Por trás das maiores semanas de moda do mundo

Desde sua criação, as semanas de moda são responsáveis por direcionar a indústria. Elas não definem somente o calendário de lançamento de coleções, como ditam o estilo e as peças que estarão em alta na próxima estação. Hoje, as maiores semanas de moda são divididas entre Paris, Londres, Milão e Nova York – cada uma representando algo diferente para a indústria e para a comunicação de moda. Elas acontecem duas vezes ao ano: em fevereiro, quando são apresentadas as coleções Outono/Inverno; e em setembro, trazendo as coleções Primavera/Verão. 

Além disso, antes do início das temporadas citadas acima, ocorre a semana de alta-costura. Apesar de ter uma duração de somente três a quatro dias, ela representa o ápice do luxo dentro da indústria de moda, com roupas feitas à mão e vendidas somente sob encomenda, para consumidores selecionados. Tornando-a ainda mais exclusiva, somente marcas que possuem aprovação da Federação da Alta-Costura e da Moda podem se apresentar durante essa semana, que também ocorre em Paris. 

Por serem eventos tão grandes e importantes para o mercado de luxo e de moda, eles exigem um grande nível de organização e planejamento. Cada decisão criativa tomada durante os desfiles é resultado de meses de reuniões e preparação. De acordo com o maquiador e cabeleireiro Edu Hyde, responsável pela beleza de diversos desfiles apresentados nas semanas de moda internacionais,  o planejamento começa cerca de 3 a 4 meses antes do dia do evento. 

“São necessárias reuniões com os estilistas, diretores criativos, stylists e qualquer um que esteja envolvido na parte criativa do desfile”, conta o profissional. “Assim chegamos no consenso de desenvolvimento da beleza, que precisa ter harmonia com o tema abordado na coleção apresentada”, finaliza.

Edu Hyde com equipe criativa em sessão de fotos.
Foto: Acervo pessoal – Edu Hyde

Em semanas de alta costura, este trabalho é ainda mais detalhado. “Elas atingem um público diferenciado. A roupa possui um acabamento impecável e é feita de maneira exclusiva, o que também precisa ser empregado na execução da beleza”, compartilha Edu. O maquiador e cabeleireiro ainda conta que, na maioria das vezes, a grife já possui alguma beleza em mente, e é trabalho do responsável pela beleza do desfile dar um direcionamento às ideias propostas e trazê-las à vida. 

Após mais de dez anos trabalhando em backstages – isto é, os bastidores – das principais semanas de moda do mundo, Edu já foi responsável por assinar a beleza de diversos desfiles de grife e compartilha a grande responsabilidade que vem o cargo, “o maquiador que assina é o responsável por ver a execução dos demais e entender se está tudo em sintonia e harmonia”. Além disso, o único profissional de beleza que possui liberdade criativa durante o backstage de um desfile é aquele que o assina. 

Edu Hyde produzindo a modelo e apresentadora, Fernanda Motta, para o desfile da Dolce & Gabbana.
Foto: Acervo pessoal – Edu Hyde

Apesar de afirmar que não há rigidez em relação aos profissionais de beleza e a marca, existem algumas regras a serem seguidas. Uma delas é referente aos produtos de beleza utilizados nas modelos que irão desfilar, que não podem fazer parte do estoque pessoal de cada maquiador, e devem ser fornecidas pela produção de cada desfile. As grifes que possuem sua própria linha de cosméticos geralmente promovem o uso exclusivo desses produtos, na medida do possível, para reforçar a identidade da marca através da beleza. Aquelas que não disponham de cosméticos em seu catálogo, contam com o patrocínio ou permuta de alguma marca de beleza, utilizando somente os produtos fornecidos por elas. 

Além disso, o funcionamento do backstage é um pouco diferente na presença de celebridades. “Algumas celebridades possuem autoridade para opinar no look que vão desfilar, decidindo junto a equipe de estilo e styling”, compartilha Edu, mas reforça que elas não possuem uma decisão final da parte criativa da produção do desfile. No caso de figuras públicas presentes, ou de alguma modelo principal, elas sempre serão maquiadas pelo profissional responsável pela beleza do desfile. 

Outro fator responsável por trazer mudanças ao funcionamento dos desfiles é o crescimento exponencial das mídias sociais, e o poder de influência que elas acumulam. “Houve mudanças desde as equipes até aos participantes dos desfiles, pois os influenciadores passaram a ter mais visibilidade e autoridade na participação destes  eventos”, conclui Edu. 

Geladeira de Skincare: para que serve, como funciona e como usar

Você já deve ter visto alguma influenciadora exibindo a sua geladeira de skincare por aí, afinal, o item se tornou queridinho das gurus de beleza. Apesar de seu preço alto, a geladeira se tornou um dos itens mais desejados pelos amantes de beleza, e além de ser muito fofa, também é uma ótima adição para a rotina de cuidados pessoais. O produto ajuda a prolongar o tempo de vida dos produtos, melhorar sua funcionalidade e trazer vários outros benefícios.

Para que serve:

A geladeira de skincare serve para cumprir a mesma função de uma geladeira comum: resfriar os produtos nela armazenados. A refrigeração de produtos de beleza é importante pois a temperatura baixa inibe a proliferação de fungos e bactérias, que podem ser ocasionadas com o calor, após a abertura do frasco. Além disso, o armazenamento dentro delas também mantêm os produtos longe da exposição solar – outro fator que pode encurtar o tempo de vida do produto.

O uso da geladeira traz benefícios não só para os dermocosméticos em si, mas também para a pele. A temperatura gélida dos produtos ajuda a calmar a pele, fechar os poros e reduzir as linhas de expressão, além de ser super refrescante. Acessórios de beleza, como rolinhos faciais e gua sha, são ótimos produtos para armazenar na geladeira, pois funcionam muito melhor quando resfriados.

