[Crítica] Apesar dos esforços, a segunda temporada de Euphoria não atende as expectativas

No último domingo (27) foi ao ar o último episódio da segunda temporada de Euphoria, uma releitura da versão original israelense, que retrata jovens dos anos 1990. A série americana conta a história de um grupo de jovens que estudam no mesmo colégio, tendo como protagonista Rue, uma adolescente viciada em drogas desde a morte do pai.

A trama foca nos conflitos e traumas desse grupo de estudantes e mostra como cada um deles lida com seus problemas. Em sua jornada pela complicada fase da adolescência, os personagens cruzam com debates como identidade de gênero, sexo, consumo de drogas e autoaceitação. Desde 2019, a série faz sucesso e conta com 16 episódios ao todo e mais 2 especiais entre as duas seasons.

O destaque da obra é tanto que, se tornou a segunda série mais assistida da HBO, ficando atrás somente do clássico Game of Thrones. De acordo com a revista Variety, o episódio final dessa temporada nova resultou em 6,6 milhões de espectadores na HBO e HBO Max na estreia. Até o momento, a média de audiência é de 16,3 milhões espectadores só nos Estados Unidos. Já na América Latina, se tornou a série mais assistida no HBO, o que provocou mais de 34 milhões de tweets em todo o mundo, de acordo com o Twitter.

Mas o que culminou para tanto sucesso?

ALERTA DE SPOILER

[GIF: Reprodução/Giphy]

Na primeira temporada, a série introduziu seu elenco principal e os desafios que cada um teria que enfrentar, sempre focando nos eventos em torno de Rue. Ainda assim, houve espaço para o desenvolvimento individual de personagens, como Kat Hernandez e Maddy Perez. O segundo ano da série dá mais atenção para a nova relação entre Cassie e Nate, a história de Fezco e Ash, e a recaída de Rue, que enfrenta ainda mais tumultos na vida e na relação com Jules.

Assim como a nova temporada aproveita para destacar outros personagens, ela também acrescenta novos rostos à trama, como o de Elliot. Apresentado como um companheiro para as horas de usar drogas, ele logo se torna um grande amigo de Rue. Como uma faca de dois gumes, ele colabora para que a personagem de Zendaya permaneça nas drogas nos primeiros episódios, e também é uma peça-chave para ela ficar limpa.

[Imagem: Reprodução/HBO Max]

Além de Elliot, a temporada também apresenta Laurie, a grande fornecedora de drogas da cidade. Com um temperamento diferente do esperado para uma traficante, ela mostra que é capaz de qualquer coisa para não ser passada para trás. Apesar de não ter protagonizado nenhum grande momento no segundo ano, talvez deva bagunçar a vida de Rue no futuro. Do contrário, a personagem terá sido desperdiçada como uma falsa promessa de potencial vilã.

[Imagem: Reprodução/HBO Max]

A grande produção conta com atuações impecáveis de Zendaya e Sydney Sweeney, que ao interpretarem personagens complexas, conseguem entregar uma grande variedade de emoções que convencem o espectador. O trabalho delas ganha mais destaque nas cenas em que ambas as personagens se encontram no fundo do poço, como quando Rue derruba uma porta aos chutes ou quando Cassie cria um ritual de beleza insano para chamar a atenção de Nate no colégio.

Outros grandes destaques dessa temporada nova foram os personagens Fezco e Cal Jacobs. A história de Fez foi muito bem explorada, mostrando até mesmo a infância do rapaz, e principalmente a trama de sua avó, que sempre apareceu em uma maca, mas que antigamente era uma excelente traficante, e foi com ela que aprendeu tudo o que sabe. Já o pai de Nate Jacobs, é mais desenvolvido a partir do momento em que a série volta no passado e mostra sua sexualidade, ou seja, tudo o que aconteceu até chegar no contexto atual de um adulto problemático.

E provavelmente, um dos maiores feitos dessa temporada foi protagonizado por Fezco, que briga com Nate Jacobs. A cena ocorre logo no início da trama, na festa de ano novo, onde Nate é espancado até ficar inconsciente por Fez, como vingança por ter a polícia invadindo sua casa e forçá-lo a jogar todas as suas drogas no vaso sanitário.

