O easy-chic com flertes criativos da beleza da PFW

Chegou ao fim nesta terça-feira (05) a temporada SS/2022 parisiense, que trouxe consigo momentos emocionantes e referências que refletem as expectativas e interpretações que a indústria tem para o futuro. Fechando o chamado “mês da moda” com chave de ouro, a semana de moda de Paris foi marcada por momentos paralelos: uma beleza básica, marcada pela leveza, sem perder a elegância inseparável que acompanha os ares franceses; com momentos de ousadia, affair com as cores e emoção. Talvez possamos arriscar dizer que foi uma miscelânea entre o “no make-up make-up” apresentado em Milão com relances das belezas “escapistas” de Nova York.

Seguindo, majoritariamente, uma linha com características easy-chic, o que mais se viu na fashion week parisiense foi uma beleza leve que parece ser fácil, despretensiosa e sem muito esforço para ser elaborada. Essa beleza é bem visível passarela da Loewe, assinada pela requisitadíssima dupla Pat McGrath e Guido Palau. A delicadeza e quase ausência de maquiagem e o cabelo moderno, desconectado, mas adornados pela cor representou o tributo da marca à sua expectativa para o cenário pós-pandêmico, livre de ansiedades e preocupações excessivas, deixando que nós sejamos nossa própria casa, nosso próprio padrão e nossa própria referência de beleza e conforto.

Loewe SS22 RTW.
[Imagem: Alessandro Viero]

Em meio a uma mensagem que parece trazer nuances de uma volta ao básico, houveram picos de ousadia que nos remeteram um pouco à estética colorida, alegre e disruptiva vista em NY. Os delineados, antes tão simétricos e quase milimetricamente calculados, apareceram em novos formatos, posições e um pouco menos próximos dos ideais de perfeição. Ao menos, foi isso o que vimos nas belezas propostas por Courréges e Rick Owens (de autoria de Anthony Preel & Joseph Pujalte e Daniel Sallstrom & Duffy, respectivamente) que levaram às passarelas a mistura perfeita entre a sutileza e força, quase como (re)apresentando tendências antigas de maneira reinventada. Bem parisiense, não? 

Este mesmo delineado ligado aos novos ideais de despretensão, trouxe junto uma nova provocação por meio do trabalho de Lucia Pieroni & Anthony Turner na grife Rochas, que ao nos incitar a traçar as famosas linhas abaixo dos olhos, também nos inspira a tentar enxergar o mundo de forma diferente e virar nossos planos de cabeça pra baixo, depois de sermos surpreendidos com uma pausa forçada e levados a refletir sobre a fugacidade da vida. Nesse mesmo sentido seguiram Kenneth Ize, embelezado por Fara Homidi & Yann Turch, responsável por iluminar os olhares com traços dourados que, filosoficamente, podem representar um olhar ambicioso e reluzente para o futuro, e Chloé – pelas mãos de Hannah Murray & James Pecis, que, em meio à onda de “no make-up make-up” looks, apresentou alguns olhares enfeitados com delineados extensos e coloridos, nos fazendo pensar em um futuro divertido e multifacetado. 

Pelo universo das cores e do drama também passaram Weinsanto e Dries Van Noten. A primeira casa – Weinsanto – de forma muito mais artística por meio do trabalho de Axelle Jérina & Kevin Jacotot, ilustrou um discurso que mostra que ainda existe espaço para um escapismo dramático em um futuro com ares etéreos. Já a segunda, – Dries – produzida por Lucy Bridge & Sam McKnight, instigou uma explosão à primeira vista; com tons vivos, olhos que carregam uma intensidade eletrizante, lábios pintados com as cores que irradiam alegria e cabelos que combinam assimetria e degradê, fazendo um paralelo aos tempos incertos há pouco vivenciados por todos nós. 

Na contramão das belezas que focaram no olhar dramático, se apresentaram as maisons que colocaram na boca toda sua emoção. A mesma pele leve e fresh foi combinada à rastros de cores em batons mais vivos, que ornamentaram os visuais propostos por Karin Westerlund & Duffy e vistos nas passarelas de Saint Laurent, que fez do batom vermelho a marca de força e sofisticação do desejo de imagem idealizado por Vaccarello; e a estética criada por Pat McGrath e Guido Palau para a Valentino que, assim como Chloé fez ao trazer destaque aos olhos, mesclou lábios contrastantes à beleza despojada.

