[CRÍTICA] Pânico VI: inovador na brutalidade, mas com deslizes

Pânico VI estreou, na quinta-feira (09/03), nos cinemas brasileiros e promete ser a mais brutal da franquia. O longa é estrelado por Melissa Barrera, Jenna Ortega, Jasmin Savoy Brown, Mason Gooding e também conta com o retorno de Courtney Cox, que está presente em todas produções de Pânico, e da atriz Hayden Panettiere, a Kirby do quarto filme da franquia.

[Gif/ Paramount Pictures]

Infelizmente, a nova produção não conta com a presença da protagonista Sidney Prescott, interpretada por Neve Campbell, pois a atriz desistiu de atuar no projeto devido ao salário oferecido não ser condizente. Mesmo com a sua ausência, no entanto, a sua personagem é mencionada em algumas cenas.

Dirigido pela dupla Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett (Casamento Sangrento, 2019), após conviverem com as últimas mortes provocadas por Ghostface, os sobreviventes do massacre, Sam (Barrera), Tara (Ortega), Chad (Gooding) e Mindy (Brown), deixam Woodsboro e iniciam um novo capítulo em Nova York. Contudo, eles se tornam novamente alvos de um novo serial killer.

Diferente dos outros longas, a brutalidade de Ghostface consegue deixar os telespectadores assustados e arrepiados na poltrona. O filme traz muita cenas de violência explícita e bastante core, além disso, o assassino não somente usa aquela famosa faca como também uma espingarda (essa cena do mercado foi mostrada no trailer), trazendo aquela sensação de muita tensão e fazendo o público torcer para os personagens escaparem da morte.

As referências também não ficam de fora, além de mencionar sobre os filmes de terror, como Halloween – A Noite do Terror, Sexta-Feira 13 e Psicose, as easter-eggs das outras produções estão presentes nas fantasias dos figurantes, como, por exemplo, aquela cena na estação do trem em que as pessoas estão vestidas da noiva de Casamento Sangrento, Freddy Krueger de A Hora do Pesadelo e o George de It – A Coisa. O sexto filme também traz referências dos outros longas da franquia Pânico, que quem é fã do slasher pegará rápido cada detalhe.

As atuações de Melissa Barrera e Jenna Ortega, que interpretam, respectivamente, as irmãs Sam e Tara Carpenter, são grande destaque no filme. A conexão e união das protagonistas é bastante aprofundada e emocionante, elas mostram que querem melhorar cada vez mais a sua relação. Os irmãos Chad e Mindy também são explorados melhor na sexta produção, a aproximação deles com as Carpenter é evidente no enredo e os quatro personagens, apelidados de “QUARTETO TOP”, tentam o possível se unirem para começar um novo capítulo da vida para superar os traumas que viveram no quinto filme. Sem contar que o retorno de Gale e Kirby também deixa os fãs da franquia bastante entusiasmados.

Os novos personagens são introduzidos na trama, mas trazem aquela desconfiança de quem seria o Ghostface pelos protagonistas e também pelo telespectador. O longa também faz de tudo para enganar o público sobre o suspeito, logo, é preciso ser bastante esperto para não cair nas pegadinhas que a produção proporciona e consegue fazer o público ficar interagindo com a narrativa.

Porém, a produção também apresenta alguns deslizes que podem incomodar o telespectador. A abertura consegue trazer um diferencial, assim como as cenas das mortes que são mais sanguinárias, mas o roteiro segue o mesmo padrão dos longas anteriores de Pânico, deixando alguns momentos do filme saturados.

Tratando da violência, percebe-se que alguns personagens são feridos brutalmente pelo serial killer com várias facadas, mas conseguem reunir forças para continuar andando e lutando contra o assassino, ocasiões que se tornam estranhas nas cenas que são apresentadas.

Em síntese, apesar de alguns erros, Pânico VI consegue ser um slasher mais brutal e sanguinário e se tornando um dos TOP 3 da franquia. O resgate das referências dos anteriores torna-se bastante nostálgico para os fãs e faz ter vontade de rever os anteriores novamente, além de trazer a ironia das regras clássicas dos filmes de terror. A produção alcança (mais uma vez) a euforia e o entusiasmo do telespectador e, principalmente, dos fãs na sala de cinema.

[Crítica] Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, além de louca, é a obra mais macabra do MCU

Doutor Estranho no Multiverso da Loucura estreou na última quinta-feira, dia 5 de maio, nos cinemas brasileiros. O quinto filme da Fase 4 do Universo Cinematográfico da Marvel é estrelado por Benedict Cumberbatch, Elizabeth Olsen, Benedict Wong e Xochitl Gomez. A direção tem o retorno de Sam Raimi, responsável por trazer a trilogia do Homem-Aranha nos anos 2000, aos filmes de heróis.

[GIF: Reprodução/ Pinterest]

CRÍTICA SEM SPOILERS

Após o sucesso estrondoso de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, o segundo filme do herói dos magos prometia ser impactante, visto que, quando se trata do Multiverso, tudo pode sair do controle e inclusive ter algumas participações especiais. 

O longa acompanha a jornada do Doutor Estranho rumo ao desconhecido. Além de receber ajuda de novos aliados místicos e outros já conhecidos do público, o personagem atravessa as realidades alternativas incompreensíveis e perigosas do Multiverso para enfrentar um novo e misterioso adversário.

A temática do multiverso começou a ser introduzida em algumas produções, como WandaVision, Loki, What If…? e Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa. Nesta ocasião, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura explora sobre as outras realidades e versões dos personagens e possui uma pegada que nunca foi vista no MCU.

[Imagens: Divulgação/ Marvel Studios]

Escrito por Michael Waldron (Loki, 2021), o roteiro é direto, sem enrolação e explicações e com muitas cenas de ação. Talvez seja, até mesmo, muito rápido para uma duração de 2 horas, visto que, poderia ter explorado mais o seu tema central: o multiverso. A correria na narrativa afeta os diálogos e explicações sobre alguns casos curiosos do multiverso. É possível viajar profundamente com o filme em relação às viagens de um universo para o outro e também a presença de muitas cores e formatos deixa a experiência muito louca e eletrizante. O público da sala de cinema pode entrar em delírio momentâneamente, com a aparição de alguns personagens que serão mais detalhados na crítica com spoilers.

O longa adota elementos de terror que nunca foram vistos em qualquer produção do Universo Cinematográfico da Marvel. Em alguns momentos, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura consegue estabelecer o jump scare, uma técnica usada para o telespectador pular da cadeira pelo susto. Inclusive, o longa consegue referenciar alguns filmes de horror, como Carrie, A Estranha (1976), O Chamado (2002), Invocação do Mal (2013) e A Morte do Demônio (1981). Em adição, a obra traz inovações, como cenas violentas, sombrias e muita magia, o que pode causar aflição, porém, como em alguns filmes do universo, não deixa o humor de lado.

