“Jackman”: a verdadeira essência de Jack Harlow

O rapper Jack Harlow lançou, no dia 28 de abril, seu terceiro álbum produzido em estúdio, Jackman. O disco leva o primeiro nome do cantor e foi feito em parceria com a Atlantic Records e Generation Now. O anúncio do novo álbum foi feito pelo seu Instagram, apenas alguns dias antes do lançamento, pegando seus fãs de surpresa. 

Capa do álbum Jackman [Imagem: Reprodução/Instagram]

Com aproximadamente 25 minutos e 10 faixas no total, Harlow trouxe músicas que não passam de três minutos, com exceção de uma, além de cantá-las sozinho, sem nenhum featuring; algo que, até então, não tinha sido visto em seus dois últimos trabalhos: Thats What They All Say e Come Home The Kids Miss You. Ambos contaram com a presença de artistas de peso, como Drake, Justin Timberlake, Adam Levine e Lil Wayne. 

O disco começa com Common Ground, uma canção que, ao mesmo tempo que traz as rimas de Jack com um arranjo melódico ao fundo, tornando a faixa uma bela maneira de abrir o álbum. O assunto abordado é a realidade de jovens negros e brancos que crescem nos subúrbios, cercados por uma certa ‘’divisão’’ e por arrogância. 

They Dont Love It vem em seguida, com um beat animado e com uma pegada que lembra um pouco os raps do início dos anos 2000. Ao longo da canção, Harlow refere-se a si mesmo na terceira pessoa, além de deixar claro que está tentando mudar quem ele é; ou melhor, mostrar o seu ‘’verdadeiro eu’’ e parar de se importar com a opinião alheia. ‘’Eu fui suave por tanto tempo, estou tentando ficar forte. F*da-se polir minhas unhas, cara, estou tentando me polir. F*da-se modelar minha barba, estou gostando dela assim’’, canta Harlow na primeira estrofe da faixa. 

Ambitious é a terceira canção. O cantor relembra de todos os seus sonhos quando era mais jovem, focando, principalmente, em sua realidade quando tinha 14 e 19 anos. Ele conta, também, que tudo que parecia inatingível para ele, hoje não é mais. O sucesso alcançado por Harlow é o tema principal desta faixa. Cada um dos três versos é dedicado para falar sobre uma de suas idades, finalizando com a descrição de suas conquistas aos 24. 

A próxima canção tem um ritmo parecido com algumas faixas de Drake, além de alguns vocais muito escutados em Fair Trade. Is That Ight? também fala sobre o sucesso que o rapper vem conquistando ao longo dos anos. No entanto, um questionamento é feito: será que tem algum problema ele não querer todos esses luxos e coisas caras que as outras celebridades têm? Com simplicidade e muita gratidão é a forma como Jack Harlow quer curtir sua vida. Is That Ight? é uma das canções do álbum com o maior potencial para virar um hit. 

Gang Gang Gang aborda a questão da amizade e até onde ele está disposto a ir para defender seus amigos que já fizeram coisas ruins e problemáticas. Com um ritmo mais parado e um beat constante, Jack fala como viu amigos de infância seguirem caminhos que ele nem imaginava, inclusive o encarceramento. No final, o cantor ainda faz questão de deixar claro que, independente da amizade, as pessoas devem ser responsabilizadas pelo o que fizeram.  

‘’Responsabilizamos aqueles que amamos por moral, mas principalmente por medo. A escolha fica clara e anos de camaradagem, de repente, desaparecem. Quase como se você nunca estivesse aqui’’, afirma Harlow na quinta faixa de Jackman.

O álbum segue com Denver, uma faixa que mostra um outro lado de Jack Harlow; um lado cheio de vulnerabilidade e inseguranças presentes no cotidiano do cantor. Mesmo com o apoio da família e de seus amigos, a depressão e a ansiedade ainda são um fator constante na vida dele. A canção é sincera, honesta e crua. O vocal feminino ao fundo traz uma dramaticidade à música, casando muito bem com a letra. 

A sétima canção é No Enhancers, uma das mais curtas de todo o disco. Harlow fala sobre uma garota, dando a entender que ela não está mais em sua vida. A faixa é toda dedicada à ela, com o rapper frisando que não há necessidade de que algo seja feito para mudar sua aparência, deixando claro que gosta dela ‘’natural’’. De todas as músicas de Jackman, é a que menos se destaca.  

It Can’t Be é a próxima, dando uma alfinetada naqueles que afirmam que ele só faz  sucesso  por ser branco, uma discussão que surgiu nas redes ao longo do ano passado após o lançamento de First Class, música que estourou, principalmente, no Tiktok. A melodia da canção em si não é nada especial, é apenas mais um rap. Contudo, a liricidade da faixa é o que surpreende, com Jack botando para fora tudo que sente de forma bem audaciosa. 

‘’Deve ser a cor da minha pele, não consigo pensar em nenhum outro motivo para eu ganhar. Não consigo pensar em uma explicação, não podem ser os anos de trabalho que coloquei. Não pode ser o jeito que eu fiquei com os mesmos amigos. Não pode ser o estilo que ganhei quando entrei, não pode ser’’, desabafou o rapper em It Can’t Be. 

  Jack Harlow [Imagem: Reprodução/Jornal do Rap]

A penúltima canção é a única que ultrapassa a média de dois minutos e meio de duração presentes ao longo de Jackman. Com uma batida forte e cativante, Harlow divide a faixa Blame On Me em três pontos de vista: de seu pai, de seu irmão mais novo e de seu irmão mais velho, dedicando um verso para cada. O caçula se sentiu abandonado por Jack enquanto crescia. O eu-lírico da segunda parte é o próprio Harlow, justificando suas atitudes com o mais novo. Já o terceiro e último é escrito na perspectiva paterna, que tenta explicar o motivo de suas ações. 

O álbum se encerra com Questions. A faixa é, simplesmente, uma tradução literal de seu nome, contendo 33 perguntas feitas pelo rapper a si mesmo. O tema principal desses questionamentos gira em torno de uma autorreflexão sobre sua vida e suas conquistas, além do que o futuro lhe reserva, com um receio de não cumprir as expectativas que foram colocadas sobre ele ao longo dos últimos anos. É uma canção que faz jus à toda honestidade que foi colocada ao longo do disco, sendo uma bela maneira de finalizá-lo. 

Jackman é, sem dúvida alguma, um álbum que tem como objetivo mostrar que Jack Harlow sabe, sim, rimar. Não é super elaborado e cheio de firulas técnicas e melódicas. É simples, o que não significa que é mal feito. Muito pelo contrário, as batidas de fundo foram muito bem escolhidas pelo rapper, além do incremento de vocais em algumas canções que só enriqueceram o disco.

 É ainda mais surpreendente que ele tenha conseguido alcançar esse resultado sozinho. A participação de outros cantores não é nem um pouco necessária para incrementar a obra. Harlow deu conta do trabalho. É nítido que foi um álbum pensado para rebater o criticismo que o rapper vem enfrentando em sua carreira, é como se Jack Harlow tivesse um ponto para provar. 

Jack também acertou no tamanho de seu novo trabalho, mirando no clichê de que ‘’menos é mais’’ e, nesse caso, realmente foi. Com apenas dez faixas, o cantor conseguiu mostrar muito bem sua essência sem tornar o álbum cansativo e maçante. É algo agradável de ouvir, podendo muito bem ser concluído durante algum deslocamento. 

No entanto, o que mais surpreende em Jackman é a vulnerabilidade que o cantor se dispôs a mostrar em algumas de suas canções. Esbanjando talento na liricidade, colocando suas inseguranças para fora e deixando claro que sua vida está longe de ser perfeita; uma imagem muitas vezes perpetuada pelas celebridades. No geral, é um trabalho muito bom, feito para aqueles que realmente gostam de rap, uma decisão um tanto arriscada considerando que os últimos sucessos do cantor tinham uma pegada mais pop. Mas Jackman é um forte concorrente para ser considerado o melhor álbum feito por Harlow até agora.

