do grupo e entenda o que está acontecendo agora

Após o lançamento de seu álbum antológico Proof em comemoração aos nove anos do grupo no dia 10 de junho, o grupo BTS anunciou na última terça-feira (14) seu hiato durante a live de comemoração ao aniversário do grupo, chocando fãs e admiradores. Entre as diversas teorias, incluindo possível serviço militar obrigatório da Coreia do Sul e brigas com a gravadora, os integrantes reiteraram que a pausa é temporária para que cada um possa investir em sua carreira solo, sendo o álbum solo de J-Hope o primeiro na linha de lançamentos.

O BTS é um fenômeno global absoluto, quebrando barreiras antes só atravessadas por artistas norte americanos e europeus, o grupo surpreende com qualidade em seus trabalhos e números, colocando o pop coreano em patamares jamais alcançados, abrindo as portas do Ocidente para diversos outros grupos femininos e masculinos. 

A história do grupo começa em 2013, quando os também chamados de Bangtan Boys, ou Bangtan Sonyeondan em coreano, formado por sete rapazes: RM (김남준), Jin (김석진), SUGA (민윤기), J-Hope (정호석), Jimin (박지민), V (김태형) e Jungkook (전정국) lançou a música No More Dream, lead single do álbum 2 Cool 4 Skool. A música debutou em número #84 no Gaon Download Chart e fez sua primeira entrada no Billboard World Digital Songs, atingindo a posição #14 e charteando por três semanas consecutivas. O álbum de estreia 2 Cool 4 Skool atingiu a posição #5 no Gaon Weekly Album Chart e, mesmo um mês após o lançamento, se manteve na posição #10.

Clipe “No More Dream”

O sucesso carregado por quatro álbuns de estúdio, três de compilação, mais de 20 videoclipes e milhões de fãs fez com que o grupo agenciado pela Big Hit Music, uma subsidiária da HYBE Corporation conquistasse o primeiro lugar na lista Forbes Korea Power Celebrity em 2018, que classifica as celebridades mais poderosas e influentes da Coreia do Sul.

Segundo a revista Rolling Stones, é admirável o trabalho ativista dos meninos. Considerando a realidade sul coreana, a maioria dos artistas mantém suas opiniões políticas e sociais desvinculadas de sua imagem, por conta da fiscalização pesada de órgãos governamentais em relação a oposição de qualquer forma. Essa coragem ao desafiar convenções sociais fez com que o grupo decolasse ainda mais e se destacasse dos demais, os levando a carreira internacional.


[Foto:
Reprodução/ Big Hit Music]

Como dito anteriormente, o grupo BTS se destacou dentro do cenário coreano por sua coragem de posicionamentos contrários ao governo, talento e expertise em qualquer tarefa que lhes fosse dada. Todo esse destaque respingou no Ocidente, por volta de 2015, o single I Need U, do EP The Most Beautiful Moment in Life Pt. 1 alavancou a carreira do grupo pela América e Europa. A partir disso, tudo que os meninos lançaram foi de grande sucesso mundialmente, shows lotados, redes sociais bombando e fãs alucinados.

Seu primeiro #1 na Billboard 200 foi conquistado em 2016 com a canção Wings, o sucesso lhes rendeu um prêmio na categoria Prêmio Social de Artista Superior, do Billboard Music Awards, se tornando o primeiro artista coreano a ganhar uma estatueta do BBMAs.

E quem disse que BTS é apenas música? Em 2018, o grupo emplacou seu documentário Burn the Stage: The Movie nos cinemas de 79 países, mostrando os bastidores da turnê e alguns perfis com os integrantes. O longa arrecadou 14 milhões de dólares somente na primeira semana.

Em seu novo álbum antológico Proof, o grupo traz 48 canções, com 13 ainda a serem disponibilizadas pela gravadora em breve, divididas em três CDs com seus maiores sucessos. Há três músicas inéditas: Run BTS, Yet To Come e For Youth.

Apenas a prévia da faixa single Yet To Come quebrou recordes mundiais por ser o teaser de música mais rápido da história a chegar em um milhão de visualizações, em sete minutos. O clipe do single já acumula 90 milhões de visualizações no Youtube com menos de uma semana de seu lançamento, a própria definição de poder.