Sam Raimi entrega uma direção de forma corajosa, com certeza, ele realizou um dos projetos ousados de sua carreira e do MCU. Ele trabalha o longa com primazia e mostra progressivamente mais sua ambição de trazer as referências e os componentes de terror para a trama.

[Imagem: Reprodução/ Marvel Studios]

Após o incidente envolvendo o Homem-Aranha, Doutor Estranho/ Stephen Strange percebe que perdeu o controle do multiverso e mostra que não tem como conter toda a situação. O personagem não podia ser de outro ator sem ser do Benedict Cumberbatch, mais uma vez o astro realizou um trabalho competente e com muito carisma se envolvendo em uma jornada bastante louca interpretando o Mago. 

Elizabeth Olsen entrega uma atuação excepcional como Wanda Maximoff/ Feiticeira Escarlate. Após os acontecimentos em Westview que foram mostrados em WandaVision (2021), a dor que a personagem carrega por ter perdido Visão (Paul Bettany) e seus filhos gêmeos, Billy (Julian Hilliard) e Tommy (Jett Klyne), é perceptível e não tem como ficar sensibilizado assistindo o seu sofrimento.

[Imagem: Divulgação/ Marvel Studios]

O longa apresenta uma nova personagem para o universo: America Chavez, interpretada por Xochitl Gomez, a nova heroína do MCU. A jovem heroína é introduzida de forma não muito detalhada, porém a narrativa consegue mostrar mais sobre a sua habilidade de abrir diversos portais para o multiverso.

Por fim, com efeitos especiais esplêndidos e uma pegada única, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura tem seus pontos positivos e negativos, mas é um dos filmes mais diferenciados já feitos pela MCU. O trabalho criativo de Sam Raimi não deixa a desejar e entrega sem medo um evento grandioso de deixar arrepios do começo ao fim. 

ATENÇÃO!

CRÍTICA COM SPOILERS + FINAL EXPLICADO

Embora a parte técnica, as cenas impactantes e o protagonismo e antagonismo de alguns personagens sejam positivos, na crítica com spoilers, será explicado com mais detalhes o motivo do filme ter decepcionado alguns fãs e telespectadores.

Desde diversas divulgações de teasers e trailers, os internautas questionaram-se sobre qual seria o estopim do novo longa, ao assistir o filme percebe-se que a Feiticeira Escarlate é a grande vilã de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura onde mostra o seu comportamento impiedoso e sombrio sob a influência do Darkhold. Seu arco narrativo se constrói a partir da obsessão que Wanda possuía de ter seus filhos de volta, após os acontecimentos de WandaVision, e, inclusive, na cena pós-créditos do seriado, a personagem estuda o livro Darkhold para tentar mudar de realidade e conviver com Billy e Tommy novamente. Repara-se que as histórias dos seriados do MCU, disponíveis no Disney+, começam a entrelaçar-se com as futuras produções, como o caso da série da vingadora que traz uma conexão significativa para o enredo do filme.

[Imagem: Reprodução/ Marvel Studios]

Para realizar esse feitiço, ela precisa capturar America Chavez e apanhar seu poder de se deslocar de uma realidade para outra. Toda essa perseguição começa logo na primeira cena bastante eletrizante, com a presença de Estranho Defensor, uma variante do Mago e provindo de outro universo, ajudando a personagem de Xochitl Gomez, mas ele acaba morrendo durante a batalha contra uma criatura, mandada pela Feiticeira, que tentava raptar a jovem. Contudo, Chavez consegue escapar para o mundo de Doutor Estranho.

[Imagem: Divulgação/ Marvel Studios]

Doutor Estranho descobre todo o plano da Feiticeira Escarlate e arrisca-se para salvar a vida de America. O Mago foge e passa por diversas dimensões para proteger a personagem de Xochitl Gomez, logo, várias viagens pelos universos são mostradas, em uma delas aparece o cenário de What If…?, e a passagem é visualmente fascinante e bem trabalhada. Além de conhecer novos personagens que podem levar o telespectador à loucura.

Com a viagem pelo multiverso, a Marvel não podia negligenciar a presença de algumas participações especiais que todos esperavam: o surgimento dos Illuminati. Em um outro universo, Doutor Estranho e América ficam presos em uma instituição de pesquisa e, nesse momento, o Mago é levado para conhecer o grupo de heróis, composto por Mordo (Chiwetel Ejiofor), a Capitã Carter (Hayley Atwell), o Raio Negro (Anson Mount), a Capitã Marvel (Lashana Lynch),Reed Richards (John Krasinski) de Quarteto Fantástico e a aparição de ninguém mais e ninguém menos que Professor Charles Xavier (Patrick Stewart). O aparecimento deles trouxe uma nostalgia para os fãs e foi capaz de arrancar gritos na sala de cinema.

[Imagens: Marvel Comics/ Marvel Studios]

Nesse encontro com os Illuminati, Doutor Estranho descobre que sua outra versão desse universo, Estranho Supremo, foi morta, dado que, para derrotar o Thanos, ele recorreu ao Darkhold. Mas o Mago acabou sendo sacrificado por causar uma Incursão, que é quando acontece a colisão de dois universos obliterados, causando a destruição de um ou ambos. 

Todavia, o que é bom dura pouco e esse seria um dos pontos negativos do filme que decepcionaram os fãs; o pouco tempo de tela dos Illuminati que tiveram um destino brutal causado pela Feiticeira Escarlate, essa aparição era o momento mais esperado pelo público e acabou decepcionando pela passagem quase insignificante do grupo. Mas, há a possibilidade de surgirem novamente em outros universos e serem mais desenvolvidos futuramente, visto que a Marvel Studios confirmou uma produção do Quarteto Fantástico, então é possível chegar muitas novidades em breve.

Um outro ponto que surgiu nos trailers, mas não foi tão explorado: a presença do Estranho Sinistro (Strange de Três Olhos), a expectativa de ter uma batalha grandiosa entre ele e o Doutor Estranho, na verdade, foi rápida. Contudo, os efeitos especiais são inovadores e envolviam as notas musicais juntamente com um som clássico. A versão sombria do Mago deixou um alerta: se praticar a possessão do Darkhold, pagará um preço alto.

[imagem: Reprodução/ Marvel Studios]

O tão aguardado momento do filme, no entanto, aconteceu, para quem acompanhou a série What If…?, o Doutor Estranho zumbi, usando o cadáver do Estranho Defensor. O Mago usa a magia perigosa do Darkhold e entra no corpo do Defensor para impedir a Feiticeira Escarlate de sacrificar America, essa com certeza é uma das cenas mais assustadoras e sombrias da obra. No final, quem consegue também acabar com os planos de Wanda é a personagem de Xochitl Gomez que consegue ter o controle de seus poderes.