Rolinho facial e Gua Sha. Produtos de massagem facial que ajudam na absorção de produtos e na redução do inchaço. Funcionam ainda melhor quando resfriados.
[Imagem: Reprodução/Pinterest SHEIN]

Como funciona:

Uma geladeira de skincare por dentro.
[Imagem: Kylie Cosmetics]

A maior diferença entre a geladeira de skincare e a geladeira tradicional é o seu controle de temperatura. Uma geladeira comum costuma resfriar em níveis abaixo de 10ºC, o que poderia prejudicar alguns produtos dermatológicos. Enquanto isso, a maioria das geladeiras de skincare atinge temperaturas de 10ºC a 15ºC, garantindo o armazenamento dos produtos em segurança.

Independente da marca, o produto também pode ser aquecido, caso haja necessidade. Seus tamanhos variam entre 4L e 4,5L, suportando uma boa quantidade de produtos – algumas ainda possuem grades internas removíveis ou nas portas para otimizar o armazenamento. Seu funcionamento geral é bem simples, exigindo apenas que o usuário a conecte em uma rede de energia e ligue-a no modo desejado.

Como usar:

Como dito acima, graças ao controle de temperatura da geladeira, todos os produtos podem ser seguramente guardados nela. Entretanto, não cabem todos os produtos de skincare dentro dela de uma vez, né? Os produtos mais indicados para isso são especialmente ácidos, clareadores, fórmulas manipuladas e Vitaminas C – substâncias que se desestabilizam mais facilmente em temperaturas altas. Outra opção são os cremes e hidratantes de efeito calmante, pois trazem um efeito ainda mais refrescantes quando frios.

Não há regras quando se refere a geladeira de skincare, mas é importante lembrar de não deixá-la ligada o tempo todo, pois consome energia (e faz um barulho levemente desagradável). Procure ligá-la por volta de 40-30 minutos antes de usar os produtos, garantindo seu funcionamento e sendo gentil com o planeta (e com a sua conta de luz!).

Onde comprar:

Sabemos que o produto não é um dos mais acessíveis do mercado, por isso selecionamos geladeiras de skincare de várias marcas para que você possa comprar aquela que apresenta o melhor custo benefício para o seu bolso!

Laxmi Beautycooler: R$490 – R$520
Multilaser Retrô: R$420
Océane: R$430 – R$500
Bruna Tavares: R$650
Blink Lab X Lala Rudge: R$500 – R$560

Geladeiras de Skincare disponíveis no mercado brasileiro.

E se você não consegue adquirir nenhuma delas no momento, não se preocupe! A geladeira de skincare é apenas um elemento adicional à sua rotina, mas não é essencial – basta que você tenha os devidos cuidados com cada produto.

A beleza de NY e suas diferentes visões para o futuro

Quando se fala em criatividade e experimentação, se pensa em Nova York Fashion Week. Na última semana, as grifes nova-iorquinas apresentaram suas coleções de Outono/Inverno 2022 Ready To Wear nas passarelas da cidade que nunca dorme. Representando as diferentes facetas de Nova York, a beleza de cada desfile foi representada a partir de uma diferente abordagem e visão de futuro. Finalmente adentrando num mundo de fato pós pandêmico, é possível reconhecer diversos ideais de esperança marcados pela beleza.

Para James Pecis e Hannah Murray, dupla responsável pela beleza de Gabriela Hearst, este é o momento de abraçar a simplicidade. Com rostos limpos e imperfeições à mostra, é possível identificar o processo de aceitação do simples, que surgiu junto com o isolamento social. Os fios dos modelos também foram deixados intocados e naturais, reforçando a ideia de que, após um momento tão conturbado, a descomplicação da beleza traz um ar de respiro e leveza.

A beleza assinada pela renomada Pat McGrath para o desfile de Prabal Gurung ainda traz um elemento de simplicidade. Porém, desta vez, acompanha de olhos marcados por tons quentes e sóbrios, que representam as estações para quais o show foi apresentado (Outono/Inverno). A sobriedade dos olhos característicos na Beauty também pode ser reconhecida como um olhar de força interior, necessária após todas as mudanças que ocorreram globalmente nos últimos dois anos.

Apesar dos olhos marcados também estarem presentes, a sobriedade vista acima se torna fantasia na beleza de Altuzarra. A maquiagem de Dick Page conta com peles naturais e glowys, bochechas avermelhadas e sardas evidentes. Para marcar o olhar das modelos, o maquiador optou por tons sóbrios mas executados com leveza. O que realmente reafirma uma sensação fantasiosa, quase fairycore, da beleza é o wet hair (nenhuma surpresa por aqui), assinado por James Pecis. O conjunto final traz a mesma impressão de força vista na beleza de Prabal Gurung, porém com um aspecto que tende ao plano espiritual.

A estética do fairycore, que foi vista na coleção SS22 RTW de Collina Strada, se tornou o completo oposto no desfile apresentado na última semana. Apesar da maquiadora Allie Smith ter mantido o uso de sombras rosas e vivas nos cantos dos olhos e de gloss metálicos nos lábios, a hairstylist Mideyah Parke utilizou penteados divertidos para transformar a beleza em uma estética totalmente diferente. O resultado final se tornou um Pop Punk, que parece ter saído de um álbum da Avril Lavigne, e que representa perfeitamente a rebeldia da Geração Z, nascida da vontade de lutar por um mundo melhor, mas sem deixar de aproveitar os momentos de diversão.

A beleza de Anna Sui, assinada por Pat McGrath e Garren, também traz elementos de estéticas popularizadas nas mídias digitais. O elemento punk pode ser visto de uma maneira mais Emo, que combina franjas laterais e alisadas, que cobrem boa parte dos olhos, com delineados pretos, gráficos e bem marcantes. E o uso das tendências não para ai, diversas modelos também foram produzidas com o foxy eye – tendência que popularizou em 2021 -, e com faixas largas de cabelo que trazem à beleza um ar de Dark Academia. Essa mistura de tendências e estéticas, mescladas com harmonia, representam a aceitação e experimentação das diversas mudanças que ocorreram nos últimos tempos.