[Foto: Reprodução/ Big Hit Music]

Sob mudanças constantes mercadológicas, um dia após o anúncio de hiatus, nesta quarta-feira (15) as ações caíram 28%, atingindo menor patamar desde outubro de 2020, quando a HYBE abriu o capital da gravadora para investimentos na Bolsa de Valores de Seul.“O grupo permanecerá ativo como uma equipe enquanto faz uma jornada individual para alcançar ainda mais o crescimento pessoal” afirmou representante da HYBE em nota enviada ao jornal O Globo.

A abertura de capital do grupo na Bolsa de Valores de Seul aumentou exponencialmente os lucros da companhia HYBE durante a pandemia, sendo o BTS responsável por cerca de 47% da receita anual da corporação, mesmo com número reduzido – quase nulo – de shows e lançamentos. A bola de neve vem se formando conforme novas informações surgem, no início do ano perdeu 60% do valor conquistado em 2021 e, com o anúncio da pausa, as ações despencaram.

Desde sua estreia, o grupo revoluciona e muda a percepção mundial sobre o pop coreano, correndo e quebrando recordes a todo momento. A sigla BTS é um acrônimo para Beyond The Scene (Além da cena, em português), o que resta aos fãs é ter esperança sobre o que aconteceu por trás dos bastidores, e confiar que um dia o grupo retornará tão forte quanto é atualmente!

[Crítica] Dance Fever, de Florence + The Machine é um grito segurado há muito tempo

O quinto álbum da união entre Florence Welch e a banda The Machine está entre nós. O álbum foi muito esperado após o hiatus de 4 anos da banda inglesa indie rock desde o álbum High As Hope, de 2018. Lançado no dia 13 de maio, pela gravadora Polydor Records, as 14 faixas foram produzidas por Jack Antonoff, que fez parte de trabalhos recentes de Lana del Rey e Taylor Swift, e Dave Bayley, vocalista do grupo Glass Animals. Dance Fever é ensurdecedor, é notável o desespero e a vontade de se livrar dessas palavras e sentimentos, colocando para fora todas as emoções comprimidas em uma explosão de experiências instrumentais.

E quando é bom, é impossível não ser notado. A rainha das bruxas emplacou notas altíssimas e elogios da crítica, com nota 7.1 na Pitchfork, 9,4 dos usuários e 85 no Metacritic, o álbum vem para mostrar outros segmentos musicais da banda. Por mais que seja similar ao que foi entregue anteriormente, o novo trabalho revitaliza e traz novos elementos que tiram qualquer um – inclusive o grupo – de sua zona de conforto. Guitarras fortes substituem o tradicional piano e o uso de diferentes tons da voz de Florence são muito bem explorados.

O álbum – que foi escrito durante a pandemia – traz conflitos sobre imagem pública, a necessidade de estar em alta, o papel da mulher na sociedade (principalmente a obrigação patriarcal de se tornar mãe, esposa e dona de casa) e sentimentos sombrios e individuais. A narrativa de repressão divina sobre injustiça sobre os humanos e poder te deixa em dúvida sobre os reais sentimentos da artista, mas esta indecisão é uma forma honesta de mostrar ao seu público como funciona a mente humana, todos temos conflitos, isso não nos torna confusos, nos torna sujeitos, pessoas reais.

Artistas costumam ser desumanizados e até objetificados pela fama, mas continuam motivados pelo gosto pela profissão e pela música, sua arte. Dance Fever mostra a febre de dançar conforme seus sentimentos, mesmo não os entendendo, representado por uma linguagem poética, que aborda a luxúria, solidão, tristeza e medo em meio a acontecimentos que não somos capazes de controlar, como a pandemia e as ações divinas.

Essa febre de dançar vem do conceito de coreomania. Também chamado de dançonomia, foi um fenômeno social que ocorreu na Europa da Idade Média, tendo seu primeiro acontecimento em grande escala em Aquisgrano, na Alemanha, em 24 de junho de 1374. Rapidamente se alastrou pela Europa, contatando outros ataques nos Países Baixos, colônias, Metz e mais tarde em Estrasburgo, aparentemente na trilha de rotas de peregrinação entre os séculos XIV e XVIII.