[Crítica] Ocean Blvd: mais um álbum que seguiu a fórmula ‘Lana Del Rey’

Elizabeth Woolridge Grant. Este é o nome da mulher que em menos de uma semana atingiu, novamente, o topo das paradas de sucesso americanas e britânicas. Conhecida popularmente como Lana Del Rey, a cantora americana lançou nesta última sexta-feira (24) seu nono álbum de estúdio, Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd. 

Com 78 minutos e 16 faixas, Lana trouxe histórias de sua família, a ideia de vida após a morte e o paradoxo entre querer passar despercebida, mas também a necessidade de se sentir vista. Dessa vez, o tema “relações amorosas” não foi o foco principal de sua obra, uma mudança que foi bem recebida pelo público geral. De acordo com a Chart Data, seu novo disco teve a maior estreia de sua carreira no Spotify.

Capa do novo álbum de Lana Del Rey [Imagem: Reprodução/Pitchfork]

Começando com The Grants, uma canção melódica e até mesmo religiosa, que aborda questões sobre espiritualidade e questiona seus familiares, amigos e a si mesma sobre como será sua vida depois de sua morte. A mistura entre a voz suave da cantora e o coral foi excepcional. 

Em seguida Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd, faixa que leva o mesmo nome do disco e foi lançada três meses atrás. É possível ver a Lana que conquistou milhões de fãs por seus questionamentos sobre o amor implorando para ser amada até que ela consiga se amar, além de trazer a melodia suave característica de suas obras.

A terceira canção é Sweet. Com uma harmonia entre voz, piano e violino, a cantora deixa claro ao seu futuro amor o tipo de mulher que ela é, como se comporta e suas expectativas com a relação. É um desabafo camuflado, mas muito bem construído. A&W é a próxima. Escrita na perspectiva de outra mulher e com 7 minutos de duração, Del Rey conseguiu transcender a inquietação trazida na letra para o ouvinte. É uma música que abre portas para interpretações e que foge um pouco da estética melancólica que os fãs estão acostumados. 

Judah Smith Interlude traz o diálogo de um homem confuso, que quer abandonar seus filhos e sua mulher e questiona Deus sobre o que está acontecendo em sua vida, pedindo para que Ele consiga fazê-lo amar sua realidade e sua família. É a dramaticidade que a cantora gosta de acrescentar a seus trabalhos. Contudo, é uma faixa que, provavelmente, será pulada pela maioria. 

Em parceria com o pianista Jon Batiste, Candy Necklace é uma música que traz a sensação de déjà vu, com uma melodia e letra que não surpreendem. É uma canção que poderia ser encaixada em qualquer um dos discos anteriores. A faixa seguinte, Jon Batiste Interlude, é um interlúdio de Joe esbanjando sua habilidade no piano. 

Kintsugi significa ‘’a arte de reparar cerâmicas quebradas’’ em japonês e é o nome da oitava faixa. Em entrevista para o canal da Rolling Stones, Lana detalhou ainda mais sobre a técnica, explicando que os reparos são feitos com ouro a fim de deixar a peça ainda mais bela. A artista considera que o mesmo aconteceu com ela após seu processo de cura.

É uma canção longa, mas com um significado muito bonito. A cantora relembra do falecimento de familiares e como ela lidou com o luto e se remendou. A simplicidade proposital no que tange ao arranjo instrumental contrasta com a letra densa, enriquecendo ainda mais a música. 

Fingertips ocupa a nona posição no disco e foi a primeira faixa a ser mencionada pela cantora em 2022, na edição de maio da W Magazine. Com pouquíssima instrumentalização e estrutura empobrecida, foi feita após a junção de uma série de áudios que Del Rey gravou em seu celular. A inquietação e a dúvida sobre maternidade são os temas principais. A cantora se questiona repetidamente sobre a possibilidade de fracassar como mãe. 

Paris, Texas possui a liricidade de Lana e samples de I Wanted to Leave de SYML. O contraste entre uma das capitais mais turísticas e mais adoradas do mundo e a simplicidade das cidades do interior dos Estados Unidos emana ao longo da canção, com Del Rey citando repetidamente sobre a necessidade de voltar para casa, mesmo podendo estar em qualquer outro país.

Lana Del Rey [Imagem: Reprodução/PitchFork]

Grandfather please stand on the shoulders of my father while he’s deep-sea fishing conta com a participação de RIOPY. É uma música boa, mas não se destaca, pode ser considerada mais do mesmo r. Continuamos com Let The Light In, que conta com a participação do padre John Misty. É uma canção sugestiva que retrata um affair entre um casal com a personagem feminina querendo ser mais do que uma simples amante. É uma melodia gostosa de se ouvir, além das vozes que contrastam bem.

Margaret é a décima terceira faixa e recebe o nome da esposa de Jack Antonoff, da banda Bleachers, que faz featuring na canção. É uma balada que seria uma ótima trilha sonora, mas não é nada excepcional. Algumas músicas do álbum se encaixam nessa característica, e Fishtail também é uma delas. A composição carrega a necessidade de Lana receber alguma demonstração de carinho de seu parceiro, algo que estava sendo inconsistente na relação.

Peppers é a penúltima faixa do álbum, contando com a presença do rapper canadense Tommy Genesis. O título faz referência à banda Red Hot Chili Peppers e é, basicamente, a repetição de um mesmo verso ao longo da canção inteira, acrescentando algumas outras frases ali e aqui. No entanto, é uma das poucas que fogem do ritmo tradicional e melancólico da cantora.

O disco se encerra com Taco Truck x VB, trazendo uma pegada mais positiva sobre a vida amorosa de Lana e dando a entender que ela está em um novo relacionamento. VB faz menção a Venice Bitch, uma das canções do álbum Norman Fucking Rockwell. Originalmente, a canção se chamaria ‘Bonita’, a fim de combinar com o trecho: ‘’É por isso que eles me chamam de Lanita, quando eu vou até o chão eu sou bonita’’. Independente do nome, é uma faixa envolvente e uma bela maneira de finalizar o álbum. 

Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd é, sem dúvida alguma, um álbum que divide opiniões. Para aqueles que gostam de Lana Del Rey devido à forma que ela escreve sobre o amor romântico, esse disco não possui tantas canções focadas nesse tema. Mas, mesmo assim, uma coisa é fato: independente do tema, as letras da cantora são uma forma de poesia que só ela consegue fazer. É singular. É uma de suas assinaturas. 

No entanto, aqueles que acompanham Del Rey já esperam isso dela, as letras bem construídas não são uma surpresa. Se a cantora buscava mais inovação com esse disco, teria que fazê-la na parte melódica, criando novos arranjos e saindo um pouco mais da sua zona de conforto. Bom, não foi isso que aconteceu. Apenas três músicas fogem do padrão ‘sad girl’. Para aqueles que gostam dessa fórmula que Lana domina há anos, é um bom álbum. Bem construído e bem pensado.

Por outro lado, para aqueles que não amam essa estética melancólica, o disco não se destaca, podendo ser facilmente confundido com qualquer outro trabalho da cantora. As melodias são repetitivas, e a liricidade, apesar de bem feita, não é o suficiente para prender o ouvinte e convencê-lo a ouvir o álbum mais uma vez.

Sucessos da indústria musical que irão comemorar seus aniversários em 2023

Para algumas bandas, 2023 será um ano marcante em suas carreiras. Alguns discos muito conhecidos e adorados pelos fãs celebrarão ‘’aniversários cheios’’, como The Dark Side of the Moon e In Utero. Neste ano, as bandas de rock são as principais aniversariantes. Por isso, a Frenezi separou cinco álbuns que se destacam e não podem ficar de fora das playlists.

Beatles: 60 anos de seu primeiro álbum

A banda de rock britânica, formada por John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, surgiu na cidade de Liverpool e se tornou um sucesso mundial na década de 60. No entanto, um quarteto não foi a formação inicial. Lennon e McCartney começaram como uma dupla, tocando em bares e clubes da cidade inglesa e conquistando, aos poucos, um público cativo. Até que encontraram Harrison, em 1958.

A dinâmica mudou quando o produtor musical George Martin entrou em cena e falou que o trio teria que virar um quarteto, visto que um baterista fixo precisava ser contratado. Starr foi o escolhido para assumir o posto. Não demorou muito para que o grupo lançasse seu primeiro single: Love Me Do, que atingiu o décimo sétimo lugar nas paradas de sucesso da Inglaterra. 

