A indústria cinematográfica está sendo dominada por franquias de filmes e séries e produzindo frequentemente, são obras derivadas, sequência de uma história ou o mesmo enredo com atores e cenários diferentes. No entanto, você sabia que existem termos do cinema que ajudam a diferenciar cada produção?
Spin off
Sabe aquele personagem antagonista/ secundário que se torna popular e queridíssimo pelos telespectadores? Com o interesse do público, o spin-off é uma produção derivada/ subproduto que mostra mais sobre a história daquele personagem, que se torna um protagonista. Além disso, o spin-off se passa no mesmo universo daquela franquia ou produção original, não precisa se passar antes ou depois.
Um exemplo muito claro é o da série Loki, do Disney +, em que o antagonista roubou as cenas nos filmes da Marvel ganhou seu próprio spin-off e em breve terá o lançamento da sua segunda temporada. Também dentro da plataforma, The Mandalorian, estrelado por Pedro Pascal, é um dos mais assistidos e uma série derivada de Star Wars.
[Divulgação/ Disney +]
O filme derivado de John Wick, Ballerina, está em produção e tem estreia marcada para junho de 2024. O spin-off terá a atriz Ana de Armas como protagonista e o astro da franquia Keanu Reeves fará uma participação. Na trama, a jovem, interpretada por Armas, busca vingança com as pessoas que mataram sua família.
Ana de Armas em “007: Sem Tempo Para MorrerPôster de “John Wick”[Reprodução/ Universal Pictures | Divulgação/ Paris Filmes]
Prequel
Prequel, pode ser chamado como pré-sequência, é quando uma obra conta uma história anterior de uma produção original, ou seja, foi feita depois do primeiro filme ou seriado.
Por exemplo, A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes é um filme prequel de Jogos Vorazes, pois se passa 60 anos antes dos acontecimentos da franquia original.
[Divulgação/ Paris Filmes]
O filme do A24 Pearl também é um prequel de X: A Marca da Morte e retrata sobre o motivo daquela personagem ter aquele determinado comportamento, além de outras franquias famosas, como Animais Fantásticos no qual os acontecimentos ocorrem antes de Harry Potter.
[Divulgação/ A24][Divulgação/ Warner Bros. Pictures]
As séries não ficam de fora, House of the Dragons se passa cerca de 200 anos antes de Game of Thrones.
[Divulgação/ HBO]
Remake
Remake ou reconstrução é quando recriam uma produção com a mesma história depois de anos. Mudando apenas os personagens e utilizando inovações tecnológicas. Os live-actions da Disney são exemplos de remake, Alice no País das Maravilhas (2010), Aladdin (2019), O Rei Leão (2019), A Pequena Sereia (2023), que será lançado em maio deste ano, entre outros.
[Divulgação/ Walt Disney Pictures]
Este ano, a Warner Bros. Discovery divulgou que terá a remake de Harry Potter, mas em formato de seriado e será lançada no HBO Max.
Reboot
Reboot, também chamada de reinício, é uma nova versão de uma obra original e não precisa ser uma continuação nele. Pode trazer uma série ou filme com uma nova história e personagens diferentes ou pode ter o retorno dos protagonistas ou antagonistas do original, mas no mesmo universo da produção.
Os exemplos clássicos são os seriados das streaming que estão mais presentes ultimamente, como Gossip Girl (2021-2022), And Just Like That (2021-presente), os quais ambos são do HBO Max. No Star +, o seriado How I Met Your Father (2022-presente) é um reboot de How I Met Your Mother (2005 – 2014).
[Divulgação/ HBO Max][Divulgação/ CBS/ Hulu]
Parece muito confuso os termos cinematográficos citados no texto, mas é importante saber e conhecer a diferença e o significado de cada um. E, quando tiver alguma divulgação de alguma produção, é necessário poder identificar o termo cinematográfico que está sendo apresentado e não ficar perdido na história e enredo da franquia.
A última vez que assisti a Bonnie & Clyde: uma rajada de balafoi ontem, antes de escrever este texto. E confesso que fiquei feliz por ter ido ao musical, inspirado no casal de gângsters, lembrando nada do filme que assisti pela primeira e única vez, há mais de 14 anos.
Bonnie & Clyde: o casal mais procurado da Broadwayestreou no dia 10 de março, no 033 Rooftop do Teatro Santander, em São Paulo, e é diferente de todos os musicais que já assisti. Cá entre nós, eu não sou muito fã do gênero – mas o espetáculo foi tão incrível que me fez olhá-lo com novos olhos.
Assim como o filme, a peça conta a história de Bonnie, Clyde e o restante da gangue Barrow. A história continua se passando nos anos 1930, época em que os Estados Unidos estava passando por uma grande recessão e a economia estava de mal a pior, resultando na Grande Depressão e em uma massa de criminosos espalhados pelo país.
A química de Eline e Beto como Bonnie & Clyde nos palcos é incrível
O musical surpreende, chama o público para dentro da trama, traz dinamismo, comédia, drama, ótimos vocais e, inclusive, consegue humanizar o casal mais procurado da história – não se assuste se você sentir um pinguinho de pena dos personagens.
A produção, inédita na América Latina, é dirigida por João Fonseca, tem direção musical de Thiago Gimenes, coreografia de Keila Bueno e conta com os atores Eline Porto, Beto Sargentelli, Adriana Del Claro, Cláudio Lins, entre outros. O elenco, acredite, é fantástico.
Baseado em um musical lançado em 2009, que chegou à Broadway em 2011 e conquistou duas indicações ao Tony Awards, o espetáculo segue em cartaz até o dia 14 de maio e os ingressos podem ser adquiridos no site da Sympla ou na bilheteria local.
Os verdadeiros amantes (e criminosos) Bonnie & Clyde
A verdadeira história dos amantes forasteiros
É importante deixar claro que Bonnie e Clyde já existiam antes do filme e do musical. Talvez você não saiba, mas os dois eram personagens reais e eram muito famosos entre 1930.
Bonnie Elizabeth Parker nasceu no interior do Texas e almejava mais. Acreditava que aquele não era o lugar ideal para ela. A jovem queria o tal “sonho americano” e se casou muito cedo, com um homem chamado Roy e, assim como Clyde, não era lá tão bom assim.
Depois do casamento, Roy foi preso durante cinco anos por um caso de roubo e nunca mais viu a esposa. Até que Bonnie se tornou garçonete e, durante o trabalho, conheceu Clyde Barrow, um jovem ambicioso que vinha do Kansas e levou a moça também para a vida de crimes e aventuras. Já deu pra entender que a Bonnie tinha um dedinho podre, não é mesmo…
Os dois se apaixonaram e Clyde foi preso por roubo de automóveis. Em sua passagem pela cadeia, foi vítima de violência sexual e cometeu o primeiro assassinato como uma forma de vingança contra o abusador e o sistema prisional do país.
Por conta de pequenos furtos, em 1932 o casal começou a se tornar conhecido e como o país naquela época estava passando por uma crise econômica e social, Bonnie e Clyde se tornaram a representação daquele momento. Não há ao certo a quantidade de crimes cometidos por eles, mas o casal contava com mais três amigos para auxiliar nos assaltos, a bordo de um Ford V8 – que ficou superconhecido que, inclusive, tinha uma versão só para fotos no espetáculo.
Mas o que ninguém imaginava é que uma das pessoas que faziam parte da gangue, Henry Methvin, fosse capaz de entregá-los para as autoridades. Enquanto Clyde acelerava o carro e Bonnie comia um sanduíche, os policiais do Texas atiraram uma chuva de balas e os dois, como você pode imaginar, acabaram morrendo, sendo lembrados até hoje.
faye dunaway e Warren Beatty como Bonnie & Clyde
Há diferença entre o filme e o musical?
Sim, muita! O que beneficia tanto àqueles que assistiram ao filme, quanto aos que não conhecem a história. O filme, assim como muitos clássicos do cinema, tem um ritmo mais lento e a trama, um pouco confusa.
Nele encontramos uma Bonnie, interpretada por Faye Dunaway, cheia de anseios, com vontade e coragem de jogar tudo para o alto – e até com uma aparente depressão. Porém, ainda que a personagem tenha esse ar aventureiro e impetuoso, o ar doce, um tanto inocente e espevitado, mais submisso ao Clyde, que até lembra um pouco uma “manic pixie girl”, nos deixa querendo mais.
Cena clássica do filme Bonnie & Clyde: uma rajada de balas / Warner Bros, divulgação
Mesmo que Bonnie seja interessante, forte e corajosa, esses pontos acabam sendo deixados de lado, enquanto vemos uma personagem extremamente carente, um tanto mimada e infantilizada – e isso deixa certos buracos no roteiro. Lembrando que a história se passa nos anos 1930 e o filme é de 1967 – o contexto histórico aqui precisa ser levado em conta.
Mas uma pergunta que me pegou, enquanto eu assistia ao filme, é: por que Bonnie, essa mulher inteligente e sagaz, ao perceber que um homem está tentando roubar o carro da mãe, daria uma volta com ele e, em menos de 24 horas, estaria completamente apaixonada, entregue e em uma vida de crimes?
Ela não conhecia o Clyde até aquele momento. E, muito por isso, senti falta de um contexto, algo que mostrasse as verdadeiras motivações da personagem – até porque, ela não era “só um rostinho bonito” querendo sair do Texas.
Eline Porto como Bonnie, no musical
Traçando um paralelo com o espetáculo, Eline Porto traz para Bonnie um ar mais vivido, mais maduro, ambicioso, com um toque de malícia. Essa, para mim, é a personagem que eu também gostaria de ter visto no filme. Dá para sentir que ela tem um passado, que sofreu, ainda está dolorida e, por isso, deseja sair do Texas o quanto antes.
E se a Bonnie do musical é diferente, o mesmo acontece com Clyde. Diferentemente do filme, o personagem do teatro também é mais humanizado, trazendo uma camada a mais para a história.
Beto Sargentelli interpreta Clyde Barrow
Interpretado por Beto Sargentelli, é possível sentir toda a frustração de Clyde e entender, mesmo sem concordar, o que ele está fazendo. As motivações estão mais claras e o ar de bad boy também. Em algumas partes do musical, enquanto o personagem canta, é possível se emocionar e até sentir a raiva que ele está sentindo.
A química entre Eline e Beto é tão boa quanto a de Faye Dunaway e Warren Beatty – porém, muito mais intensa e avassaladora. Na história contada nos palcos, há uma belíssima divisão de tempo entre os dois, sem que um apareça mais do que o outro. Já no filme, em minha visão, Clyde acaba, sim, tendo um pouco mais de visibilidade do que Bonnie.
Ambos personagens são muito bem construídos – nas falas, nos gestos, no figurino e caracterização. É lindo ver Bonnie e Clyde ganhando vida e interagindo com o público. É como se nós também ganhássemos vida e fizéssemos parte do espetáculo.
Quanto a Buck, o irmão de Clyde, outra ótima surpresa: o ator Claudio Lins trouxe uma personalidade divertida e até caricata, fazendo com que ele também se destacasse. Se no filme, Buck é secundário, aqui ele já não é tanto. As cenas entre os irmãos e até entre ele e Blanche, interpretada por Adriana Del Claro, são tão boas quanto as do casal protagonista.
O espetáculo segue até o dia 14 de maio, no 033 Rooftop
Se o longa é mais arrastado, mas ainda interessante por conta das cenas de ação, o espetáculo é muito mais dinâmico e as cenas de tiros e fuga também não deixam a desejar. É impossível não querer prestar atenção em cada detalhe do que está acontecendo no palco principal e nos demais “palcos” montados pelo teatro.
Sobre as músicas, elas deixam a história ainda mais rica, não estão ali por acaso. Ajudam os atores a dar forma aos personagens e encantam o público, trazendo mais emoção e um lado humano em meio aos tiroteios.
Eu ainda continuo gostando do filme que, por sinal, está disponível na HBO Max. Mas, assistir ao musical foi uma experiência diferente de tudo. Me senti muito mais próxima de Bonnie e Clyde. Consegui sorrir com as tiradas engraçadas de Buck e de Blanche e também tive vontade de dirigir aquele Ford V8, como se não existisse amanhã.
Lembrando que o espetáculo continua em cartaz até o dia 14 de maio, no 033 Rooftop do Teatro Santander, em São Paulo. Para mais informações, acesse o site.
Pânico VI estreou, na quinta-feira (09/03), nos cinemas brasileiros e promete ser a mais brutal da franquia. O longa é estrelado por Melissa Barrera, Jenna Ortega, Jasmin Savoy Brown, Mason Gooding e também conta com o retorno de Courtney Cox, que está presente em todas produções de Pânico, e da atriz Hayden Panettiere, a Kirby do quarto filme da franquia.
[Gif/ Paramount Pictures]
Infelizmente, a nova produção não conta com a presença da protagonista Sidney Prescott, interpretada por Neve Campbell, pois a atriz desistiu de atuar no projeto devido ao salário oferecido não ser condizente. Mesmo com a sua ausência, no entanto, a sua personagem é mencionada em algumas cenas.