Sendo assim, como dito no início desse texto, Paris refletiu a junção das visões de futuro apresentadas em Nova York e em Milão em uma bela e instigante miscelânea que demonstram as interpretações do futuro externadas na beleza, sem, contudo, deixar de lado sua distinção e requinte que, ao longo dos anos, tornaram-se sua marca registrada e fizeram da cidade das luzes a responsável pelo apagar das luzes do mês da moda. 

A beleza de Milão e o domínio da ‘no-makeup-makeup’.

Segunda-feira (27) chegou ao fim a temporada Primavera-Verão 2022 da semana de moda de Milão. As coleções apresentadas foram uma representação da leveza e do glamour tão esperados para a vida pós-pandêmica. Enquanto algumas marcas apresentaram belezas mais carregadas e teatrais em contraponto aos tecidos leves e fluídos das peças, outras optaram por maquiagens quase imperceptíveis para contribuir com o frescor das coleções.

A dupla Path McGrath e Guido Palau foi responsável pela beleza do desfile da Versace e de sua collab com a Fendi, que também teve Guido Palau como hairstylist, acompanhado de Peter Philips na maquiagem. Em todas as passarelas é possível ver maquiagens teatrais, com abundância de cores nas maçãs do rosto das modelos e olhos dramáticos. Para a Fendi, essa produção foi feita com tons mais apagados, que conversam com a seriedade dos looks, enquanto na Versace a produção conta com cores vivas combinando com as peças. Já para o desfile de “Fendance”, a beleza foi caracterizada pelo glamour composto por sombras metalizadas, iluminador marcado e lábios glossy.

Na coleção apresentada por Del Core, a beleza foi responsável por aumentar o fator dramático e quase camp presente na passarela. A maquiagem de Diane Kendal consistiu em sombras coloridas e gliterizadas esfumadas para além das áreas dos olhos, trazendo o efeito de uma aquarela. Para os fios, o hairstylist Anthony Turner optou pelo queridinho das passarelas — o wet hair, para impulsionar a dramaticidade do visual.

Evitando brigar com as estampas dominantes da passarela da Etro, a maquiadora Lisa Butler optou por apresentar uma produção bem clean and fresh. Entretanto, adicionou pedras brilhantes ao rosto de algumas modelos para ainda deixar sua marca na beleza do desfile. Essa estratégia também foi utilizada por Hiromi Ueda, que assinou uma produção que consistia somente em delineados nos olhos de algumas das modelos que desfilaram para a grife Missoni, assim, o hairstylist Holli Smith direcionasse os olhos dos convidados à dramaticidade do wet hair.

No desfile de Alberta Ferretti, a beleza foi caracterizada pela simplicidade e frescor. As modelos foram apresentadas com o que aparentou ser uma pele intocada e com os fios naturais, alguns até mesmo presos. Diferente das citadas acima, a beleza assinada por Petros Petrohilos e Benjamin Muller não foi minimizada para não desfocar as peças, e sim para casar com a leveza e fluidez dos modelos desfilados.

Alberta Ferretti SS22RTW.
[Imagem: Reprodução Vogue Runway]

Nas passarelas das marcas Blumarine e Prada — queridinhas do HF Twitter (comunidade de moda no twitter) — a ‘no-makeup-makeup‘ também foi utilizada. As belezas assinadas por Inge Grognard e Anthony Turner, e Path McGrath e Guido Palau, respectivamente, consistiram em modelos com suas peles e fios naturais desfilando na passarela. Entretanto, essa leveza quase entediante é justificada através do uso de acessórios como lenços e óculos — pontos fortes de venda — que ocupam o espaço de uma maquiagem ou um hairstyle mais carregado.

A beleza londrina e sua obsessão por wet hair e lábios pintados.

A semana de moda de Londres de Primavera-Verão 2022 se encerrou nesta terça-feira (21), e trouxe ao público um perfeito equilíbrio entre as peças de vestuário e as técnicas beleza. Conhecida por suas alfaiatarias bem estruturadas e um acabamento impecável, a LFW sempre teve como principal característica a elegância básica de uma businesswoman. Entretanto, seguindo o modelo internacional de uma representação do que espera-se de um momento pós-pandemia, essa temporada veio repleta de looks mais ousados — muitos expressando essa essência através da beleza.