Em entrevista ao The Tonight Show com Jimmy Fallon, Jacob Elordi declara que “Eu acho que eu como Jacob, eu adoraria bater nele. Eu adoraria dar a ele um grampo nas orelhas. Mas como Nate, eu me sinto muito mal por ele. Eu tive que levar uma surra. Foi uma droga”.

Já Angus Cloud, em entrevista ao NME, deixou claro como se impressionou com como a cena era extensa, pois Fez passou cerca de 30 segundos agredindo o personagem de Elordi após acertá-lo na cabeça com uma garrafa de vidro. Depois, o ator afirmou: “Acho que Nate ganhou o que merecia, era o que precisava acontecer”.

Sobre o dia de filmagens da cena especificamente, Cloud relembrou como tomou boa parte do dia e foi muito exaustivo. “Foi bem intenso, mas um bom dia. É difícil, definitivamente, mas a energia está presente na sala, então você se aproveita disso, sabe?”, declara o ator.

Uma personagem que merece menção é Lexi, devido a peça Our Life, que antes foi nomeada Oklahoma. O espetáculo é totalmente inspirado na vida dos personagens, é a visão de Lexi Howard retratada totalmente sem filtro.

Desde a primeira temporada, ela era uma das personagens mais subestimadas, beirando a irrelevância para alguns espectadores. Contudo, o segundo ano do show mostrou que Lexi tem muito potencial, e ficou claro como ela é uma pessoa que sempre esteve a margem dos outros, como Cassie. Mas agora, se mostrou no centro do placo, e a peça era a única coisa que sentia estar em seu controle e que dava propósito para sua vida.

Apesar de icônica, o show é irreal para os parâmetros de uma escola de Ensino Médio, que nunca teria condições financeiras de arcar com uma produção daquele tipo. Eram vários detalhes e partes móveis que faziam parte de um cenário rotativo que agiam como uma extensão do corredor da escola, digna de um espetáculo da Broadway.

Mas apesar disso, conseguiu proporcionar muitos momentos incríveis, como a comparação de Lexi com a puberdade de Cassie, já que o monólogo revelou muito sobre a relação que ela tem com a irmã. Mesmo que com idades muito próximas, Cassie cresceu muito mais rápido do que Lexi, e ela acabou tendo um senso de autoconfiança distorcido por causa disso.

O ponto alto, sem dúvidas, foi a performance de Ethan como Nate ao som de Holding Out for a Hero. Lexi simplesmente mostrou para toda a escola a visão que ela possuía de Nate. Na plateia, é possível ver ele angustiado e cerrando os punhos, travando internamente uma batalha contra sua frustração sexual e sua masculinidade tóxica, ao ponto de quando Cassie tenta acalmá-lo, ele explode saindo do teatro dizendo que o relacionamento deles acabou.

Em entrevista ao Entertainment Weekly, Maude Apatow revelou que a inspiração para a peça está nos anos de ensino médio da própria atriz, quando viveu uma situação similar. “Faria sentido para Lexi ser uma criança do teatro. Eu era na vida real, e a peça é levemente baseada no meu último ano do ensino médio. Tivemos uma apresentação dirigida e produzida por alunos. Eu era a produtora e era como um tirano. Então, sim, é baseado em evento real”.

Além disso, o nome do penúltimo episódio da segunda temporada, The Theatre and It’s Double, é o nome original do livro O Teatro e seu Duplo do dramaturgo Antonin Artaud, então essa referência acaba fazendo sentido sabendo do que se trata a peça.

Por fim, Rue finalmente consegue passar um tempo longe das drogas após se aproximar do limite sob os efeitos delas e da abstinência. Nesse momento, Zendaya mostra mais uma vez o poder de sua atuação ao revelar a gritante diferença entre os estados da personagem. Para muitos fãs, ver a redenção de Rue após acompanhar sua dor por duas temporadas é um dos principais marcos do season finale, enquanto para a história, pode significar novas possibilidades no futuro.

Ainda que o segundo ano da série tenha uma grande lista de acertos e episódios individualmente incríveis, há um certo desnível no roteiro em comparação com a primeira temporada. Ao focar em novas histórias, Euphoria deixou importantes fatos de lado, como o aborto feito por Cassie e a tortura que a personagem de Alexa Demie, Maddy Perez, sofreu no segundo ano, o que foi completamente ignorada nos episódios seguintes. E algumas outras pontas soltas que ficam são:

Ashtray morreu mesmo?