Dirigido pela dupla Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett (Casamento Sangrento, 2019), após conviverem com as últimas mortes provocadas por Ghostface, os sobreviventes do massacre, Sam (Barrera), Tara (Ortega), Chad (Gooding) e Mindy (Brown), deixam Woodsboro e iniciam um novo capítulo em Nova York. Contudo, eles se tornam novamente alvos de um novo serial killer.
Diferente dos outros longas, a brutalidade de Ghostface consegue deixar os telespectadores assustados e arrepiados na poltrona. O filme traz muita cenas de violência explícita e bastante core, além disso, o assassino não somente usa aquela famosa faca como também uma espingarda (essa cena do mercado foi mostrada no trailer), trazendo aquela sensação de muita tensão e fazendo o público torcer para os personagens escaparem da morte.
As referências também não ficam de fora, além de mencionar sobre os filmes de terror, como Halloween – A Noite do Terror, Sexta-Feira 13 e Psicose, as easter-eggs das outras produções estão presentes nas fantasias dos figurantes, como, por exemplo, aquela cena na estação do trem em que as pessoas estão vestidas da noiva de Casamento Sangrento, Freddy Krueger de A Hora do Pesadelo e o George de It – A Coisa. O sexto filme também traz referências dos outros longas da franquia Pânico, que quem é fã do slasher pegará rápido cada detalhe.
As atuações de Melissa Barrera e Jenna Ortega, que interpretam, respectivamente, as irmãs Sam e Tara Carpenter, são grande destaque no filme. A conexão e união das protagonistas é bastante aprofundada e emocionante, elas mostram que querem melhorar cada vez mais a sua relação. Os irmãos Chad e Mindy também são explorados melhor na sexta produção, a aproximação deles com as Carpenter é evidente no enredo e os quatro personagens, apelidados de “QUARTETO TOP”, tentam o possível se unirem para começar um novo capítulo da vida para superar os traumas que viveram no quinto filme. Sem contar que o retorno de Gale e Kirby também deixa os fãs da franquia bastante entusiasmados.
[Reprodução/ Paramount Pictures]
Os novos personagens são introduzidos na trama, mas trazem aquela desconfiança de quem seria o Ghostface pelos protagonistas e também pelo telespectador. O longa também faz de tudo para enganar o público sobre o suspeito, logo, é preciso ser bastante esperto para não cair nas pegadinhas que a produção proporciona e consegue fazer o público ficar interagindo com a narrativa.
Porém, a produção também apresenta alguns deslizes que podem incomodar o telespectador. A abertura consegue trazer um diferencial, assim como as cenas das mortes que são mais sanguinárias, mas o roteiro segue o mesmo padrão dos longas anteriores de Pânico, deixando alguns momentos do filme saturados.
Tratando da violência, percebe-se que alguns personagens são feridos brutalmente pelo serial killer com várias facadas, mas conseguem reunir forças para continuar andando e lutando contra o assassino, ocasiões que se tornam estranhas nas cenas que são apresentadas.
Em síntese, apesar de alguns erros, Pânico VI consegue ser um slasher mais brutal e sanguinário e se tornando um dos TOP 3 da franquia. O resgate das referências dos anteriores torna-se bastante nostálgico para os fãs e faz ter vontade de rever os anteriores novamente, além de trazer a ironia das regras clássicas dos filmes de terror. A produção alcança (mais uma vez) a euforia e o entusiasmo do telespectador e, principalmente, dos fãs na sala de cinema.
Baz Luhrmann é considerado um dos cineastas mais inovadores em Hollywood atualmente, tendo sua carreira resumida em um curto repertório de filmes sempre visualmente extravagantes e estilísticamente emblemáticos.
Filho de uma professora de dança de salão e um administrador de posto de gasolina, Luhrmann nasceu em uma pequena zona rural no norte de New South Wales, Austrália, em 17 de setembro de 1962. Nasceu com o nome de Mark Anthony, porém é mais conhecido pelo seu pseudônimo originado de um apelido de infância.
Diretor, produtor e escritor, sua carreira no Cinema teve início em 1992 comVem Dançar Comigo, o primeiro filme da sua trilogia Red Curtain (Cortina Vermelha), adaptação de uma produção teatral autoral, baseada em suas experiências de infância no mundo da dança de salão. O filme foi feito em colaboração com outros alunos da National Institute of Dramatic Art e supostamente aplaudido de pé por 15 minutos na sua estreia em Cannes.
Fonte: blu-ray.com
Também inclusos nessa trilogia estão:Romeo + Julieta(1996) eMoulin Rouge: Amor em Vermelho (2001). Esses filmes não se completam na narrativa e nem coexistem em um mesmo universo cinematográfico, mas se assemelham na maneira como a sua narrativa é conduzida; enredos relativamente simples envolvidos de tragédia, comédia e alguma temática teatral: dança, poesia e música. Luhrmann em entrevista com Geoff Andrew para oThe Guardian:
“a Cortina Vermelha requer algumas noções básicas. Uma é que o público saiba como terminará quando começar, é fundamental que a história seja extremamente rasa e extremamente simples – isso é muito trabalho. Então, é colocada num mundo criado e intensificado. Depois há um meio – o mundo elevado de ‘Strictly Ballroom’, a praia de Verona. Há ainda outro dispositivo – dança ou pentâmero iâmbico ou canto, e que está lá para manter a audiência acordada e empenhada”.
A Trilogia da Cortina Vermelha
Poster de divulgação. Fonte: Festival de Cannes / IMDb
Vem Dançar Comigo (1992)
Vem Dançar Comigo (1992).Fonte: National Film and Sound Archive
Um dançarino rebelde e uma jovem de pé esquerdo se unem no amor e na dança para quebrar padrões convencionais e lutar pela liberdade artística.
Romeo+Julieta (1996)
Fonte: Everett Collection para Vogue
A clássica tragédia de William Shakespeare sobre dois jovens que amam em meio a tanto ódio, mas não resistem às suas consequências. Primeiro trabalho de Leonardo DiCaprio com Luhrmann, esse é um filme que envolve a poesia shakespeariana em anacronismos incrivelmente bizarros.
Moulin Rouge: Amor em Vermelho (2001)
Moulin Rouge: Amor em Vermelho (2001). Fonte MUBI
Estrelando Nicole Kidman e Ewan McGregor como um casal de artistas lutando pela verdade, beleza, liberdade e amor em uma Paris boêmia do final do século 19. Moulin Rouge fecha a trilogia com oito indicações ao Oscar, incluindo de Melhor Filme, além de garantir o Globo de Ouro de Melhor Filme, Melhor Atriz e Melhor Trilha Sonora.
Trajetória da sua Carreira
Como é comum com grandes diretores, Baz tem o costume de trabalhar múltiplas vezes com os mesmos atores. Com Kidman, por exemplo, colaborou noNº 5 “Le Film”, um curta publicitário para o emblemático perfume da Chanel, e mais uma vez em um filme de 2004 chamadoAustrália.
Chanel N° 5 “Le Film”. Fonte: MUBI
Em 2013 o diretor adaptou o clássico de F. Scott Fitzgerald trazendo às telonasO Grande Gatsby, estrelando Leonardo DiCaprio como o famigerado bilionário Jay Gatsby em uma Nova York eletrizante no auge dos anos 1920; repleto de anacronismos incluindo uma trilha sonora que mescla elementos do jazz da época com um som moderno composto por Jay-Z, Beyoncé e Lana Del Rey. Este filme arrecadou mais de 353 milhões de dólares ao redor do mundo, dois Oscars e elogios da neta de Fitzgerald, “Scott teria ficado orgulhoso”.
O Grande Gatsby. Fonte: Entertainment Weekly
Em 2016, Luhrmann colaborou com Stephen Adly Guirgis na criação da sérieThe Get Downpara a Netflix. A série é dividida em duas partes e conta a história das origens do hip-hop na década de 1970, com a ajuda de alguns dos artistas mais conhecidos da época, Nas, Kurtis Blow, DJ Kool Herc, entre outros que atuaram como produtores.A mais recente das suas obras, que tem recebido muito destaque da mídia, é a biopic deElvis (2022). Estrelando Austin Butler como o “Rei do Rock”, bem como o incrível Tom Hanks e o irmão mais velho que todos amam odiar emStranger Things, Dacre Montgomery.
Elvis (2022). Fonte: Claudia
Durante os seus 40 anos de carreira Baz Luhrmann desenvolveu um repertório curto, mas repleto de sucessos. Além de ter uma habilidade admirável para a direção, o australiano também envolve seus filmes de uma identidade artística que os torna clássicos instantâneos e imediatamente reconhecíveis.
Baz traz à sua audiência uma visão tão inovadora e verdadeiramente artística que, apesar de suas obras serem poucas, cada uma se torna uma quase eterna fonte de entretenimento. A história em si tem seu devido valor, mas a frenesi, energia e teatralidade caótica e constante que fazem seus filmes tão prazerosos de ver e rever, havendo sempre algo de novo para chamar a sua atenção.
Nesta terça (12) a Television Academy anunciou os indicados a 74ª edição do Emmy Awards, apresentados pelos atores J.B Smoove e Melissa Fumero. Como grande novidade foi anunciada que a edição deste ano teve recorde de inscritos ao prêmio.
Succession (2018 – atualmente), com 25 indicações, Ted Lasso (2020 – atualmente), The White Lotus (2021), com 20 indicações cada, Hacks (2021 – atualmente) e Only Murders In The Building (2021 – atualmente), ambas com 17, formam o top 5 de produções mais indicadas ao prêmio. A HBO sai na frente na disputa, com três das cinco séries mais indicadas em seu catálogo: Succession, Hacks e The White Lotus.
A premiação ocorrerá dia 12 de setembro, e até o momento não foi anunciado nenhum apresentador.
Confira a lista dos indicados nas principais categorias.
SÉRIE DE COMÉDIA
Abbott Elementary
Barry
Curb Your Enthusiasm
Hacks
Maravilhosa Sra. Maisel
Only Murders in the Building
Ted Lasso
What We Do in the Shadows
ATRIZ EM SÉRIE DE COMÉDIA
Rachel Brosnahan (Maravilhosa Sra. Maisel)
Quinta Brunson (Abbott Elementary)
Kaley Cuoco (The Flight Attendant)
Elle Fanning (The Great)
Issa Rae (Insecure)
Jean Smart (Hacks)
ATOR EM SÉRIE DE COMÉDIA
Donald Glover (Atlanta)
Bill Hader (Barry)
Nicholas Hoult (The Great)
Steve Martin (Only Murders in the Building)
Martin Short (Only Murders in the Building)
Jason Sudeikes (Ted Lasso)
ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE DE COMÉDIA
Alex Borstein (Maravilhosa Sra. Maisel)
Hannah Einbinder (Hacks)
Janelle James (Abbott Elementary)
Kate McKinnon (Saturday Night Live)
Sarah Niles (Ted Lasso)
Sheryl Lee Ralph (Abbott Elementary)
Juno Temple (Ted Lasso)
Hannah Waddingham (Ted Lasso)
ATOR COADJUVANTE EM SÉRIE DE COMÉDIA
Anthony Carrigan (Barry)
Brett Goldstein (Ted Lasso)
Toheeb Jimoh (Ted Lasso)
Nick Mohammed (Ted Lasso)
Tony Shalhoub (Maravilhosa Sra. Maisel)
Tyler James Williams (Abbott Elementary)
Henry Winkler (Barry)
Bowen Yang (Saturday Night Live)
SÉRIE DE DRAMA
Better Call Saul
Euphoria
Ozark
Ruptura
Round 6
Stranger Things
Succession
Yellowjackets
ATRIZ EM SÉRIE DE DRAMA
Jodie Comer (Killing Eve)
Laura Linney (Ozark)
Melanie Lynskey (Yellowjackets)
Sandra Oh (Killing Eve)
Reese Witherspoon (The Morning Show)
Zendaya (Euphoria)
ATOR EM SÉRIE DE DRAMA
Jason Bateman (Ozark)
Brian Cox (Succession)
Lee Jung-jae (Round 6)
Bob Odenkirk (Better Call Saul)
Adam Scott (Ruptura)
Jeremy Strong (Succession)
ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE DE DRAMA
Patricia Arquette (Ruptura)
Julia Garner (Ozark)
Jung Ho-yeon (Round 6)
Christina Ricci (Yellowjackets)
Rhea Seehorn (Better Call Saul)
J. Smith-Cameron (Succession)
Sarah Snook (Succession)
Sydney Sweeney (Euphoria)
ATOR COADJUVANTE EM SÉRIE DE DRAMA
Nicholas Braun (Succession)
Billy Crudup (The Morning Show)
Kieran Culkin (Succession)
Park Hae-soo (Round 6)
Matthew Macfadyen (Succession)
John Turturro (Ruptura)
Christopher Walken (Ruptura)
Oh Yeong-su (Round 6)
MINISSÉRIE
Dopesick
The Dropout
Inventando Anna
Pam & Tommy
The White Lotus
ATRIZ EM MINISSÉRIE E FILME PARA TV
Toni Collette (A Escada)
Julia Garner (Inventando Anna)
Lily James (Pam & Tommy)
Sarah Paulson (American Crime Story: Impeachment)
Margaret Qualley (Maid)
Amanda Seydried (The Dropout)
ATOR EM MINISSÉRIE E FILME PARA TV
Colin Firth (A Escada)
Andrew Garfield (Under the Banner of Heaven)
Oscar Isaac (Cenas de Um Casamento)
Michael Keaton (Dopesick)
Himesh Patel (Station Eleven)
Sebastian Stan (Pam & Tommy)
ATRIZ COADJUVANTE EM MINISSÉRIE E FILME PARA TV
Connie Britton (The White Lotus)
Jennifer Coolidge (The White Lotus)
Alexandra Daddario (The White Lotus)
Kaitlyn Dever (Dopesick)
Natasha Rothwell (The White Lotus)
Sydney Sweeney (The White Lotus)
Mare Winningham (Dopesick)
ATOR COADJUVANTE EM MINISSÉRIE E FILME PARA TV
Murray Bartlett (The White Lotus)
Jake Lacy (The White Lotus)
Will Poulter (Dopesick)
Seth Rogen (Pam & Tommy)
Peter Sarsgaard (Dopesick)
Michael Stuhlbarg (Dopesick)
Steve Zahn (The White Lotus)
TALK SHOW
The Daily Show with Trevor Noah
Jimmy Kimmel Live!