[GIF: Reprodução/ Giphy]

América abre mais um portal e Wanda encontra seus filhos que se assustam com sua figura de feiticeira e ela percebe que sua obsessão machucou todas pessoas ao seu redor. Então, ela toma uma atitude corajosa e destrói o livro Darkhold de todos os universos para que não seja usada por ninguém, o castelo na Montanha Wundagore desmorona e a vingadora é soterrada, considerada “morta”. É impossível não ficar impactado com o destino da personagem, mas não tem como afirmar se ela voltará ou se também terá uma outra versão de Wanda futuramente, então o filme deixa essa abertura.

Após impedir Wanda de apanhar os poderes de America, Doutor Estranho volta para o seu universo e caminha pelas ruas de Nova York, porém ele acaba pagando o preço alto por ter usado a magia do Darkhold e, como resultado, aos gritos, revela seu terceiro olho se abrindo na testa. Essa cena final deixa o telespectador chocado e a espera o que acontecerá futuramente com o Mago lidando com as consequências após a prática da dominação onírica.

A primeira cena pós-créditos é um fator importante para o futuro da Marvel, Doutor Estranho é abordado pela Clea, interpretada por Charlize Theron, que o alerta sobre o ínicio de uma incursão, esse evento aconteceu devido ao herói usar a magia para possuir uma mente de outra versão, que no caso foi o cadáver do Estranho Defensor. Então, eles entram para uma outra dimensão e o terceiro olho aparece na testa do Mago. 

[Imagens: Marvel Comics/ Sunday Magazine]

A segunda cena pós-créditos faz uma referência à cena final de A Morte do Demônio II, dirigido por Sam Raimi. O diretor chamou o seu amigo Bruce Campbell, que atuou na trilogia clássica de terror, para interpretar o dono da Pizza Poppa em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura. No filme, em um outro universo, o personagem de Campbell foi enfeitiçado pelo Mago para se bater por 3 semanas, após o fim da magia, ele olha para a câmera com um sorriso e falando “acabou”, que se refere ao fim do feitiço e do filme. Esse momento é apenas uma zueira com o telespectador que ficou os últimos segundos da produção.

Em conclusão, embora não tenha agradado uma parte do público e dos críticos, o filme entrega uma obra bem ousada com tons de terror bem encaixado, um introdutório do multiverso bem louco e um bom desenvolvimento dos personagens, mas o filme deixou mais tópicos em aberto e, logo, pode ser um preparativo do que estar por vir. No final, o longa promete que Doutor Estranho voltará, então uma possível sequência pode trazer mais uma jornada árdua sobre a incursão e também introduzir a maga Clea (Charlize Theron). 


[CRÍTICA] The Batman: o lado mais pessoal e sinistro do herói

Após diversos adiamentos nas gravações e na data de lançamento devido à pandemia do coronavírus, uma nova produção de um dos heróis mais queridos da DC, The Batman, estreou nos cinemas no início de março. O novo filme solo do Homem-Morcego é estrelado por Robert Pattinson (Crepúsculo), a direção foi comandada por Matt Reeves (Planeta dos Macacos: A Guerra) e o roteiro foi escrito por Mattson Tomlin (Power) e Peter Craig (Jogos Vorazes: A Esperança).

Como começou nas HQs

Batman é um dos personagens mais queridos e populares da DC e de todo o mundo. Desde 1940, já foram vendidos 460 milhões de HQs do homem morcego, ficando apenas atrás de Superman que já vendeu aproximadamente 600 milhões de cópias. 

Em 1939, Batman foi criado por Bob Kane, que teve a ideia de desenvolver um herói sem poderes. Além de Kane,o escritor Billy Finger, que foi convidado pelo mesmo para ajudar a escrever o primeiro HQ, concedeu os elementos essenciais no universo do Homem-Morcego; colaborou fazendo o traje do personagem, criou o nome “Bruce Wayne” e originou os seus inimigos e aliados, como Coringa, Mulher-Gato, Robin, Alfred e entre outros. A primeira aparição do Cavaleiro das Trevas foi na revista Detective Comics #27, mas ficou popular apenas em 1940, após ganhar uma série de HQs próprias, Batman #1 foi a primeira revista publicada.

A revista Detetive Comics #27 apresenta o justiceiro pela primeira vez, mas a sua origem e introdução acontece em Detetive Comics #33, também lançado em 1939. Bruce Wayne é o filho do médico Dr. Thomas e Martha Wayne. Aos 8 anos, a vida do jovem Bruce muda  completamente ao presenciar seus pais serem baleados e assassinados pelo assaltante Joe Chill em um beco de Gotham, a cidade onde vive. Logo após esse homicídio, Bruce jurou que lutaria contra os crimes e começou a treinar intensamente para combater a criminalidade com suas próprias mãos como Batman. 

[Imagem: Reprodução/ DC Comics]

Com o sucesso das HQs, o homem morcego foi conquistando vários fãs, e várias adaptações cinematográficas e televisivas passaram a surgir, como Batman, dos anos 1960, interpretado por Adam West, a versão de Batman (1989) interpretado por Michael Keaton e dirigido por Tim Burton e sua sequência Batman Returns (1992), a aclamada trilogia de Cavaleiro das Trevas (2005–2012) estrelada por Christian Bale e dirigida por Christopher Nolan, que conta com a premiada atuação de Heath Ledger como Coringa. Por fim, antes de Pattinson assumir o papel do icônico personagem, o ator Ben Affleck deu vida ao milionário justiceiro atuando em Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016), Esquadrão Suicida (2016), Liga da Justiça (2017) e Liga da Justiça de Zack Snyder (2021), todos filmes do Universo DC.

[Imagem: Divulgação/ Warner Bros. Pictures/ HBO Max]

Em uma entrevista para Esquire, Matt Reeves, o diretor de The Batman (2022), afirmou que o longa não abordará a origem do Homem-Morcego, pois o público já a assistiu várias vezes: “Nós vimos isso tantas vezes. Foi feito à exaustão. Desde o começo, sabia que não deveríamos refazer isso”. Por tal razão, a nova produção será baseada nas HQs Batman: Ano Um, de Frank Miller, Batman: O Longo Dia das Bruxas, de Jeph Loeb e Tim Sale, e Batman: Ego, de Eisner Darwyn Cooke, que não abordam as origens do herói.

Confira a crítica sem spoilers

Em The Batman, em seus primeiros anos lutando com suas próprias mãos, Batman (Pattinson) enfrenta as injustiças e a bandidagem nas ruas sombrias de Gotham. Todavia, uma série de assassinatos surgem na cidade e o herói precisa, juntamente com Jim Gordon (Jeffrey Wright), desvendar os mistérios e enigmas feitos pelo vilão Charada (Paul Dano).