Assim como ocorreu em Nova York, muitos dos artistas que assinaram a beleza das coleções apresentadas na última semana trouxeram inspiração de tendências atuais na cultura pop. Com a volta do rock ao mainstream da música, muitos maquiadores apresentaram maquiagens com olhos carregados em cores escuras. Rebecca Wordingham, que assina a beleza do desfile de Eftychia, junto com Shunsuke Meguro — responsável pelo hairstyling — traz um contraste impressionante com a última temporada da marca, que foi caracterizada pela simplicidade de beleza. A dupla trouxe o elemento Rock ‘n Roll com uma enorme força, apresentando modelos com olhos inteiramente pintados de preto, wet hair e até mesmo cabelos extremamente desfiados.

Eftychia SS 22 RTW. Beleza por: Rebecca Wordingham e Shunsuke Meguro.
[Imagem: Beth Morrison/ Dazed]

As modelos do desfile de Supriya Lele também cruzaram a passarela com maquiagens ousadas, e a tendência do preto se repetiu. Lábios pintados de um vermelho quase-preto eram visíveis em diversas modelos, enquanto algumas continham a cor esfumada nos olhos. A beleza composta pela artista Hiromi Ueda trouxe um excelente equilíbrio entre as tendências de rock gótico na maquiagem e do wet hair produzido por Cyndia Harvey, com os recortes e as cores vivas das peças desfiladas.

Supriya Lele SS 22 RTW. Beleza por Hiromi Ueda e Cyndia Harvey.
[Imagem: Getty Images]

David Gillers e Ryon Arushima, que assinaram a beleza de Osman Yousefzada, também apostaram na técnica de wet hair e na maquiagem rock-grounge-gótica, optando por tons escuros metalizados nos olhos das modelos. Já no desfile de David Koma, o maquiador Pablo Rodriguez optou por manter uma maquiagem clean e deixar o hairstylist Cos Sakkas responsável por apresentar um wet hair (sim, de novo) que fosse o suficiente para completar a coleção. Já para a coleção de Simone Rocha, Cyndia Harvey utilizou o wet hair ornamentado com coroas e acessórios de brilho, como uma maneira de balancear os babados góticos das roupas apresentadas.

Seguindo a pegada dark das belezas apresentadas na semana de moda londrina, Thomas de Kluyver e Soichi Inagaki tomaram um caminho Western para complementar a coleção de KNWLS. Mesmo com aspectos mais apagados e peles nudes, os artistas ainda souberam como utilizar maquiagens de cores metalizadas em tons vivos e estilizaram os fios das modelos utilizando acessórios e penteados. Assim como algumas das coleções citadas acima, a dupla também optou por colorir inteiramente o lábio de algumas modelos com cores diferentes e metálicas.

KNWLS SS22 RTW. Beleza por Thomas de Kluyver e Soichi Inagaki.
[Imagem: Gabriel Gayle]

Seguindo o lado oposto da tendência Rock ‘n Roll vista em algumas coleções, Georgina Graham e Neil Moodie souberam mesclar elementos que poderiam ter saído da sociedade londrina no século XIV, de um hippie indo para Woodstock ou da personagem Jules, da série Euphoria. A coleção de Paul & Joe, apesar de repleta de diversos babados e estampas floridas, escapou de parecer um desfile de festa junina graças aos elementos de beleza que trouxeram pontos opostos aos looks. De maquiagens geométricas à chapéus estilo bonnet e óculos redondos do londrino mais famoso do mundo do rock — John Lennon — com fios soltos e naturais, a dupla responsável por essas escolhas soube destacar a beleza nesta semana.

Paul & Joe SS22 RTW. Beleza por Georgina Graham e Neil Moodie.
[Imagem: Reprodução Vogue Runway e Elle AU]
Yuhan Wang SS22 RTW. Beleza por Miranda Joyce e Teiji.
[Imagem: Reprodução Vogue Runway]

A beleza de Miranda Joyce e Teiji para a coleção de Yuhan Wang é outra que parece ter saído diretamente da temporada social de Londres – ou das telas de Bridgerton. Os cabelos presos em cachos feitos com o bom e velho grampo são ornamentados com acessórios claros e delicados, em contraponto com a maquiagem rebelde marcada por lábios vermelhos e delineados sombreados marcantes. Até mesmo as modelos parecem estar assustadas com o que está acontecendo, portanto vamos fingir que o intuito por trás dessa beleza foi expressar uma rebeldia com um conjunto de elementos que falharam em fazer sentindo quando combinados.