Todo mundo sabe que, nas telas, uma morte só é definitiva quando o corpo é mostrado. Isso não aconteceu com Ash após ser supostamente baleado por um oficiail da S.W.A.T, então talvez ainda exista uma chance do personagem estar vivo.

[Imagem: Reprodução/HBO Max]

#Fexi vai acontecer?

A segunda temporada entregou um casal que nenhum fã da série sabia que precisava: Lexi e Fezco. Apesar de nem terem engatado em um romance, já foi suficiente para todo mundo torcer pelo casal. Contudo, o episódio chegou ao fim antes mesmo de Lexi saber porque o traficante não compareceu a peça.

[Imagem: Reprodução/HBO Max]

Rue e a traficante Laurie

Uma trama que ficou muito mal resolvida foi o envolvimento de Rue com a traficante Laurie. A protagonista nunca vendeu as drogas que pegou, pois consumiu parte delas e o restante sua mãe jogou fora. Ela até levou alguns itens roubados para pagar a dívida, mas sabemos que não está quitada.

[Imagem: Reprodução/HBO Max]

O sumiço de McKay, figuração de Kat e polêmicas no set de Euphoria

Algumas histórias se perderam no desenrolar dessa temporada, como McKay, que construiu um relacionamento com Cassie durante a primeira season. O sexto episódio mostra uma cena no dormitório da faculdade, em que o casal transa mas um grupo de rapazes mascarados e seminus invade o quarto.

Aos gritos de McKay, os colegas arrancam o atleta da cama e o jogam no chão, se atirando sobre ele. A cena não mostra muito além e é muito rápida. Cassie, que troca mensagens com a irmã após a agressão, dá algumas pistas sobre o que pode ter acontecido de verdade, mas nem ela sabe ao certo. No banheiro, McKay parece muito abalado, mas faz questão de continuar a transa, transferindo para Cassie a agressividade que sofreu momentos antes.

A dúvida que fica é se ele realmente sofreu abuso sexual, mas conforme a história segue, isso não é respondido e na segunda temporada, o personagem só aparece no primeiro episódio, depois é cortado do enredo. Em entrevista ao The Daily Beast, o ator Algee Smith declarou “Eu realmente não tenho certeza, para ser honesto. Acho que esta é uma pergunta que deve ser feita ao nosso criador sobre como ele enxerga o rumo da história”.

[Imagem: Reprodução/HBO Max]

Além disso, Kat foi outra personagem que foi apagada nessa segunda temporada, que embora seja coadjuvante na história de Rue, tinha bastante destaque e um arco de autodescobrimento bem construído. No último episódio, por exemplo, alguns fãs compararam a duração da música de Elliot com toda a participação da personagem na temporada.

Este não parecia ser o destino da personagem quando a temporada começou. Era muito claro que o relacionamento com Ethan, apesar de doce e confortável, deixava a desejar quando o assunto era sexo. Mesmo ela tentando não pensar a respeito, seu inconsciente o manifestava.

A jovem teve pelo menos um sonho intenso, no qual transava com um Dothraki, uma figura que não poderia ser mais oposta ao seu namorado. Ela aos poucos se dava conta, como Maddy mesmo disse que “existe uma diferença entre o que você acha que deveria querer e o que você realmente quer” e essa realização ameaçava a estabilidade que queria atingir.

Simultaneamente, ela vivia debates internos turbulentos sobre seu corpo e a pressão das redes sociais de ter que se achar bonita o tempo todo. Porque ainda que Kat tenha se tornado um símbolo de autoaceitação e body positivity, como toda mulher ela tem inseguranças, ainda mais considerando o excesso de posts de modelos, atrizes e influencers, todas magras e dentro do padrão, que ela consumia.

Por mais interessantes e relacionáveis que essas discussões pudessem ser, elas começaram a se desenrolar fora da vista do público, transbordando, no máximo, em diálogos pontuais, aqui e ali. Quer dizer, o dilema sobre sua autoimagem ficou pelo caminho, mas ela terminou com Ethan, ainda que de um modo desastrado e pouco característico. Eventualmente, a maior função da Kat passou a ser como um ombro amigo para Maddy quando o triângulo amoroso com Nate e Cassie se revelou.