Last Week Tonight with John Oliver
Late Night with Seth Meyers
The Late Show with Stephen Colbert
REALITY SHOW DE COMPETIÇÃO
The Amazing Race
Lizzo Procura por Mulheres Grandes
Nailed It
Rupaul’s Drag Race
Top Chef
The Voice
Você poderá conferir a cobertura em tempo real do Emmy Awards pelo nosso Instagram e Twitter.
Após uma espera de praticamente três anos desde o último lançamento, Stranger Things retornou com a quarta temporada no final de maio, levando todos os fãs de volta a Hawkins para contar mais uma história sombria dos irmãos Duffer.
O primeiro volume possui 7 episódios muito bem construídos do início ao fim, ainda mais pelo tempo: a maioria ultrapassa uma hora, o último chega a uma hora e quarenta minutos. No dia 01 de julho, os dois últimos episódios foram liberados, que somados entre si dão quatro horas de duração e encerram esse arco, que até agora pode ser considerado um dos melhores.
Relembre um pouco do que aconteceu nas temporadas anteriores
O início da série se passa em 1983, em Hawkins, Indiana. O jovem Will Byers (Noah Schnapp) desparece e seus amigos, Mike (Finn Wolfhard), Lucas (Caleb McLaughlin) e Dustin (Gaten Matarazzo) decidem procurá-lo com a sua família e a polícia da cidade. Com isso, eles se deparam com uma série de eventos sobrenaturais e é nesse momento que eles começam a entender um pouco sobre o Mundo Invertido.
[Imagem: Divulgação/Netflix]
Nancy (Natalia Dyer), que é a irmã de Mike, Steve (Joe Keery), namorado de Nancy, e Jonathan (Charlie Heaton), irmão de Will, investigam por conta própria o que pode ter acontecido com o menino e Barb (Shannon Purser) – a melhor amiga de Nancy que é morta por um Demogorgon no início da história.
[Imagens: Divulgação/Netflix]
Nesse meio-tempo, aparece Eleven (Millie Bobby Brown), uma garota que tem superpoderes e não sabe muito sobre seu passado ou conviver em sociedade. No final, eles salvam Will, graças a um sacrifício de El, mas os problemas e a ligação do menino com o Mundo Invertido estão longe de acabar.
[Imagem: Reprodução/Netflix]
A segunda temporada avança para 1984, onde todos tentam seguir em frente após tudo o que rolou no ano anterior. Porém, uma nova ameaça aparece direto do Mundo Invertido para ameaçar os protagonistas, e além desse novo inimigo, também há uma nova personagem Max (Sadie Sink), que chega na cidade junto com seu irmão problemático, Billy (Dacre Montgomery).
[Imagem: Reprodução/Netflix]
Enquanto isso, o detetive de Hawkins, Jim Hooper (David Harbour), decide criar Eleven, que sobreviveu aos acontecimentos do final da 1ª temporada, e é nesse ano que aborda mais sobre seu passado, sua mãe biológica, que ficou viva, mas teve sequelas após enfrentar uma terapia de eletrochoque, e a existência de uma irmã, a Eight/Kali (Linnea Berthelsen).
Eleven fica escondida na cabana de Hopper e só Mike sabe que ela está lá. Cansada dessa realidade, ela foge e, quando volta, aprende a verdade sobre sua história. Depois disso, seus amigos enfrentam um Demodog e Eleven entende que precisa fechar de vez o portal para o Mundo Invertido.
No final, ela consegue destruir o Monstro das Sombras, que está conectado a Will e ameaçando a todos, e fica com Mike no baile da escola. Só que há uma vítima no meio disso tudo: Bob (Sean Astin), o novo interesse amoroso de Joyce (Winona Ryder). Ainda nessa temporada, Nancy termina com Steve e fica com Jonathan.
[Imagens: Reprodução/Netflix]
No terceiro ano da série, em 1985, o verão chega e um shopping novo na cidade de Hawkins também, deixando o amado grupo ainda mais sintonizado com sua juventude e com novos casais no ar. Aparecem cientistas russos como vilões tentando abrir um portão para o Mundo Invertido embaixo desse shopping, como revela Alexei (Alec Utgoff), um dos envolvidos nisso. Eleven descobre que o irmão de Max está possuído pelo Devorador de Mentes e, em uma futura batalha com o monstro, acaba sendo ferida e perdendo seus poderes.
Já no final da trama, Billy se sacrifica para proteger o grupo após El entrar em sua mente e o Hopper tenta destruir a máquina usada pelos russos para manter o portal para a outra realidade aberto mas é dado como morto. Eleven, então, vai morar com os Byers, que se mudam para a Califórnia.
[Imagens: Reprodução/Netflix]
Agora, nessa quarta temporada, é possível ver o que aconteceu com cada personagem e todo o mistério por trás de uma nova ameaça do Mundo Invertido: o Vecna, que marca suas vítimas através de um vínculo psíquico e as mata das formas mais tenebrosas e brutais, para se alimentar.
ALERTA DE SPOILER
[GIF: Reprodução/Giphy]
Ao longo de toda essa trama, foi possível ver três núcleos separados: Eleven, Will, Jonathan e Mike estavam na Califórnia; Joyce, Murray e Hopper na Rússia e os demais em Hawkins. Essa dissonância do grupo afeta um pouco a fluidez dos episódios, porque para conciliar tantas linhas narrativas simultâneas, Stranger Things opera na constante quebra de ritmo, ou seja, desenvolve uma situação e, assim que ela estoura, muda de núcleo em uma tentativa de manter a tensão sempre alta.
Durante a primeira parte, parecia que essa divisão entre os personagens não funcionaria em sintonia para salvar Hawkins e o mundo de Vecna, deixando os papéis de cada personagem um tanto quanto confusa. No entanto, o segundo volume acaba mostrando como todos esses enredos funcionam bem para a primeira conclusão desta ameaça de fim do mundo.
[Imagens: Reprodução/Netflix]
A protagonista Eleven ou Jane, vive um difícil período de adaptação nesta season. Apesar de seus esforços, a jovem sofre para se encaixar na escola e é constantemente vista como “a esquisita” por seus colegas de escola. Para piorar, ela está sem os seus poderes, passa pelo luto da morte de Hopper e lida com as saudades dos amigos e do namorado Mike. Porém, após um início movimentado nos primeiros episódios, a jornada de Eleven se torna mais solitária, no entanto poderosa, no final. Millie Bobby Brown consegue sustentar um núcleo inteiro praticamente sozinha, ditando os pontos de virada e provando que nasceu para interpretar esse papel.
Outro grande destaque da temporada, se não for o maior, é Sadie Sink, que volta à pele de Max. É possível acompanhar um lado da jovem nunca visto antes, o que está marcado pelo trauma e culpa. Reclusa de todos, Max passa por uma interessante jornada de reconexão consigo mesma e com os amigos, enquanto carrega um dos principais e mais emocionantes acontecimentos do quarto ano da série.
Ela é capturada por Vecna mas escapa ao som de Running Up That Hill de Kate Bush, música favorita da personagem. A crença de que a canção seria capaz de salvar Max, foi baseada em uma conexão astuta feita por Robin Buckley e Nancy Wheeler depois que uma das primeiras vítimas de Henry, seu pai Victor Creel, parecia ter sido salvo por ouvir Dream A Little Dream Of Mede Ella Fitzgerald e Louis Armstrong.
No entanto, como Vecna revelou na conclusão da primeira parte da quarta temporada de Stranger Things, a música não foi a razão pela qual seu pai, Victor, sobreviveu. Em vez disso, foi simplesmente porque que Henry ultrapassou os limites de seus poderes, o que o levou a entrar em coma antes que pudesse acabar com seu pai.
Isso não deve minimizar a importância da canção de Kate Bush para a sobrevivência de Max. Nancy descreve isso como “uma ponte de volta à realidade” e deve haver pouca dúvida de que ela estava certa. A música evoca memórias fortes que são boas e ruins, então faz sentido que ela pudesse abrir uma porta para fora da alienação opressiva de trauma, desespero e culpa em que Max se encontrava. Além disso, também faz sentido que se ela não tivesse memórias tão positivas e o amor de seus amigos para retornar, não haveria como escapar da maldição de Vecna.
É importante mencionar também Eddie e Argyle, os novos personagens incluídos nessa história. Ambos são completamente diferentes, um é viciado no jogo D&D e é metaleiro, e o outro um completo maconheiro entregador de pizza, mas os dois são um alívio cômico no meio de tantos acontecimentos.
[Imagens: Reprodução/Netflix]
Eduardo Franco, que interpreta o personagem Argyle, esteve presente no MTV Movie&TV Awards e declarou ser uma honra fazer parte de uma série de tanto sucesso. “Todo mundo do elenco, da produção foram maravilhosos e gentis comigo. Todos me receberam muito bem, é como se fosse uma família mesmo”,afirmou o ator.
Inclusive, mesmo Eddie sendo um novo rosto, ele protagoniza a melhor cena do segundo volume da série, onde sobe no topo do próprio trailer no Mundo Invertido com uma guitarra e um amplificador e toca Masters Of Puppets da banda de heavy metal Metallica para atrair os morcegos de Vecna.
O mais curioso dessa cena é que Tye Trujillo, filho do baixista da banda, Robert Trujillo, participou da quarta temporada gravando as faixas de guitarra utilizadas nessa versão. Além dele, o guitarrista do Metallica, Kirk Hammet, colaborou nas gravações.
Além da escolha da música refletir bem as características do personagem, que é fã de thrash metal. A letra de Master of Puppets combinou muito com Stranger Things. James Hetfield, líder da banda, fala da perda de controle e do uso de drogas na música, então os versos sombrios fazem jus a atmosfera ameaçadora do Mundo Invertido. “Master of Puppets lida com drogas. Como as coisas ficam de cabeça pra baixo, em vez de você assumir e fazer, as drogas controlam você” o vocalista afirmou sobre a faixa em entrevista à Thrasher Magazine.
Porém, infelizmente no final dessa trama o Eddie morre nos braços do Dustin, mas os fãs ainda não possuem 100% de certeza, talvez porque não querem acreditar ou porque não têm uma confirmação de fato. De qualquer maneira, isso é uma pena e que chega a ser revoltante, principalmente por ter sido um personagem inserido na penúltima temporada da série, onde foi muito bem desenvolvido e aceito por parte do público.
Uma das grandes surpresas do quarto ano da série, foi a junção de Nancy e Robin como uma dupla. As atrizes apresentam uma ótima sintonia e as personagens, surpreendentemente, se completam, rendendo cenas memoráveis. Já Steve e Dustin, voltam a chamar atenção por sua incrível e divertida dinâmica em conjunto.
[Imagens: Reprodução/Netflix]
Por outro lado, alguns personagens perdem completamente o destaque e ficam à deriva durante a narrativa. É o caso dos irmãos Byers, na qual é possível contar nos dedos quantas falas tiveram ao longo de todos os episódios. Mike e Lucas também não apresentam tanta relevância, mas ainda conseguem aparecer mais do que os primeiros.
O mais revoltante é que o Will saiu de personagem principal para um mero coadjuvante, e que o maior arco gira em torno do personagem ser gay e estar apaixonado por Mike. Já o Jonathan, foi reduzido a maconheiro e que até a trama entre ele e a Nancy que poderia ser explorada, foi deixada de stand by.
Apesar disso, Will protagoniza uma das cenas mais tocantes da quarta temporada. Sem qualquer ambição de grandiosidade, nem ameaça monstruosa pelo caminho, o adolescente demonstra toda sua coragem quando, de coração partido, aconselha Mike sobre seu relacionamento com a Eleven. E, como se suas lágrimas não fossem suficientes para dar conta da sua vulnerabilidade, os olhares furtivos de Jonathan pelo retrovisor denunciam o quanto dói no irmão mais novo estender a mão para seu melhor amigo dessa maneira.