A banda liderou o que foi chamado de ‘’Invasão Britânica’’ na indústria musical americana, estrelando no mercado com o álbum Please Please Me e quebrando vários recordes de vendas. Mas, nos Estados Unidos, o disco recebeu um nome diferente. Na época, era comum que cada país elaborasse as capas dos CDs, a seleção das músicas e até mesmo o nome. Como consequência, os estadunidenses conheceram o disco como Introducing the Beatles,  lançado em 22 de julho de 1963 pela gravadora Vee-Jay Records.

Capa do álbum Please Please Me [Imagem: Reprodução: Parlophone]

 O disco possui 14 faixas, sete de cada lado, sendo Paul McCartney o principal compositor do álbum, escrevendo oito músicas. O sucesso foi tão grande que a Rolling Stones classificou a canção Please Please Me em #184 e I Saw Her Standing There em #130 na lista das melhores canções de todos os tempos. Além disso, o álbum de estreia é o mais vendido da história, com 52 milhões de cópias vendidas até os dias atuais.

Arctic Monkeys: 10 anos de AM

Lançado em 9 de setembro de 2013, AM foi o quinto álbum de estúdio da banda inglesa de rock Arctic Monkeys. Apenas na primeira semana de sua estreia vendeu cerca de 157 mil cópias e conquistou o primeiro lugar nas paradas de sucesso do Reino Unido e o sexto nos Estados Unidos. Este ano, o disco completará 10 anos. 

Capa do álbum AM [Imagem: Reprodução/Arctic Monkeys]

O single R U Mine foi lançado cerca de um ano antes e fez com que os fãs criassem muita expectativa. De acordo com as críticas feitas na época, Arctic Monkeys não decepcionou. Recebeu uma nota 81 de 100 no site Metacritic, após uma análise feita por 36 pessoas.

“Com inspirações de hip-hop com rock de titãs, este disco é construído sobre batidas portentosas que são obscuras e intimidadoras, ainda impiamente emocionante”, disse Simon Harper, da revista Clash, sobre o disco. 

A banda, formada no início dos anos 2000, é composta pelo vocalista Alex Turner, o baterista Matt Helders, o guitarrista Jamie Cook e o baixista Nick O’Malley. AM foi muito bem avaliado, principalmente, pelos solos de guitarra de Cook, que se destacam ao longo do álbum. A versão em vinil possui duas faixas bônus que ficaram de fora do disco: 2013 e Stop The World I Wanna Get Off With You.

Arctic Monkeys [Imagem: Reprodução/Letras]

50 anos de The Dark Side of the Moon:  

1º de março de 1973: esta foi a data que Pink Floyd escolheu para lançar a obra que definiria a carreira da banda. The Dark Side of the Moon tornou-se um sucesso mundial, vendendo mais de 60 milhões de cópias ao redor do globo e garantindo o primeiro lugar na Billboard por mais de 14 anos.  

Inicialmente, o quarteto britânico planejava que o disco trouxesse letras que tratam do cotidiano e das pressões que os músicos sofriam na indústria musical. No entanto, algumas canções como Money, Us and Them e Brain Damage mostram que outros temas também foram abordados, desde dinheiro, loucura até conflitos armados. Em entrevista para a Rolling Stones, Roger Waters, vocalista e baixista, afirmou que: ”Dark Side foi o nosso primeiro álbum que é genuinamente temático e que realmente fala sobre algo”. 

Capa de Dark Side of the Moon [Imagem: Reprodução/Pink Floyd]

O álbum foi gravado em Abbey Road, mesmo local onde Paul McCartney estava terminando de produzir Red Rose Speedway. O encontro era inevitável, assim como o featuring, por menor que tenha sido. No final da música Eclipse, de Pink Floyd, é possível escutar uma versão orquestral de Ticket To Ride, canção lançada pelos Beatles em 1965.  

O disco completa 50 anos este ano. Contudo, em 1972, os fãs tiveram um pequeno spoiler do que viria a ser considerado um dos melhores trabalhos da banda. As composições de The Dark Side of the Moon foram apresentadas, até na mesma ordem que aparecem no disco, em Brighton Dome, mais de um ano antes de seu lançamento. 

Aerosmith e Dream On:

É impossível pensar em Aerosmith sem associar ao single Dream On. A banda surgiu na cidade de Boston no início dos anos 70, trazendo uma pegada um pouco diferente: o hard rock com outros gêneros, como R&B, heavy metal e pop rock. A junção de duas bandas – Chain Reaction, do vocalista Steven Tyler e Jam Band, do guitarrista Joe Perry e do baixista Tom Hamilton – virou o que conhecemos até hoje como uma das maiores e melhores bandas de rock, que se tornou completa após a chegada de Ray Tabano e Joey Kramer.  

Dream On foi uma jogada de sorte responsável por mudar todo o futuro do grupo. A banda estava quase sendo largada pela gravadora após o fracasso de seu primeiro trabalho na indústria, até que seu produtor convenceu a Columbia Records a lançar essa canção, com a promessa de que ela faria sucesso. E realmente fez. A gravadora manteve o contrato de Aerosmith e o grupo tornou-se um dos principais clientes. No mesmo ano, a banda lançou o álbum Aerosmith.

Aerosmith [Imagem: Reprodução/Discogs]

In Utero: O último álbum de Nirvana

In Utero, lançado em 1993 pela DGC Records, foi o último álbum da banda e é considerado o testamento musical de Kurt Cobain, vocalista e guitarrista do grupo, que cometeu suicídio no ano seguinte. Por ser considerado a espinha dorsal de Nirvana, após sua morte o grupo se separou. 

Kurt Cobain  [Imagem: Reprodução/RockTime]

O disco começou a ser gravado aqui no Brasil e chocou os diretores pelo pouco tempo que levou à banda a concluir as gravações: apenas 12 dias. Em sua primeira semana de lançamento, atingiu o primeiro lugar na parada Billboard 200 e vendeu mais de 181 mil cópias. Atualmente, cerca de 15 milhões já foram vendidas. 

Serve the Servants, música que aborda os aspectos da vida de Cobain, abre a última obra da banda. O disco mescla vários ritmos ao longo de suas canções; algumas mais melódicas, como Heart-Shaped Box, e outras mais agitadas, como Very Ape. A versão americana do álbum possui 12 faixas, já as outras versões, apresentam uma faixa bônus de quase oito minutos. Mesmo de forma não intencional, Nirvana fez um belo trabalho para encerrar a trajetória do grupo. 

Capa do álbum In Utero [Imagem: Reprodução/Nirvana]

Desilusões amorosas transformadas em hits de sucesso

Nem sempre uma decepção amorosa é o fim do mundo, em certos casos, ela pode ser até positiva para um dos envolvidos. Os ícones musicais Miley Cyrus, Taylor Swift e Shakira não possuem apenas o fato de serem divas pop em comum.  Todas as três foram vítimas de uma desilusão no amor, que as levaram a extravasar esse sofrimento em forma de letras e melodias. Mas as semelhanças não param por aí. Elas e alguns outros artistas conseguiram faturar com seus relacionamentos acabados.  

Composições sobre um amor que não deu certo são mais que comuns no mundo da música, mas não é qualquer faixa que consegue garantir seu lugar no topo das plataformas digitais. No entanto, a indústria musical está cada vez mais cheia de mulheres que estão dominando o rádio, o Spotify e as redes sociais. Afinal, muitas mulheres se encontram e se identificam com a dor transmitida nessas canções, contribuindo ainda mais para seu sucesso 

Miley Cyrus

É preciso falar de Flowers de Miley Cyrus. A música foi lançada no dia 13 de janeiro como uma divulgação de Endless Summer Vacation, seu oitavo álbum produzido em estúdio. A Billboard divulgou que a nova música de Miley é a primeira a ter mais de 50 milhões de streams desde o lançamento da Olivia Rodrigo,  Drivers License, lançado em 2021. O sucesso é tanto que, pela segunda semana consecutiva, a faixa está em primeiro lugar em todas as plataformas de streaming.  

