O consumo exagerado de produtos de beleza, bem como a produção e o descarte irregular deles, podem ser prejudiciais ao meio ambiente e a quem busca um cuidado consigo mesmo. Longe dos olhos dos consumidores, as embalagens descartadas, as substâncias tóxicas utilizadas no processo de cultivo – até mesmo do algodão -, e o próprio transporte que distribui os produtos, são causadores de danos catastróficos. Esses processos fazem parte de um ciclo que polui a água, o solo, o ar, e que, como consequência, promove a degradação do planeta e riscos à saúde humana e à biodiversidade.

[Imagem: Arquivo Pessoal]
Para a ativista ambiental Emily Gomes, dificilmente a produção sustentável de itens de beleza conseguirá compensar o consumo excessivo deles, visto que o capitalismo e o desenvolvimento sustentável caminham para direções opostas. “O capitalismo visa a produção em larga escala e a venda rápida. O foco é o lucro, e não o impacto negativo ambiental que esse modo vai ter. Quanto à forma sustentável de produção, vai ao contrário dessa lógica’’, destaca.
Grande parte do consumo dos produtos de beleza, tais como alguns dos problemas com a pele, são resultantes principalmente dos cosméticos responsáveis pela rotina de cuidados. Isso por conta do bombardeio de propagandas e indicações – muitas vezes indevidas – de influenciadores que experimentam ou divulgam determinada marca e procedimento. A Vogue, por exemplo, é um espelho dessa tendência de influência ao adotar celebridades para promover um maior engajamento do público nas redes sociais e atravessar meios e grupos que não consomem seu conteúdo. Através desse método que se mostrou bastante eficaz ao criar e aproximar a relação fã-ídolo, a empresa conseguiu uma maior ampliação de sua popularidade e de seus conteúdos de beleza, impulsionando ainda mais o consumo de produtos e rotinas prejudiciais, especialmente ao meio ambiente. Um dos meios mais utilizados para isso é o Youtube: o canal Vogue possui mais de 10 milhões de inscritos e se destaca como o maior canal voltado para a área de moda e beleza da plataforma, trazendo vídeos com temática, por exemplo, de beauty secrets de celebridades.
A seguir, é possível compreender de qual maneira acontece o reflexo da influência do consumo de cosméticos nas redes sociais. Assista ao vídeo retirado do canal Vogue no YouTube:
Essa realidade deu iniciativa à “beleza ética”, que busca uma maior responsabilidade das marcas com os consumidores e com a saúde do nosso planeta. O objetivo é a criação de biocosméticos, por exemplo, através de resíduos sólidos reciclados e produtos livres de compostos que podem causar o desequilíbrio do meio ambiente e afetar a saúde de quem gosta de praticar o autocuidado.
Mas e nós, o que podemos fazer em relação a isso?
É cada vez mais comum o surgimento de marcas que demonstram sua consciência sobre as questões sociais, ambientais e que vêm investindo na venda de produtos orgânicos. Então, uma medida que pode ser adotada, é a preferência por esses artigos. Além disso, fugir da rotina de skincare de várias etapas é uma maneira de evitar maior quantidade de lixo, o descarte incorreto deles e até mesmo irritações na pele. No entanto, menos ainda é mais: o cuidado interno com bons hábitos alimentares e boa ingestão de água pode ser o segredo para uma boa aparência externa. ”Acredito muito mais no cuidado do corpo através da alimentação do que no cuidado externo. Se lotar de produto sem uma alimentação saudável alinhada, nada adianta, é dinheiro jogado fora’’, reforça Emily Gomes.
Para a médica dermatologista Yana Léda, o processo fundamental para uma boa skincare consiste em três passos: limpeza, hidratação e proteção. Para mais, ela aconselha um tratamento com um profissional. ‘’Muitos passos na skincare podem irritar e deixar a pele sensível. Esfoliantes, máscaras e mecanismos como o jade roller não são essenciais, mas podem ajudar a tornar a rotina mais legal’’, afirma. Confira abaixa os passos essenciais da skincare, de acordo com a Dra. Léda.
Importância do desenvolvimento sustentável
Quando a indústria de beleza adota práticas de sustentabilidade no processo de produção, ela colabora e participa da conscientização das condições do meio ambiente e mostra uma responsabilidade na tentativa de reverter os efeitos colaterais e impactos negativos causados aos consumidores e todo o ecossistema. Além disso, é capaz de alertar e causar uma reflexão aos compradores acerca das questões ambientais, e ainda assim, satisfazer seus desejos.