[Crítica] Ocean Blvd: mais um álbum que seguiu a fórmula ‘Lana Del Rey’

Elizabeth Woolridge Grant. Este é o nome da mulher que em menos de uma semana atingiu, novamente, o topo das paradas de sucesso americanas e britânicas. Conhecida popularmente como Lana Del Rey, a cantora americana lançou nesta última sexta-feira (24) seu nono álbum de estúdio, Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd. 

Com 78 minutos e 16 faixas, Lana trouxe histórias de sua família, a ideia de vida após a morte e o paradoxo entre querer passar despercebida, mas também a necessidade de se sentir vista. Dessa vez, o tema “relações amorosas” não foi o foco principal de sua obra, uma mudança que foi bem recebida pelo público geral. De acordo com a Chart Data, seu novo disco teve a maior estreia de sua carreira no Spotify.

Capa do novo álbum de Lana Del Rey [Imagem: Reprodução/Pitchfork]

Começando com The Grants, uma canção melódica e até mesmo religiosa, que aborda questões sobre espiritualidade e questiona seus familiares, amigos e a si mesma sobre como será sua vida depois de sua morte. A mistura entre a voz suave da cantora e o coral foi excepcional. 

Em seguida Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd, faixa que leva o mesmo nome do disco e foi lançada três meses atrás. É possível ver a Lana que conquistou milhões de fãs por seus questionamentos sobre o amor implorando para ser amada até que ela consiga se amar, além de trazer a melodia suave característica de suas obras.

A terceira canção é Sweet. Com uma harmonia entre voz, piano e violino, a cantora deixa claro ao seu futuro amor o tipo de mulher que ela é, como se comporta e suas expectativas com a relação. É um desabafo camuflado, mas muito bem construído. A&W é a próxima. Escrita na perspectiva de outra mulher e com 7 minutos de duração, Del Rey conseguiu transcender a inquietação trazida na letra para o ouvinte. É uma música que abre portas para interpretações e que foge um pouco da estética melancólica que os fãs estão acostumados. 

Judah Smith Interlude traz o diálogo de um homem confuso, que quer abandonar seus filhos e sua mulher e questiona Deus sobre o que está acontecendo em sua vida, pedindo para que Ele consiga fazê-lo amar sua realidade e sua família. É a dramaticidade que a cantora gosta de acrescentar a seus trabalhos. Contudo, é uma faixa que, provavelmente, será pulada pela maioria. 

Em parceria com o pianista Jon Batiste, Candy Necklace é uma música que traz a sensação de déjà vu, com uma melodia e letra que não surpreendem. É uma canção que poderia ser encaixada em qualquer um dos discos anteriores. A faixa seguinte, Jon Batiste Interlude, é um interlúdio de Joe esbanjando sua habilidade no piano. 

Kintsugi significa ‘’a arte de reparar cerâmicas quebradas’’ em japonês e é o nome da oitava faixa. Em entrevista para o canal da Rolling Stones, Lana detalhou ainda mais sobre a técnica, explicando que os reparos são feitos com ouro a fim de deixar a peça ainda mais bela. A artista considera que o mesmo aconteceu com ela após seu processo de cura.

É uma canção longa, mas com um significado muito bonito. A cantora relembra do falecimento de familiares e como ela lidou com o luto e se remendou. A simplicidade proposital no que tange ao arranjo instrumental contrasta com a letra densa, enriquecendo ainda mais a música. 

Fingertips ocupa a nona posição no disco e foi a primeira faixa a ser mencionada pela cantora em 2022, na edição de maio da W Magazine. Com pouquíssima instrumentalização e estrutura empobrecida, foi feita após a junção de uma série de áudios que Del Rey gravou em seu celular. A inquietação e a dúvida sobre maternidade são os temas principais. A cantora se questiona repetidamente sobre a possibilidade de fracassar como mãe. 

Paris, Texas possui a liricidade de Lana e samples de I Wanted to Leave de SYML. O contraste entre uma das capitais mais turísticas e mais adoradas do mundo e a simplicidade das cidades do interior dos Estados Unidos emana ao longo da canção, com Del Rey citando repetidamente sobre a necessidade de voltar para casa, mesmo podendo estar em qualquer outro país.