O single ganhou ainda mais força depois que os fãs entenderam que se tratava de uma resposta para seu ex-marido, o ator Liam Hemsworth, com quem se relacionou por cerca de dez anos, com várias idas e vindas. O filme A Última Música, estrelado por ambos, foi o pontapé inicial da relação. Após se apaixonarem durante as filmagens, Hemsworth pediu Miley em casamento em 2012. 

Miley Cyrus e Liam Hemsworth [Imagem: Reprodução/Hollywood Forever]

Assim como é falado em Flowers, a relação sempre foi cheia de altos e baixos. Os rumores de separação entre eles eram constantes. A cantora vem faturando com a falha desse relacionamento desde 2013, quando lançou o hit Wrecking Ball, escrito após o fim do noivado deles, confirmado em setembro do mesmo ano e que conquistou milhares de pessoas. O videoclipe possui mais de um bilhão de visualizações. O ex-casal reatou o noivado alguns anos depois e tornaram a relação oficial em 2018. Contudo, se divorciaram em janeiro de 2020.

No novo single, Miley fala sobre encontrar alegria e empoderamento após um término e faz algumas referências, nenhum pouco sutis, ao seu ex-marido. Após algumas especulações feitas por fã clubes, a letra ganhou um novo significado, em que Cyrus parece ter envolvido When I Was Your Man, de Bruno Mars – música que seu ex dedicou à ela alguns anos atrás. Nesta canção, Mars demonstra arrependimento de suas atitudes e menciona coisas que deveria ter feito para valorizar a relação, como comprar flores, segurar a mão de sua amada e levá-la para dançar.  

Porém, indo ao encontro dessa pegada de se empoderar cada vez mais, Miley rebate todas essas ações falando que pode fazer tudo isso sozinha e para si mesma.  

”Eu posso comprar flores para mim mesma. Escrever meu nome na areia. Falar comigo mesma por horas. Dizer coisas que você não entende. Eu posso me levar para dançar. E posso segurar minha própria mão. Sim, eu posso me amar melhor do que você pode”, escreveu a cantora. 

Shakira

A rainha colombiana anunciou no meio do ano de 2022 que estava se separando do ex-jogador de futebol Gerard Piqué. O motivo do término? Traição. A história seria cômica se não fosse trágica. Shakira desconfiou que estava sendo traída após perceber que uma geleia que, na época, seu marido não gostava, aparecia comida mesmo quando ela estava fora.

De acordo com  o Page Six, a cantora teria descoberto e ficado devastada com o fato de que a atual namorada de seu ex, Clara Chía, frequentava sua casa desde 2021. Como consequência disso, surgiu a música Bzrp Music Sessions #53, parceria com o DJ e produtor argentino Bizarrap. Lançada no dia 11 de janeiro deste ano, a letra chamou atenção por não ter rodeios. É uma canção feita para passar uma mensagem:

”Você achou que me machucou e eu fiquei mais forte. As mulheres não choram mais, as mulheres faturam” , escreveu a cantora

A faixa atingiu mais de 60 milhões de visualizações no Youtube em 24h, tornando-se a nova música latina mais assistida na plataforma. Uma canção cheia de indiretas que não perdoou ninguém; nem Piqué, nem Chía. A cantora afirma que o ex-jogador trocou uma Ferrari por um Twingo – carro popular da Renault. Além de deixar claro que vale duas garotas de 22 anos, idade de Clara. Sobrou até para a antiga sogra, que também foi mencionada na canção. A colombiana permanece na playlist Today’s Top Hits do Spotify desde que lançou essa bomba. 

Taylor Swift 

É impossível falar sobre esse assunto sem mencionar a loirinha. É ainda mais impossível citar todas as músicas que a americana fez e que se tornaram um sucesso após o fim de um namoro. No entanto, têm algumas que não poderiam ficar de fora dessa lista.  

No final de 2021, Taylor lançou a regravação do álbum Red e algumas músicas novas foram escritas quando o disco estava sendo produzido pela primeira vez. Entre elas, All Too Well (10 minute version) (Taylor’s version) se tornou, facilmente, a mais querida de todas. Escrita em 2011, logo após o rompimento, a cantora fala sobre um término doloroso com um parceiro que era mais velho que ela, e, inclusive, citou esse fato para justificar a separação dos dois.

 Não demorou para que os fãs clubes de Taylor associassem os versos ao ex-namorado Jake Gyllenhaal. Além de escrever esse hit, Swift ainda dirigiu o videoclipe da música, estrelado por Sadie Sink e Dylan O’brien, o curta teve mais de 80 milhões de visualizações. The Last Time também foi dedicada para o ator. 

Não é muito difícil associar Dear John a John Mayer, um relacionamento que terminou há mais de 10 anos, mas que foi trazido de volta no novo álbum Midnights. A faixa Would’ve, Could’ve, Should’ve também se refere ao cantor. Em ambas as letras, Taylor aponta a diferença de idade entre eles – 13 anos – e cita: ”Você não acha que eu era muito nova para você mexer comigo?” na quinta música de Speak Now, lançada em 2010. 

A última música escolhida para entrar nesse combo épico de indiretas é Style. Uma outra faixa que também entrega a pessoa que inspirou a letra logo em seu nome: o ex-participante da banda britânica Harry Styles. Ao longo da canção, a cantora menciona que o astro estava saindo com outras pessoas enquanto eles estavam juntos, mas, Style traz um ar mais maduro de Taylor, visto que ela admite que não pode culpá-lo, pois fez o mesmo.  

Taylor Swift e Harry Styles [Imagem: Reprodução/O Globo]

Selena Gomez

Selena Gomez e Justin Bieber. Uma das relações mais comentadas no mundo da indústria musical. Ao longo da extensa história amorosa deles, que durou de 2010 até 2018 – com algumas idas e vindas – diversas músicas foram feitas, tanto por Bieber quanto por Gomez, como os hits Sorry e The Heart Wants What He Wants. 

Selena Gomez e Justin Bieber [Imagem: Reprodução/O Globo]

Mas, a escolhida de hoje é Lose You To Love Me, que ficou em primeiro lugar no Billboard Hot 100 em 2019. Essa canção marcou o ponto final de sua relação com o canadense. No documentário Selena Gomez: My Mind & Me, a cantora conta que essa foi a música mais rápida que ela já escreveu. ”Escrevemos em 45 minutos. É mais do que apenas amor. É sobre eu aprender a me escolher, escolher a vida. A música é sobre saber que você se perdeu totalmente, apenas para se redescobrir novamente”, disse.

Alguns fãs do antigo casal acreditam que a letra foi uma forma que a cantora encontrou de dizer adeus para o seu antigo amor, que um tempo depois se casou no mesmo ano com a modelo Hailey Baldwin. 

”Eu me entreguei por inteiro e todo mundo sabe. Você me destruiu e agora dá pra ver. Em dois meses, você nos substituiu como se fosse fácil. Me fez pensar que eu merecia logo quando comecei a melhorar. Nós sempre agimos cegamente. Eu precisei te perder para me encontrar. Esta dança estava me matando lentamente. Eu precisei te odiar para me amar”, escreveu Gomez em Lose You To Love Me. 

A nova geração:  

As canções feitas para tentar curar um coração partido são cada vez mais comuns. Desde o início de 2021, algumas figuras femininas vêm se destacando na área, como Olivia Rodrigo. Sour foi o primeiro álbum lançado pela cantora e que conseguiu garantir algumas premiações de prestígio na indústria musical, como: Melhor Álbum na Billboard 200, Melhor Álbum Pop no Grammy Awards e Álbum do Ano no People Choice Awards. 

Olívia se tornou um fenômeno, principalmente entre as adolescentes, devido sua capacidade de conseguir retratar os sentimentos de uma desilusão amorosa de forma tão singular. 

Olivia Rodrigo após Grammy Awards [Imagem: Reprodução/CNN]

Gracie Abrams é outro nome que cresce cada vez mais. Com apenas 23 anos, a cantora já lançou seu primeiro EP – This Is What It Feels Like – e abrirá alguns shows de Taylor Swift em sua nova turnê , The Eras Tour. O single I miss you, I’m sorry foi o responsável por impulsionar a carreira de Gracie. Com uma mistura de melancolia e vulnerabilidade, possui mais de 127 milhões de streams no Spotify.