O trabalho de Matt Reeves de adaptar as três HQs em um filme é de forma certeira e bem encaixado no enredo. Apesar da produção ter quase 3 horas de duração, acompanhar os mistérios e desvendar os segredos ocultos durante as investigações do “maior detetive do mundo” não se torna muito cansativo, já que cada ação desenvolvida por Charada é bem trabalhada, assustadora e violenta. O telespectador fica cismado, impactado e grudado na telona pelo surgimento de cada enigma e código, que são montados como um quebra-cabeça até uma grande descoberta no final do longa.

[Imagem: Reprodução/ Warner Bros. Pictures]

Por ser bastante intenso, The Batman entrega um herói mais sombrio que as outras produções e mostra o lado mais pessoal, realista e profundo do personagem. O longa mostra que o herói tem suas cicatrizes externas e internas que o atormenta é visível, também, o trauma e a culpa que Bruce Wayne carrega pelo assassinato de seus pais. Embora ele guarde um rancor e tenha uma sede de vingança, a trama também desenvolve o amadurecimento de Bruce Wayne/ Homem-Morcego. Durante a exibição do longa, o  telespectador consegue sentir entusiasmo, tensão e nervosismo na poltrona, e também reconhecer a dor pelo olhar do protagonista.

Ademais, as cenas de ação são brutais, bem realistas e muito explícitas, esse combate corpo a corpo e os sons dos golpes são impactantes e estremecedores que faz o telespectador ficar inquieto na poltrona. O aparelhamento da trilha sonora dramática, assinada por Michael Giacchino, com as sequências de conflito e perseguição contribuem para a sensação de inquietação e aflição sempre presentes.

[Imagem: Reprodução/ Warner Bros. Pictures]

A fotografia, responsável por Greig Fraser, é um grande destaque do longa, os tons sombrios e acinzentados trazem esse lado mais aterrorizante na narrativa, principalmente nas sequências de luta e perseguição. Do mesmo modo que a cor vermelha representa a vingança que evidencia essa sede presente no Cavaleiro das Trevas. A mesclagem entre as cores, trilha sonora e cenas sinistras apresenta um longa amedrontador e impactante.

Após ser anunciado que Robert Pattinson receberia o manto do Homem-Morcego, a decisão foi bastante criticada devido ao seu trabalho na saga adolescente Crepúsculo. No entanto, o ator não se deixou abalar pelo julgamento e entregou uma atuação sinistra e arrepiante e conseguiu incorporar o lado intenso e sombrio da personagem. 

[Imagem: Reprodução/ Warner Bros. Pictures]

Outro destaque de atuação é de Zoë Kravitz interpretando Selina Kyle, a Mulher-Gato, assim como os vilões Charada e Pinguim, interpretados respectivamente por Paul Dano e Colin Farrell, que conquistam seus espaços na trama e entregam uma proposta impecável de seus personagens no enredo.

Por fim, The Batman é um dos melhores filmes do ano e pode receber indicações de algumas premiações, visto que promete entregar de maneira ousada uma proposta distinta das outras produções do herói ao desenvolver esse lado mais intimista da personagem, já que fica claro no longa que além da vingança, ele também luta por esperança. O final surpreende a todos fazendo com que o público vibre e espere ansiosamente pela possível sequência que pode ser ainda mais intrigante.

Confira o trailer abaixo:


[Crítica] Spencer: “Uma fábula sobre uma verdadeira tragédia”

A aclamada produção, Spencer, estreou recentemente nos cinemas brasileiros depois de constantes adiamentos. Em 2021, o filme já tinha sido lançado no Festival de Veneza e foi bastante elogiado pelo público presente no evento. O roteiro do longa é assinado por Stephen Knight (Peaky Blinders), Pablo Larraín (Jackie) ficou responsável pela direção, Kristen Stewart (Crespúsculo) é a protagonista e interpreta a princesa Diana e, além da artista, o elenco é composto por Jack Farthing (The Lost Daughter), Sally Hawkins (Godzilla 2: O Rei dos Monstros), Timothy Spall (Encantada) e Amy Manson (Once Upon a Time).

Diana Francis Spencer era uma mulher humilde, simpática, espontânea e querida pela nação. Conhecida por ser defensora de causas comunitárias, e desmentir os mitos que existiam sobre as pessoas com AIDS e com hanseníase. A princesa visitava os pacientes e doava fundos para ajudar os hospitais. Por conseguinte, Lady Di acabou se tornando uma das figuras mais icônicas no século XX, tanto que ela foi intitulada, pelo primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, de a “princesa do povo”.

[Imagem: Reprodução/ Getty Images]

No dia 31 de agosto de 1997, o mundo parou e se comoveu com a trágica morte de Diana que aconteceu no túnel Pont de L’Alma, em Paris, milhares de pessoas saíram pelas ruas para fazer homenagem à “princesa do povo” e o seu funeral foi assistido por aproximadamente dois bilhões de espectadores. No funeral, Conde Spencer, o irmão de Diana, disse: “Acima de tudo, nós agradecemos pela vida de uma mulher que tenho muito orgulho em poder chamar de minha irmã – a única, a complexa, a extraordinária e a insubstituível Diana, cuja beleza, interna e externa, jamais se extinguirá de nossas mentes”. Lady Di deixou um grande legado e continua sendo um dos membros mais populares da família real britânica.

A memorável trajetória da sua vida é, atualmente, lembrada pelo mundo, e também fez desenvolver diversas produções sobre sua história. No entanto, de todos os projetos feitos sobre a vida de Lady Di, Spencer consegue, por trás dos holofotes, mostrar um lado mais caótico, sobre a pressão de ser uma mulher perfeita e controlada pelas tradições da monarquia.

Ambientada em 1991, a obra dramática é focada na jornada interna da personagem. O telespectador se torna íntimo acompanhando o estado emocional da princesa Diana durante a vivência na realeza. Após rumores de traição, Diana percebe que seu casamento com príncipe Charles está chegando ao fim e, além disso, ela apresenta uma grande exaustão com as normas impostas pela Família Real. Portanto, Lady Di mostra-se sobrecarregada por tudo que está acontecendo ao seu redor e passa dias e noites bastantes turbulentos.

Por ser uma produção muito intimista, o telespectador acompanha cada passo da princesa e também percebe seu estado emocional abalado no decorrer do filme, conseguindo assistir detalhadamente a angústia e o aprisionamento que ela passa por conta do divórcio e das tradições da monarquia. Nota-se que Diana sempre tentava buscar apoio e procurava formas para tentar fugir daquelas situações e conseguir sua liberdade. Inclusive, a ansiedade e a inquietação podem ser apresentados pelo público que está consumindo a obra, é inegável a torcida para a monarca escapar daquele pesadelo.