Esse fenômeno consistia em grupos de pessoas, chegando até a centenas de uma só vez, que dançavam de forma ininterrupta e incontrolável publicamente até o cansaço extremo. Eles continuavam se movendo, mesmo exaustos e alucinando até espumar pela boca e desmaiar de cansaço. Por mais sombrio e bizarro que seja, é essa a sensação trazida pelo álbum, sentimento de urgência, sofrimento e descontentamento.

[Imagem: Divulgação]

Passando para as músicas, “King” abre o álbum exalando poder. Com instrumentais marcantes e estridentes, a faixa descreve um relacionamento em que o cônjuge quer ser superior à mulher, engrandecendo seus feitos e sempre agindo com seu “coração apodrecido”, acredita que a mulher deve ter filhos, se demonstrar sempre feliz e esconder sua ambição, a manipulando até que ela achasse que deveria acreditar nessa construção patriarcal.

A mulher, em contrapartida, rebate esse pensamento com afirmações de individualidade, descrevendo que sua personalidade é sombria, que o drama, mitologia e grandiosidade fazem parte dela. O refrão diz o que muitas mulheres gostariam de gritar, ela não é mãe, nem esposa, ela reina sobre si mesma e sua vida. É possível sentir a voz se tornando mais fraca e inquieta com o decorrer da música, demonstrando a dor real da composição.

Em ritmo mais acelerado e eclético, a segunda faixa “Free” traz a luta com doenças psicológicas, como essa condição toma poder sobre a pessoa todos os dias e o tempo todo, derrubando qualquer outro sentimento senão o de angústia, que talvez seria melhor estar sedada o tempo todo para não sentir essa avalanche constante. Também traz o drama de possuir essa condição e não ser respeitada por outros que estão ao redor, “’You’re too sensitive’, they said” (Eles dizem: “Você é muito sensível”, em português) é um trecho que ilustra perfeitamente a afirmação anterior. 

A música é quem libera a pessoa dessa angústia, pois quando sente o ritmo e dança conforme a música se sente livre, mas demonstra a indignação dessa ser a realidade, de não haver cura para sua doença “It is what it is” (é o que é, em português) e não tem como resolver.

Choreomania”, faixa intitulada a partir do fenômeno explicado anteriormente, traz um ritmo mais leve e jovial. Com um batuque constante e rápido, que lembra o tic toc de um relógio, começa como um desabafo sobre autoconhecimento. É possível interpretar que a batida no fundo se relaciona ao tempo passando e a jornada de busca a si mesmo traz indignação e pressa para conquistas que ainda não aconteceram e histórias que deveriam ser contadas, mas não foram vividas, com vozes que a pressionam a fazer escolhas e viver de maneira diferente. Como tudo é temporário, os padrões se tornam inúteis, pois podem mudar a partir da percepção de cada um dependendo do tempo em que estão vivendo e sua realidade.

A quarta faixa “Back in Town” é nostálgica, demonstra a intensidade das emoções ao retornar a sua cidade natal, viver no próprio mundo sem metas definidas, vivendo todos os dias sem perspectivas, a vida muda, mas o passado continua igual. Retornando a momentos de sua infância para reviver aquela felicidade, acabou ficando pela tristeza da nostalgia do passado. Relembrar momentos mais fáceis que não voltam mais e lidar com a mudança de sentimento e perspectiva sobre os acontecimentos, acreditou em algo por anos, mas, ao se lembrar, percebeu mais madura que não foi bem assim.

Em “Girls Against God” é retratada a insatisfação do tratamento divino com mulheres, o medo, as emoções à flor da pele, a passividade imposta desde a infância, ser tratada como pequenos animais de estimação e nunca como figuras de poder. Essa injustiça leva mulheres a se colocarem no lugar que o divino não as colocou e lutar por sua posição e reconhecimento.

Há uma reviravolta no último trecho da música, quando acontece uma troca de melodia para uma mais maléfica, com gargalhadas e som de passos, trazendo uma estética de terror, e afirma que como Deus não quis um acordo, ela conheceu o diabo e ele a prometeu um coração de ouro ou uma voz de ouro, deixando aberto para interpretações de que ela escolheu a voz, uma vez que suas músicas trazem melancolia e tristeza. Reforçou o canto da bruxa depois dessa!