Diferente de quase todas as coleções apresentadas na Semana de Moda de Londres, a beleza no desfile de Richard Quinn foi extremamente clean, porém longe de ser básica. As escolhas feitas por Miranda Joyce e Sam McKnight consistiram em uma pele extremamente opaca, com sobrancelhas descoloridas e o mínimo de cor natural no rosto. Para enfatizar ainda mais essa escolha, os fios foram presos com (muito) gel para trás, e uma mecha central puxada separadamente serviu para trazer ainda mais foco ao rosto quase bizarramente nú. Essa escolha foi uma válvula de fuga para os exageros presentes nos designs apresentados, mas ainda sem perder a sua própria atenção.

Richard Quinn SS22 RTW. Beleza por Miranda Joyce e Sam MicKinght.
[Imagem: Reprodução Instagram @hairbysammcknight]

As belezas ‘escapistas’ de Nova York

Neste domingo (12) chegou ao fim a temporada SS 2022 RTW de Nova York, que trouxe um olhar pós-pandêmico à indústria da moda. As decisões criativas apresentadas refletem a esperança que os designers possuem sobre um mundo onde o glamour se revigora. Essa esperança também é extremamente visível na beleza que acompanha cada uma das coleções.

Apesar de cada coleção ter a sua própria essência, todas trouxeram a própria idéia de um mundo ideal pós-Covid, cheio de glamour, tons vivos e sensualidade. Além disso, também é possível enxergar as tendências de beleza que se tornaram as favoritas durante a quarenta, como makes mais coloridas e assimétricas, que surgiram para quebrar o padrão de “no makeup-makeup” existente pré-pandemia. Essa nova tendência de maquiagem, que se desprende da regra de traços lineares, pode ser vista como uma releitura da liberdade pela qual todos ansiavam durante o pico da pandemia.

Prabal Gurung SS 22 RTW. Beleza por Sil Bruinsma.
[Imagem: Reprodução Vogue Runway]

Sem dúvidas, uma das estéticas que mais se popularizou no TikTok nos últimos meses marcou sua presença nas passarelas de Nova York. A fairycore, que começou somente como uma estética nas redes sociais e se tornou uma tendência nas coleções apresentadas na semana de moda. Enquanto Odile Gilbert e Dick Page, que assinam a beleza da coleção de Primera-Verão da Altuzarra, optaram por um lado mais obscuro do fairycore – com sombras escuras bem esfumadas, pele neutra e messy brows, com tranças nas madeixas frontais do cabelo para finalizar, Evanie Frausto e Allie Smith assinaram a beleza de Collina Strada como um completo oposto.

Em um artigo da edição norte-americana da Vogue, a beleza da coleção foi apresentada como um “jardim fantástico de fadas”. Frausto e Smith trouxeram à passarela todos os principais elementos que constituem a estética, e que também estão em alta nas redes sociais. O conceito foi composto de cores neons, nail arts que fariam até Kylie Jenner chorar e uma pele completamente natural, com ênfase em iluminar os melhores traços das modelos. Na maioria delas, a concentração de cores era na região da orelha, fazendo referência às orelhas pontiagudas de fadas em histórias fictícias.

Altuzarra SS 22 RTW. Beleza por Odile Gilbert
e Dick Page.
[Imagem: Reprodução Vogue Runway]
Collina Strada SS 22 RTW. Beleza por Evanie Frausto
[Imagem: Reprodução Vogue Runway]

Anna Sui foi outra coleção que soube aproveitar as maiores tendências que surgiram no cenário atual e as trouxe para a passarela. Com beleza assinada por Pat McGrath, as modelos desfilaram com sombras metalizadas em cores vivas, misturadas como aquarelas em seus olhos. A artista utilizou sombras com efeito glossy, sem se importar com simetria ou excesso de glitter. Esse estilo de maquiagem se popularizou no TikTok durante a primeira temporada da série Euphoria, e continua em alta até então. O glamour da maquiagem cria um constraste com a escolha de estilizar algum dos looks com miçangas, outra tendência que surgiu nas mídias sociais.