Como bem disse Shakira em seu novo hit, as mulheres não choram mais, elas faturam. Nem sempre um relacionamento que não deu certo no quesito amoroso significa um fracasso total. 

É muito  significativo ver um sentimento negativo – seja ele raiva, rancor ou tristeza – ser transformado em arte. É ainda melhor saber que, cada vez mais, as mulheres estão dominando um espaço que, por muito tempo, foi ocupado, predominantemente, por figuras masculinas. A expressão de seus sentimentos por meio da música passou a ser valorizada, ao invés de invalidada.

Rush!: glam rock, críticas sociais e muitas músicas para se dançar

Nesta última sexta-feira (20), a banda italiana de glam rock Måneskin lançou seu terceiro álbum Rush!. Formada em 2016 na cidade de Roma, o grupo conta com quatro integrantes: o vocalista Damiano David, o baterista Ethan Torchio, a baixista Victoria De Angelis e o guitarrista Thomas Raggi. O nome Måneskin vem do dinamarquês e significa “luz da lua’’. A banda decolou após sua vitória no 2021’s Eurovision Song Contest.

‘’Nesse álbum, tentamos experimentar mais e ir em diferentes direções. Cada um de nós tem diferentes personalidades e gostos pessoais. Tentamos explorar isso ao invés de ficarmos apenas em um lugar’’, disse Victoria De Angelis para Esquire.

Capa de Rush! [Imagem: Reprodução:Spotify]

O novo disco conta com 17 faixas e diferentemente dos outros dois álbuns da banda, Teatro d’ira e Il ballo della vita,  Rush! fugiu do costume do grupo italiano e tem a maioria de suas músicas em inglês, contando com a participação de Sly, Captain Cuts, Max Martin em sua produção. De acordo com o grupo, o álbum foi inspirado na banda britânica de rock alternativo Radiohead e em críticas sociais. 

A primeira faixa do álbum é OWN MY MIND, onde os fãs já puderam ter uma noção do que estava por vir. A música foge um pouco do padrão do grupo e explora mais o techno world, perfeita para dançar. Em seguida, GOSSIP não decepciona. Com a participação do guitarrista Tom Morello, foi lançada no dia 13 de janeiro como uma prévia do álbum e faz uma crítica ao American Dream das celebridades, que, segundo eles, se baseia em: fofocas, bebidas, falsidade e cirurgias plásticas. Algo supérfluo, que as pessoas só descobrem quando entram nesse meio.

TIMEZONE é a terceira faixa de Rush!. A letra foi escrita por Damiano como uma carta direta de amor. O ritmo vai ao encontro com a emoção da letra, começando com algo suave e terminando com raiva e desespero. BLA BLA BLA é perfeita para aqueles que acabaram de sair de um relacionamento. A música retrata uma relação totalmente tóxica, mas com tons de ironia e provocação. 

BABY SAID, vem em seguida misturando vários ritmos e abordando algo muito comum. O flerte. Damiano fala sobre aquele sentimento de conhecer alguém que te faz querer ter algo mais sério apenas para depois levar um balde de água fria na cabeça, pois a pessoa não queria nada além de algo casual. Quem nunca passou por isso, né! A sexta faixa é GASOLINE, uma música que muitos fãs da banda já conheciam, afinal ela já havia sido tocada nos últimos shows que eles fizeram, trazendo uma pegada bem rock ‘n roll e abusando da bateria.  

Seguimos com FEEL, uma canção que, de acordo com as explicações que o grupo forneceu ao Spotify no dia do lançamento, as palavras desta canção são usadas exclusivamente para fins sonoros e como uma experiência, sem nenhum significado. Uma coisa é fato, essa foi uma experiência que deu certo.  

DON’T WANNA SLEEP é a oitava música, com um forte contraste: uma letra que fala sobre solidão e uma melodia que te faz querer sair da cama e dançar. A necessidade de escapar da realidade e o excesso de pensamentos que os impedem de dormir são o foco dessa faixa. 

Continuamos com KOOL KIDS, uma das primeiras canções que a banda escreveu após ganhar o Eurovision. “O que te faz ser legal ou não? Até que ponto isso importa?” Esses são os questionamentos centrais da música. As fortes críticas que Måneskin recebeu após o prêmio, como as que desmereceram sua vitória, foi o que motivou o grupo a criar essa faixa. No entanto, o fato que mais chama atenção é que Damiano gravou essa faixa completamente bêbado. 

IF NOT FOR YOU é aquela que se você quiser chorar, é ela! Fugindo totalmente do ritmo tradicional, a banda apostou em uma música lenta e melancólica completamente diferente de todas as outras 16 canções de Rush!. A bateria e o baixo foram deixados de lado e o foco ficou apenas na voz anasalada de Damiano e na guitarra de Thomas Raggi. 

READ YOUR DIARY é uma canção um tanto peculiar. Quando misturados os sentimentos de obsessão e loucura, obtém-se a letra da décima primeira música. A banda trouxe uma canção que aborda a visão de uma pessoa que age de maneiras bizarras quando está obcecado por alguém. 

O disco segue com MARK CHAPMAN, a primeira música em italiano do álbum. Seguindo a mesma linha da faixa anterior, em que também se fala sobre obsessão, mais especificamente entre um stalker e sua musa. É a canção com o ritmo mais rápido da banda, com cerca de 178 bpm (batidas por minuto).

A próxima faixa também é em italiano e tem um tom mais agressivo. LA FINE retrata as preocupações da banda com a situação de seu país no que tange à direção política que a Itália está indo: a extrema-direita. A ascensão de Giorgia Meloni trouxe esse medo devido os valores mais tradicionais que a premiê apoia e suas críticas à comunidade LGBTQIA +. O governo é formado pela coalizão de outros dois líderes de direita. 

IL DONO DELLA VITA foi a primeira música escrita para o disco. Cantada no idioma materno de Måneskin, a melodia é mais calma, mas igualmente bela, falando sobre a exaltação da alegria e reforçando a necessidade de valorizarmos as coisas simples da vida. 

MAMMAMIA é aquela música para você ouvir no máximo enquanto dirige por aí. Trazendo a clássica combinação de bateria e instrumentos de corda, a banda acertou mais uma vez no quesito de fazer uma música que não sai da cabeça. Não é atoa que a faixa continua sendo ouvida mesmo tendo sido lançada há um ano atrás. Seu videoclipe atingiu mais de 34 milhões de visualizações. Sabe quando você está fazendo algo super bacana, mas alguém insiste em menosprezar seu trabalho? Pois é, é exatamente sobre isso que essa faixa fala. 

A penúltima faixa, lançada em maio de 2022 , SUPERMODEL foi escrita após o grupo ter passado alguns meses em Los Angeles e ficarem intrigados com a concepção do conceito de ‘’celebridade’’. A personagem retratada na canção parece ser super legal, quase a própria definição de it girl, mas na verdade, luta contra vícios, solidão e depressão. 

Por fim, a última faixa de Rush! é THE LONELIEST. O single, lançado em 7 de outubro de 2022, permanece no Today´s Top Hits do Spotify até o início de janeiro. Uma música com uma pegada melancólica dos anos 90, simbolizando uma despedida por si só e mesclando uma carta de amor, de adeus e um testamento em seus 4 minutos e 7 segundos. Funcionando como uma espécie de catarse – liberação de emoções ou tensões reprimidas – para a banda e para aqueles que estão tentando superar a solidão e a falta de uma pessoa querida. 

Com esse terceiro álbum, Måneskin vem conquistando cada vez mais pessoas ao longo dos anos. Rush! mostrou que o grupo entende do que está fazendo e que pode ser versátil, mas sem abandonar suas origens italianas e do glam rock. Mostrando para as novas gerações que o rock ‘n roll não ficou apenas no século XX. 

Um álbum relativamente longo, com cerca de 52 minutos de duração, mas que contém desde músicas que te fazem querer chorar até aquelas impossíveis de ficar parado, tanto por conta de seus ritmos quanto pelo liricismo. É visível que houve um certo cuidado para que Rush! tivesse um pouco da cara de cada um dos integrantes, principalmente no que tange às letras das faixas do disco.  