Lana Del Rey [Imagem: Reprodução/PitchFork]

Grandfather please stand on the shoulders of my father while he’s deep-sea fishing conta com a participação de RIOPY. É uma música boa, mas não se destaca, pode ser considerada mais do mesmo r. Continuamos com Let The Light In, que conta com a participação do padre John Misty. É uma canção sugestiva que retrata um affair entre um casal com a personagem feminina querendo ser mais do que uma simples amante. É uma melodia gostosa de se ouvir, além das vozes que contrastam bem.

Margaret é a décima terceira faixa e recebe o nome da esposa de Jack Antonoff, da banda Bleachers, que faz featuring na canção. É uma balada que seria uma ótima trilha sonora, mas não é nada excepcional. Algumas músicas do álbum se encaixam nessa característica, e Fishtail também é uma delas. A composição carrega a necessidade de Lana receber alguma demonstração de carinho de seu parceiro, algo que estava sendo inconsistente na relação.

Peppers é a penúltima faixa do álbum, contando com a presença do rapper canadense Tommy Genesis. O título faz referência à banda Red Hot Chili Peppers e é, basicamente, a repetição de um mesmo verso ao longo da canção inteira, acrescentando algumas outras frases ali e aqui. No entanto, é uma das poucas que fogem do ritmo tradicional e melancólico da cantora.

O disco se encerra com Taco Truck x VB, trazendo uma pegada mais positiva sobre a vida amorosa de Lana e dando a entender que ela está em um novo relacionamento. VB faz menção a Venice Bitch, uma das canções do álbum Norman Fucking Rockwell. Originalmente, a canção se chamaria ‘Bonita’, a fim de combinar com o trecho: ‘’É por isso que eles me chamam de Lanita, quando eu vou até o chão eu sou bonita’’. Independente do nome, é uma faixa envolvente e uma bela maneira de finalizar o álbum. 

Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd é, sem dúvida alguma, um álbum que divide opiniões. Para aqueles que gostam de Lana Del Rey devido à forma que ela escreve sobre o amor romântico, esse disco não possui tantas canções focadas nesse tema. Mas, mesmo assim, uma coisa é fato: independente do tema, as letras da cantora são uma forma de poesia que só ela consegue fazer. É singular. É uma de suas assinaturas. 

No entanto, aqueles que acompanham Del Rey já esperam isso dela, as letras bem construídas não são uma surpresa. Se a cantora buscava mais inovação com esse disco, teria que fazê-la na parte melódica, criando novos arranjos e saindo um pouco mais da sua zona de conforto. Bom, não foi isso que aconteceu. Apenas três músicas fogem do padrão ‘sad girl’. Para aqueles que gostam dessa fórmula que Lana domina há anos, é um bom álbum. Bem construído e bem pensado.

Por outro lado, para aqueles que não amam essa estética melancólica, o disco não se destaca, podendo ser facilmente confundido com qualquer outro trabalho da cantora. As melodias são repetitivas, e a liricidade, apesar de bem feita, não é o suficiente para prender o ouvinte e convencê-lo a ouvir o álbum mais uma vez.

‘Aos prantos no mercado’: luto, memória, cultura e comida

O luto é uma experiência universal, mas pode ser encarado das mais diversas maneiras. Isso não varia apenas pela proximidade que se tem da pessoa que partiu, mas também por milhares de fatores que influenciam em qual será a maneira de lidar para cada um. Para Michelle Zauner, vocalista da banda Japanese Breakfast, foi por meio da comida, das memórias, da escrita e da conexão com a cultura que herdou da mãe, que encontrou a própria forma de encarar a perda. Em Aos prantos no mercado (Fósforo, 2022), narra com sensibilidade e crueza desde as mais distantes lembranças da infância na cidade de Eugene com os pais, até os dias atuais, já a mais de cinco anos desde que precisou dar adeus à mãe.