[Imagens: Reprodução/Netflix]
Apesar disso, a direção consegue equilibrar melhor o tempo de tela dos núcleos, onde é possível identificar perfeitamente o motivo pelo qual eles estão separados, como é o caso de Joyce e a Rússia. A história flui em um bom ritmo e se mostra mais madura em relação às outras temporadas. Ao mesmo tempo, referências aos anos anteriores estão mais presentes, assim como pontos narrativos que se conectam com o início da série.
Como é o caso do grande vilão da temporada, Vecna. Ele vem do jogo de RPG Dungeons & Dragons, citado na série desde a primeira temporada. No game, ele é uma criatura que usa um tipo proibido de mágica para se tornar imortal, e é quase isso que Stranger Things mostra. Na série, o monstro se torna ainda mais forte a cada humano que mata. A escolha de suas vítimas, no entanto, não é aleatória. Vecna prefere possuir pessoas que passaram por algum evento traumático e estão vulneráveis emocionalmente, e as tortura com memórias dolorosas antes de acabar com suas vidas.
Voltando a D&D, no jogo Vecna nasceu humano séculos atrás, e sua mãe, Mazzell, foi executada por praticar feitiçaria. Então, em busca de vingança, Vecna se tornou um mestre das magias obscuras, chegando a um nível em que nenhum outro mortal havia alcançado. Em Stranger, os adolescentes começaram a comparar o monstro do Mundo Invertido com Vecna, devido aos seus poderes e pela aparência. Tão poderoso quanto o personagem do jogo, o Vecna de Hawkins é mais perigoso que o Demogorgon, mais complexo de se entender e mais difícil de ser combatido.
Não é só no RPG que Vecna tem um passado traumático com a família. Na série, se descobre que o monstro é Henry Creel, agora conhecido como Peter. O personagem, interpretado por Jamie Campbell, foi uma criança que demonstrava comportamentos estranhos. Com isso, sua mãe buscou ajuda profissional para tratar sua “natureza perturbada” e ele não gostou nada disso. Henry começou a usar seus poderes, primeiramente, para matar animais, até acabar matando a própria família. Victor Creel, o pai, foi o único sobrevivente para poder carregar a culpa pelos crimes.
[Imagens: Reprodução/Netflix]
Também é revelado a origem dos poderes de Eleven, mostrando que Henry, agora Peter, é o paciente 001 dos experimentos do laboratório de Hawkins. Levado à força para lá, Martin Brenner usou o sangue de Henry para criar outras crianças com os mesmos poderes. Para isso, no entanto, precisaria suprimir suas habilidades com a ajuda de um dispositivo implantado em seu pescoço.
Ao longo de todos esses anos, Peter esteve no laboratório de Hawkins auxiliando Brenner nos experimentos, quando descobriu que Eleven era tão poderosa quanto ele. Então, nos flashbacks de 1979 no episódio 7, O massacre no laboratório de Hawkins, os fãs podem ver que ela foi manipulada por Peter e acabou removendo o dispositivo que controlava seus poderes.
Então, Henry provoca um massacre no laboratório, matando as crianças e funcionários da instalação, mas é detido por Eleven, que acaba abrindo o portal para o Mundo Invertido e empurrando ele para lá. Ao cair, ele é queimado por um raio e se transforma em Vecna, o que é comprovado com a marca 001 no pulso.
É inegável como Jamie, que já tem grandes nomes no currículo, como Caius Vulturi em Crepúsculo, Jace em Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos e Gellert Grindelwald em Harry Potter, se sobressaiu fazendo o Vecna. Em entrevista a Vanity Fair, o ator declarou que não enxerga necessariamente o seu personagem como um vilão.
“Eu sou capaz de vê-lo como um vilão? Eu certamente sou capaz de vê-lo como um ponto de conflito”, afirmou. “Mas em termos de, tipo, ele é mau ou [é um] vilão? Quero dizer, eu o entendo e o amo. E eu me relaciono com ele. Fiquei com os olhos lacrimejados ao dizer isso – talvez eu devesse calar a boca! Tipo, eu o entendo, então sempre estarei do lado dele”. Ele ainda acrescenta que: “Acho que ainda há um nível de humanidade nele, mesmo onde ele está agora, mas acho que a humanidade dele estar onde está agora é um fato com o qual posso me relacionar. Tenho certeza que todos nós podemos.”
Com um aspecto bizarro, Vecna tem uma aparência tétrica, que até mesmo fez Millie Bobby Brown chorar quando viu o ator caracterizado. Em conversa com The Verve, Barrie Gower, designer de próteses e maquiador, revelou que o personagem foi feito à base de efeitos especiais e muito lubrificante.
“No dia [da filmagem] ele tem que estar superviscoso, então usamos produtos como lubrificante K-Y. Também usamos um produto chamado UltraWet, um gel transparente, que passamos em todo o corpo dele”, declarou ele. “É o tipo de coisa que, no set, se você colocava a mão no ombro dele, você se arrependia porque ficava todo melecado”, enfatizou Barrie.
O perfil oficial da Netflix compartilhou um vídeo que mostra a impressionante transformação de Jamie Campbell Bower no poderoso vilão da 4ª temporada de Stranger Things. O processo, que inclui a aplicação de diversas camadas de tecido e maquiagem no rosto e no corpo do ator, impressionou os internautas.
Além disso, a caracterização dos personagens carrega um estilo oitentista em seu auge, onde os penteados e figurinos tentam rejuvenescer o elenco, mas não é com todos que consegue. No entanto, tudo não se torna um mero detalhe assim que adentra a nostalgia da série. Os produtores da série reveleram algumas características sobre os looks, que vão desde tênis personalizados da Converse, até referências a nomes como o cantor britânico David Bowie e o filme Grease – Nos Tempos da Brilhantina.
Nessa temporada, Natalie Dyer fez uma permanente mas também usou uma peruca parcial para chegar ao visual de Nancy. Já Mike, deixou o cabelo crescer para ficar parecido com Eddie, em quem se inspira, mantendo um pouco mais comprido atrás e com camadas curtas.
Para os cenários da Califórnia nessa temporada, a figurinista Amy Parris usou diversas referências visuais, como a Thrasher Magazine, Skateboard Magazine, Surfer Magazine, além de anuários reais de escolas do ensino médio americano.
A equipe de figurino colaborou com a Quiksilver para criar o visual tipicamente californiano de Argyle: os tênis do personagem foram customizados pela Vans, e ele usa meias tie-dye igualmente customizadas. O figurino de Mike na Califórnia também foi feito pela Quiksilver, com o intuito de combinar com as roupas do personagem de Eduardo Franco.
O visual de Jonathan nessa season foi influenciado pelo Argyle e pelas atividades extracurriculares que eles fazem juntos. Consequentemente, ele está usando estampas mais psicodélicas. Já para o visual dos alunos do Colégio Hawkins, a Converse fez tênis personalizados em três cores para combinar com a paleta da escola.
No capítulo 4 dessa quarta temporada, a roupa da Robin parece que saiu do armário da Nancy e foi inspirada por catálogos antigos da coleção primavera-verão da Sears, Montgomery Ward e JCPenney em 1986.
Originalmente, os irmãos Duffer queriam que o cabelo do Eddie fosse parecido com o penteado clássico do David Bowie como Jareth em Labirinto – A Magia do Tempo, mas a equipe responsável pelos cabelos dos atores baseou o visual final em Ozzy Osbourne e outros integrantes de bandas famosas dos anos 1980.
E por fim, o penteado de Chrissy foi inspirado na personagem de Olivia Newton-John chamada Sandy em Grease – Nos Tempos da Brilhantina, no estilo líder de torcida americana, mas com franjas bem anos oitenta.
A fotografia de Stranger Things sempre foi bastante mutável e na quarta temporada isso não foi diferente. A depender do contexto de cada cena, a iluminação transita entre o claro e o escuro, também dando bastante destaque para a cor vermelha no mundo de Vecna. As transições do mundo real para o mundo invertido também acontecem e apresentam um bom jogo de câmeras.
Como foi dito anteriormente, a trama se divide entre núcleos diferentes, portanto, a cenografia é intercalada entre a Califórnia, Hawkins, a Rússia e o Mundo Invertido. São muitos os cenários que carregam a história neste ano, entre novos e já conhecidos, mas o destaque vai para a mansão que habita Vecna. O local é cheio de detalhes e uma importante peça para a narrativa, que inclusive por fora, lembra um pouco da casa do filme ACasa Monstro.
[Imagem: Reprodução/Instagram]
A trilha sonora da série também é um grande marco e que trouxe boas posições nos charts. A música de Kate Bush, Running Up That Hill por exemplo, na época de lançamento alcançou a posição mais alta do Hot 100 da Billboard da carreira da cantora, com um 30º lugar. Mas a série da Netflix mostrou o poder de uma plataforma de streaming, levando a música à 1ª posição do ranking no Spotify. Agora, a canção do Metallica, Masters Of Puppets, é a próxima a atingir bons lugares nas paradas musicais.
Outra música dessa quarta temporada que caiu no gosto do público foi Pass the Dutchie, do grupo Musical Youth. A trilha de Argyle e Jonathan, alcançou o 9º lugar no ranking da Apple Music. Além disso, embala vários vídeos divertidos nas redes sociais.
Mas não são apenas esses três sucessos resgatados. A quarta temporada também trouxe o hit da banda The Beach Boys, California Dreamin e Detroit rock city, do KISS. Afinal, Stranger Things aposta na nostalgia para conquistar o público, inclusive aqueles que nem viveram nos anos 80, e essa fórmula se repete desde a primeira temporada.
Quais as pontas soltas?
Com os dois episódios finais da quarta temporada de Stranger Things, muita coisa foi respondida mas algumas situações ainda ficaram pendentes para o grande final da série. Como prometido pelos criadores, os irmãos Duffer, a temporada não terminou com tudo resolvido, muito pelo contrário. O maior desafio de todos foi anunciado, e a próxima temporada precisa dar um jeito para resolver tudo o que ficou para trás, mas já foi confirmado que a produção terá um salto temporal.
Max morre?
Depois de ter escapado da morte por muito pouco, Max encerra a temporada em uma cama de hospital em coma. Além disso, parece que ela não está dentro de sua mente, que Eleven encontrou vazia. Então, fica um questionamento de que talvez ela esteja presa dentro da mente do Vecna e se ela vai ficar sem enxergar ou andar.
[Imagem: Reprodução/Twitter]
O que vai acontecer com Hawkins?
A season encerra com as quatro mortes causadas por Vecna abrindo portais que permitiram que o Mundo Invertido invadisse Hawkins. As partículas começaram a cair lentamente e a matar a vegetação que encontravam pelo caminho, então resta saber se os civis que sobreviveram continuarão por lá mesmo ou se a cidade abrigará apenas algumas pessoas, além dos protagonistas e possivelmente agentes do governo.
[Imagens: Reprodução/Twitter]
Vecna vivo
Vecna apesar de ter ficado bem ferido com o ataque de Nancy, Robin e Steve, conseguiu fugir e, muito provavelmente, passará estes anos do salto temporal reunindo forças a fim de concretizar seu plano de uma vez por todas. A não ser que um novo personagem poderoso seja introduzido, Eleven é a única capaz de enfrentar Henry frente a frente.
[Vídeo: Reprodução/Twitter]
Nancy, Jonathan e Steve
A relação de Nancy e Jonathan sofreu bastante com a distância física e emocional entre os dois. A diferença de planos do casal pode acabar terminando com o relacionamento, enquanto Steve está pronto para levar uma vida de família com Nancy e seus seis futuros filhos.
[Imagens: Reprodução/Netflix]
Will e a ligação com o Mundo Invertido
Os criadores da série já confirmaram à Colliderque Will terá um grande foco na última temporada da série, o que faz sentido já que no final do nono episódio, é possível ver o personagem se arrepiando devido a ligação com o Vecna. É importante lembrar que a conexão entre ele e o Devorador de Mentes foi estabelecida na 1ª temporada, antes de ser resgatado do Mundo Invertido. Alguns fãs já estão especulando que como tudo começou com ele, faz sentido toda essa história ser finalizada com ele também.
[Imagens: Reprodução/Netflix]
Stranger Things continua encontrando mais força nos indivíduos e menos na jornada. A fórmula dos Irmãos Duffer funciona e entretém justamente porque eles amam seus personagens, fazem todo mundo amar seus personagens e gostam de permanecer o máximo possível em seus conflitos e emoções. Também ajuda bastante quando há consequências brutais, como no último episódio – e é de se esperar que os criadores tornem o impacto permanente.
A escala do seriado só tem aumentado, com a produção dando um show visual cada vez maior, seja esteticamente, seja cinematograficamente. Por mais desnecessariamente extenso que seja a finalização da quarta temporada, é impossível negar que foi o ano mais épico e macabro da série, mas, como sempre, mantendo o lado humano que torna a obra tão empática e divertida de acompanhar.
De uma série de mistério ao tom de terror, o seriado caminha para o seu desfecho carregando uma legião de fãs consigo. Dá para ter uma noção do que esperar do fatídico quinto ano, se considerar que apenas dois episódios foram tratados como um verdadeiro evento da cultura pop de 2022. É possível aguardar uma sequência com toda qualidade e potencial que trouxeram até aqui. Principalmente quando a promessa é grande demais para se esperar tanto.