O álbum, mesmo tendo sido produzido em solo estadunidense, na cidade de Los Angeles, não tentou se encaixar no padrão massificado da indústria musical, muito pelo contrário, trouxe autenticidade. Tentar restringir o álbum em apenas um gênero é praticamente impossível, mas uma coisa é certa: esse pode ter sido um dos melhores trabalhos de Måneskin até agora.

A volta da era Sad Girl na indústria musical

Quem nunca, em algum momento de sua vida, foi atrás de uma música triste para escutar enquanto passa por uma situação triste e complicada? O estilo musical Sad Girl tem como público alvo esses tipos de pessoas; aquelas que recorrem às letras melódicas como uma forma de lidar com o sofrimento ou, em alguns casos, até chorar ainda mais durante os três ou quatro minutos daquela canção.  

Seja qual for o intuito da pessoa ao ouvir esse gênero musical, a indústria que promove esse tipo de música vem crescendo com uma força absurda, trazendo consigo alguns nomes populares como Billie Eilish, Lana Del Rey e Olívia Rodrigo. O que as três têm em comum? Todas fazem músicas cativantes com que muitos conseguem se identificar. 

Existe um certo prazer, mesmo em tempos de sofrimento, em encontrar aquela música que se encaixa com tudo aquilo que está sendo sentido. 

 [Imagem: Reprodução/Jillions]

No entanto, esse estilo Sad Girl não é exatamente algo novo. Os anos 90 foram importantes para que muitas mulheres, muitas vezes excluídas, emergissem na indústria musical. Fiona Apple com seu álbum Tidal foi um grande sucesso pelo mundo. A jornalista Rebecca Haithcoat afirmou em matéria escrita para a Spin que se sentia melhor quando via que: ” não era apenas eu que se apaixonava por caras idiotas, se sentia triste, não gostava do seu corpo, e não era perfeita” . 

Fiona tinha apenas 18 anos quando suas músicas estouraram. Ou seja, a cantora estava naquela fase em que decepções amorosas da adolescência são constantes. Esses acontecimentos misturados à uma capacidade magnífica de escrever e cantar foram a receita perfeita para o seu sucesso. Muitas garotas com os corações partidos conseguiam sentir tudo aquilo que a Apple cantava. 

Fiona Apple [Imagem: Reprodução/ Célula Pop]

Atualmente, quando se fala desse estilo musical, é impossível não lembrar de Lana Del Rey. A cantora e compositora americana está há mais de 10 anos produzindo músicas melancólicas de sucesso. Suas canções trazem aspectos da década de 1940 de Hollywood, além de se inspirar  em grandes artistas como Elvis Presley, Janis Joplin e Amy Winehouse. E como consequência de sua genialidade, Del Rey carrega consigo quatro Grammys

Video Games e Blue Jeans foram as duas responsáveis por realmente lançar Lana na indústria musical, iniciando uma nova fase do pop americano. A cantora conseguiu, de forma inigualável, mesclar decepções amorosas com outros assuntos mundanos, como inseguranças pessoais.  

”Você ainda me amará mesmo quando eu não for mais jovem e bela? Você ainda me amará mesmo quando tudo o que eu tiver for uma alma envelhecida?”, escreveu a cantora em Young and Beautiful.  

Outro feito de destaque de Del Rey é conseguir misturar, de forma harmônica, gêneros como o melancólico com o hip hop. Em entrevista cedida à Pitchfork, Lana contou que no início de sua carreira, suas músicas foram muito rejeitadas por gravadoras, pelo fato de não se encaixarem no padrão massificado do pop. Contudo, atualmente, é considerada por seus fãs uma das maiores artistas americanas, com mais de 110 canções lançadas.  

Lana Del Rey [Imagem: Reprodução/ Wikimedia Commons]

No final de 2021, falou-se ainda mais desse estilo após o lançamento do álbum de Adele e Taylor Swift, 30 e Red (Taylor’s Version) respectivamente. Ambos trazem músicas que expressam decepções amorosas de forma singular. Taylor traz a visão de uma jovem de 21 anos (idade que a cantora tinha quando gravou o álbum pela primeira vez) com coração partido e Adele, uma visão mais amadurecida do tema.  

Mesmo que o Sad Girl Pop não seja algo novo, a forma como milhares de pessoas estão se apegando a esse tipo de música é. A indústria cresceu de forma significativa após a chegada de Billie Eilish no mercado. Billie, assim como Fiona Apple, era apenas uma adolescente quando estourou mundialmente. Mas Billie tinha algo que a Apple ainda não tinha: milhares de plataformas de streaming que possibilitam que suas músicas sejam ouvidas em, praticamente, qualquer lugar do mundo.

É quase impossível atribuir quem foi a criadora do estilo Sad Girl, mas uma coisa é fato: Billie Eilish é uma das maiores propagadoras desse tipo de música nessa geração. Em seu primeiro Grammy, a cantora fez história. Conquistou cinco troféus, se tornando uma das artistas mais jovens, e a primeira mulher a conseguir tal feito.

  Billie Eilish no Grammy Awards [Imagem: Reprodução/Vogue Magazine]

Uma parte do grande sucesso das músicas Sad Girl se deve ao fato de que há forte identificação por parte do público com as letras tristes, que trazem a verdade nua e de forma direta; sem floreios, sem eufemismos. A música, arte criada há milhares de anos atrás, foi feita com o propósito de trazer alegria e diversão. Talvez essa ruptura com o intuito original da musicalidade seja outro grande atrativo para os ouvintes. Ou talvez cantar esse tipo de música seja apenas uma forma de catarse.

Com origem grega – kátharsis – o termo significa purificação do espírito humano; é um método de expulsão. Nesse caso, às vezes os ouvintes só estão buscando expulsar todo o sentimento que estão sentindo para fora de si mesmos.

No entanto, não é necessário que a pessoa esteja sofrendo para gostar e ouvir esse tipo de música. Afinal, se elas são tão boas assim, a tendência é que muitos passem a conhecê-las gostem cada vez mais. Por isso, a Frenezi preparou uma playlist incrível, Sad Girl – Frenezi Style, para os amantes da melancolia que trazem as músicas nessa vibe Sad Girl, para que ela possa ser escutada no carro, no banho, na cama… onde a vontade de ouvir e cantar surgir. 

A realidade fora dos palcos: vícios, ansiedade e depressão

No início deste mês de setembro, o Rio de Janeiro recebeu mais uma edição de um dos festivais mais famosos no mundo da música: o Rock In Rio. Dentre os artistas cotados para as apresentações no palco mundo, Justin Bieber e Demi Lovato se destacaram. Não apenas pelo fato de suas performances terem sido impecáveis e cheias de talento, mas também por conta do que aconteceu depois destas.

Ambos os cantores se manifestaram em suas redes sociais falando sobre exaustão física e mental e como isso afetaria suas respectivas turnês. Bieber optou por cancelar os próximos shows e Demi afirmou que essa seria sua última. 

O tema saúde mental é algo que passou a ser muito debatido ao longo dos últimos anos, principalmente na indústria musical. Em 2019, uma distribuidora digital sueca chamada Record Union fez um estudo e concluiu que dentre os 1500 músicos analisados, 73% destes possuem algum tipo de doença mental, principalmente na faixa etária dos 18 aos 25 anos. 

As doenças mais comuns são: ansiedade e depressão. Transtornos que afetam tanto Bieber quanto Demi. Dentro da pesquisa, apenas 19% afirmou ter procurado um tratamento adequado, enquanto 50% admitiu se automedicar, abusando de remédios, álcool e de drogas, lícitas ou não.

 O astro canadense e a ex-estrela da Disney estão longe de serem os únicos afetados pelas pressões da carreira e os dramas que os cercam. Artistas como Sabrina Carpenter e Joshua Bassett são atacados em suas redes sociais constantemente desde o início de 2021, após polêmica envolvendo um triângulo amoroso; fator determinante para suas saúdes mentais. 

Justin Bieber: pausa em Justice Tour por questões de saúde

O astro canadense, em seu documentário Justin Bieber: Next Chapter falou abertamente sobre os problemas que ele enfrenta com sua saúde mental. Em 2020, o cantor revelou que ao longo de sua adolescência chegou a ter pensamentos suicidas por conta de toda pressão e do bullying que estava sofrendo.