[Imagem: Reprodução/ Diamond Films]

Vale pontuar que a saudade pela juventude antes de integrar a Família Real é um ponto importante na produção, Diana se sente perdida e não consegue se encontrar vivendo na monarquia. Ela tenta o possível reviver seu passado e faz de tudo para visitar sua casa. O local onde Diana morou na época da infância era um elemento significativo para a princesa, com objetivo de se livrar do sofrimento e alcançar a tranquilidade e a liberdade que tanto deseja.

Sobre a estética na produção, a brilhante fotografia e a trilha sonora são pontos muito fortes para comunicar-se com o telespectador e remetem a melancolia e a dor que a personagem de Kristen Stewart está sentindo.

Dirigida por Claire Mathon, a fotografia demonstra a proporção dramática de forma digna, a câmera consegue enquadrar o rosto da princesa e seu sentimento sobrecarregado, mostrando de perto a respiração ofegante, a sensação de tremor e os olhos lacrimejados. 

Aliás, é notável que as cores pastéis evidenciam um ambiente elegante e um cenário da realeza. No entanto, a intercalagem entre tons frios e quentes representam determinadas emoções da personagem. Os tons frios correspondem momentos em que Diana se sente desesperada com as situações que estava enfrentando e os tons quentes representam a alegria, conforto e paz, como nas cenas em que a princesa está com seus filhos, William e Harry.

[Imagem: Reprodução/ Diamond Films]

Além disso, a trilha sonora, assinada por Jonny Greenwood, parece ter sido usada para intensificar o estado emocional da personagem, o som dramático e instrumental se estende gradativamente nos momentos em que ela estava com um estado turbulento e tentava o possível para encontrar sua própria identidade. 

A sincronia entre a fotografia, a trilha sonora e as cores frias em momentos de tensão foi bem trabalhada, visto que o telespectador consegue sentir também aquele sufoco e nervosismo que a princesa Diana estava sentindo.

A atuação impressionante de Kristen Stewart é um grande destaque, Kristen evidenciou seu enorme talento como atriz no filme dirigido por Pablo Larraín. A artista consegue alcançar o ápice de sua atuação. Sua performance bem desenvolvida pode levá-la à uma indicação ao Oscar. Inclusive, segundo os críticos, Stewart pode ser a favorita ao prêmio da categoria de Melhor Atriz.

[Imagens: Getty Images/ Diamond Films]

Spencer é um filme bastante distinto de outras obras que foram adaptadas para contar sobre a vida da princesa de Diana. A nova produção consegue mostrar um lado mais sombrio de sua vida, e, de forma profunda, o que ela passou em seu casamento e a convivência com as regras rígidas da realeza. Além dos momentos despertadores que a personagem enfrenta, a produção traz assuntos muito delicados que podem ativar gatilhos para o telespectador. Por fim, a obra soube trazer a oportunidade aos telespectadores de assistir um trágico conto de fadas da personagem e se conectar profundamente com a história.

Confira o trailer abaixo.

Séries que se prolongam demais

Algumas produções são marcadas por apresentarem diversas temporadas de vários episódios, o que gera uma eterna discussão entre a audiência: alguns espectadores amam quando são renovadas, enquanto outros esperam um final digno para séries que muitas vezes já esgotaram a sua trama. A audiência fiel e a vontade dos atores em continuar com o projeto são algumas das razões pelas quais séries que já chegaram ao seu limite continuam sendo renovadas.

Portanto, pensando nessa premissa aqui na Frenezi listamos 5 séries que se prolongaram demais, umas que ainda estão em exibição e outras que já foram finalizadas. Lembrando que esta matéria trata-se do ponto de vista da editoria.

Grey´s Anatomy (2005 – presente)

[Imagem: Divulgação/ ABC Studios]

Criada por Shonda Rhimes e estrelada por Ellen Pompeo, a série médica é talvez o maior exemplo quando se fala sobre esse tema. Grey’s – como é carinhosamente chamada pelos fãs – possui 17 temporadas e, em cada episódio, os médicos internos e residentes lidam com diversos casos ao longo do expediente no Grey Sloan Memorial Hospital/Seattle Grace Hospital.

A 18ª temporada já tem data de estreia para fevereiro de 2022 e, recentemente, a ABC renovou oficialmente a série para sua 19ª temporada com estreia prevista somente para 2023, portanto, a série de drama médico norte-americana está longe de acabar no momento.

É inegável que Grey´s Anatomy bate diversos recordes de audiência, e que, apesar da longa maratona, a série ainda possui fãs fiéis que ano após ano continuam acompanhando Meredith Grey e seus colegas em seus dramas profissionais e pessoais.

Mas uma boa base de fãs não necessariamente significa que Grey’s continue com uma trama coerente e aceitável. Nos seus primeiros anos, quando Shonda ainda estava sob comando da série, Grey’s era um drama médico promissor, que se destacava dos demais pelas boas atuações e personagens cativantes facilmente relacionáveis com o público. Mas os anos passaram, e seja por confusões no set que resultaram em demissões ou a debandada de atores -e da própria criadora da série! – para outros projetos, Grey’s já perdeu praticamente todo o seu elenco original e a história já ficou sem sentido há uns bons anos. 
É até doloroso ver a dificuldade dos roteiristas em criar mais histórias para a série que já caminhou para todas as alternativas – e mortes – possíveis (até acidente de avião já teve!)  O que resta aos fãs sensatos de Grey’s Anatomy, que desejam um fim digno para sua série favorita, é a pergunta: o que mais há para contar? Ou melhor, quem mais pode morrer?

Supernatural (2005 – 2020)

[Imagem: Divulgação/ CW]

Após 15 anos de exibição, Supernatural chegou ao fim depois de 15 temporadas. A produção acompanha a história dos irmãos Winchester, Sam (Jared Padalecki) e Dean (Jensen Ackles) que investigam criaturas sobrenaturais pelo mundo. Criada por Eric Kripke, a série foi  pensada inicialmente para se estender até a 5ª temporada onde seria finalizado o enredo principal. 

No entanto, devido ao sucesso da série a The CW decidiu ampliá-la para mais temporadas, mas a partir da sexta temporada, quando Kripke deixou o seriado, a  produção passou pela mão de 4 showrunners, Sera Gamble, Jeremy Carver, Andrew Dabb e Robert Singer. Essa troca mostra que a série podia ter sido finalizada no momento certo, após a saída de Kripke.

Supernatural é um excelente exemplo do que a ganância dos produtores hollywoodianos pode fazer. Eric Kripke idealizou um seriado coeso, com trama fechada que duraria 5 anos. Os irmãos Winchester terminariam sua trajetória de forma brilhante, até porque todos os fãs de Supernatural sabem, a 5ª temporada foi a melhor temporada da série e o arco do Apocalipse foi o mais bem trabalhado. No entanto, a CW tinha uma mina de ouro em mãos e resolveu explorá-la até o fim, foi aí que os irmãos Winchester se perderam em sua história e os roteiristas ficaram sem criaturas mágicas novas para criar, ou vai dizer que ninguém se cansava daqueles monstros que eram para estar mortos retornando num looping eterno? 