A Editoria de Cinema & TV da Frenezi entrevistou a Ana Paula do @narrativafeminina para conhecer um pouco mais sobre seu trabalho e sua jornada como criadora de conteúdo no Instagram. O projeto de Ana tem como objetivo destacar as mulheres e pessoas LGBTQIA+ que estão produzindo e atuando na indústria cinematográfica, de recomendar conteúdos com protagonismo feminino ou de temática LGBTQIA+, além de levantar várias pautas importantes para discussão. Confira abaixo a entrevista na íntegra feita pela repórter Vitória Geremias e conduzida pelas editoras Ana Luiza Neves e Ana Antenore.
(Frenezi) Como surgiu a ideia de criar a @narrativafeminina?
(Ana Paula) Surgiu na faculdade, faço Jornalismo e no primeiro período, na disciplina de Inovação e Criatividade, havia um projeto cujo objetivo era criar algo pessoal e que fosse a “nossa cara”. Na época, em 2018, a Greta Gerwig havia sido indicada ao Oscar de Melhor Direção, e foi nesse momento que despertou em mim uma necessidade de repensar o consumo de filmes e valorizar mais as produções feitas por mulheres. Fui atrás de sites e pessoas que falavam sobre o assunto e levantavam essa discussão, mas percebi que não haviam muitos. A jornalista Luísa Pécora, do site “Mulheres no Cinema”, foi a minha primeira inspiração para o projeto. Para continuar com o trabalho, era preciso entrevistar alguém de nossa admiração e assim consegui contato com Luísa, que me incentivou ainda mais na criação do Narrativa (Feminina). Em conjunto com a pauta feminista, também surgiu a necessidade de abordar narrativas LGBTQIA+, justamente por também fazer parte da comunidade e entender a urgência em trazer esses assuntos para discussão. Mas, por conta da faculdade, tive que deixar um pouco de lado por alguns anos, e em 2020, quando resolvi retomar, aproveitei para aprimorar o design dos posts, com cores e carrosséis, tentando trazer conteúdo de maneira divertida e descontraída para atingir um público maior.
(FZ) Quais eram as suas expectativas e objetivos iniciais? Eles mudaram ao longo do tempo?
(AP) No começo, eu não acreditava que chegaria num nível onde poderia se tornar lucrativo e profissional. Não imaginava que meu hobbie, que era criar conteúdo, se tornaria meu trabalho e, possivelmente, fonte de renda. Hoje, além de trabalhar com o Narrativa, eu também trabalho para a Carol Moreira (@carolmoreira3), que além de chefe, também é uma grande parceira, fonte de inspiração e apoiadora do meu trabalho.
(FZ) O que você espera do futuro do @narrativafeminina? Quais as metas e objetivos que deseja alcançar?
(AP) Além de transformar em minha fonte de renda, quero criar um canal no YouTube, porque aqueles “textões” que não cabem nos carrosséis dariam ótimos vídeos na plataforma. Também gostaria muito de aumentar a equipe, que por enquanto é formada por mim e pelo meu namorado que é designer e responsável pelas artes do Narrativa… Assim que conseguir ganhar dinheiro com esse trabalho eu, com certeza, quero trazer mais pessoas!
(FZ) Para você, qual a importância de mulheres e pessoas LGBTQIA+ na liderança de projetos cinematográficos e televisivos?
(AP) Basicamente como essas pessoas são representadas. Sabemos que a indústria é dominada por homens cis brancos, que tomam as principais decisões e que comandam tudo, então se não pensarmos em quem consumimos, ou não demonstrarmos interesses em outras perspectivas e narrativas, teremos mais histórias de mulheres e LGBTQIA+ com uma representação ruim, mal feita e distante da realidade. Existe uma diferença clara na representação quando ela tem uma perspectiva feminina, e além de toda essa questão do male gaze, é importante também tirar o domínio cis heteronormativo, que resultou numa indústria cinematográfica misógina, racista… Uma maneira de mudar isso é mostrando para a indústria quais histórias queremos e estamos interessadas em ver, ou seja, apoiando outras narrativas e consumindo mais produções feitas por mulheres e pessoas da comunidade LGBTQIA+.
(FZ) Você citou em seus stories do Instagram durante a semana sobre a sua indignação com a Netflix e a falta de representatividade através do queercoding. Poderia nos contar um pouco mais sobre o assunto?
(AP) Essa nova temporada de “Stranger Things” é um exemplo: as suspeitas sobre a sexualidade do Will já existem há um tempo, mas nunca foram confirmadas. Essas insinuações são chamadas de queerbaiting, pois agradam os públicos LGBTQIA+ e o cis hétero e conservador sem comprometer a série. As pessoas acham que não é queerbaiting porque temos a Robin como personagem lésbica, mas ela não é a protagonista, não é uma das crianças… é aquele tabu de que não se pode falar de sexualidade com crianças, não se pode dizer que o Will é gay mas a Eleven e o Mike estão ali namorando, sabe? Fico tão agoniada com isso.
(FZ) Em “Heartstopper”, a escritora da graphic novel que inspirou a série, Alice Oseman, é também a roteirista da produção da Netflix. Você acha que esse cuidado com a fidelidade da adaptação influenciou no sucesso da série?
(AP) Acho que sim, com certeza… é muito parecido! Já li os quadrinhos duas vezes antes de ver a série. Não acho que o roteirista da série precise necessariamente ser o autor do livro, até porque nem todo escritor é um bom roteirista e vice-versa, mas a Alice Oseman se mostrou muito boa no que faz. Reforça a necessidade desse cuidado, e se não fosse ela a roteirista, deveria ser algum LGBTQIA+ jovem e que entende dessa vivência. Podemos notar que foi uma pessoa desse mundo que criou, pois há uma fidelidade e respeito na representação, e faz muita diferença quando a pessoa entende sobre o que está falando, e o sucesso da série se deu justamente devido a isso.
(FZ) Quem é sua maior inspiração feminina no ramo do cinema?
(AP) A Greta Gerwig foi a minha primeira inspiração. Hoje em dia eu tenho uma grande admiração pela Céline Sciamma, que é a diretora de “Retrato de uma Jovem em Chamas”, amo tudo que ela faz, já vi todos os filmes. Hoje em dia é minha diretora favorita, e por ser uma mulher lésbica todos os filmes dela tem essa narrativa feminina e queer… acho que hoje ela é uma das minhas principais influências no cinema. Em relação à criação de conteúdo, além da Luísa Pécora de “Mulher no Cinema”, tem também a Carissa Vieira que é uma das poucas que fala sobre esse assunto no YouTube, acho que no Brasil, uma das únicas…
(FZ) Quais suas expectativas para o futuro do cinema? Você percebe o surgimento de alguma tendência?
(AP) Esse ano, especificamente, estou vendo uma grande mudança na representação LGBTQIA+. Acredito que está sendo o ano com as melhores narrativas da comunidade, como por exemplo: “Owl House”, “Doctor Who”, “Minha Bandeira é a Morte”, “Heartstopper”, “First Kill”, “Crush”… então estou percebendo que isso está se tornando mais frequente, como é difícil ter uma história com um arco LGBTQIA+ que não fosse dramático, trágico, triste… E hoje em dia é maravilhoso que isso está se tornando algo mais comum, os streamings estão arrasando nesse quesito.
(FZ) O que você espera da adaptação de Barbie por Greta Gerwig?
(AP) Olha, eu acreditava que seria uma comédia romântica clichê dos anos 90, 2000, afinal. Mas acharam o Letterboxd da Margot Robbie com os filmes que ela teve que assistir pro papel, sendo um deles “O Show de Truman”, e foi aí que começaram a teorizar de que seria uma distopia… quem sabe vai ser uma mistura dos dois? Só sei que vai ser surpreendente, talvez seja o clichê com mais ficção… Esse filme se tornou o maior mistério de Hollywood, mas é a Greta e o Noah Baumbach, não tem como ser ruim!
(FZ) Entre os lançamentos de filmes e séries que já tivemos esse ano, qual o seu favorito?
(AP) Com certeza “Heartstopper” e “Minha Bandeira é a Morte” são minhas séries favoritas. E de filme acho que meu preferido é “Fresh”, fiquei muito surpresa… parece muito “Corra”. Foi escrito e dirigido por mulheres, o que faz muito sentido porque é um medo que muitas têm de conhecer um cara perfeito e no fim ele se mostra um psicopata… Nos primeiros 30 minutos do filme parece ser uma comédia romântica e depois vira um terror bizarro.
(FZ) Qual filme você está mais ansiosa para ver nos cinemas ainda esse ano?
(AP) Tem vários, mas o que estou mais ansiosa é “Don’t Worry Darling”, da Olivia Wilde, que também parece ter uma pegada distópica… Uma mistura de “Mulheres Perfeitas” com “O Show de Truman”. Depois de “Booksmart” eu sinto a necessidade de mais filmes feitos pela Olivia. Outro que também estou ansiosa para assistir é “The Woman King”, com a Viola Davis como protagonista, baseado numa história real de uma guerreira africana e um exército feminino do séc XVIII… e a diretora também é ótima, Gina Prince-Bythewood, ela dirigiu “The Old Guard” da Netflix. Acho que são esses dois filmes que estou mais ansiosa para ver. Você pode conferir mais sobre o trabalho da Ana Paula pelo Instagram @narrativafeminina.
O mercado de trabalho, especialmente na área artística, pode ser instável, por isso se quiser se formar na área é bom considerar o que o curso escolhido tem a oferecer. O curso superior em Cinema no Brasil não é muito popular, ainda assim existem três modalidades disponíveis para a graduação: Bacharelado, Licenciatura e Tecnólogo; vamos focar no primeiro por ser o mais completo.
Bastidores de O Iluminado (1980) [Reprodução Esquire]
Um Bacharelado ou uma Licenciatura em Cinema e Audiovisual duram em média 4 anos, já o Tecnólogo 2 a 3 anos. Todos abordam conhecimentos gerais da área como roteiro, preparo de equipamento, fotografia, som, direção, edição, distribuição, entre outros.
No Bacharelado, são abordados diversos aspectos da produção audiovisual, possibilitando que cada aluno se encontre no seu setor de maior interesse; desde a pré-produção de um conteúdo, que envolve a elaboração do roteiro, storyboards e planejamento financeiro, até a distribuição e exibição da obra. Já a licenciatura trabalha os diversos aspectos da produção audiovisual, mas priorizando a capacitação de seus alunos para lecionar em projetos culturais, museus e escolas, no formato de cursos livres. Dependendo da instituição de ensino, existe também um enfoque na área de Comunicação Social, abrindo portas para matérias que analisam estética, filosofia, psicologia, política e história no Cinema.
Graduação Cinema e Audiovisual [Reprodução ESPM]
Durante o curso são ensinadas as mais variadas formas de se produção de conteúdo audiovisual, desde o longa-metragem live action até uma série animada em 2D, 3D e/ou stop motion. Algumas matérias comuns são:
Análise de Imagem
Crítica de filme
Teoria do Cinema
Cinema Brasileiro e Internacional
Roteiro e Storyboard
Oficina de Câmera e Iluminação
Direção de Atores
Direção de Produção
Animação
Comunicação e Mercado
Marketing
Dramaturgia
Sonoplastia e Trilha Sonora
Edição e Pós-Produção
Grande parte da grade curricular é composta por matérias práticas que visão desenvolver as habilidades do aluno, até serem utilizadas no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), ou como em algumas instituições, em pequenas produções estimuladas no decorrer dos semestres. Para a conclusão da graduação a maioria das universidades exige também a realização de estágio supervisionado, cobrando um mínimo de por volta de 200 horas.
Graduação Cinema e Audiovisual [Reprodução ESPM]
O PROFISSIONAL
Algumas características muito importantes para o profissional (ou futuro profissional) da área são a criatividade, boa comunicação, comprometimento e responsabilidade com o cronograma do projeto, e claro, perseverança para a conclusão dos trabalhos mesmo que aconteçam imprevistos.
Sempre existe aquela pessoa que sonha em crescer na área e acredita que não precisa da ajuda de ninguém, mas um filme não é feito por uma só pessoa, por isso é importante exercitar as suas habilidades para o trabalho em equipe, já que todo o processo de uma produção audiovisual tende a se estender por alguns meses e durante esse tempo você depende do seu time e ele de você. Falta de consideração pelos colegas e pelas suas responsabilidades pode criar uma má reputação para você no futuro, lembre-se de que as pessoas com quem você estuda podem se tornar futuros parceiros ou competidores, no Cinema as conexões são tudo!
Bastidores de O Grande Hotel Budapeste (2014) [Reprodução LiveMaster]
Outro fator importante é o seu repertório, é claro que o seu portfólio será desenvolvido durante os seus anos de formação e em diante, mas o repertório deve ser algo a se desenvolver mesmo antes do curso e continuamente na sua vida, pessoal ou profissional. Um conhecimento amplo das produções e dos grandes nomes da área não tem como te prejudicar, não é mesmo?