Dream Girl Evil” fecha a primeira parte do álbum com um amor platônico, há alguém apaixonado pela versão dela que criou em sua cabeça e não quem ela realmente é. Ele a imagina como uma menina angelical e tradicional, embora ela seja assumidamente “evil” (má, em português), o que desapontou suas expectativas, mas ela não liga, até gosta da admiração, ela não é mãe de ninguém e não deve nada a esse homem, mesmo que ele queira que ela seja, ela não se desfaz da própria personalidade má por ninguém. Deu um fecho no macho que doeu daqui!

A intro “Prayer Factory” traz a resolução de abraçar seus medos e lutos, mas não aguenta mais a pressão de viver angustiada, precisa que alguém lhe dê uma chance, e talvez isso a tire dessa solidão e tristeza.

[Imagem: Twitter]

A faixa “Cassandra” fala sobre sonhos interrompidos, o futuro que foi lapidado desrespeitando suas próprias vontades, viver a vida que ela não quer, todas as pessoas criativas e artistas (representadas na música como “all the gods”, ou todos os deuses em português) foram domesticados e sua liberdade de escolha e expressão foi tirada. Tudo está sendo manipulado cegamente e o que ela conhecia não é mais o mesmo ou autorizado, censurando a liberdade de pessoas artísticas diminuídas a meras tarefas comuns.

Heaven is Here” é outra música de menos de 2 minutos que se difere das demais em questões rítmicas. Começando com um grito que lembra uma marcha, uma possível interpretação é que o céu está aqui pois ela é uma santidade e deixou o mundo desse jeito, por conta de sua melancolia.

Chegando a décima faixa intitulada “Daffodil”, a banda traz algo ainda mais diferente da sequência anterior. Ela é a escolhida divina, mesmo não sendo totalmente boa, ela possui poderes míticos e absorve a dor para tentar deixar o mundo melhor, mesmo sabendo que o futuro não é brilhante nem contente.

My Love” é o single absoluto do álbum. Com ritmo mais animado e leve, após tanta melancolia e solidão ela busca a salvação e felicidade, amor. O problema que encontra é não ter onde disseminar esse amor, não ter com quem compartilhar sua vida e sua felicidade.

Clipe “My Love” de Florence + The Machine

Em outra intro, a faixa “Restraint” possui apenas dois versos cantados em um tom de voz que divide opiniões, mais parecendo um arroto, sinceramente. Os versos abrem a interpretação que talvez as músicas esperançosas anteriores eram mentira, e ela estava perguntando se aprendeu a se limitar, se passou credibilidade posando de boazinha, não demonstrar suas emoções reais era o que tinha que ser feito. Confira os versos abaixo:

 “And have I learned restraint? Am I quiet enough for you yet?” 

(Eu já aprendi a contenção? Já estou quieta o suficiente para você?)

Depois do baque emocional da música anterior, quem procede é “The Bomb”, trazendo a temática de um amor que não aconteceu por briga de ego. Ambos gostam do que é difícil, pois se fosse fácil não seria tão interessante, ela sabe que não o ama, apenas gosta da bomba de sentimentos que a causa. O fato de não ter dado certo foi por conta da demonstração mínima de vulnerabilidade por parte dela, que o afastou. 

A música termina com um dos versos mais marcantes do álbum, “Sometimes you get the good, sometimes you get a song”, às vezes você tem um relacionamento bem sucedido, e às vezes você consegue mais uma música, no sentido triste e melancólico. É para pegar em qualquer recém solteiro.

Fechando a narrativa e a obra de arte, o álbum termina com “Morning Elvis”. O peso do mundo e a reação dela sobre os acontecimentos, pressão psicológica, pensamentos suicidas, fama desenfreada, depressão e tristeza que a trazem dores físicas. Ela pensa em desistir da música, mas a vontade de cantar é mais forte que ela, se poupa da dor da morte em troca de continuar cantando.