Por fim, não foi nada fácil para a equipe de Supernatural nas gravações da última temporada. Assim como aconteceu nas outras produções, ela também foi uma das afetadas pela pandemia da COVID-19 e acabou sofrendo alterações no roteiro para que as filmagens pudessem acontecer com segurança, outro sinal que a CW ignorou para terminar a série logo.

Os Simpsons (1989 – presente)

[Imagem: Divulgação/ Fox Channel]

Não tem como falar do tema e não deixar de comentar de Os Simpsons, o sitcom possui 33 temporadas e também parece que está longe de acabar. Em 2016, após ter sido renovada para sua 30° temporada, o seriado se tornou o mais longo da história.

O sitcom acompanha uma família de classe média americana e já passou por vários produtores, como Matt Groening, James L. Brooks, Sam Simon, Mike Reiss, David Mirkin, Bill Oakley, Josh Weinstein, Mike Scully e, atualmente, quem está no comando é Al Jean. 

Não há fórmula mágica, e se depender dos produtores, Os Simpsons não tem data para acabar. Um dos motivos para argumentar contra seu fim seria o de que a série fala sobre a humanidade e tudo o que está acontecendo no mundo. O seriado até mesmo ficou famoso por eventualmente prever alguns acontecimentos e chocar os espectadores, se tornando uma curiosidade para o público – o que pode ser um pouco assustador. Logo, sua trama parece eterna já que se baseia de forma bem humorada em tudo que os humanos podem fazer.

No entanto, o humor da série parece estar perdendo seu timing e sua graça. É fato que Os Simpsons foi a série que influenciou e abriu as portas para todas as outras comédias de animações adultas atuais como: Futurama, Ricky and Morty dentre outras. Mas os tempos são outros, e a forma de se fazer humor mudou e Os Simpsons não acompanhou essa mudança, fato que a transformou, infelizmente, no tio velho que faz a piada do pavê: é sem graça, mas todo mundo ri por educação.  

Doctor Who (1963 – presente)

[Imagem: Divulgação/ BBC]

Produzida pela BBC, a série de ficção científica é a que a está mais tempo no ar na televisão.  A trama, acompanha um alienígena do planeta Gallifrey, chamado apenas de Doctor, que viaja em uma nave através do tempo junto de seus companheiros. 

Na época das primeiras temporadas de Doctor Who, o astro William Hartnell adoeceu gravemente, então para substituí-lo, os produtores decidiram introduzir o conceito “regeneração” em 1966, ano em que o ator parou de interpretar Doctor. Portanto, passaram 13 atores no total, com idades e características distintas, sendo o último doctor da série, Jodie Whittaker, a primeira mulher a assumir o papel em 2018. 

Entre os anos 1963 e 1989, o seriado apresentou 26 temporadas, então, em 1989, a BBC suspendeu Doctor Who. A produção voltou do hiato em 2005, e ampliou sua história para mais 13 temporadas,  atualmente em exibição. O seriado consegue ser surrealista e realista simultaneamente, em razão que, em um episódio, os personagens estão no espaço lutando com os alienígenas e, no próximo, apresenta um conto de romance voltando ao passado e apresentado personalidades históricas reais como Shakespeare e Agatha Christie. O telespectador nunca sabe o que esperar e é surpreendido com o lançamento de cada capítulo.

Ademais, por retratar de viagem no tempo, Doctor Who consegue abordar assuntos importantes, como preconceito racial, misoginia, religião e diversas culturas. E o papel de Doctor é sempre solucionar estes problemas da humanidade, pois o protagonista acredita na humanidade e faz da vida dele ter bastante sentido. 

Porém, apesar da premissa interessante e da entrada de Jodie como a nova Doctor ter elevado a audiência da série em seu primeiro ano como a personagem, Doctor Who tem sofrido grandes quedas de audiência, o que nos leva a questionar: a série está há mais de 50 anos em exibição, não é hora da BBC dar espaço para novas histórias?    

The Walking Dead (2010 – presente)

[Imagem: Divulgação/ AMC Networks]

A audiência do seriado foi uma montanha-russa durante a exibição. The Walking Dead  foi bastante aclamada pelas crítica e pelo público, inclusive, a estreia da quinta temporada quebrou recordes de audiência e um dos episódios foi um dos mais assistidos da televisão paga americana. É inegável que a produção possui uma legião de fãs que lotam Comic Cons, compram os diversos produtos derivados da série e elevam a audiência dos spin-offs. O grande destaque e diferencial da série em relação a outras produções do gênero, é que a obra não é sobre, apenas, os ataques dos zumbis, na verdade, seu enfoque é mostrar a relação entre os sobreviventes. O que fazia a audiência se afeiçoar aos protagonistas e  os fãs ficarem receosos e torcerem para que alguns dos personagens sobrevivessem.

Apesar da série ter tido ou ainda ter protagonistas que cativam cada vez mais o público e que, frequentemente, possuem torcida. A produção perdeu o sentido a partir da sexta temporada,  com a chegada do vilão Negan (Jeffrey Dean Morgan), as mortes – sem sentido – de determinados personagens importantes e também o desaparecimento de Rick – o antigo líder do grupo de sobreviventes e um dos queridos pelos fãs – afetou a audiência do programa, assim como mostra a curva decrescente do gráfico feito pelo Broadband Choices

A trama, que sempre se caracterizou por ser menos dinâmica do que a maioria das séries, ficou praticamente parada, com pouco ou nenhum desenvolvimento. Por duas temporadas inteiras nada acontecia em The Walking Dead, e o costumeiro sentimento de tragédia iminente que acompanhava o espectador desde a 1ª temporada, deu lugar a um verdadeiro “tanto faz”, onde não importava o que acontecia nada parecia suficientemente bom ou interessante para fazer a audiência se preocupar com o futuro de seus personagens. 

O seriado, no entanto, deu a volta por cima e teve um aumento do número de espectadores a partir da segunda metade da nona temporada, após a troca de showrunners e de apresentar um salto temporal de 6 anos na trama com um novo arco narrativo – já que qualquer nova trama seria mais interessante do que o arco seguido por torturantes duas temporadas. A última temporada ainda está em exibição e termina este ano, podendo ainda dar a The Walking Dead um final mais ou menos digno, deixando caminho livre para que as séries (e possível filme) derivadas da trama tomem seu lugar.

Quando se trata sobre o prolongamento dos seriados, nota-se que existem diversos fatores para as emissoras decidirem renovar várias temporadas, como foram apresentadas na matéria. O enredo prende o telespectador, os personagens cativam, o cuidado e o aperfeiçoamento no trabalho dos efeitos especiais, nas atuações e na ambientação. Portanto, trabalhar mais uma temporada é um grande desafio para toda a equipe da produção para entregar mais um projeto aprimorado e irrepreensível.