Bastidores de A Noiva Cadáver (2005) [Reprodução LiveMaster]
O MERCADO
Não é fácil ser artista no Brasil, mas não é impossível, se o seu desejo é se tornar um diretor de Cinema, por exemplo, um bom curso te ensinará não só a preparar seus atores, equipamento e a iluminação, mas também como se comunicar com seus produtores e financiadores sobre as burocracias que englobam a produção do seu projeto. Licenciamento, direitos autorais, Classificação Indicativa e etc., enfim, tudo que diz respeito a uma produção cultural que precisa seguir os critérios do Ministério da Justiça.
Normalmente produzidos em equipes menores e com baixo orçamento os filmes independentes sempre estiveram presente na nossa história, desde o Cinema Novo com obras de Glauber Rocha, até os dias de hoje. Essas obras seguem uma tendência mais autoral, e expressam temáticas do Brasil em novos ângulos. Os maiores desafios desse setor são o financiamento e a distribuição, já que o cinema nacional já é pouco valorizado e mesmo dentro dele, o grande dominador é o setor comercial. Por conta dessas dificuldades, o objetivo de grande parte dos cineastas é a competição em festivais que podem ser a única oportunidade que um filme terá de ser exibido na telona, além do fato de que nas amostras é possível fazer e fortalecer conexões que podem abrir mais portas. Para que isso aconteça deve-se inscrever seu projeto no festival desejado, levando em consideração o que a curadoria deseja.
Bastidores de Central do Brasil (1998) [Reprodução Palavras de Cinema]
A indústria brasileira de audiovisual está se expandido principalmente por conta da verba pública proveniente de editais da Ancine e prefeituras, além de outros programas federais de incentivo que podem envolver Festivais Internacionais.
O profissional de Cinema pode trabalhar em produtoras institucionais, emissoras de televisão, agências de publicidade, produzindo filmes longa ou curta-metragem, séries, novelas e até documentários, ou em cinematecas e acervos de preservação cultural. Conseguindo atuar como roteirista, produtor, diretor, fotógrafo, sonoplasta, editor, animador, compositor, dublador, ou mesmo no que diz respeito a distribuição e divulgação de filmes como agente, programador, produtor executivo ou curador de festivais.
Em termos numéricos, segundo o estudo de Emprego no Setor Audiovisual 2019 feito pela Ancine, os setores que apresentaram maior crescimento (em relação a atividade por estabelecimento) são os de Produção e Pós-Produção, Exibição Cinematográfica e é claro TV Aberta. Além disso o setor com maior número de empregos é a TV Aberta, chegando a 50.132 de um total de 88.053 na área. Sendo assim pode-se dizer que o setor televisivo possui grande impacto na indústria nacional, dito isso as plataformas de streaming garantiram uma relativa estabilidade de produção durante a pandemia e vem crescendo desde então, portanto não é impossível imaginar uma futura dominação desse setor já que mesmo a Globo que é a maior emissora da TV aberta brasileira vem tentando competir com outros pesos pesados dos streamings como Netflix e Amazon Prime.
Por ser um curso relativamente novo no Brasil, não existem tantas ofertas de cursos em comparação a uma formação mais tradicional como Administração, ainda assim cursar Cinema e Audiovisual pode trazer muitos benefícios e enriquecer o conhecimento na área. É importante se certificar de que o seu curso vai disponibilizar tudo aquilo que você acredita ser necessário para sua formação e seus objetivos.
No último domingo (27) foi ao ar o último episódio da segunda temporada de Euphoria, uma releitura da versão original israelense, que retrata jovens dos anos 1990. A série americana conta a história de um grupo de jovens que estudam no mesmo colégio, tendo como protagonista Rue, uma adolescente viciada em drogas desde a morte do pai.
A trama foca nos conflitos e traumas desse grupo de estudantes e mostra como cada um deles lida com seus problemas. Em sua jornada pela complicada fase da adolescência, os personagens cruzam com debates como identidade de gênero, sexo, consumo de drogas e autoaceitação. Desde 2019, a série faz sucesso e conta com 16 episódios ao todo e mais 2 especiais entre as duas seasons.
O destaque da obra é tanto que, se tornou a segunda série mais assistida da HBO, ficando atrás somente do clássico Game of Thrones. De acordo com a revistaVariety, o episódio final dessa temporada nova resultou em 6,6 milhões de espectadores na HBO e HBO Max na estreia. Até o momento, a média de audiência é de 16,3 milhões espectadores só nos Estados Unidos. Já na América Latina, se tornou a série mais assistida no HBO, o que provocou mais de 34 milhões de tweets em todo o mundo, de acordo com o Twitter.
Mas o que culminou para tanto sucesso?
ALERTA DE SPOILER
[GIF: Reprodução/Giphy]
Na primeira temporada, a série introduziu seu elenco principal e os desafios que cada um teria que enfrentar, sempre focando nos eventos em torno de Rue. Ainda assim, houve espaço para o desenvolvimento individual de personagens, como Kat Hernandez e Maddy Perez. O segundo ano da série dá mais atenção para a nova relação entre Cassie e Nate, a história de Fezco e Ash, e a recaída de Rue, que enfrenta ainda mais tumultos na vida e na relação com Jules.
Assim como a nova temporada aproveita para destacar outros personagens, ela também acrescenta novos rostos à trama, como o de Elliot. Apresentado como um companheiro para as horas de usar drogas, ele logo se torna um grande amigo de Rue. Como uma faca de dois gumes, ele colabora para que a personagem de Zendaya permaneça nas drogas nos primeiros episódios, e também é uma peça-chave para ela ficar limpa.
[Imagem: Reprodução/HBO Max]
Além de Elliot, a temporada também apresenta Laurie, a grande fornecedora de drogas da cidade. Com um temperamento diferente do esperado para uma traficante, ela mostra que é capaz de qualquer coisa para não ser passada para trás. Apesar de não ter protagonizado nenhum grande momento no segundo ano, talvez deva bagunçar a vida de Rue no futuro. Do contrário, a personagem terá sido desperdiçada como uma falsa promessa de potencial vilã.
[Imagem: Reprodução/HBO Max]
A grande produção conta com atuações impecáveis de Zendaya e Sydney Sweeney, que ao interpretarem personagens complexas, conseguem entregar uma grande variedade de emoções que convencem o espectador. O trabalho delas ganha mais destaque nas cenas em que ambas as personagens se encontram no fundo do poço, como quando Rue derruba uma porta aos chutes ou quando Cassie cria um ritual de beleza insano para chamar a atenção de Nate no colégio.
Outros grandes destaques dessa temporada nova foram os personagens Fezco e Cal Jacobs. A história de Fez foi muito bem explorada, mostrando até mesmo a infância do rapaz, e principalmente a trama de sua avó, que sempre apareceu em uma maca, mas que antigamente era uma excelente traficante, e foi com ela que aprendeu tudo o que sabe. Já o pai de Nate Jacobs, é mais desenvolvido a partir do momento em que a série volta no passado e mostra sua sexualidade, ou seja, tudo o que aconteceu até chegar no contexto atual de um adulto problemático.
[Imagens: Reprodução/Instagram]
E provavelmente, um dos maiores feitos dessa temporada foi protagonizado por Fezco, que briga com Nate Jacobs. A cena ocorre logo no início da trama, na festa de ano novo, onde Nate é espancado até ficar inconsciente por Fez, como vingança por ter a polícia invadindo sua casa e forçá-lo a jogar todas as suas drogas no vaso sanitário.
Em entrevista ao The Tonight Show com Jimmy Fallon, Jacob Elordi declara que “Eu acho que eu como Jacob, eu adoraria bater nele. Eu adoraria dar a ele um grampo nas orelhas. Mas como Nate, eu me sinto muito mal por ele. Eu tive que levar uma surra. Foi uma droga”.
Já Angus Cloud, em entrevista ao NME, deixou claro como se impressionou com como a cena era extensa, pois Fez passou cerca de 30 segundos agredindo o personagem de Elordi após acertá-lo na cabeça com uma garrafa de vidro. Depois, o ator afirmou: “Acho que Nate ganhou o que merecia, era o que precisava acontecer”.
Sobre o dia de filmagens da cena especificamente, Cloud relembrou como tomou boa parte do dia e foi muito exaustivo. “Foi bem intenso, mas um bom dia. É difícil, definitivamente, mas a energia está presente na sala, então você se aproveita disso, sabe?”, declara o ator.
[GIF: Reprodução/Giphy]
Uma personagem que merece menção é Lexi, devido a peça Our Life, que antes foi nomeada Oklahoma. O espetáculo é totalmente inspirado na vida dos personagens, é a visão de Lexi Howard retratada totalmente sem filtro.
Desde a primeira temporada, ela era uma das personagens mais subestimadas, beirando a irrelevância para alguns espectadores. Contudo, o segundo ano do show mostrou que Lexi tem muito potencial, e ficou claro como ela é uma pessoa que sempre esteve a margem dos outros, como Cassie. Mas agora, se mostrou no centro do placo, e a peça era a única coisa que sentia estar em seu controle e que dava propósito para sua vida.
Apesar de icônica, o show é irreal para os parâmetros de uma escola de Ensino Médio, que nunca teria condições financeiras de arcar com uma produção daquele tipo. Eram vários detalhes e partes móveis que faziam parte de um cenário rotativo que agiam como uma extensão do corredor da escola, digna de um espetáculo da Broadway.
Mas apesar disso, conseguiu proporcionar muitos momentos incríveis, como a comparação de Lexi com a puberdade de Cassie, já que o monólogo revelou muito sobre a relação que ela tem com a irmã. Mesmo que com idades muito próximas, Cassie cresceu muito mais rápido do que Lexi, e ela acabou tendo um senso de autoconfiança distorcido por causa disso.
O ponto alto, sem dúvidas, foi a performance de Ethan como Nate ao som de Holding Out for a Hero. Lexi simplesmente mostrou para toda a escola a visão que ela possuía de Nate. Na plateia, é possível ver ele angustiado e cerrando os punhos, travando internamente uma batalha contra sua frustração sexual e sua masculinidade tóxica, ao ponto de quando Cassie tenta acalmá-lo, ele explode saindo do teatro dizendo que o relacionamento deles acabou.
Em entrevista ao Entertainment Weekly, Maude Apatow revelou que a inspiração para a peça está nos anos de ensino médio da própria atriz, quando viveu uma situação similar. “Faria sentido para Lexi ser uma criança do teatro. Eu era na vida real, e a peça é levemente baseada no meu último ano do ensino médio. Tivemos uma apresentação dirigida e produzida por alunos. Eu era a produtora e era como um tirano. Então, sim, é baseado em evento real”.
Além disso, o nome do penúltimo episódio da segunda temporada, The Theatre and It’s Double, é o nome original do livro O Teatro e seu Duplo do dramaturgo Antonin Artaud, então essa referência acaba fazendo sentido sabendo do que se trata a peça.
Por fim, Rue finalmente consegue passar um tempo longe das drogas após se aproximar do limite sob os efeitos delas e da abstinência. Nesse momento, Zendaya mostra mais uma vez o poder de sua atuação ao revelar a gritante diferença entre os estados da personagem. Para muitos fãs, ver a redenção de Rue após acompanhar sua dor por duas temporadas é um dos principais marcos do season finale, enquanto para a história, pode significar novas possibilidades no futuro.
[Imagens: Reprodução/HBO Max]
Ainda que o segundo ano da série tenha uma grande lista de acertos e episódios individualmente incríveis, há um certo desnível no roteiro em comparação com a primeira temporada. Ao focar em novas histórias, Euphoria deixou importantes fatos de lado, como o aborto feito por Cassie e a tortura que a personagem de Alexa Demie, Maddy Perez, sofreu no segundo ano, o que foi completamente ignorada nos episódios seguintes. E algumas outras pontas soltas que ficam são:
Ashtray morreu mesmo?
Todo mundo sabe que, nas telas, uma morte só é definitiva quando o corpo é mostrado. Isso não aconteceu com Ash após ser supostamente baleado por um oficiail da S.W.A.T, então talvez ainda exista uma chance do personagem estar vivo.
[Imagem: Reprodução/HBO Max]
#Fexi vai acontecer?
A segunda temporada entregou um casal que nenhum fã da série sabia que precisava: Lexi e Fezco. Apesar de nem terem engatado em um romance, já foi suficiente para todo mundo torcer pelo casal. Contudo, o episódio chegou ao fim antes mesmo de Lexi saber porque o traficante não compareceu a peça.
[Imagem: Reprodução/HBO Max]
Rue e a traficante Laurie
Uma trama que ficou muito mal resolvida foi o envolvimento de Rue com a traficante Laurie. A protagonista nunca vendeu as drogas que pegou, pois consumiu parte delas e o restante sua mãe jogou fora. Ela até levou alguns itens roubados para pagar a dívida, mas sabemos que não está quitada.
[Imagem: Reprodução/HBO Max]
O sumiço de McKay, figuração de Kat e polêmicas no set de Euphoria
Algumas histórias se perderam no desenrolar dessa temporada, como McKay, que construiu um relacionamento com Cassie durante a primeira season. O sexto episódio mostra uma cena no dormitório da faculdade, em que o casal transa mas um grupo de rapazes mascarados e seminus invade o quarto.