[Imagem: Pinterest]

O álbum como um todo traz muita reflexão, são emoções que muitos guardam dentro de si e Florence Welch gritou para quem quiser ouvir. A descoberta de sentimentos e o poder de colocá-los para fora torna a obra gigantesca, a novidade não somente na honestidade, mas melodicamente, a volta das guitarras fortes e diferentes tons de voz utilizados justamente para gerar incômodo, pois todo o sentimento trazido na letra é desconfortável.

Florence + The Machine é inigualável, não são músicas para escutar no caminho do trabalho ou no carro (a não ser em um dia de frio e melancólico, assim talvez encaixe com a vibe do momento), são para sentir e gritar sozinho em casa. Dance Fever é um monumento, que vem para reconstruir o cenário indie rock, que vive no mesmo tom há muito tempo.

A história do Carnaval no Brasil

Com mais um ano de folia em casa, os dias de feriado se tornam longos e perfeitos para aprender um pouco mais sobre a comemoração que faz parte de um pedacinho do coração de cada brasileiro. O Carnaval surgiu na Idade Média, diretamente ligado ao cristianismo, trazendo elementos de diversas outras culturas, como a grega, romana e mesopotâmica.

A ideia principal seria o mundo invertido, virar a realidade e seus costumes de cabeça para baixo, e homenagear o deus grego do vinho, Dionísio, promovendo altas bebedeiras e outros prazeres carnais. Com a consolidação da Igreja Católica, no século V, foi estabelecido o período de Quaresma, onde crentes passam os 40 dias após o Carnaval e que antecedem a Páscoa em jejum, ou com restrições alimentares relacionadas à ingestão de carne, com a promissa de repurificação após os “pecados” cometidos no Carnaval.

No Brasil, a festa foi trazida pelos colonizadores portugueses, e foi se popularizando aos poucos, tomando a forma que conhecemos hoje no século XVIII, com os bailes de máscara, até o século XX, quando surgiram os desfiles ao som de ritmos influenciados pela cultura africana, principalmente no Rio de Janeiro. Em 1930, esses desfiles se tornaram cada vez mais organizados, com fantasias e sambas-enredo, e foram criadas diversas escolas de samba, e apenas em 1984, foi inaugurado o Sambódromo da Marquês de Sapucaí, onde são realizados os desfiles até hoje.

[Imagem: Reprodução Mangueira 2020]

Samba

O samba surgiu no Brasil no século XX, em algumas comunidades afro-brasileiras, praticada em rodas de dança que negros escravizados realizavam em seu tempo livre, contava com poucos instrumentos de percurssão e batuques, junto também com a capoeira. Após a abolição da escravatura, essas comunidades foram libertadas e se abrigaram na capital do país na época, o Rio de Janeiro.

Considerado patrimônio cultural imaterial brasileiro, o samba é um gênero musical envolvente e dançante, característico na época de Carnaval nos desfiles de escolas de samba. Muito marginalizado em sua origem, foi se popularizando com o passar do tempo, tocando em rádios de todo país e utilizado por Getúlio Vargas na promoção de uma construção da identidade nacional em seus mandatos. Atualmente, o gênero conta com diversos sub-gêneros, como samba-enredo, pagode e bossa nova, sua importância é tanta que no dia 02 (dois) de dezembro, é comemorado o Dia Nacional do Samba.

Mesmo com tentativas de “desafricanização” do samba, a cultura trazida pelos escravos ainda é muito influente no samba e carnaval que conhecemos, como a ala das “tias baianas”, que remete às práticas das rodas e cultos aos orixás em terreiros, e o ritmo das composições, que contam histórias acompanhadas de instrumentos como o pandeiro, surdo, cavaquinho, cuíca e tamborim.

[Imagem: Reprodução/Facebook]

Samba-enredo

Os sambas-enredo são peças essenciais para puxar uma escola de samba, é o ritmo que delimita o tema abordado, faz com que tudo caminhe e tenha seu tempo, durando por toda a apresentação – em média 1 hora – e um dos itens de avaliação da escola.