Originalmente publicado como um ensaio homônimo na revista The New Yorker, nele Michelle Zauner traz um vislumbre da ponderação do luto que viveu — e ainda vive — após a perda da mãe para o câncer terminal. Em paralelo, narra as próprias experiências, de modo a dar voz a filhos de imigrantes e àqueles que não encontram asilo em nenhuma das nacionalidades às quais pertencem — enquanto reflete sobre a própria condição de artista e mulher coreano-americana. O sucesso do ensaio foi tão avassalador, que Michelle mergulhou na própria trajetória de vida para escrever o livro, traçando o que antecede seu nascimento, com o casamento dos pais, até o momento em que se dedicou à tentativa de aprender a viver neste novo mundo no qual a mãe já não faz parte em matéria, somente em memória.

A obra receberá uma adaptação cinematográfica dirigida por Will Sharpe.

Zauner viu a mãe, Chongmi, perder a irmã e a mãe, ambas abatidas pelo câncer, e a si mesma perder a tia e a avó. Anos depois, precisou reviver o trauma quando a própria mãe foi vítima da doença. Diz que escrever a memória em honra à mãe faz parte de sua maneira de lidar com o luto, mas que nada jamais seria capaz de amenizá-lo.

“Às vezes, meu luto é igual a ter sido deixada sozinha em uma sala sem porta nenhuma. Toda vez que eu me lembro que a minha mãe morreu, parece que estou batendo contra uma parede que se recusa a ceder. Não há escapatória, só uma superfície dura contra a qual me choco vez após outra, um lembrete da realidade imutável de que eu nunca mais vou voltar a vê-la.” (p. 13)

Chongmi nasceu na Coreia do Sul, mas se mudou para os Estados Unidos após se casar com Joel Zauner, um vendedor de carros que viajava pela Ásia na época. Ainda em Seul, tiveram uma menina e a chamaram de Michelle. A filha cresceu em uma casa na cidade de Eugene, no Oregon, onde decidiram se firmar quando ela tinha apenas nove meses. A garota estudou em escolas regulares ao longo da vida, mas nunca conseguiu se sentir parte integrante daquela comunidade, porque apesar de ter sido criada nos Estados Unidos, nunca foi abraçada pelas pessoas como parte norte-americana por ser “coreana demais”; por outro lado, quando Michelle viajava a Seul para ver a família, as vezes sentia ser vista como “americana demais” para ser coreana. Viveu, então, em um limbo por muito tempo, sem ter firmeza quanto à própria identidade e a qual cultura recorrer como espaço de conforto. Por isso, levou a vida de modo a se distanciar da cultura coreana e deslocada da norte-americana. Não falava coreano tão bem, mas foi alimentada pela culinária asiática, entre tteokbokki, acompanhamentos banchan, kimchi, jjamppong, tteokguk, que a nutriram até a fase adulta.

Michelle não tinha uma relação perfeita com a mãe e deixa isso claro. Muitas vezes, o luto pode apagar as memórias desagradáveis e deixar que apenas as boas tomem destaque, canonizando aquele que se foi. Mas na narrativa, Zauner não esconde a verdadeira natureza da relação que tinha com Chongmi, pautada em uma troca consideravelmente equilibrada de amor incondicional e desavenças irremediáveis. Com uma obsessão pela beleza herdada pela própria relação com a mãe, perpassada entre as gerações, Chongmi inconscientemente replicava o que recebeu da criação enquanto filha. Michelle não atendia às expectativas que a mãe tinha dela, mas, ainda assim, tentava. Formou-se na faculdade, porém depois passou por uma série empregos que a desagradavam e morou em lugares nada confortáveis. O que Michelle realmente queria era ter uma banda e fazer música, na qual sempre encontrou refúgio desde a adolescência. Não via muitas mulheres como ela nos holofotes, e se inspirava em nomes como Karen O e Mitski — para quem abriu um show anos mais tarde. A infeliz percepção a qual foi forçada era a de que “se já tem uma garota asiática fazendo isso, então não há mais espaço para mim”, massacrada pela realidade de uma indústria que não inclui pessoas não-brancas.

Quando descobriu a doença da mãe, mal sabia como lidar com a informação. A esperança a acompanhou desde o momento em que partiu de volta à Eugene, até a manhã em que soube da morte. Nem por um momento, Michelle e Joel pouparam esforços para fazer com que Chongmi vivesse — ou, ao menos, que tivesse um fim digno e feliz. Viajaram para Seul para que ela visitasse os familiares e sentisse a brisa familiar do primeiro solo que pisou na vida; planejaram uma ida à Ilha de Jeju — que terminou impossibilitada pelo estado dela; e, ainda, Michelle fez questão de dar à mãe a oportunidade de vê-la se casar. No jardim da casa de infância, Michelle subiu ao altar para se unir a Peter Bradley em 2014, sob a benção da mãe. Chongmi faleceu duas semanas depois.