Apesar da adaptação às transformações ocorridas, ainda há quem gosta de voltar para os clássicos. Lacy Redway e Sheika Daley, responsáveis pela beleza apresentada no desfile de LaQuan Smith, trouxeram o glamour pré-pandêmico de volta à passarela. Todos os elementos da maquiagem representam os clássicos que nunca saíram de moda, e que finalmente poderão voltar a ser vistos em noites de festa: olhos esfumados, delineado preto gatinho, cílios postiços e contornos marcados. O hairstyle, entretanto, foge das ondas naturais tão utilizadas antes do isolamento social e é caracterizado por fios perfeitamente puxados para trás, queridinhos de It Girls como Bella Hadid e Hailey Bieber. A harmonização dos componentes da beleza mostram como é possível aderir às mudanças sem abrir mão dos clássicos.

Seguindo a mesma composição vista acima, a produção de Lauren Parsons e Jimmy Paul, para a beleza de Carolina Herrera, também apresenta uma maquiagem clássica harmonizada com fios estilizados de forma mais moderna. Entretanto, segue uma linha menos glamurosa e mais classy, com o famoso visual de delineados gatinhos e lábios marcados – pela nova linha de batons do segmento de beleza da marca. Já os tons escuros e marcados de sombras e contornos são substituídos por peles leves e olhos simples, deixando para trás a beleza exagerada e abraçando a simplicidade de uma beleza clássica porém descomplicada, que se faz necessária após um período tão conturbado.

Footcare: Por quê os cuidados com os pés devem receber mais atenção

O verão é uma época do ano em que os pés se fazem extremamente presentes. O uso de chinelos e rasteirinhas se tornam mais frequentes, devido às altas temperaturas ou idas à praia. Banhos de mar e piscina também geram o aumento do contato direto dos membros com água salina e cloro, e a exposição ao sol pode trazer prejuízos devido à radiação de luz ultravioleta diretamente neles. A frequência do toque direto da sola em pisos quentes também se tornam mais ocasionais e agravam sua qualidade. Somente esses fatores ocasionam uma quantidade considerável de cuidados para que os pés não sejam prejudicados, então por que a maioria das pessoas negligencia os meios necessários para mantê-los saudáveis?

Na pesquisa realizada pela FRENEZI, 51% dos entrevistados não utilizam filtros solares nos pés, 48% não tem o costume de hidratá-los, 60% os esfolia com uma frequência menor do que mensalmente e 60% nunca utilizou máscaras podais. Além disso, 42% das 133 pessoas entrevistadas visitam podólogos e pedicures somente em caso de necessidade. Apesar desses cuidados irem além da higiene básica considerada essencial, a falta deles pode resultar em pés ressecados, com pele morta e um aspecto descuidado. Levando isso em consideração, 12% do grupo entrevistado afirmou não utilizar sapatos que mostrem os membros por vergonha da sua aparência.

Além disso, um fator responsável por transformar os pés em um assunto delicado é a sua sexualização. A pesquisa revela que 33% das pessoas não se sentem confortáveis em publicar fotos com os membros à mostra por medo de comentários inadequados. O número de indivíduos na web com podoloatria (fetiche em pés) se tornou tão alto que foi transformado em meme, com pessoas brincando que irão vender “Pack do pé” para se sustentar.

Carmen Jones, 1954

Este pode ser citado como um dos motivos para a negligência de cuidados, além do desconforto – como cócegas – e o uso frequente de sapatos fechados, que fazem o usuário acreditar que não há necessidade de cuidar de um membro que não será exposto. A manicure e pedicure Maria da Consolação Rodrigues loro, também conhecida como Bia, que trabalha na área há mais de 11 anos, afirma que a maioria de seus clientes optam por cuidar apenas das mãos, e aqueles que fazem os pés, agendam o serviço com uma frequência relativamente menor. Entretanto, Bia conta que no salão onde trabalha é mais difícil encontrar casos extremos, o que comprova como seguir os passos necessários ajuda na saúde dos membros.

De acordo com Maria de Lourdes Nascimento Pinheiro, podóloga e coordenadora técnica da Doctor Feet, rede especializada em serviços de podologia, manicure e venda de produtos médicos, os cuidados básicos envolvem: higiene diária, secar bem entre os dedos, fazer a troca diária da meia, usar meia de algodão para melhor absorção da transpiração dos pés, fazer rodízio dos sapatos e optar pelos confortáveis, e se for necessário fazer o corte das unhas, devem ser feitos em linha reta. Essa simples rotina de precauções ajuda a evitar unhas encravadas, micoses, frieiras, onicofose e unhas inflamadas, que são exatamente os problemas mais frequentes tratados por Maria de Lourdes.

Seguir essa rotina de precauções ajuda a evitar problemas, mas é possível adicionar passos adicionais para tornar a saúde e a aparência dos pés ainda melhor. A coordenadora técnica recomenda a ida ao podólogo pelo menos uma vez ao mês, realizar hidratação caseira, deixar o sapato em local arejado, não usar chinelo em locais públicos para evitar contaminação, e não compartilhar lixas e alicates. Também é possível tornar o momento do footcare em algo prazeroso e trazer um relaxamento profundo para os membros com tratamentos como Podologia Quente, e  proporciona maior conforto aos pés, trazendo sensação de alívio e bem estar, ou Hidratação Profunda, responsável por deixar os pés hidratados e macios, proporcionando uma pele muito mais flexível e saudável.