Durante o surgimento das escolas de samba em meados da década de 1920, a cantoria era aleatória e improvisada. Em 1935, quando houve a profissionalização da arte por conta do alto número de escolas e pessoas envolvidas, as letras passaram a ser registradas oficialmente, encerrando a prática do improviso e facilitando a avaliação dos jurados. Nesta época, houve a motivação por parte da Prefeitura do Rio de Janeiro para que fossem abordados temas de exaltação à cultura nacional. Em 1950, as letras foram se sofisticando, contendo rimas e estrofes elaboradas, chegando a serem gravadas, tornando- se populares e sendo comercializadas.

O tema é escolhido internamente durante o segundo semestre do ano, avaliando o melhor tema para ser abordado naquele momento, não podendo conter nenhum tipo de propaganda, e o puxador não pode desfilar pela escola. E quanto mais gente cantando o enredo, mais forte se mostra a energia, união, amor e força de vontade da escola.

[Imagem: Eduardo Knapp/Folhapress]

Frevo

O frevo é uma dança folclórica, mais popular nos carnavais do nordeste do Brasil, destacando-se de Olinda e Recife. Também reconhecido como patrimônio nacional imaterial, foi incluído na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas (Unesco) em 2012.

A origem do frevo vem após o fim da escravatura na cidade Recife, em Pernambuco, a dança “frenética” marcava a rivalidade entre bandas militares e de escravos recém libertos. Um pouco diferente do samba, o frevo tem uma marcha acelerada, acompanhada por instrumentos de sopro, como trombone, trompete, saxofone e tuba, movimentos acrobáticos e contam com a utilização de pequenos guarda-chuvas, por outra via, se encontram em sua essência carnavalesca, sua origem, na inserção de elementos da capoeira, roda, míticos e folclóricos.

O frevo tem uma orquestra, chamada de Fanfarra, e possui diversas categorias: Frevo de rua, que não é cantado, mas possui instrumental para a dança, frevo-canção, que é orquestrado para um ritmo mais lento, e o frevo de bloco, que se assemelha a uma marchinha de carnaval, cantada, dançada e contando histórias.

[Imagem: Wikimedia Commons]

O Carnaval deste ano está acontecendo neste exato momento, entre os dias 25 de fevereiro e 1º de março, contando com o dia 2, quando é comemorada a Quarta-Feira de Cinzas. Os desfiles das escolas de samba do Grupo Especial, adiados por conta da agravação da pandemia do Covid-19, acontecerão nos dias 22 e 23 de abril de 2022 no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Island Records sob nova direção

A Island Records é uma das principais gravadoras do ramo, sendo reconhecida mundialmente por seus trabalhos, originada na Jamaica em 1959 por Chris Blackwell e Graeme Goodall. Hoje em dia, pertence a Universal Music Group e opera como uma divisão denominada The Island Def Jam Music Group desde 1999, quando foi comprada pela Polygram e, logo em seguida, foi fundida com a Def Jam Recordings, também chamada de Universal Music na Austrália, Reino Unido e alguns países europeus.

A gravadora já chegou a ser considerada a maior no cenário da música indie na década de 80, quebrando recordes de vendas e rendendo a primeira certificação de ouro com o álbum Exodus, de Bob Marley & The Wailers. Após a morte repentina de Bob Marley, a gravadora ficou em maus lençóis até encontrar um novo foco, que seria o rock progressivo, se destacando por seus diversos trabalhos, principalmente com o fenômeno da época, a banda U2. Chegando ao presente, carrega grandes nomes, como Justin Bieber, Demi Lovato, Bon Jovi, Mariah Carey, Big Sean, Elton John, Shawn Mendes, Madison Beer e Sabrina Carpenter.

[Imagem: Reprodução/Universal Music Group]

O ano de 2022 chegou com muitas inovações para Island Records, a começar pela diretoria. No início de 2021, a gravadora publicou uma nota anunciando a renúncia de Darcus Beese, o então presidente desde 2018 e envolvido com a gravadora desde 2008, por motivos pessoais. No texto, é explicado que o diretor teria que retornar ao seu país de origem, Reino Unido, para correr atrás de novas oportunidades, que a gravadora apoiou completamente sua decisão, e são gratos por suas contribuições durante todo esse período. Beese foi uma grande parte nas carreiras de Florence + The Machine, Amy Winehouse e muitos outros.