Em vida, ela criou laços, repassou seu legado, deixou devotos e uma extensão de si: a filha. Deixou arte, que Michelle eternizou na própria arte ao estampá-la no álbum American Sound and Where is My Great Big Feeling?, e lembranças que o tempo não é capaz de apagar. Uma delas é de quando Michelle disse: “Não é legal ver que agora a gente realmente goste de conversar uma com a outra?”, e a mãe respondeu: “É, sim. Sabe o que eu percebi? Que eu simplesmente nunca conheci ninguém igual a você”. Ou das vezes que cozinharam comidas típicas da Coreia juntas e construíram o elo que deu vida a uma formas mais significativas de enfrentamento do luto para Michelle.

Na memória, Zauner traz outro tópico delicado: o que acontece quando o membro que unifica a família se vai? A família se vai junto? A relação dela com o pai também não era a mais pacífica, mas seus atritos eram silenciosos, e não ruidosos como os dela com a mãe. Chongmi era a ponte entre Joel e Michelle; aquilo que os mantinha unidos. Quando morresse, o que aconteceria com eles? Ela pensava incansavelmente sobre “a possibilidade que de ela [a mãe] não fosse superar aquilo, de que seria possível existir um nós sem ela”.

Nos Estados Unidos, há um mercado chamado H Mart — o mesmo citado no título original da obra, Crying In H Mart [Chorando no H Mart, em tradução livre] —, que vende ingredientes para a preparação de comidas de berço asiático. Todas as vezes que Michelle ia até lá desde a morte da mãe, chorava. Além de escrever essa memória delicada e real, cozinhar se tornou o ponto de encontro dela com a mãe e consigo mesma. Diz que Chongmi não a ensinou a cozinhar, mas que a nutriu com a culinária que, anos depois, seria seu refúgio.

“Ninguém fala sobre isso. Não há nem uma troca de olhares de cumplicidade. Todo mundo fica lá sentado em silêncio, saboreando o almoço. Mas eu sei que estamos todos aqui pelo mesmo motivo. Estamos todos em busca de um pedacinho do nosso lar, de um pedacinho de nós mesmos. Procuramos um gostinho disso nos pedidos de comida que fazemos e nos ingredientes que compramos. Então nos separamos; Levamos as compras para o alojamento da faculdade ou para uma cozinha suburbana e recriamos o prato que não poderia ser preparado sem essa viagem. (…) O H Mart é onde nossa gente se reúne sob um teto cheio de aromas, com a fé de que vai encontrar algo que não pode ser achado em nenhum outro lugar.” (p. 17)

As páginas finais da obra são preenchidas com descrições ricas da preparação de pratos como tonkatsu, kalguksu e vários tipos de kimchi; cria retratos tão palpáveis que você quase consegue sentir o aroma e aquele quentinho pós-refeição na barriga. São preenchidas, também, pelas conquistas que Michelle teve, como vencer o concurso de ensaios da revista Glamour pelo texto Real Life: Love, Loss and Kimchi, ser indicada duas vezes ao Grammy com sua banda pela excelência na música alternativa, e ter Aos prantos no mercado como um best-seller do New York Times. Michelle também foi convidada a voltar à universidade em que se formou, a Bryan Mwar, para uma leitura de sua obra.

Aos prantos no mercado é agridoce, honesto e, apesar de toda a angústia, reconfortante. A voz compassiva e intensa de Michelle Zauner, que já era clara em sua música enquanto compositora, toma nova forma na estreia dela na literatura. Esta é uma ode à comida afetiva, à superação gradual do luto, e à memória como instrumento de preservação de uma vida que não se perde com a morte, seja ela fortalecida pela arte ou pela crença de que vivemos até que o último dos nossos se vá.