Aos gritos de McKay, os colegas arrancam o atleta da cama e o jogam no chão, se atirando sobre ele. A cena não mostra muito além e é muito rápida. Cassie, que troca mensagens com a irmã após a agressão, dá algumas pistas sobre o que pode ter acontecido de verdade, mas nem ela sabe ao certo. No banheiro, McKay parece muito abalado, mas faz questão de continuar a transa, transferindo para Cassie a agressividade que sofreu momentos antes.
A dúvida que fica é se ele realmente sofreu abuso sexual, mas conforme a história segue, isso não é respondido e na segunda temporada, o personagem só aparece no primeiro episódio, depois é cortado do enredo. Em entrevista ao The Daily Beast, o ator Algee Smith declarou “Eu realmente não tenho certeza, para ser honesto. Acho que esta é uma pergunta que deve ser feita ao nosso criador sobre como ele enxerga o rumo da história”.
[Imagem: Reprodução/HBO Max]
Além disso, Kat foi outra personagem que foi apagada nessa segunda temporada, que embora seja coadjuvante na história de Rue, tinha bastante destaque e um arco de autodescobrimento bem construído. No último episódio, por exemplo, alguns fãs compararam a duração da música de Elliot com toda a participação da personagem na temporada.
Este não parecia ser o destino da personagem quando a temporada começou. Era muito claro que o relacionamento com Ethan, apesar de doce e confortável, deixava a desejar quando o assunto era sexo. Mesmo ela tentando não pensar a respeito, seu inconsciente o manifestava.
A jovem teve pelo menos um sonho intenso, no qual transava com um Dothraki, uma figura que não poderia ser mais oposta ao seu namorado. Ela aos poucos se dava conta, como Maddy mesmo disseque “existe uma diferença entre o que você acha que deveria querer e o que você realmente quer” e essa realização ameaçava a estabilidade que queria atingir.
Simultaneamente, ela vivia debates internos turbulentos sobre seu corpo e a pressão das redes sociais de ter que se achar bonita o tempo todo. Porque ainda que Kat tenha se tornado um símbolo de autoaceitação e body positivity, como toda mulher ela tem inseguranças, ainda mais considerando o excesso de posts de modelos, atrizes e influencers, todas magras e dentro do padrão, que ela consumia.
Por mais interessantes e relacionáveis que essas discussões pudessem ser, elas começaram a se desenrolar fora da vista do público, transbordando, no máximo, em diálogos pontuais, aqui e ali. Quer dizer, o dilema sobre sua autoimagem ficou pelo caminho, mas ela terminou com Ethan, ainda que de um modo desastrado e pouco característico. Eventualmente, a maior função da Kat passou a ser como um ombro amigo para Maddy quando o triângulo amoroso com Nate e Cassie se revelou.
Em entrevista aoThe Cut, Barbie Ferreira afirmou que “a jornada de Kat nessa temporada é mais interna e um pouco misteriosa para o público. Ela está secretamente passando por crises existenciais. Ela perde um pouco o controle, como todo mundo nesta temporada“, como se dissesse que essa saída da personagem dos holofotes foi algo intencional. Contudo, não é essa a sensação que ficou ao assistir à segunda temporada. Parece que houve uma mudança inesperada no meio do caminho, praticamente um improviso que resultou no abandono do seu arco.
Rumores do The Daily Beast dizem que Ferreira se desentendeu com o criador, roteirista e diretor da série, Sam Levinson, sobre os rumos da sua personagem, o que teria culminado em duas ocasiões que a atriz abandonou o set e no corte de uma cena de sexo. Embora essas alegações possam fazer sentido diante da mudança abrupta na jornada da personagem e encaixem com a ausência de Ferreira na première de lançamento, elas estão longe de serem confirmadas.
[Imagem: Reprodução/HBO Max]
Principalmente devido aos relatos divulgados pelo The Daily Beast, em que vários membros da equipe e figurantes afirmaram terem vivido rotinas de trabalho extremamente intensas, sem conseguirem se alimentar direito e ir ao banheiro quando precisavam. “Parecia tóxico para mim porque acho que ninguém estava realmente feliz por estar lá”, declarou um figurante que não teve a identidade revelada.
Outros profissionais declararam que a diária da filmagem poderia durar até 18 horas, às vezes começando no pôr do sol e terminando no amanhecer do dia. Embora o SAG-AFTRA – sindicato de atores de Hollywood – exija que o elenco nas produções seja alimentado a cada seis horas, alguns integrantes afirmaram que ficaram com fome enquanto esperavam no set. Um figurante alegou que ele e seus colegas de trabalho não eram tratados como pessoas.
“Eu entendo que estou fazendo um trabalho de figuração, não sou a pessoa mais importante lá, sei onde estou no totem. Mas chegou a um ponto em que eu estava tipo, ainda sou uma pessoa, ainda sou humana. Por favor, deixe-me ir ao banheiro, não me diga que não posso ir por 30 minutos ou me diga que não posso comer um lanche quando você não vai me alimentar e são 4 da manhã. Nós não existíamos como pessoas.”, detalhou acrescentando que vários figurantes teriam passado mal ao mesmo tempo devido aos problemas de produção da série.
A HBO afirmou que a produção de Euphoria seguiu todas as diretrizes de trabalho estabelecidas pelo SAG-AFTRA. Em resposta reproduzida na Variety, a emissora afirmou: “O bem-estar de nosso elenco e equipe são sempre as prioridades de nossas produções. Euphoria seguiu todas as diretrizes de segurança dos sindicatos. Não é incomum que séries dramáticas tenham filmagens complexas, e os protocolos de prevenção da covid-19 adicionaram uma camada a mais nisso. Sempre mantemos uma linha de comunicação aberta com os sindicatos, incluindo o SAG-AFTRA. Não houve nenhuma reclamação formal realizada contra esta produção em específico”.
Além disso, a atriz Minka Kelly, que interpreta a Samantha na segunda temporada, afirmou a Vanity Fair que o diretor Levinson escreveu uma cena de nudez logo no primeiro dia de gravação. No entanto, Sam aceitou bem sua negativa ao pedido: “Ele achou que seria mais interessante se o meu vestido caísse no chão, era meu primeiro dia na série e eu simplesmente não me senti confortável em ficar nua ali. Eu disse que adoraria gravar, mas que poderia ficar com o meu vestido. Ele concordou e nem hesitou”.
[GIF: Reprodução/Tumblr]
Ao The Cut, Sydney Sweeney também revelou uma situação semelhante quando pediu ao showrunner para cortar sequências em que aparecia com os seios à mostra. “Há momentos em que Cassie deveria estar sem camisa mas eu dizia a Sam que não era necessário naquele momento, e ele concordava. Nunca senti que ele me forçou ou estava apenas tentando colocar uma cena de nudez em uma série da HBO. Quando eu não queria fazer isso, ele não me obrigou”.
[GIF: Reprodução/Giphy]
A produção artística por trás da história
Apesar de todas as polêmicas, é inegável que a produção da obra entrega um excelente resultado da história com toda uma construção através da imagem, figurino e trilha sonora. Por exemplo, a fotografia trouxe contrastes e referências que somaram muito ao contexto, não somente esteticamente, mas também na narrativa.
Se na primeira temporada trouxe tons escuros de azul e roxo, agora a tela ganha tons de amarelo e laranja. O primeiro ano da série foi gravado no digital, já a segunda foi concebida em filme Kodak Ektachrome. A ideia é causar uma sensação de que os espectadores estavam às cinco horas da manhã, já que logo no primeiro episódio teve uma festa que pareceu ser às duas da madrugada.
E isso traz a reflexão de como uma tecnologia teoricamente em desuso, como esse tipo de filme, pode ter uma qualidade superior ao que é apresentado pelo digital.
Já um figurino é capaz de contar a história de um personagem ou de toda a série, transmitindo traços de personalidade, o período da história em que se passa, região, status, e muitas outras variáveis que podem ser comunicadas através da moda.
Um belo exemplo de storytelling em Euphoria, ocorre com as personagens Cassie e Lexi Howard. A figurinista responsável, Heidi Bivens, escolheu as marcas Prada e Miu Miu para contar a história das duas irmãs. No primeiro episódio, Cassie aparece usando uma sandália de couro branca da Prada. Já Lexi, ao decorrer dos episódios, usa diversas peças da Miu Miu.
Para muitos, Miu Miu é considerada a “irmã mais nova da Prada“, que mesmo sendo do mesmo grupo de donos, ambas possuem uma narrativa diferente. Prada foi criada em 1913 e suas peças representam o glamour e luxo. Já a Miu Miu, fundada em 1993, conversa com mulheres mais jovens, de modo que seja mais casual e divertido. E no contexto das duas irmãs na série, isso fica bem representado.
E seguindo uma tradição já imposta por Euphoria, em que a maquiagem e o arranjo de figurino são fundamentais, a continuidade das histórias das personagens foi ampliada na maneira em que se vestiam. Por exemplo, Jules permitindo-se construir sua própria identidade com as roupas que lhe agradassem os olhos e não que lhe atraíssem olhares ou até mesmo a Cassie, explorando roupas que agradece aos olhares do Nate.
Além disso, é possível ver diversas outras tendências de moda e beleza ao longo da obra, como as luvas usadas por Maddy, Jules e Kat; as diferentes golas exibidas por Lexi; todo o elenco fazendo uso de cores mais claras; o vestido de tule da Kat; o famoso conjuntinho da Cassie e da Maddy; o vestido preto icônico do designer mexicano Aidan Euan usado por Maddy; as famosas unhas de gel também utilizadas por Maddy; e os coques no cabelo por Jules;
E por fim, a trilha sonora, novamente sob responsabilidade de Labrinth, contou com as participações de Tove Lo, Noah Cyrus e Lana Del Rey. Também têm Zendaya cantando, compondo e produzindo junto de Labrinth, I’m Tired, que encerra a 2ª temporada. A colaboração dos artistas também foi em Elliot’s Song, música performada por Dominic Fike, durante uma conversa de Ellitot com Rue – a apresentação não agradou muito a audiência, visto que a música foi apresentada integralmente no episódio, ocupando mais de três minutos de cena.
Portanto, o diretor sabe filmar e faz um uso de uma câmera que a todo momento se movimenta, colocando o espectador como participante de diversos momentos da história. Os planos sequência usados, como o da cena de abertura, são primorosos e muito bem gravados e inseridos. Levinson faz uso dessas habilidades por saber fazer e saber inserir elas no contexto que deseja apresentar. Nada é colocado na produção de modo gratuito, tudo possui um propósito.
E mesmo abordando temas mais pesados, a primeira temporada tinha seus momentos de ternura. Já nesse segundo ano, eles são quase que inexistentes por apresentar uma narrativa sobre amadurecimento através da dor. É algo sombrio, cruel e bastante real.
Sam Levinson foi capaz de reafirmar o poder da série diante de seu público e mostra que a trama ainda tem muito a explorar. Atraído por atuações espetaculares, o espectador fica mais uma vez preso à tela esperando o próximo passo de seus personagens e desenrolar da história. Com novas possibilidades para os próximos anos, Euphoria encerra a segunda temporada reiniciando sua trama e prometendo um futuro esperançoso para seus velhos e novos personagens.
A quarta e mais recente sequência da franquia de filmes Matrix, teve sua estreia mundial nos cinemas na última quarta (22). Keanu Reeves e Carrie-Anne Moss reprisam seus papéis icônicos como Neo e Trinity, além de haverem novas adições ao elenco compostas por Jonathan Groff, Christina Ricci, Neil Patrick Harris, entre outros. Em 1999, as irmãs Lilly e Lana Wachowski impactaram o gênero de ficção cientifica com o lançamento de Matrix. Recebendo excelente resposta de críticos, particularmente no que diz respeito aos efeitos visuais e cenas de ação, o filme conta uma história que, por si só, não é original, mas a forma inovadora como foi contada encantou a audiência de final do século 20, que via o mundo tecnológico evoluir cada vez mais rapidamente.
A história se passa vinte anos após os eventos da última sequência da franquia: Matrix Revolutions (2003). Neo vive sob a sua identidade original como Thomas A. Anderson em São Francisco e tem um terapeuta que o prescreve pílulas azuis para tratar visões anormais que ele tem ocasionalmente. Até que uma nova versão de Morpheus (Laurence Fishburne) o oferece mais uma vez a oportunidade de seguir o “Coelho Branco” e abrir a sua mente para a verdadeira realidade que gira em torno dele. Sem conseguir superar o original de 1999, mas ainda melhor avaliado do que o seu antecessor, o filme tem até o momento avaliação de 68% Rotten Tomatoes.
Confira o trailer:
Recapitulando…
Matrix (1999)
Neo vive uma vida dupla dentro do Matrix. Como Thomas A. Anderson ele segue as regras, cumpre as leis e paga seus impostos, mas como o hacker Neo ele é um criminoso virtual à procura de uma verdade que ele não sabe se existe, mas que o incomoda profundamente. Quando entra em contato com Morpheus que lhe apresenta a oportunidade de escolher como seguirá o seu caminho, tudo muda. Tomando a pílula azul, ele não se recordará de tê-lo conhecido e seguirá sua vida em ignorância, como se nada tivesse acontecido. Por outro lado, se ele escolher tomar a vermelha, a verdade sobre o Matrix será revelada.