Podologia Quente. [Imagem: Doctor Feet]

Reflexoterapeuta há 17 anos, a Professora Fílis Samer, diz que os pés têm importância primária na reflexologia, uma vez que neles encontramos um mapeamento de todo nosso corpo. Quando questionada se a falta de cuidados afeta outras partes do organismo, a professora afirma, “Sim, e vive versa. Os pés são um reflexo de todo nosso organismo, nossa saúde física, emocional, mental, nosso comportamental, ou seja, nossa história de vida e  personalidade. Isso mesmo! Para um especialista na área de Reflexologia Podal eles nos contam tudo!” A reflexologia podal é capaz de melhorar a resposta imune, o fortalecimento ósseo e muscular, alívio de dores e processos inflamatórios, equilíbrio das emoções e sentimentos até mesmo o autoconhecimento, apenas através do alongamento e relaxamento podal. Portanto, é possível afirmar que não precisa de muito para manter os pés saudáveis – apesar dessa rotina básica ser negligenciada por muitos -, mas atribuindo apenas alguns passos a mais, é possível melhorar a saúde do organismo no geral e até mesmo a autoestima e o conforto dos membros.

A nova empreitada das estrelas

Enquanto 2021 foi um ano financeiramente difícil para muitos, para as celebridades foi um ano de grandes investimentos. Seguindo a tendência que se iniciou em 2020, neste ano mais estrelas entraram no ramo da beleza com marcas de maquiagem e skincare. Esse fenômeno teve seu auge graças a pandemia, que permitiu às celebs mais tempo livro de seus projetos principais para dedicarem-se ao empreendedorismo. Outro fator que acarretou nesse boom de marcas assinadas por famosos foi o teor de autoconhecimento proporcionado pelo isolamento social, que leva a novas descobertas de beleza.

Parece que a expressão “Se a Rihanna usou, não é mais feio” se transformou em “se a Rihanna empreendeu na beleza, eu também posso!”. Algumas celebridades como Kylie Jenner (Kylie Cosmetics) e a modelo Miranda Kerr (KORA Organics), já eram conhecidas justamente por conta de sua associação a assuntos da área da moda, beleza e estética. Já outras, como a atriz Drew Barrymore (Flower Beauty) e a cantora da banda Paramore, Hayley Williams (Good Dye Young) são nomes que causam surpresa ao surgirem na lista. Isso nos leva à reflexão sobre como a indústria da beleza tornou-se uma atrativa área de investimentos por conta da constante busca da sociedade pelo “belo”, sendo ainda mais vantajoso para as celebridades que usam de sua fama e capacidade persuasiva quase instantânea para atrair multidões e transformá-las em consumidoras de seus produtos. 

Entretanto, esse movimento não é necessariamente surpreendente. Muitas das celebridades que empreendem no mercado da beleza já apresentavam um histórico de colaborações com as grandes marcas de beleza, como Sephora e Mac. Os grandes nomes do mercado sempre investiram na criação de linhas assinadas por celebridades como forma de impulsionar suas próprias vendas, graças às legiões de fãs e seguidores influenciadas por elas. O sucesso e retorno financeiro que acompanha essas colaborações levou as estrelas a tomarem as rédeas e fazerem isso por conta própria, gerando um benefício próprio sem a necessidade de carregar o nome de outras empresas consigo.

O mercado de beleza movimenta bilhões de dólares por ano, e seu crescimento é exponencial. Portanto, é possível observar que o envolvimento de nomes famosos na indústria não é somente baseado no interesse genuíno pelo universo. É possível observar esse fator no crescimento de celebridades que passaram a investir no mercado de skincare – que não está tão saturado quanto o de maquiagens -, como Hailey Bieber que planeja lançar sua própria marca de cuidados para pele, Rhode, em 2022.

Hailey Bieber responde sobre o lançamento de sua marca de skincare.
Video: Hailey Bieber/Youtube
Rebranding Kylie Cosmetics como cruelty-free e vegano.
Imagem: Kylie Cosmetics

Além disso, muitos dos compradores não são necessariamente levados a comprar os produtos graças à uma afeição autêntica pela indústria, e sim pela celebridade que os vende. O grande império de beleza de Kylie Jenner, Kylie Cosmetics, só se tornou cruelty-free e vegano em 2021, o que mostra que o desinteresse do público em saber a procedência dos itens. Esse consumo de beleza impulsionado pelo fanatismo pode ser extremamente prejudicial ao mesmo ambiente e à indústria em si, ocupando o espaço de marcas preocupadas em trazer os melhores resultados enquanto seguem se preocupando com todos os fatores envolvidos no processo – mas que não possuem um nome famoso para tornar a marca bilionária.

O uso adequado (e inadequado) das gomas de cabelo

Uma das tendências mais em alta no mercado de beleza, no momento, são as gomas para cabelo, que consistem em balas comestíveis compostas de vitaminas que auxiliam no crescimento e fortalecimento dos fios. Esse novo formato de vitaminas se tornou tão popular que passou a ser produzido para diferentes áreas do organismo, como pele e unhas. Esses produtos atingiram o auge de sua popularidade durante a pandemia da Covid-19, que tem como uma de suas sequelas a queda de cabelo. Além disso, este também foi um período protagonizado pelo estresse, o que pode agravar à perda de fios.

Estatísticas de pesquisa do termo “Gummy Hair”
Google Trends
Dermatologista Dra. Isabela Bastos
Imagem: Cortesia

Um dos maiores questionamentos que circulam na web a respeito dessas gummies é “mas elas realmente funcionam?“. Existem aquelas que defendam o hábito de consumo dessas vitaminas, enquanto há aqueles que alegam não haver nenhum efeito. A dermatologista Dra. Isabela Bastos explica que, apesar de que não existirem muitos estudos sobre o assunto, a evidência na melhora da queda de cabelo ou qualidade dos fios só é um consenso quando há de fato uma deficiência de determinada vitamina ou proteína. Entretanto, essa deficiência pode ser suplementada através de dietas específicas ou do uso de vitaminas em cápsulas.