[Crítica] Vilã: Ludmilla traz versatilidade e paixão a cada faixa

O quinto álbum de estúdio de Ludmilla, nomeado VILÃ, foi lançado na última sexta-feira (24) e traz um turbilhão de informações. Mostrando abundantemente, mais uma vez, sua versatilidade, Ludmilla traz faixas que transitam entre funk, pop, reggaeton, hip hop e baladas mais lentas, com participações especiais, outros idiomas e diversas artimanhas que transformam a experiência do ouvinte em uma montanha russa sonora, no bom sentido.

O álbum abre com Nasci Pra Vencer e Sou Má (feat.Tasha & Tracie), duas canções previamente lançadas e que já estão na boca do povo. Nelas, já é perceptível a linha das próximas músicas, com melodias marcantes, um toque robusto de rap e a letra com elementos de autoestima, desabafo e um certo deboche confiante, que traz autenticidade e a personalidade de Ludmilla para suas composições.

A terceira canção é Senta e Levanta, com participação de Stefflon Don e Topo La Maskara. A faixa traz muita latinidade e frescor, com um belo refrão chiclete e melodia dançante e poderosa, tornando impossível ficar parado enquanto escuta, sendo um potencial hit de verão (no outono) e nas redes sociais. Em seguida, temos a música mais comprida do álbum, Brigas Demais, com participação de Delacruz e Gaab, onde os viúvos do “Numanice” comemoram, pois a sofrência é dominante e o ritmo começa a diminuir. Neste momento, Ludmilla demonstra algumas notas mais altas e um timbre diferenciado da anterior, lembrando bastante o tom que normalmente utiliza cantando pagode.

5 contra 1, com participação de Dallass, segue o ritmo da anterior, sendo um pouco mais lenta, mas o que realmente se destaca: a composição. Parecendo com um desabafo, as palavras formam uma cronologia e o ouvinte fica imerso na história contada de forma tão honesta, repleta de palavrões e com maestria.

A faixa Vem Por Cima quebra a sequência anterior e sobe o ânimo novamente. Com a participação do grupo Piso 21, que faz toda a diferença para o andamento da canção, a mistura entre uma quase batida de funk e melodia predominante do reggaeton, traz para o Brasil uma música em português voltada para o gênero, algo que somente temos acesso com músicas em espanhol, sendo um experimento interessante e com bastante futuro no campo musical brasileiro.

A próxima faixa é o hit Socadona, com participação de Mariah Angeliq, Mr. Vegas e Topo La Maskara. Mesmo sendo lançada há mais de um ano, a música consegue se adequar ao restante do álbum e mantém a linha animada e dançante da anterior, que também contém diversos elementos latinos em sua composição, testando a teoria anterior de que reggaeton cantado em português é uma possibilidade bem sucedida.

[Imagem: Twitter]

A oitava faixa é Solteiras Shake, com participação de DJ Gabriel do Borel, colocando o funk na cena de forma “empopzada”. A composição carrega um pouco de humor e segue a linha da contação de uma história dentro da música, mas dessa vez uma história engraçada e irônica. A próxima é Sintomas de Prazer, segunda música solo do álbum, que diminui a animação da sequência anterior e abre alas para uma divisão mais lenta do disco. Com diversos componentes do R&B, a letra é romântica e o ouvinte é levado pela sintonia.

Eu Só Sinto Raiva, com participação de Ariel Donato, te tira completamente da transe que poderia ter restado de animação. Mesmo muito bem casada, Ludmilla transmite um sentimento muito profundo de dor e sofrimento tão bem que essa luta contra o fim se torna consistente e, mesmo sem motivos, é impossível não sofrer junto. Essa canção é uma demonstração clara da versatilidade e talento da cantora, lembrando bastante a linha de penhasco, de Luisa Sonza.

A faixa Malvadona, com participação de Vulgo FK e Oruam, traz de volta o R&B e muda da água para o vinho para uma letra romântica e apaixonada. As participações são muito bem inseridas e constroem um andamento agradável e um ritmo contagiante, mesmo que mais lento. Gostosa com Intensidade eleva novamente o compasso e é uma das melhores faixas do álbum. A composição é completamente pautada no amor próprio e é capaz de empoderar o ouvinte em poucos minutos, com uma melodia majoritariamente pop, ficando na linha tênue entre as lentas e as animadas. Um acerto e tanto é a escolha de ser uma música solo, quebrando a sequência de participações e provando que estas são opcionais, pois Ludmilla consegue sustentar uma música sozinha.