[Imagem: Reprodução/Warner Bros.]
Seguindo a segunda opção, Neo se depara com um futuro distópico onde centenas de humanos estão conectados a máquinas sem a sua consciência; ele é resgatado por Morpheus e sua equipe, e abordo do Nebuchadnezzar ajudam ele na sua reabilitação e a entender o que é essa nova realidade.
O Matrix é controlado por uma nova raça, uma evolução da Inteligência Artificial desenvolvida pelos seres humanos no início do século 21, mas que cresceu para além dos seus criadores. Quando se trava uma guerra entre ambas as raças, os humanos decidem queimar o céu, como uma tentativa de impedir o funcionamento das máquinas que são movidas à luz solar.
Morpheus narrando esses acontecimentos para Neo, enaltece a ironia que está no fato de a humanidade, historicamente, necessitar de máquinas e novas tecnologias para sobreviver, uma vez que a própria humanidade agora está sendo usada como combustível de energia para as máquinas. Portanto, o Matrix é uma realidade falsa criada para manter a humanidade complacente com a sua posição de escrava neste novo mundo. Atualmente só resta um lugar inteiramente humano: Zion, que segundo um dos tripulantes do aerobarco Nebuchadnezzar é “a última cidade humana, o único lugar que nos restou”.
[Imagem: Reprodução/Warner Bros.]
Morpheus acorda Neo por acreditar que ele é o Escolhido, que segundo a Oráculo (Gloria Foster), irá retornar para acabar com a guerra, destruir o Matrix e libertar a todos. O filme original da franquia se resume na jornada de herói de Neo, que lutando contra o Agente Smith (Hugo Weaving), reconhece o seu poder e seu papel como salvador da humanidade.
Matrix Reloaded (2003)
A continuaçãoMatrix Reloaded, também escrito e dirigido pelas irmãs Wachowski, avança 6 meses na história de Neo, ele e Trinity são agora oficialmente um casal e continuam trabalhando ao lado de Morpheus e Link (Harold Perrineau Jr.), fica claro também que nos últimos 6 meses, com o auxílio do Escolhido eles libertaram mais pessoas do Matrix do que haviam conseguiram em anos.
A pedido da capitã Niobe (Jada Pinkett Smith), o Nebuchadnezzar vai a Zion para uma reunião emergencial onde são informados do ataque de Sentinelas à cidade previsto em 72 horas, por conta disso o Comandante Lock (Harry Lennix) manda todos os barcos retornarem a Zion para se prepararem. Contra a vontade de Lock, Morpheus retorna ao Matrix para Neo poder encontrar a Oráculo. Enquanto isso Bane (Ian Bliss), um dos tripulantes do Caduceus, ainda dentro do Matrix, encontra o Agente Smith que toma conta do seu corpo e retorna ao mundo real. Depois de conversar com a Oráculo, Neo planeja ir a Fonte do Matrix, mas para isso precisa da ajuda do Chaveiro (Randall Duk Kim) que é prisioneiro na casa do programa Merovingian (Lambert Wilson).
[Imagem: Reprodução/Warner Bros.]
Após inúmeras cenas de ação contra os aliados do Merovingian, eles conseguem libetar o Chaveiro e quando Neo finalmente consegue chegar à Fonte ele conhece o Arquiteto (Helmut Bakaitis), o criador do Matrix que revela que o Escolhido é na realidade uma anomalia criada para manter o controle dos seres humanos que se revoltam ao programa; já existiram 6 versões do Matrix e também 6 versões do Escolhido. Em todas elas o Escolhido é quem, segundo a Profecia, irá destruir o Matrix e libertar a humanidade, mas o Escolhido na verdade vai até a Fonte e lá deve escolher 16 mulheres e 7 homens para repopular Zion depois da sua destruição.
[Imagem: Reprodução/Warner Bros.]
Em Matrix Reloaded, o protagonista tem presságios frequentes sobre a possível morte de Trinity, isso motiva Neo a fazer escolhas com base na emoção e não na razão. É exatamente isso que acontece quando o Arquiteto o faz escolher entre repopular Zion, ou salvar Trinity e o herói opta pela segunda opção. No retorno para o navio, Neo confessa a falha na Profecia e avisa que eles têm 24 horas para se preparar para a destruição da última cidade humana.
Já no mundo real quando o Nebuchadnezzar é atacado e destruído pelos Sentinelas, Neo salva os companheiros e simultaneamente descobre uma nova habilidade, mas o esforço faz com que ele desmaie. Quando vemos ele novamente ele está em uma maca, abordo do barco Hammer, junto do corpo de Bane, que segundo os tripulantes foi o único sobrevivente encontrado no Caduceus, depois do massacre que aconteceu em Zion.
Matrix Revolutions (2003)
Seguindo imediatamente os acontecimentos do anterior, Matrix Revolutions começa com Morpheus procurando Neo dentro do Matrix pois seus sinais vitais não correspondem com o de uma pessoa em coma, mas sim os de uma pessoa conectada. Na verdade, Neo está preso em um tipo de limbo entre o Matrix e o mainframe, na estação de trem “Mobil Avenue”, onde ele conhece Sati (Tanveer K. Atwal) e sua família e o programa que controla a estação chamado Guarda-Freios (Bruce Spence), leal apenas ao Merovingian e por conta disso não deixa o protagonista sair de lá. Ao descobrir isso, com a ajuda da Oráculo (Mary Alice), Morpheus e Trinity vão atrás do Guarda-Freios que escapa, sem muita paciência eles vão até o Merovingian a mão armada obrigá-lo a soltar o Neo.
[Imagem: Reprodução/Warner Bros.]
Com novas premonições sobre a Cidade das Máquinas, Neo conversa com a Oráculo que explica que uma conexão entre ele e a Fonte foi formada depois que ele foi a Fonte, e por conta disso ele tem suas habilidades dentro e fora do Matrix. Além disso ela deixa claro que Neo e o Agente Smith são dois lados da mesma moeda e que Smith está ficando cada vez mais forte e isso pode acabar destruindo, além do Matrix, a Fonte e a Cidade das Máquinas.
Na sequência, Niobe permite que Neo e Trinity usem o Logos para ir até a Cidade das Maquinas, enquanto o resto da tripulação tenta retornar para a guerra em Zion. Antes de partirem o casal é emboscado por Smith no corpo de Bane, que cega Neo, mas acaba morrendo. Chegando na cidade o Logos tem problemas na aterrisagem que acabam matando Trinity e obrigando Neo a seguir sozinho.
[Imagem: Reprodução/Warner Bros.]
Neo conhece Deus Ex-Machina, uma personificação das máquinas, e tenta negociar a paz. Ele avisa que o Smith está muito poderoso e cada vez mais fora de controle, mas que ele pode impedir que Smith destrua tudo desde que Deus Ex-Machina garanta o fim da guerra em Zion. As máquinas param de atacar enquanto Neo entra no Matrix para confrontar Smith. Eles lutam enquanto diversas versões do agente assistem e por um instante quando Neo parece estar derrotado, Smith comemora e possui o corpo do herói que se torna mais uma versão do antagonista e que confirma que finalmente tudo acabou, com um sorriso no rosto. Porém no mundo real o corpo de Neo sofre espasmos, quando absorve uma onda de energia a partir da conexão com o Matrix e, a começar pela mais nova versão do agente, todos os Smiths são destruídos de dentro para fora.
Sacrificando-se pela causa, Neo alcança o objetivo final do Escolhido; todos possuídos pelo agente dentro do Matrix voltam ao normal, em Zion os Sentinelas se afastam sinalizando o fim da guerra. Nos últimos instantes do filme, em conversa com a Oráculo o Arquiteto confirma que todos os humanos serão libertos.
Matrix Resurrections (2021)
Como é possível criar uma sequência de uma trilogia que aparenta estar completamente finalizada?
O filme reorganiza os acontecimentos dos três últimos filmes e os justifica dizendo que compõem uma trilogia de games hiper realista criada pelo renomado designer de games Thomas Anderson. Dentro do Matrix, apesar de ter uma vida comum e confortável, Anderson precisa da ajuda do seu analista que prescreve pílulas azuis para lidar com as suas visões frequentes nas quais ele acredita ser Neo, o protagonista do seu jogo. Enquanto isso novos personagens são introduzidos quando Bugs (Jessica Henwick) encontra uma encarnação de Morpheus (Yahya Abdul-Mateen) e eles, junto da tripulação do Mnemosyne libertam Neo do Matrix, a partir daí eles descobrem que Trinity segue viva e presa ao Matrix e tentam resgatá-la também.
[Imagens: Reprodução/Warner Bros.]
Matrix Resurrections não é nada além do que promete ser: uma adaptação de um universo já conhecido e amado para audiências de séc. XXI. Durante os 30 primeiros minutos do filme cenas da trilogia original recortam o novo enredo, uma maneira de pontuar semelhanças e de deixar claro para a audiência que o que aconteceu anteriormente não está sendo esquecido ou deixado de lado. Aliás o filme em si cresce muito pouco para além da sua origem, sendo um longa genérico de ação com uma narrativa extremamente humilde.
[Imagem: Reprodução/Warner Bros.]
Um ponto alto desse filme é que ele não se leva a sério como seus antecessores, inserindo um humor bem-vindo e confortante em tema com potencial para se tornar denso sobre a ambiguidade na coexistência entre a raça humana e digital. Ambiguidade na coexistência? Mas eles não passaram três filmes em guerra, e Neo teve que se sacrificar justamente para libertar a humanidade da sua escravidão? Pois é, de repente Lana tenta nos convencer que a melhor alternativa sempre foi se unir às máquinas por que só elas auxiliam na verdadeira evolução humana. Isso poderia ser abordado mais a fundo, mas não, Neo simplesmente aceita essa nova realidade e fica claro que nós devemos aceitar também. Isso é algo recorrente, cada vez que um novo fator implica na história já conhecida, algum personagem afirma que o que ele viveu não perdeu valor ou relevância, e que não foi nada à toa.
Nesse caso a personagem que introduz essa nova maneira de pensar é Niobe que retorna para, em grande parte servir como mais um fator de nostalgia, mas também para se posicionar a favor da nova aliança entre as duas raças. Ela argumenta por exemplo, que antes não era possível cultivar nenhuma fruta ou vegetal em Zion, mas agora, com a ajuda de máquinas eles cultivam diversos alimentos. Ela e o Merovingian ambos retornam de uma maneira muito peculiar, com alterações físicas intensas que refletem na sua condição atual, eles trazem a memória dos personagens originais mas com uma nova caracterização que parece uma paródia e, no caso principalmente do Merovingian, serve apenas como alívio cômico.
[Imagens: Reprodução/Warner Bros.]
O “fan service” sendo feito pela Lana Wachowski que dessa vez dirige o filme sem a sua irmã, é óbvio. A história original não é alterada, mas o que acontece imediatamente na sequência de Matrix Revolutions é adaptado à uma nova narrativa que se encaixe 20 anos depois, sem desvalorizar o passado. Neo novamente tendo que acordar como no filme de 1999, mas dessa vez com memória de tudo que fez serve como uma personificação dos fãs.
Além de uma introdução precária de diversas máquinas que ajudam os protagonistas no decorrer da narrativa, a equipe do Mnemosyne também sofre nessa adaptação. Tendo o foco em Neo e Trinity durante a maior parte do filme, os demais personagens demonstram pouco ou nenhum desenvolvimento e são rasos em personalidade e relacionamentos, eles servem como mais um veículo para o fã poder se consolar, atuando como uma representação generalizada de fãs que interagem com os protagonistas como seus ídolos.
[Imagem: Reprodução/Warner Bros.]
O recurso primordial no audiovisual é o “mostre, não conte”, no qual basicamente o diretor reconhece a inteligência do espectador e permite a ele um certo nível de interpretação. Lana prefere ignorar esse recurso durante praticamente todo o filme, nos momentos já mencionados em que ela quer indicar referências diretas à sua filmografia, e nos momentos em que o filme sente necessidade de eliminar qualquer sutileza e praticamente quebrar a quarta parede para consolar os fãs e justificar o que está acontecendo.
Apesar disso outro ponto alto é a inovação visual do filme, cenas icônicas como o primeiro treino de Kung-Fu de Neo no primeiro filme são adaptadas para uma audiência de 2021 com maiores expectativas e menor capacidade de atenção, solidificando a nostalgia em um presente mais pirotécnico.
[GIF: Reprodução/Giphy]
Em um determinado momento a nova encarnação de Morpheus diz a Neo “nada conforta a ansiedade como um pouco de nostalgia”, o filme todo poderia ser resumido apenas nessa frase. Desde cenas diretas da trilogia original até personagens que retornam como caricaturas das originais, Matrix Resurrections não um filme que precisava existir, mas ele não fere o legado da trilogia original e cumpre o que promete: nostalgia.