A divulgação das gomas nas redes sociais pode ser apontada como outro motivo pela sua notoriedade. Desde as macroinfluenciadoras até as microinfluenciadoras são alvos de diversas marcas responsáveis pela produção dos produtos, que na maioria das vezes, falham em comunicar ao seu público a necessidade de um acompanhamento médico junto com o consumo das vitaminas. Dra. Isabela Bastos explica que, “o ideal é ter acompanhamento médico no uso porque o médico vai saber o que é necessário suplementar em cada caso para ter um efeito real na qualidade/queda de cabelo, diferente do uso livre que pode ter efeitos colaterais ou ser só tempo e dinheiro jogado fora“.

Muitas vezes, o uso independente do produto pode ocasionar em resultados negativos ou até mesmo em resultado nenhum. Conversamos com uma consumidora que, devido à presença de fios finos e quebradiços, iniciou o tratamento com as gomas capilares – sem acompanhamento médico e sem o uso de outros métodos para saúde capilar. A cliente conta que após 3 meses de uso, sentiu um declínio em sua saúde capilar e até mesmo a queda dos fios. A Dra. Isabela Bastos justifica que, apesar de não haverem contraindicações formais sobre o uso do produto, ele só apresenta o efeito desejado em quem tem a deficiência de alguma das vitaminas presentes nela e se a pessoa consumir determinadas vitaminas em excesso ela pode ser surpreendida com efeitos negativos. Por exemplo, excesso de vitamina A pode aumentar ou piorar a queda de cabelo, por isso é de extremo interesse do consumidor que consulte um médico para ter os efeitos que deseja.

Como visto no caso acima, a negligência das influenciadoras em enfatizarem a indispensabilidade de alguém profissionalizado, para monitorar e indicar o uso das gomas – se houver necessidade -, pode causar prejuízos aos usuários. A consumidora citada acima afirma que sua escolha foi feita com embasamento total nas publicações de divulgações do produto. Sem a indicação médica e sem o conhecimento necessário, diversas seguidoras de quem indica tais produtos os escolhem exclusivamente através de publicidades nas redes sociais.

Influenciadoras digitais promovendo vitaminas em goma.
Imagem: Reprodução Instagram
NOTA: O intuito desta reportagem não é atacar, ou acusar de negligência, nenhuma influenciadora específica.

Entretanto, ainda é possível obter resultados positivos quando o uso é feito da maneira devida. A consumidora Eduarda Ducatti conta à Frenezi que iniciou seu tratamento após uma intensa queda de cabelo seguida da contaminação do vírus da Covid-19. Eduarda compartilha que o consumo das vitaminas em goma foi recomendação de seu ginecologista, junto com a utilização de vitaminas em cápsulas. “Tenho notado muita diferença, meu cabelo já não cai tanto e com a mesma frequência, o volume tem aumentado e também ficou mais saudável em termos de saúde capilar mesmo. Comecei a perceber essas mudanças com 3 meses de uso, que foi a exata quantidade de meses que o meu médico disse que começaria a fazer efeito. Não tive nenhum efeito colateral e continuo usando o produto e indicando pra várias pessoas.”, expressa.

O acompanhamento médico também é essencial para saber qual vitamina tomar, pois apesar da composição básica dessas vitaminas serem muito semelhantes, algumas das proteínas e vitaminas presentes se encontram em concentrações diferentes, e algumas gomas têm mais vitaminas que outras, explica Dra. Isabela. Além disso, há marcas cujo gomas contém açúcar, o que aumenta o número de calorias e pode trazer um resultado indesejado. Uma representante da Luminus – marca que está no mercado de vitaminas há 6 anos – nos conta que “não economizamos esforços em pesquisas para que a fórmula realmente proporcione resultados visíveis com as quantidades perfeitas de cada componente“. Além disso, a fórmula vegana de suas gomas não atuam em níveis hormonais, apenas nos folículos capilares já existentes, e indica na embalagem a posologia correta e um acompanhamento médico, garantindo o uso adequado do produto.

Imagem promocional Luminus Gummies
Imagem: Cortesia Luminus

A nova onda de cosméticos sustentáveis

É possível afirmar que a sustentabilidade se tornou uma discussão muito presente em diferentes tipos de indústria. No mercado da beleza, entretanto, ela pode ser observada em diferentes esferas do processo produtivo: desde a coleta de matérias primas e princípios ativos dos produtos à embalagens. Desde que todas essas questões passaram a ser levantas, muitos consumidores começaram a exercer mais cuidado e preocupação na hora de escolher os produtos, sempre procurando por rótulos como “cruelty free” ou “vegan“.

Variedade de selos que podem ser encontrados em produtos de beleza sustentáveis.
[Imagem: Foto: Shutterstock/Alto Astral]

Mas afinal, levando em consideração a quantidade de etapas presentes na produção de cosméticos e produtos de beleza, o que define a sustentabilidade? Apesar de existirem leis nas Constituição Brasileira que regularizam a sustentabilidade em algumas etapas do processo de produção, não existem métricas e parâmetros específicos para estabelecer como as marcas devem realizar seus relatórios de sustentabilidade. “Por não existir essa métrica, a não ser em casos muito específicos, não existe essa para que uma marca possa, de fato, levantar a bandeira […] fica na base da boa vontade das empresas em retratar o que ela, efetivamente, está fazendo para tutelar para defender o meio ambiente em todos os sentidos, não só de flora e fauna“, afirma o advogado ambientalista, Dr. Édis Milaré.

Selo de sustentabilidade. Kylie Cosmetics.

De fato, é muito fácil levantar a bandeira sem estar exercendo a sustentabilidade da forma correta em todas as etapas do processo. A produção de cosméticos exige uma extensa linha de produção, e não é somente porque uma marca não realiza teste em animais — o que já é um impacto positivo no ambiente —, que ela seja inteiramente sustentável. Com o levantamento de tantas discussões ao redor desse tópico, cresceram os consumidores preocupados em consumir beleza de forma ética, consequentemente atraindo essa preocupação para dentro dessas empresas. A partir disso, até mesmo marcas que não levantavam essa bandeira passaram a repensar suas linhas de produção, como a Kylie Cosmetics, que se relançou no mercado como uma marca clean.