Recentemente diagnosticado com a síndrome de Ramsay Hunt, doença responsável por causar paralisia facial e perda auditiva, Justin decidiu dar uma pausa em sua agenda lotada de shows, a fim de se concentrar nos tratamentos da síndrome para melhorar o mais rápido possível. Uma atitude que ao mesmo tempo foi muito compreendida pelo seu público, também foi altamente criticada. 

Após uma melhora significativa, Bieber retomou a Justice Tour e inclusive realizou o sonho de muitas beliebers – fãs do astro – vindo  ao Brasil, no início deste mês. O artista entregou um show espetacular na edição do Rock in Rio de 2022, performando por mais de 1h com uma setlist de 22 músicas. No entanto, os fãs perceberam o cansaço que o cantor apresentou ao longo de sua apresentação. Justin estava visivelmente abalado. 

Justin Bieber no Rock in Rio [Imagem: Reprodução/Instagram]

Após sua apresentação no Rio de Janeiro, o cantor confirmou o que a mídia já estava especulando. A Justice Tour estaria sendo suspensa mais uma vez. Os shows que aconteceriam na capital paulista nos dias 14 e 15 de setembro foram cancelados. Bieber, em seu Instagram, se desculpou e agradeceu o apoio de seus fãs.

Comunicado oficial da Time for Fun [Imagem: Reprodução/Twitter]

No entanto, nem todo mundo entendeu a decisão tomada pelo astro. Mais uma vez ele foi considerado como mimado e egoísta por, pasmem, priorizar sua saúde física e mental. Infelizmente, enquanto alguns torcem para que Justin Bieber fique bem, outros simplesmente não compreendem como ele pode agir dessa forma. Colocando o cantor em um patamar muito elevado, esquecendo-se de algo fundamental: Justin Bieber também é humano. 

Demi Lovato: uma jornada de vícios e depressão

Demi Lovato, após uma série de shows pelo mundo, anunciou em seu Instagram nesta última terça-feira (13) que está muito doente e que não consegue mais seguir com a carreira. “Essa próxima turnê será minha última, eu amo vocês e muito obrigada”, disse a cantora. A data prevista para o fim da Holy Fvck Tour é dia 6 de novembro deste ano.

A cantora americana Demi Lovato, em entrevista fornecida à Variety, contou sobre seu documentário Dancing with the Devil, que aborda a sua luta pela preservação de sua saúde mental e contra o vício. “Há dois anos enfrentei o momento mais difícil da minha vida e agora estou pronta para compartilhar minha história com o mundo inteiro. Pela primeira vez vocês poderão ver o meu ponto de vista sobre minha história de luta e cura. Sou grata por ter conseguido encarar meu passado e finalmente compartilhar minha jornada com o mundo”, declarou à revista.

A jornada de Lovato com transtornos em sua saúde mental começou quando a cantora trabalhava para o Disney Channel, em 2010. Além de lidar com a constante busca pela “perfeição”, lidava também com a bipolaridade. A artista foi afastada para um tratamento em Illinois para cuidar de sua bulimia, colapsos nervosos, automutilação e dependência de álcool e cocaína.
Demi contou, também, que quando mais nova chegou inclusive a performar embriagada e sob o efeito de drogas. Uma de suas apresentações mais elogiadas do single Give Your Heart A Break, no programa American Idol, a cantora estava totalmente fora de si. Ao longo desse período difícil, ela foi alvo de muitos ataques e críticas da mídia. Comentários de que a cantora “havia chegado no fundo do poço” foram recorrentes; fator que só contribui para a piora de seu estado.

Sabrina Carpenter e Joshua Basset após Drivers License

No ano passado, a cantora Sabrina Carpenter foi envolvida em escândalos amorosos juntamente com seu ex-namorado, Joshua Basset, e Olivia Rodrigo, que também namorou o cantor e ator em 2020. Os rumores de que Sabrina havia sido a responsável pelo rompimento do casal circularam por toda internet após o single drivers license, lançado por Rodrigo em janeiro de 2021.  

Na música, Olivia menciona que uma loira teria sido quem os afastou; os fãs logo concluíram que se tratava de Sabrina, uma vez que a cantora tinha sido vista com Basset várias vezes, inclusive em suas redes sociais. Com isso, Sabrina se tornou alvo de inúmeros ataques, além de ter sofrido ameaças de morte. A cantora, em entrevistas, falou que esses hates excessivos foram péssimos para sua saúde mental. Joshua, que também sofreu com muitos ataques, optou por não responder à cantora diretamente e pediu que seus fãs não jogassem hate em ninguém

Tanto Carpenter quanto Bassett compartilharam seus sentimentos por meio da música. Sabrina lançou o singleSkin”, que pode ser entendida como uma resposta direta à Olivia, levando em conta que a cantora menciona em sua canção: “Talvez loira tenha sido a única rima”. Fazendo alusão à drivers license

 ”Minhas músicas são um reflexo do que está acontecendo na minha vida. Gostaria que refletisse a força que pode ser encontrada em momentos difíceis”, disse Carpenter em entrevista à People Magazine 

Joshua lançou Lie, Lie, Lie e Crisis; ambas sobre todo o drama em que ele foi envolvido publicamente. ”Minha mãe me ligou, porque ouviu que estou recebendo ameaças de morte. Não sei que diabos devo fazer com isso. Gostaria de poder abrir meus olhos e esse pesadelo ter acabado. Mas você sensacionalizou e continua jogando lenha na fogueira”, escreveu Joshua Basset em Crisis.

Uma coisa é fato: pessoas públicas estão mais sujeitas a críticas e pressões externas do que qualquer um; e os cantores não são diferentes. Os cuidados com a saúde mental são essenciais para que os artistas consigam seguir na indústria musical. Felizmente, essa questão está cada vez mais sendo abordada pela mídia, e doenças como depressão estão parando de ser consideradas um tabu.

Quanto mais se fala sobre o assunto, mais informadas ficam as pessoas. Consequentemente, torna-se mais fácil procurar um tratamento. Esses são apenas  alguns, dos milhares de cantores, que convivem com transtornos em suas saúdes mentais. Cabe ao público compreender e respeitar que eles terem suas vidas publicizadas, não anula o fato que também passam por problemas como qualquer um.

A relação conturbada entre alguns cantores e seus empresários fora dos palcos: um universo de abusos e traições 

Por trás de grandes estrelas musicais, existem bons empresários, ou pelo menos é isso que se imagina. No entanto, nem sempre a premissa é verdadeira. Ícones musicais, como Elvis Presley e Britney Spears, não possuem em comum somente um talento inquestionável, ambos são apenas alguns exemplos de artistas que foram enganados por aqueles que, em tese, deveriam facilitar suas vidas e ajudar a lidar, da melhor forma possível, com suas carreiras.  

Os crimes cometidos por esses empresários vão desde abusos psicológicos, até roubo de uma parte significativa da fortuna de seus clientes. Talvez seja a ganância que os motive a agir de forma antiética e trair a confiança de seus artistas, mas às vezes, é apenas uma falta de caráter enraizada nesses indivíduos. 

Claro que não se pode atribuir, exclusivamente, os transtornos mentais de inúmeros famosos à indústria musical. Contudo, a garantia do bem-estar e a saúde deles, que deveriam ser o foco principal de seus empresários e gravadoras, são substituídos pela busca incessante do lucro e a produção massiva de obra-prima.  

Elvis Presley: a estrela que foi enganada desde o início  

A estreia do filme Elvis, protagonizado por Austin Butler, contou sobre a trajetória musical de Elvis Presley durante sua vida. A obra cinematográfica abordou, também, a relação dele com Tom Parker, interpretado por Tom Hanks, e como esse tirou proveito do artista ao longo dos anos

1955: Elvis Presley is taken over by manager Col.... | Sutori

                 Elvis Presley e seu empresário Tom Parker [Imagem: Reprodução/Sutori]

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O Rei do Rock é mais uma das inúmeras vítimas que tiveram suas carreiras sabotadas por conta do mau caráter de seu empresário. Em 1955, quando Elvis tinha apenas 20 anos e estava no início de sua carreira, seu caminho se cruzou com o de Tom, que viu no talento do cantor uma possibilidade de lucrar. Afinal, a voz de Presley era algo que não se via na indústria musical da época. 