Anna Sui SS 22 RTW. Beleza por Pat McGrath.
[Imagem: Reprodução Vogue Runway]

Atendendo todas às expectativas para uma coleção pós-pandêmica, LaQuan Smith trouxe glamour, sensualidade e festa para a passarela. De acordo com o esperado, a beleza assinada por Lacy Redway e Sheika Daley reflete como todos anseiam poder sair quando o mundo se normalizar. Composta por olhos carregados, tons pesados, glitter e delineados estilo foxy eyes e dominantes, a maquiagem apresentada carrega muita força na totalidade dos looks e deixa a modelo pronta para ir direto para o Studio 54. O hairstyle, seja ele puxado para trás de forma bem rente à cabeça ou solto com as madeixas bagunçadas, ambos com baby hair a mostra, tornam a beleza ainda mais sensual.

LaQuan Smith SS 22 RTW. Beleza por Lacy Redway e Sheika Daley
[Imagem: Reprodução Vogue Runway]

Já a beleza de Danilo e Kabuki no desfile da Moschino se manteve fiél à essência da marca, sem deixar de acrescentar tendências atuais. Cores em tons pastéis, cabelos enfeitados com miçangas e tranças características dos anos de 1990 são uma grande parcela das trends que voltaram graças às mídias sociais no período de isolamento. Além disso, os coques extremamente volumosos de algumas modelos também remetem à beleza teatral e exagerada que se espera de um momento pós-pandêmico. Todos esses elementos puderam ser vistos simultaneamente na passarela, e mesmo assim Danilo e Kabuki ainda souberam trazer elementos clássicos da casa — como Taylor Hill desfilando com um móbile para bebês enfeitando sua cabeça.

Moschino SS22 RTW. Beleza por Danilo e Kabuki
[Imagem: Reprodução Vogue Runway]

Apesar de diferenças apresentadas pela beleza de tais coleções, elas mostram o seu jeito de expressar a esperança do amanhã. Cada um desses artistas a utiliza de uma forma única, que representa o que é esperado em um cenário sem isolamento e com liberdade. Entretanto, em momento nenhum, escolheram ignorar as tendências que nasceram desse próprio cenário, em que as pessoas utilizavam essa arte como válvula de escape do mundo real.

O que é beleza?

Reprodução Byrdie.com

Nos dias de hoje, o termo ‘beleza’ é totalmente diluído em questões subjetivas diante da sociedade. O filósofo alemão Emmanuel Kant (1724-1804) foi o responsável por associar a noção de beleza àquele quem enxerga, de acordo com o repertório cultural, intelectual e sensorial do mesmo. O mundo das artes visuais também já passeou por diversos significados para o termo, tendo o movimento do Realismo como pioneiro na busca de uma beleza real, não idealizada. Em seguida, o movimento do Expressionismo trouxe a conexão entre o termo e questões sensoriais, ao trazer uma arte que priorizava as emoções transmitidas. Surge então o Movimento Surrealista, contando com artistas como Salvador Dalí (1904-1989) e Jean Cocteau (1889-1963), que passaram a criar um novo significado para o conceito. 

  Retomando a ideia de Kant de que a beleza é vista através de questões sensoriais, podemos associar o belo a tudo aquilo que agrade qualquer um dos nossos cinco sentidos, apesar da aparência do mesmo. Por isso, passamos a associar inúmeros novos elementos ao mundo da beleza além daqueles que de fato tragam uma diferença externa. Quem nunca fez um dia de spa caseiro e sentiu a necessidade de acender uma vela aromática para tornar o ambiente perfeito? 

Reprodução Buzzfeed

Beleza, por sua definição oficial, é o caráter do ser ou da coisa que desperta sentimento de êxtase, admiração ou prazer através dos sentidos. Levando isso em consideração, é possível afirmar que o meio externo acrescenta uma pequena parcela naquilo que realmente te torna belo. Vivemos em um mundo regado de tanta maldade e injustiça, que não podemos negar que, de fato, beleza vem de dentro. Fatores como maquiagem, skincare e produtos de cabelo são apenas uma parte das diversas ferramentas que utilizamos para nos sentirmos mais belas. Se nós não nos sentimos bem por dentro, isso transparece para a nossa figura externa.

  Por isso, aqui na FRENEZI, vocês encontrarão textos e reportagens sobre itens de beleza materiais, mas sem nunca deixar de lado a questão sensorial que existe ao redor de tudo isso. E que comece a frenezia