Marcações de estações no Cinema e TV

As estações do ano acontecem ao longo do período de um ano e cada uma possui diversas características distintas. Todavia, percebe-se que nos filmes e séries não podiam ser diferentes, uma vez que também passam por essas marcações, apresentando mudanças na paleta de cores em cada cena, também com a mudança de humor dos personagens e do mesmo modo que os figurinos sofrem transições para cada época do ano. As fases do ano fazem uma grande diferença nas telas do cinema e na TV, pois correspondem situações apresentadas pela produção e também despertam certas impressões nos espectadores.

Para acrescentar as estações do ano nas cenas das produções, é necessário que, segundo a matéria Manual do Cinéfilo, o diretor geral, primeiramente, precisa criar um clima dramático para uma determinada cena.  Ele explica detalhadamente os caminhos que cada departamento do filme deve seguir, como sons, arte, fotografia e especialmente cenografia, onde informa a estação que se passa no perfil daquele cenário. Em seguida, o diretor de fotografia possui a responsabilidade de juntar todos os elementos do planejamento de filmagem, roteiro e principalmente o cenário, e construir as imagens em movimento. Portanto, ele tem seu poder de influência no olhar óptico do espectador.

As cinco produções abaixo utilizam-se das estações do ano em seus arcos dramáticos, possuem alguns significados dependendo do sentimento e da situação dramática nas cenas e apresenta cada detalhe que muitas vezes passa batido no espectador.

500 Dias Com Ela (2009)

[Imagem: Reprodução/ Searchlight Pictures] 

Em 500 Dias Com Ela, Tom Hansen (Joseph Gordon-Levitt) está em uma reunião com seu chefe, Vance (Clark Gregg), quando ele conhece sua nova assistente, Summer Finn (Zooey Deschanel). Tom logo fica apaixonado pela moça, mas não é correspondido. Logo, propõe ficarem 500 dias juntos para tentarem compreender o que há de errado.

A produção de 2009 é aquela comédia romântica alternativa, pois o casal principal não fica junto no final e mostra o oposto do que estamos acostumados. Além disso, o filme revela o amor muito perto da realidade, e também momentos altos e baixos e o desenvolvimento de cada personagem. Essas situações são mostradas de acordo com as mudanças de estações.

Summer não possui o mesmo sentimento que Tom sente pela jovem, então, quando chega o outono, os dois se separam e o protagonista começa a ter sua fase de luto após o término, questionando-se e passando por períodos de negação, raiva, depressão e aceitação. Ao final do filme, com a época das folhas alaranjadas caindo das árvores, o personagem de Joseph Gordon-Levitt conhece uma jovem chamada Autumn (outono em português) e começa uma nova história de amor.

Percebe-se que a protagonista chamada Summer é comparada com o verão de alguns países que possuem o clima frio na maior parte do ano e poucos dias ensolarados, assim como ocorre no relacionamento dos dois personagens principais. O casal começa a se dar bem nos dias mais quentes, que dura 500 dias, logo, Tom aproveita cada segundo com a jovem durante pouco tempo. Além disso, a moça também alinha-se aos elementos da época mais quente, como seu figurino mais leves e tons amarelados. 

Cruel Summer (2021)

[Imagem: Divulgação/ Freeform]

O seriado da Amazon Prime Video, Cruel Summer, possui diversas reviravoltas que chocam bastante o espectador em cada episódio até o final da temporada. A produção se passa em três anos, 1993, 1994 e 1995 e acompanha a vida da adolescente popular Kate Wallis (Olivia Holt) e da garota excluída da escola Jeanette Turner (Chiara Aurelia). Tudo vira de cabeça para baixo quando Kate é sequestrada e vive em cativeiro por 1 ano, após seu resgate, Jeanette é acusada pelo desaparecimento da jovem e sua vida muda tragicamente. Segredos obscuros são revelados e começam a chocar a população da pequena cidade no Texas.

A produção consegue usar muito bem a paleta de cores, logo, os tons quentes, frios e sombrios marcam respectivamente os anos de 1993, 1994 e 1995. A mudança está totalmente presente na narrativa de cada ano e as estações não são deixadas de lado na trama.

Em 1993, as cenas se passam na primavera e verão e seus tons são bastantes quentes, o que faz identificar que o cenário é calmo, leve e descontraído. Kate vive sua vida incrível, sendo popular na escola, com o namorado sempre presente e acompanhada de suas melhores amigas. Jeanette também possui uma vida feliz, com a família reunida e curtindo vários momentos junto com seus amigos.

Em 1994, dentro de um ano, tudo começa a mudar após Kate ser sequestrada e mantida em cativeiro durante muitos meses em um porão de uma mansão na pequena cidade em que vive no Texas. A vida de Jeanette muda após o desaparecimento da personagem de Olivia Holt e acaba assumindo o posto de mais popular da escola, esquece de seus antigos amigos e família e se junta com novas amizades e inicia um novo relacionamento com um dos caras mais populares. O outono é uma estação marcada com tons frios, assim como as cenas intrigantes e dramáticas, além disso, com a aparição de Kate, Jeanette é acusada do incidente e sua vida sai totalmente do controle.

Por fim, 1995 é um ano macabro para a vida das duas protagonistas. Jeanette passa por uma mudança de personalidade e Kate se torna uma pessoa muito fria e acusa a jovem por ser cúmplice de seu sequestro em rede nacional. Além disso, a população acompanha esse caso dia e noite. Com várias reviravoltas e cenas de tirar o fôlego, a intriga entre essas personagens é bastante exposta durante a investigação nesta parte da série. Logo, o inverno é muito presente, com tempos fechados e dias chuvosos, assim como a paleta de cores bastante sombria com cores azuladas, acinzentadas e escuras.

Em conclusão, as paletas de cores são bem essenciais para a trama da série e as estações do ano possuem  uma grande importância durante cada um desses anos, 1993, 1994 e 1995. Essa caracterização das cores e épocas apresentadas no seriado direciona o espectador em que período está assistindo e sem se perder na história.

La La Land – Cantando Estações (2016)

[Imagem: Divulgação/ Lionsgate Films]

Assim como está intitulado no Brasil, La La Land – Cantando Estações retrata a história a partir das quatro estações do ano. Lançado em 2016 e estrelado por Emma Stone e Ryan Gosling, o filme também apresenta uma comédia romântica alternativa, onde o casal não termina junto, assim como em 500 Dias Com Ela, mas com uma homenagem aos musicais clássicos. A produção acompanha a vida de Mia e Sebastian que se conhecem e se apaixonam perdidamente. O casal tenta realizar seus sonhos na cidade de Los Angeles – Mia quer ser atriz e Sebastian quer abrir um clube de Jazz -, ao mesmo tempo em que também lutam para o relacionamento amoroso continuar firme.