Para entender melhor quais são os processos de produção de uma linha de beleza, e como a sustentabilidade se encaixa, a Frenezi conversou com representantes da Hi Hair Care, uma marca de produtos de cabelo autodenominada sustentável. “As matérias primas são adquiridas de cooperativas que apoiam as comunidades ribeirinhas na Floresta Amazônica, fazendo com que a colheita nas palmeiras onde são extraídos os frutos principais, o Murumuru e o Cupuaçu, sejam feitas de forma legalizada e que fortaleça a economia local. Parte do lucro das vendas de toda a linha Hi é destinados a estas comunidades para que façam o reflorestamento em áreas desmatadas da Floresta. Todas as matérias primas utilizadas são certificadas pelo PEA e pela Associação  Brasileira de Veganismo, ou seja, não utilizamos nada de origem animal e nem que foi testado em animais em toda a cadeia produtiva. Para cada insumo produzido, 100% é reciclado e as nossas embalagens são livres de ftalatos. Os ativos são naturais, livres de corantes, sulfatos, petrolatos, parabenos e são dermatologicamente testados. Temos um sistema de tratamento de água para devolvê-la  para a natureza mais limpa do que recebemos.”

Saiba mais sobre a Hi Hair Care
[Video: Reprodução Youtube]

Apesar da sustentabilidade representar uma linha extensa de preocupações, muitas delas já são pré-estabelecidas pela legislação brasileira. De acordo com o Dr. Édis Milaré, existe uma regularização a cerca de todo o processo de descarte de embalagens e produtos farmacológicos, “quando eu falo de embalagens de medicamentos, por exemplo, há uma regulamentação bem recente de gestão, em que não só o consumidor mas também as empresas que manipulam produtos determinados produtos medicamentosos, têm a obrigação de recolher e dar a destinação correta para tal. Isso se aplica também à indústria de cosméticos e, evidentemente de perfumaria. Essa legislação é prevista na Lei Nacional de Resíduos Sólidos (1305 de 2010) e visa aumentar o tempo do ciclo de vida, tanto dos produtos, quanto das embalagens.

Apesar da Constituição Federal Brasileira, mais precisamente o artigo 225, parágrafo primeiro, inciso sétimo, vedar a proteção da fauna e da flora em territórios nacionais, o teste dermatológico em animais continua sendo legalizado no país. Entretanto, em 2008, foi estabelecida a Lei Arouca, como uma tentativa de regularizar tais procedimentos. “Essa lei (11.794) cuida exatamente de traçar procedimentos para usos científicos de animais da utilização científica de animais como essa utilização se faz para testes em animais de certos produtos sejam eles farmacêuticos seja o sejam eles cosméticos e perfumaria. Os Estados podem proibir a testagem, mas não podem impedir a comercialização ou impedir não não pode e impedir a comercialização ou exigir rotulagem depois do produto já ter sido testado”, explica o advogado.

O presente artigo trata da Lei Arouca e sua função como regulamentadora do Inciso VII, § 1o, artigo 225 da Constituição Federativa da República do Brasil. Os animais são amparados atualmente no inciso VII, § 1o, artigo 225 da CFRB/98, porém por se tratar de norma de eficácia limitada se faz necessário que leis infraconstitucionais regulamentem o dispositivo. A lei Arouca é a lei infraconstitucional regulamentadora, no que tange a vivissecção e estabelece procedimentos para o uso científico de animais. Porém, após se aprofundar no conteúdo da lei e sua eficácia na prática, foi possível identificar falhas graves na aplicação da lei, comprometendo a eficácia do texto constitucional.
(DALBEN, Djeisa; EMMEL, JOÃO Luís. A lei Arouca e os direitos dos animais utilizados em experimentos científicos. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI, 2013)

Ao que tudo indica, a legislação brasileira caminha em direção a uma regularização mais bem estabelecida dos princípios sustentáveis. Porém, independente disto, a demanda por produtos éticos — vinda principalmente da Geração Z —, tem sido responsável por colocar as marcas dentro dessa linha de produção. Com o foco em alcançar consumidores jovens e conscientes, a sustentabilidade se tornou um alvo para muitas marcas. Isso se potencializou após a viralização do curta “Save Ralph”, produzido pela Humane Society International, como um protesto global contra o teste em animais.

Curta “Salve O Ralph” dublado.
[Video: Reprodução Youtube]

Considerando que quase todo o marketing de uma empresa nos dias de hoje é direcionado para as redes sociais, a circulação de conteúdos relacionados ao curta estimulou um ativismo que teve como resultado novos consumidores preocupados com a procedência dos produtos. Essa corrida para conquistar tais clientes, além de impulsionar o processo sustentável em si, também foi responsável pela criação de produtos inovadores, encontrados até mesmo em estados pastosos e em barra, que aumentam o tempo de vida do produto e consequentemente, diminuem o consumo – e o descarte – excessivo, colaborando com todo o meio ambiente.

Produtos nas texturas pastosa e sólida, respectivamente.
Disponível em: Lola Cosmetics.

Os mitos e as verdades sobre o uso do Roacutan

O medicamento conhecido por ser o método mais veloz e eficaz no combate à acne voltou a ser pauta em revistas e sites de beleza após viralizar em nichos do TikTok. Inúmeras informações e curiosidades passaram a ser compartilhadas por usuário através do aplicativo, disseminando a desinformação. 

O Roacutan é um medicamento a base de ácido retinóico, responsável pela inibição da produção das glândulas sebáceas. O uso do remédio é indicado para adolescentes com acne moderada ou severa, que buscam controlar a oleosidade facial. A dosagem do Roacutan deve ser decidida pelo dermatologista responsável pela prescrição, com base no nível da acne do seu paciente e de acordo com a sua função hepática. 