No mesmo ano, Coronel Parker foi o responsável por conseguir fechar um contrato com a gravadora RCA Victor para Elvis, o que garantiu seu primeiro grande cachê após lançar o single Heartbreak Hotel, faturando cerca de 40 mil dólares.  Contudo, o rei não desfrutou plenamente de todo dinheiro que ele conquistou, afinal Tom achou conveniente abocanhar uma quantidade significativa do pagamento de seu cliente, sem avisá-lo, obviamente. 

                      Capa do single Heartbreak Hotel [Imagem: Reprodução/ ElvisRecords]

Ao longo dos anos, a fama de Elvis foi apenas crescendo. Em 1956, decidiu expandir sua carreira para a indústria cinematográfica e fez sua estreia brilhante no filme hollywoodiano Love Me Tender, uma obra que misturava o faroeste com um romance musical. Seu carisma aliado ao seu talento e sua beleza inigualável, foram a receita para que a fama de Presley rompesse fronteiras e se espalhasse mundialmente. 

               Poster do filme estrelado por Presley [Imagem: Reprodução/ Blog Dudu Hamilton]

Ao mesmo tempo que ele se tornava cada vez mais famoso, seu empresário o roubava cada vez mais. O cantor, aclamado internacionalmente, se apresentou fora dos Estados Unidos apenas três vezes. Isso era uma constante fonte de atrito entre ele e o Coronel, visto que turnês internacionais com a possibilidade de lucro de milhões de dólares eram frequentemente vetadas por Tom. 

Apenas anos depois, descobriram que Tom Parker não passava de uma identidade falsa criada pelo empresário, que imigrou ilegalmente da Holanda para os Estados Unidos. Andreas Cornelis – seu verdadeiro nome – não podia mais sair do país sem o risco de ser deportado, o que o impedia de ir em turnês internacionais de seu cliente.  

Parker foi o empresário de Elvis até a morte do artista em 1977. Alguns anos depois, ele foi alvo de processos e investigações que alegavam que havia se aproveitado financeiramente do artista. No final das contas, a justiça americana determinou que ele não teria os direitos legais sobre as obras do cantor. Em 1997, o ex-empresário foi vítima de um derrame cerebral onde ele não resistiu. 

A PRISÃO DE BRITNEY: VÍTIMA DO PRÓPRIO PAI 

A diva pop norte-americana Britney Spears, após um período turbulento durante sua carreira, teve por uma decisão judicial, desde suas finanças, avaliadas em 60 milhões de dólares na época, até as decisões dos mínimos detalhes de sua vida, entregues ao seu pai Jamie Spears, em 2008. A justificativa concedida pelas autoridades, foi que a artista estava passando por sérios transtornos mentais e era incapaz de agir de maneira segura consigo mesma e com aqueles que a rodeavam. 

                                   Britney Spears [Imagem: Reprodução/Slant Magazine]

Nos últimos anos, a cantora decidiu expor ao mundo os abusos com que conviveu por 13 anos. Os depoimentos são ainda mais fortes quando o fato de que seu próprio pai e o empresário Larry Rudolph, foram os responsáveis por cometê-los. As imposições feitas por Jamie e Rudolph, eram absurdas e iam de encontro com seus direitos básicos. Britney, ao longo de entrevistas, contou que foi forçada a tomar remédios psiquiátricos lítios contra sua vontade, além de ter tido seu corpo controlado por uma figura masculina inúmeras vezes. “Meu pai me proibiu de casar com meu namorado Sam e quando eu disse que queria remover o meu DIU para tentar ter outro filho isso também foi vetado”, disse.  

                      Britney Spears e Jamie Spears [Imagem: Reprodução/BBC News]

Por muito tempo, Britney Spears foi considerada uma mulher louca e incapaz de tomar suas próprias decisões. Claro que, em uma sociedade patriarcal e enraizada com estereótipos machistas, esse tipo de discurso é aceito facilmente por muitos. Afinal, é muito menos trabalhoso apenas colocá-la no quadro da loucura, do que buscar entender o que a levou a agir daquela maneira e tentar ajudá-la da forma correta, algo que seu pai foi incapaz de fazer.  

“Eles viam eu me trocar todos os dias, de manhã, à tarde e à noite. Eu não tinha uma porta que me desse privacidade no meu quarto… Eu não estou mentindo. Eu só quero a minha vida de volta. Já se passaram 13 anos, então chega. Já faz muito tempo desde que eu ganho meu próprio dinheiro. É meu desejo e meu sonho que isso tudo acabe sem que tenha que passar por testes. Estou com tanta raiva que é loucura. Eu mereço ter uma vida. Eu me sinto presa, me sinto intimidada e eu sinto que me deixaram de fora de tudo”, declarou Britney em entrevista à Verity

O documentário Framing Britney, produzido pelo The New York Times, trouxe à tona um pouco mais sobre a vida da cantora durante todos os anos de tutela indesejada e a misoginia instaurada no cerne da mídia mundial. Após sua estreia, o movimento #FreeBritney ganhou ainda mais força. A obra audiovisual expõe um lado da artista que os veículos de informação, convenientemente, optaram por não mostrar. O lado da mulher forte e independente, que se recusa a abaixar a cabeça para qualquer um, mesmo que essa pessoa seja seu pai. No final das contas, após muitos julgamentos, Britney conseguiu sua liberdade. A diva pop agora possui controle sobre suas finanças, e o mais importante, sobre si mesma. 

         Protestos pedindo pela liberdade da cantora [Imagem: Reprodução/Persona]

Não é apenas o luxo e o glamour que cercam as estrelas musicais. O estresse também é fator constante em suas vidas, o que piora quando ele é causado por empresários. Em 2019, Taylor Swift também foi vítima de um. Nesse caso, não o seu empresário, mas Scooter Braun, empresário de famosos como Justin Bieber e Ariana Grande, que comprou a gravadora Big Machine Label Group por cerca de 300 milhões de dólares, e como consequência dessa compra, adquiriu os diretos sobre todas as músicas da cantora pop até o álbum Reputation. 

Ariana Grande e Scooter Braun, o empresário que adquiriu os direitos das masters de Taylor Swift [Imagem: Reprodução/Instagram]

 Taylor ficou irritada, e com razão, com o fato de que ela não foi comunicada sobre a venda da primeira gravadora com que assinou contrato e com isso, não teve a oportunidade de comprar os direitos das masters de suas músicas de volta. “Ele sabia o que estava fazendo, os dois sabiam. Controlando uma mulher que não queria ser associada com eles. De modo perpétuo. Isso quer dizer para sempre”, afirma Taylor em depoimento publicado em suas redes sociais.

Além disso, a cantora ainda declarou que A mensagem que estão enviando a mim é bem clara. Basicamente, seja uma boa menina e cale a boca. Ou você será punida. Isso é ERRADO. Nenhum desses homens sequer se envolveu na composição dessas músicas”, acrescentou a cantora. 

Ela optou por não se incomodar com o papel de descontrolada que lhe foi imposto em meio a todas essas polêmicas. Taylor Swift, em uma jogada de mestre, decidiu que gravaria todos seus álbuns novamente e os lançaria com a gravadora Republic Records. A diferença é que dessa vez, os nomes das músicas são acompanhados por (Taylor´s Version), uma simples marca, mas que indica que a cantora possui todos os direitos sobre aquela canção. Fearless e Red são exemplos de discos que já foram regravados por ela.  

                  

            Segundo álbum regravado por Taylor [Imagem: Reprodução/Pinterest] 

Uma coisa é fato: existem muitos empresários dispostos a prejudicarem as carreiras de artistas musicais. Sejam eles seus próprios clientes ou não. O Rei do Rock, Britney Spears e Taylor Swift não foram os primeiros a serem enganados e, infelizmente, não serão os últimos. A realidade fora dos palcos diverge bastante do imaginário glamuroso que muitos têm em relação à vida desses artistas. O luxo e o dinheiro, em alguns casos, vem acompanhados de uma série de abusos e traições.