Make Love é romântica e cativante, lembrando as origens pop de Ludmilla de 2014, mas com a sua personalidade e afirmação atual. A faixa é contagiante e dançante, mas não confunda com o “dançante” de TikTok, essa é daquelas músicas para fechar os olhos e se deixar levar pelo ritmo e movimentos, aproveitar a música em sua forma mais livre.

A penúltima música é Me Deixa Ir, uma típica balada lenta melódica pop. Considerada também como uma grande queridinha em potencial dos fãs árduos do “Numanice”, a faixa começa a desenrolar o fechamento do álbum, diminuindo o ritmo e dando um check em todos os gêneros que a cantora é capaz de interpretar em um mesmo trabalho.

Achou que o fim seria calmo? Nada disso, Ludmilla fecha o álbum com Todo Mundo Louco, com participação de Capo Plaza, Tropkillaz e Ape Drums. Resgatando o rap e o toque de reggaeton, a faixa é extremamente animada e irônica, realmente dando o nome da faixa, com diversos recursos acontecendo ao mesmo tempo tornando-a meio caótica, mas sem atrapalhar o entendimento da música e sendo perfeita para encerrar o álbum, já que representa a montanha russa sonora da maneira mais pura possível.

[Imagem: Twitter]

A montanha russa chega ao fim e, como na vida real, o sentimento é de “quero mais”. Mesmo com uma quantidade às vezes desnecessária de participações, “VILÔ é histórico por ser mil álbuns em um, sem medo de ousar gêneros, velocidades e ritmos. Ludmilla é a protagonista de uma mudança na indústria brasileira e um elemento determinante do empoderamento feminino, demonstrando seu poder a partir de sua capacidade de fazer o que estiver determinada e se reproduzir dentro de tantas realidades.

A palavra é VERSATILIDADE! Não há nenhuma voz ecoando que Ludmilla não seja capaz de adentrar, independente da proposta, e este álbum é a representação de que ela consegue cantar o quiser com muito talento. Neste momento, fica claro que ela é somente vilã dos haters, que têm cada vez menos artifícios para usarem contra a artista, já que todos os seus projetos apresentam, novamente, VERSATILIDADE e muita qualidade, do início ao fim.

Sucessos da indústria musical que irão comemorar seus aniversários em 2023

Para algumas bandas, 2023 será um ano marcante em suas carreiras. Alguns discos muito conhecidos e adorados pelos fãs celebrarão ‘’aniversários cheios’’, como The Dark Side of the Moon e In Utero. Neste ano, as bandas de rock são as principais aniversariantes. Por isso, a Frenezi separou cinco álbuns que se destacam e não podem ficar de fora das playlists.

Beatles: 60 anos de seu primeiro álbum

A banda de rock britânica, formada por John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, surgiu na cidade de Liverpool e se tornou um sucesso mundial na década de 60. No entanto, um quarteto não foi a formação inicial. Lennon e McCartney começaram como uma dupla, tocando em bares e clubes da cidade inglesa e conquistando, aos poucos, um público cativo. Até que encontraram Harrison, em 1958.

A dinâmica mudou quando o produtor musical George Martin entrou em cena e falou que o trio teria que virar um quarteto, visto que um baterista fixo precisava ser contratado. Starr foi o escolhido para assumir o posto. Não demorou muito para que o grupo lançasse seu primeiro single: Love Me Do, que atingiu o décimo sétimo lugar nas paradas de sucesso da Inglaterra. 

A banda liderou o que foi chamado de ‘’Invasão Britânica’’ na indústria musical americana, estrelando no mercado com o álbum Please Please Me e quebrando vários recordes de vendas. Mas, nos Estados Unidos, o disco recebeu um nome diferente. Na época, era comum que cada país elaborasse as capas dos CDs, a seleção das músicas e até mesmo o nome. Como consequência, os estadunidenses conheceram o disco como Introducing the Beatles,  lançado em 22 de julho de 1963 pela gravadora Vee-Jay Records.