Os quatro graus de acne.
[Imagem: Biblioteca Virtual da Saúde – Ministério da Saúde]

Existe muito receio e insegurança à respeito do impacto do Roacutan no organismo, e apesar do medicamento exigir acompanhamento médico e uma série de exames, a maior preocupação deve ser focalizada em apenas um órgão. “O Roacutan é um medicamento metabolizado pelo fígado e consome grande parte da capacidade das glândulas hepáticas”, explica a dermatologista Dra. Luciana Passoni, “Por isso a importância de exames acerca da função hepática do paciente e acompanhamento médico”. 

Portanto, apesar de contar com uma lista de efeitos colaterais que podem gerar desconforto no usuário – como lábios e olhos secos devido à inibição das glândulas sebáceas – o uso do Roacutan não é necessariamente prejudicial à saúde. O medicamento pode ser considerado completamento seguro desde que sejam feitos os devidos exames antecedendo o seu uso e durante o mesmo. Caso seja notado alguma alteração da função hepática, o tratamento deve ser suspenso. 

Para garantir que o fígado não seja afetado durante a experiencia do paciente, é indicado evitar bebidas alcóolicas, que também são metabolizadas no órgão. Dra. Luciana explica que “Bebidas alcoólicas podem agravar efeitos no fígado, levando à disfunções e até perda de seu funcionamento”. 

Entretanto, o uso do Roacutan é estritamente proibido para mulheres gestantes ou em fase de lactação. Essa restrição ocorre pois o princípio ativo do medicamento – a isotretinoína – é teratogênico, ou seja, pode ocasionar a má formação do feto ou até mesmo um aborto espontâneo. 

Apesar de todos os possíveis efeitos do medicamento, o refinamento do nariz não está incluído entre eles. “O medicamento faz a diminuição de glândulas sebáceas, que estão muito presentes na região nasal”, explica a dermatologista, “Existe a falsa impressão de que o nariz está mais fino. Na realidade, o nariz apenas fica menos oleoso e com menos inchaço causado pela presença de acne.” 

O cirurgião plástico, Dr. Leandro Pellarin, explica que existem cirurgiões que solicitam o uso do medicamento previamente à rinoplastia para eliminar esse possível inchaço, facilitando a cirurgia e tornando seu resultado mais visível. 

Nota da editora: Essa reportagem não serve de forma alguma como uma recomendação para o uso do medicamento. Seu único intuito é esclarecer desinformações espalhadas nas redes sociais, de acordo com a dermatologista citada acima, formada pela Universidade de Miami. Consulte um dermatologista certificado antes do uso de qualquer medicamento. 

A beleza de Milão e o domínio da ‘no-makeup-makeup’.

Segunda-feira (27) chegou ao fim a temporada Primavera-Verão 2022 da semana de moda de Milão. As coleções apresentadas foram uma representação da leveza e do glamour tão esperados para a vida pós-pandêmica. Enquanto algumas marcas apresentaram belezas mais carregadas e teatrais em contraponto aos tecidos leves e fluídos das peças, outras optaram por maquiagens quase imperceptíveis para contribuir com o frescor das coleções.

A dupla Path McGrath e Guido Palau foi responsável pela beleza do desfile da Versace e de sua collab com a Fendi, que também teve Guido Palau como hairstylist, acompanhado de Peter Philips na maquiagem. Em todas as passarelas é possível ver maquiagens teatrais, com abundância de cores nas maçãs do rosto das modelos e olhos dramáticos. Para a Fendi, essa produção foi feita com tons mais apagados, que conversam com a seriedade dos looks, enquanto na Versace a produção conta com cores vivas combinando com as peças. Já para o desfile de “Fendance”, a beleza foi caracterizada pelo glamour composto por sombras metalizadas, iluminador marcado e lábios glossy.

Na coleção apresentada por Del Core, a beleza foi responsável por aumentar o fator dramático e quase camp presente na passarela. A maquiagem de Diane Kendal consistiu em sombras coloridas e gliterizadas esfumadas para além das áreas dos olhos, trazendo o efeito de uma aquarela. Para os fios, o hairstylist Anthony Turner optou pelo queridinho das passarelas — o wet hair, para impulsionar a dramaticidade do visual.

Evitando brigar com as estampas dominantes da passarela da Etro, a maquiadora Lisa Butler optou por apresentar uma produção bem clean and fresh. Entretanto, adicionou pedras brilhantes ao rosto de algumas modelos para ainda deixar sua marca na beleza do desfile. Essa estratégia também foi utilizada por Hiromi Ueda, que assinou uma produção que consistia somente em delineados nos olhos de algumas das modelos que desfilaram para a grife Missoni, assim, o hairstylist Holli Smith direcionasse os olhos dos convidados à dramaticidade do wet hair.

No desfile de Alberta Ferretti, a beleza foi caracterizada pela simplicidade e frescor. As modelos foram apresentadas com o que aparentou ser uma pele intocada e com os fios naturais, alguns até mesmo presos. Diferente das citadas acima, a beleza assinada por Petros Petrohilos e Benjamin Muller não foi minimizada para não desfocar as peças, e sim para casar com a leveza e fluidez dos modelos desfilados.

Alberta Ferretti SS22RTW.
[Imagem: Reprodução Vogue Runway]

Nas passarelas das marcas Blumarine e Prada — queridinhas do HF Twitter (comunidade de moda no twitter) — a ‘no-makeup-makeup‘ também foi utilizada. As belezas assinadas por Inge Grognard e Anthony Turner, e Path McGrath e Guido Palau, respectivamente, consistiram em modelos com suas peles e fios naturais desfilando na passarela. Entretanto, essa leveza quase entediante é justificada através do uso de acessórios como lenços e óculos — pontos fortes de venda — que ocupam o espaço de uma maquiagem ou um hairstyle mais carregado.

A beleza londrina e sua obsessão por wet hair e lábios pintados.