A produção começa no inverno, mas a música Another Day of Sun é apresentada nessa época natalina e percebe-se que Mia e Sebastian não se dão muito bem no meio do trânsito em Hollywood, então os dois são bastante frios um com o outro.

Em seguida, o espectador passa a acompanhar os dias mais coloridos, a primavera, com uma festa na piscina, com músicas animadas e muita dança. Além disso, os personagens de Stone e Gosling começam a se conhecer melhor e uma das cenas mais marcantes do filme é a performance da canção A Lovely Night com um fim de tarde belíssimo e com um tom escuro. No verão não é diferente, eles passam por ótimos momentos juntos, com várias saídas para alguns lugares românticos e conversas descontraídas. 

Com a chegada do outono, tudo começa a mudar no relacionamento entre Mia e Sebastian, o rapaz começa a fazer diversas turnês e Mia passa a se dedicar aos seus próprios sonhos, ambos se distanciam e, logo, passam a se desentender e iniciam as brigas. A cena em que ocorre a discussão no meio do jantar é tensa e sintetiza esse momento do filme. Aliás, as cores vermelho, azul e verde estão presentes nessa fase difícil para o casal.

Portanto, a situação muda no inverno novamente, as cores presentes são rosa, roxo, azul escuro e claro. Os protagonistas seguem seus caminhos diferentes  seguindo as carreiras que sempre sonharam, essa fase da produção apresenta uma espécie de escolha, pois decidiram seguir seus sonhos que os levaram a caminhos bem diferentes. 

As estações do ano são bem trabalhadas na narrativa e nas músicas. O longa apresenta muitas cenas vivas e figurinos bastante chamativos e coloridos durante todo o filme, independente da época que estiver presente. No entanto, os protagonistas passam por transições de acordo com a mudança do clima e com a paleta de cores.

Harry e Sally – Feito Um Para o Outro (1989)

[Imagem: Reprodução/ Columbia Pictures]

Lançado em 1989, o longa apresenta uma jornada de amor e amizade entre Harry (Billy Crystal) e Sally (Meg Ryan) durante uma viagem até Nova York. Eles se tornam amigos, porém, aos poucos, percebem, com certo temor, que estão apaixonados um pelo outro. Dirigido por Rob Reiner, a produção apresenta uma comédia romântica, mas de uma forma diferente, Harry e Sally não é como 500 Dias Com Ela e nem La La Land – Cantando Estações em que o casal não fica junto no final. No entanto, o espectador é surpreendido com a história no decorrer da relação dos personagens.

O outono é apresentado no cenário da produção com as tardes mais curtas, o frio que indica o início do inverno e os dias mais amenos na cidade de Nova York. Percebe-se que o clima é um grande destaque no fundo, como acontece na cena do parque, as árvores alaranjadas são significativas para a fotografia do filme. 

A cidade de Nova York é mostrada, portanto, como uns dos cenários mais lindos no filme, independente da estação do ano apresentada. Então, o outono no fundo do enquadramento é relevante na produção, mas não afeta a relação dos dois personagens.

Gilmore Girls: Um Ano para Recordar (2016)

[Imagem: Divulgação/ Netflix]

Gilmore Girls foi um sucesso nos anos 2000, estrelada por Lauren Graham e Alexis Bledel, a história acompanha a rotina e a relação de mãe e filha, Lorelai e Rory Gilmore, na pequena cidade de Stars Hollow.  Em 2016, após 9 anos do fim do seriado, estreou o revival intitulado Gilmore Girls: Um Ano Para Recordar na Netflix e os criadores Amy-Sherman e Daniel Palladino fizeram um acordo para trazer a série de volta com quatro episódios novos de 90 minutos cada. Logo, a narrativa retrata cada uma das estações do ano e os títulos são apresentados em cada episódio: Winter, Spring, Summer e Fall. 

O inverno é o começo do revival e o retorno de Lorelai e Rory. Com um clima natalino, cores frias, como azul, turquesa, branco e cinza são  predominantes nas cenas e nos figurinos, que remetem sentimentos de calma  e tranquilidade, logo, essas duas características se integram nesse primeiro episódio. Além disso, a decoração com piscas-piscas, árvores de natal enfeitadas e muita neve estão presentes no cenário em Stars Hollow. Portanto, a homenagem a um personagem, Richard Gilmore, e também para o ator Edward Herrmann, que morreu em 2014, é bastante significativo no decorrer da minissérie.

Depois do inverno, chega a primavera, os tons quentes são marcantes e as estampas floridas nos figurinos são o grande destaque. Essa estação pode recordar alegria e bom humor, mas nem tudo são flores para os personagens do seriado, pois, comparado à época do frio, apresenta mais melancolismo. Nesse episódio, a vida pode levar para alguns caminhos diferentes que não queremos, mas que precisamos mesmo assim enfrentá-los. Percebe-se que a mãe de Lorelai, Emily Gilmore, estava com os nervos à flor da pele devido ao falecimento do marido e, na terapia, ela e sua filha ficaram muito quietas na consulta com a psicóloga. Outrossim, Rory passa por pesadelos no seu relacionamento e na questão de escrever seu livro. 

O verão inicia com tons vibrantes, quentes e bastante solar, com cenário nos tons pink, rosa claro, azul, amarelo e verde, cores que demonstram intensas emoções, muita diversão e movimento. Bem como a primeira cena que mostra Rory e Lorelai na piscina municipal de Stars Hollow em um dia ensolarado. Todavia, assim como aconteceu na primavera, a nova estação traz novas inseguranças para a família Gilmore e, portanto, o final  do episódio faz uma preparação com a chegada do outono, que é impactante para os fãs e espectadores.

Por conseguinte, o revival foi finalizado no outono e, com tons quentes e as folhas alaranjadas nas árvores presentes no cenário, essa estação do 4° episódio acompanha emocionalmente o amadurecimento das mulheres Gilmore. Lorelai estava preparada para realizar uma caminhada na trilha, porém precisava, primeiramente, lidar com seus próprios problemas e é uma cena muito memorável. Além disso, Rory começa relembrar momentos que passou com seus avôs e consegue escrever seu livro. 

Portanto, apesar das estações primavera e verão transmitirem relativamente épocas agradáveis, alegres e coloridas, o seriado  apresenta o oposto, mostra a lado confuso e indefinido na vida das mulheres Gilmore, não somente nos dias ensolarados e florescidos, mas também nos períodos de inverno e outono.

Em conclusão, finalizando as análises sobre as estações presentes em cada produção, nota-se que esses climas possuem  um diferencial para cada cenário apresentado e como são retratadas e interferem bastante na trama em filmes e séries. Assim como a mudança de humor dos personagens, do figurino e das paletas de cores de acordo com a época. Para o espectador pode passar batido, mas sem essas 4 épocas do ano, seria vago para o clima dramático.