Em entrevista ao The CutBarbie Ferreira afirmou que “a jornada de Kat nessa temporada é mais interna e um pouco misteriosa para o público. Ela está secretamente passando por crises existenciais. Ela perde um pouco o controle, como todo mundo nesta temporada“, como se dissesse que essa saída da personagem dos holofotes foi algo intencional. Contudo, não é essa a sensação que ficou ao assistir à segunda temporada. Parece que houve uma mudança inesperada no meio do caminho, praticamente um improviso que resultou no abandono do seu arco.

Rumores do The Daily Beast dizem que Ferreira se desentendeu com o criador, roteirista e diretor da série, Sam Levinson, sobre os rumos da sua personagem, o que teria culminado em duas ocasiões que a atriz abandonou o set e no corte de uma cena de sexo. Embora essas alegações possam fazer sentido diante da mudança abrupta na jornada da personagem e encaixem com a ausência de Ferreira na première de lançamento, elas estão longe de serem confirmadas.

[Imagem: Reprodução/HBO Max]

Principalmente devido aos relatos divulgados pelo The Daily Beast, em que vários membros da equipe e figurantes afirmaram terem vivido rotinas de trabalho extremamente intensas, sem conseguirem se alimentar direito e ir ao banheiro quando precisavam. “Parecia tóxico para mim porque acho que ninguém estava realmente feliz por estar lá”, declarou um figurante que não teve a identidade revelada.

Outros profissionais declararam que a diária da filmagem poderia durar até 18 horas, às vezes começando no pôr do sol e terminando no amanhecer do dia. Embora o SAG-AFTRA – sindicato de atores de Hollywood – exija que o elenco nas produções seja alimentado a cada seis horas, alguns integrantes afirmaram que ficaram com fome enquanto esperavam no set. Um figurante alegou que ele e seus colegas de trabalho não eram tratados como pessoas.

“Eu entendo que estou fazendo um trabalho de figuração, não sou a pessoa mais importante lá, sei onde estou no totem. Mas chegou a um ponto em que eu estava tipo, ainda sou uma pessoa, ainda sou humana. Por favor, deixe-me ir ao banheiro, não me diga que não posso ir por 30 minutos ou me diga que não posso comer um lanche quando você não vai me alimentar e são 4 da manhã. Nós não existíamos como pessoas.”, detalhou acrescentando que vários figurantes teriam passado mal ao mesmo tempo devido aos problemas de produção da série.

HBO afirmou que a produção de Euphoria seguiu todas as diretrizes de trabalho estabelecidas pelo SAG-AFTRA. Em resposta reproduzida na Variety, a emissora afirmou: “O bem-estar de nosso elenco e equipe são sempre as prioridades de nossas produções. Euphoria seguiu todas as diretrizes de segurança dos sindicatos. Não é incomum que séries dramáticas tenham filmagens complexas, e os protocolos de prevenção da covid-19 adicionaram uma camada a mais nisso. Sempre mantemos uma linha de comunicação aberta com os sindicatos, incluindo o SAG-AFTRA. Não houve nenhuma reclamação formal realizada contra esta produção em específico”.

Além disso, a atriz Minka Kelly, que interpreta a Samantha na segunda temporada, afirmou a Vanity Fair que o diretor Levinson escreveu uma cena de nudez logo no primeiro dia de gravação. No entanto, Sam aceitou bem sua negativa ao pedido: “Ele achou que seria mais interessante se o meu vestido caísse no chão, era meu primeiro dia na série e eu simplesmente não me senti confortável em ficar nua ali. Eu disse que adoraria gravar, mas que poderia ficar com o meu vestido. Ele concordou e nem hesitou”.

[GIF: Reprodução/Tumblr]

Ao The Cut, Sydney Sweeney também revelou uma situação semelhante quando pediu ao showrunner para cortar sequências em que aparecia com os seios à mostra. “Há momentos em que Cassie deveria estar sem camisa mas eu dizia a Sam que não era necessário naquele momento, e ele concordava. Nunca senti que ele me forçou ou estava apenas tentando colocar uma cena de nudez em uma série da HBO. Quando eu não queria fazer isso, ele não me obrigou”.

[GIF: Reprodução/Giphy]

A produção artística por trás da história

Apesar de todas as polêmicas, é inegável que a produção da obra entrega um excelente resultado da história com toda uma construção através da imagem, figurino e trilha sonora. Por exemplo, a fotografia trouxe contrastes e referências que somaram muito ao contexto, não somente esteticamente, mas também na narrativa.