A semana de moda de Londres de Primavera-Verão 2022 se encerrou nesta terça-feira (21), e trouxe ao público um perfeito equilíbrio entre as peças de vestuário e as técnicas beleza. Conhecida por suas alfaiatarias bem estruturadas e um acabamento impecável, a LFW sempre teve como principal característica a elegância básica de uma businesswoman. Entretanto, seguindo o modelo internacional de uma representação do que espera-se de um momento pós-pandemia, essa temporada veio repleta de looks mais ousados — muitos expressando essa essência através da beleza.

Assim como ocorreu em Nova York, muitos dos artistas que assinaram a beleza das coleções apresentadas na última semana trouxeram inspiração de tendências atuais na cultura pop. Com a volta do rock ao mainstream da música, muitos maquiadores apresentaram maquiagens com olhos carregados em cores escuras. Rebecca Wordingham, que assina a beleza do desfile de Eftychia, junto com Shunsuke Meguro — responsável pelo hairstyling — traz um contraste impressionante com a última temporada da marca, que foi caracterizada pela simplicidade de beleza. A dupla trouxe o elemento Rock ‘n Roll com uma enorme força, apresentando modelos com olhos inteiramente pintados de preto, wet hair e até mesmo cabelos extremamente desfiados.

Eftychia SS 22 RTW. Beleza por: Rebecca Wordingham e Shunsuke Meguro.
[Imagem: Beth Morrison/ Dazed]

As modelos do desfile de Supriya Lele também cruzaram a passarela com maquiagens ousadas, e a tendência do preto se repetiu. Lábios pintados de um vermelho quase-preto eram visíveis em diversas modelos, enquanto algumas continham a cor esfumada nos olhos. A beleza composta pela artista Hiromi Ueda trouxe um excelente equilíbrio entre as tendências de rock gótico na maquiagem e do wet hair produzido por Cyndia Harvey, com os recortes e as cores vivas das peças desfiladas.

Supriya Lele SS 22 RTW. Beleza por Hiromi Ueda e Cyndia Harvey.
[Imagem: Getty Images]

David Gillers e Ryon Arushima, que assinaram a beleza de Osman Yousefzada, também apostaram na técnica de wet hair e na maquiagem rock-grounge-gótica, optando por tons escuros metalizados nos olhos das modelos. Já no desfile de David Koma, o maquiador Pablo Rodriguez optou por manter uma maquiagem clean e deixar o hairstylist Cos Sakkas responsável por apresentar um wet hair (sim, de novo) que fosse o suficiente para completar a coleção. Já para a coleção de Simone Rocha, Cyndia Harvey utilizou o wet hair ornamentado com coroas e acessórios de brilho, como uma maneira de balancear os babados góticos das roupas apresentadas.

Seguindo a pegada dark das belezas apresentadas na semana de moda londrina, Thomas de Kluyver e Soichi Inagaki tomaram um caminho Western para complementar a coleção de KNWLS. Mesmo com aspectos mais apagados e peles nudes, os artistas ainda souberam como utilizar maquiagens de cores metalizadas em tons vivos e estilizaram os fios das modelos utilizando acessórios e penteados. Assim como algumas das coleções citadas acima, a dupla também optou por colorir inteiramente o lábio de algumas modelos com cores diferentes e metálicas.

KNWLS SS22 RTW. Beleza por Thomas de Kluyver e Soichi Inagaki.
[Imagem: Gabriel Gayle]

Seguindo o lado oposto da tendência Rock ‘n Roll vista em algumas coleções, Georgina Graham e Neil Moodie souberam mesclar elementos que poderiam ter saído da sociedade londrina no século XIV, de um hippie indo para Woodstock ou da personagem Jules, da série Euphoria. A coleção de Paul & Joe, apesar de repleta de diversos babados e estampas floridas, escapou de parecer um desfile de festa junina graças aos elementos de beleza que trouxeram pontos opostos aos looks. De maquiagens geométricas à chapéus estilo bonnet e óculos redondos do londrino mais famoso do mundo do rock — John Lennon — com fios soltos e naturais, a dupla responsável por essas escolhas soube destacar a beleza nesta semana.

Paul & Joe SS22 RTW. Beleza por Georgina Graham e Neil Moodie.
[Imagem: Reprodução Vogue Runway e Elle AU]
Yuhan Wang SS22 RTW. Beleza por Miranda Joyce e Teiji.
[Imagem: Reprodução Vogue Runway]

A beleza de Miranda Joyce e Teiji para a coleção de Yuhan Wang é outra que parece ter saído diretamente da temporada social de Londres – ou das telas de Bridgerton. Os cabelos presos em cachos feitos com o bom e velho grampo são ornamentados com acessórios claros e delicados, em contraponto com a maquiagem rebelde marcada por lábios vermelhos e delineados sombreados marcantes. Até mesmo as modelos parecem estar assustadas com o que está acontecendo, portanto vamos fingir que o intuito por trás dessa beleza foi expressar uma rebeldia com um conjunto de elementos que falharam em fazer sentindo quando combinados.

Diferente de quase todas as coleções apresentadas na Semana de Moda de Londres, a beleza no desfile de Richard Quinn foi extremamente clean, porém longe de ser básica. As escolhas feitas por Miranda Joyce e Sam McKnight consistiram em uma pele extremamente opaca, com sobrancelhas descoloridas e o mínimo de cor natural no rosto. Para enfatizar ainda mais essa escolha, os fios foram presos com (muito) gel para trás, e uma mecha central puxada separadamente serviu para trazer ainda mais foco ao rosto quase bizarramente nú. Essa escolha foi uma válvula de fuga para os exageros presentes nos designs apresentados, mas ainda sem perder a sua própria atenção.

Richard Quinn SS22 RTW. Beleza por Miranda Joyce e Sam MicKinght.
[Imagem: Reprodução Instagram @hairbysammcknight]