[Imagem: Reprodução/Music Week]

A gravadora ficou sem diretoria durante mais da metade do ano passado, atrasando diversos trabalhos e implantando o caos completo nos contratos e na internet. Mesmo sem a mesa diretora, tivemos diversos lançamentos em 2021, como os álbuns Justice, Life Support e Dancing with the Devil: The Art of Starting Over. de Justin Bieber, Madison Beer e Demi Lovato, as músicas Summer of Love e It’ll be Okay de Shawn Mendes, Skin e Skinny Dipping de Sabrina Carpenter  e Story of Love de Bon Jovi.

A problemática envolvida nos casos de lançamentos sem um CEO no comando é a falta de investimento, estratégia e marketing por parte da gravadora para estes artistas. A música demora ou nem chega a ir para rádios e playlists de destaque nas plataformas de streaming, possui baixo orçamento e atraso para gravação e lançamento de videoclipes e não é submetida as grandes premiações, como o Grammys.

Essa falta total de impulsionamento do lançamento por parte da gravadora é extremamente prejudicial, as consequências da falta de gestão resultaram em muitos números menores que o esperado, e uma legião de fãs bem nervosos.

Aos corajosos que botaram a cara a tapa e lançaram seus trabalhos mesmo em meio aos obstáculos, os resultados, em números, não foram tão positivos. Um exemplo é o desempenho de It´ll be Okay, de Shawn Mendes, acostumado ao topo, a música debutou em #78 na Billboard e custou para subir, mas com muita instabilidade.

A música foi lançada logo após o término de seu longo relacionamento com a cantora Camila Cabello, a letra demonstra todos seus sentimentos e pensamentos mais íntimos, sendo recebida com muito carinho em todas as redes sociais. Esse período foi visto pelos fãs do Twitter como uma oportunidade para lançamentos mais intimistas e simples, conectando o artista ao espectador com maior profundidade e proximidade.

Com altos e baixos, 2021 foi o ano em que fãs e empresários suaram para destacar seus artistas em um cenário de pandemia e com a falta de ação da gravadora. Esse esforço surtiu frutos em alguns casos, como a ótima colocação nos charts da música Peaches, de Justin Bieber, que ficou em primeiro lugar no Billboard Hot 100 logo na semana de lançamento, e a gigantesca produção cinematográfica ao redor do clipe Dancing with the Devil, de Demi Lovato.

[Imagem: Reprodução/Universal Music Group]

Os novos CEO´s da Island Records são Imran Majid e Justin Eshark, empossados desde o primeiro dia de 2022. A parceria entre os dois se iniciou em 2004, quando ambos trabalhavam na própria Universal Music Group, e depois se reencontraram na Columbia Records em 2013. Na época, Justin estava envolvido no desenvolvimento do álbum debut de Hozier, que vendeu mais de 2 milhões de cópias, enquanto Imran estava empenhado em Rachel Platten e os rappers Lil Tjay e Russ.

Durante o anúncio, grandes promessas foram feitas pela nova mesa diretora, entre elas, o aumento de artistas do hip hop e rap em seus corredores, permanecer honrando o DNA da gravadora, que sempre descobriu artistas icônicos, incentivou suas essências e possui uma ótima reputação. Eles comentam sobre esta parceria está fadada ao sucesso, por serem companheiros há muito tempo e confiarem muito um no outro, sobre isso, Imran diz: “Justin e eu não desenvolvemos apenas um laço de confiança entre nós, cultivamos essa confiança diante das nossas relações com nossos artistas, empresários e produtores. Nós simplesmente amamos música e descobrir artistas com novos sons ou perspectivas. É um período incrível para retornar a UMG (Universal Music Group) e não podemos esperar para começar logo”.

Mostrando trabalho desde o início da gestão, os presidentes já posaram ao lado de Demi Lovato em uma de suas publicações, anunciando sua nova era voltada para o rock, aumentando as expectativas dos fãs de Demi e dos demais artistas desde já. Novos ares fazem bem, não é mesmo? É um novo começo para os negócios da Island Records, e esse ano promete ser um dos mais promissores para a gravadora!