Se na primeira temporada trouxe tons escuros de azul e roxo, agora a tela ganha tons de amarelo e laranja. O primeiro ano da série foi gravado no digital, já a segunda foi concebida em filme Kodak Ektachrome. A ideia é causar uma sensação de que os espectadores estavam às cinco horas da manhã, já que logo no primeiro episódio teve uma festa que pareceu ser às duas da madrugada. 

E isso traz a reflexão de como uma tecnologia teoricamente em desuso, como esse tipo de filme, pode ter uma qualidade superior ao que é apresentado pelo digital.

Já um figurino é capaz de contar a história de um personagem ou de toda a série, transmitindo traços de personalidade, o período da história em que se passa, região, status, e muitas outras variáveis que podem ser comunicadas através da moda.

Um belo exemplo de storytelling em Euphoria, ocorre com as personagens Cassie e Lexi Howard. A figurinista responsável, Heidi Bivens, escolheu as marcas Prada e Miu Miu para contar a história das duas irmãs. No primeiro episódio, Cassie aparece usando uma sandália de couro branca da Prada. Já Lexi, ao decorrer dos episódios, usa diversas peças da Miu Miu.

Para muitos, Miu Miu é considerada a “irmã mais nova da Prada“, que mesmo sendo do mesmo grupo de donos, ambas possuem uma narrativa diferente. Prada foi criada em 1913 e suas peças representam o glamour e luxo. Já a Miu Miu, fundada em 1993, conversa com mulheres mais jovens, de modo que seja mais casual e divertido. E no contexto das duas irmãs na série, isso fica bem representado.

E seguindo uma tradição já imposta por Euphoria, em que a maquiagem e o arranjo de figurino são fundamentais, a continuidade das histórias das personagens foi ampliada na maneira em que se vestiam. Por exemplo, Jules permitindo-se construir sua própria identidade com as roupas que lhe agradassem os olhos e não que lhe atraíssem olhares ou até mesmo a Cassie, explorando roupas que agradece aos olhares do Nate.

Além disso, é possível ver diversas outras tendências de moda e beleza ao longo da obra, como as luvas usadas por Maddy, Jules e Kat; as diferentes golas exibidas por Lexi; todo o elenco fazendo uso de cores mais claras; o vestido de tule da Kat; o famoso conjuntinho da Cassie e da Maddy; o vestido preto icônico do designer mexicano Aidan Euan usado por Maddy; as famosas unhas de gel também utilizadas por Maddy; e os coques no cabelo por Jules;

E por fim, a trilha sonora, novamente sob responsabilidade de Labrinth, contou com as participações de Tove Lo, Noah Cyrus e Lana Del Rey. Também têm Zendaya cantando, compondo e produzindo junto de Labrinth, I’m Tired, que encerra a 2ª temporada. A colaboração dos artistas também foi em Elliot’s Song, música performada por Dominic Fike, durante uma conversa de Ellitot com Rue – a apresentação não agradou muito a audiência, visto que a música foi apresentada integralmente no episódio, ocupando mais de três minutos de cena.

Portanto, o diretor sabe filmar e faz um uso de uma câmera que a todo momento se movimenta, colocando o espectador como participante de diversos momentos da história. Os planos sequência usados, como o da cena de abertura, são primorosos e muito bem gravados e inseridos. Levinson faz uso dessas habilidades por saber fazer e saber inserir elas no contexto que deseja apresentar. Nada é colocado na produção de modo gratuito, tudo possui um propósito.

E mesmo abordando temas mais pesados, a primeira temporada tinha seus momentos de ternura. Já nesse segundo ano, eles são quase que inexistentes por apresentar uma narrativa sobre amadurecimento através da dor. É algo sombrio, cruel e bastante real.

Sam Levinson foi capaz de reafirmar o poder da série diante de seu público e mostra que a trama ainda tem muito a explorar. Atraído por atuações espetaculares, o espectador fica mais uma vez preso à tela esperando o próximo passo de seus personagens e desenrolar da história. Com novas possibilidades para os próximos anos, Euphoria encerra a segunda temporada reiniciando sua trama e prometendo um futuro esperançoso para seus velhos e novos personagens.