Capa do álbum Please Please Me [Imagem: Reprodução: Parlophone]

 O disco possui 14 faixas, sete de cada lado, sendo Paul McCartney o principal compositor do álbum, escrevendo oito músicas. O sucesso foi tão grande que a Rolling Stones classificou a canção Please Please Me em #184 e I Saw Her Standing There em #130 na lista das melhores canções de todos os tempos. Além disso, o álbum de estreia é o mais vendido da história, com 52 milhões de cópias vendidas até os dias atuais.

Arctic Monkeys: 10 anos de AM

Lançado em 9 de setembro de 2013, AM foi o quinto álbum de estúdio da banda inglesa de rock Arctic Monkeys. Apenas na primeira semana de sua estreia vendeu cerca de 157 mil cópias e conquistou o primeiro lugar nas paradas de sucesso do Reino Unido e o sexto nos Estados Unidos. Este ano, o disco completará 10 anos. 

Capa do álbum AM [Imagem: Reprodução/Arctic Monkeys]

O single R U Mine foi lançado cerca de um ano antes e fez com que os fãs criassem muita expectativa. De acordo com as críticas feitas na época, Arctic Monkeys não decepcionou. Recebeu uma nota 81 de 100 no site Metacritic, após uma análise feita por 36 pessoas.

“Com inspirações de hip-hop com rock de titãs, este disco é construído sobre batidas portentosas que são obscuras e intimidadoras, ainda impiamente emocionante”, disse Simon Harper, da revista Clash, sobre o disco. 

A banda, formada no início dos anos 2000, é composta pelo vocalista Alex Turner, o baterista Matt Helders, o guitarrista Jamie Cook e o baixista Nick O’Malley. AM foi muito bem avaliado, principalmente, pelos solos de guitarra de Cook, que se destacam ao longo do álbum. A versão em vinil possui duas faixas bônus que ficaram de fora do disco: 2013 e Stop The World I Wanna Get Off With You.

Arctic Monkeys [Imagem: Reprodução/Letras]

50 anos de The Dark Side of the Moon:  

1º de março de 1973: esta foi a data que Pink Floyd escolheu para lançar a obra que definiria a carreira da banda. The Dark Side of the Moon tornou-se um sucesso mundial, vendendo mais de 60 milhões de cópias ao redor do globo e garantindo o primeiro lugar na Billboard por mais de 14 anos.  

Inicialmente, o quarteto britânico planejava que o disco trouxesse letras que tratam do cotidiano e das pressões que os músicos sofriam na indústria musical. No entanto, algumas canções como Money, Us and Them e Brain Damage mostram que outros temas também foram abordados, desde dinheiro, loucura até conflitos armados. Em entrevista para a Rolling Stones, Roger Waters, vocalista e baixista, afirmou que: ”Dark Side foi o nosso primeiro álbum que é genuinamente temático e que realmente fala sobre algo”. 

Capa de Dark Side of the Moon [Imagem: Reprodução/Pink Floyd]

O álbum foi gravado em Abbey Road, mesmo local onde Paul McCartney estava terminando de produzir Red Rose Speedway. O encontro era inevitável, assim como o featuring, por menor que tenha sido. No final da música Eclipse, de Pink Floyd, é possível escutar uma versão orquestral de Ticket To Ride, canção lançada pelos Beatles em 1965.  

O disco completa 50 anos este ano. Contudo, em 1972, os fãs tiveram um pequeno spoiler do que viria a ser considerado um dos melhores trabalhos da banda. As composições de The Dark Side of the Moon foram apresentadas, até na mesma ordem que aparecem no disco, em Brighton Dome, mais de um ano antes de seu lançamento. 

Aerosmith e Dream On:

É impossível pensar em Aerosmith sem associar ao single Dream On. A banda surgiu na cidade de Boston no início dos anos 70, trazendo uma pegada um pouco diferente: o hard rock com outros gêneros, como R&B, heavy metal e pop rock. A junção de duas bandas – Chain Reaction, do vocalista Steven Tyler e Jam Band, do guitarrista Joe Perry e do baixista Tom Hamilton – virou o que conhecemos até hoje como uma das maiores e melhores bandas de rock, que se tornou completa após a chegada de Ray Tabano e Joey Kramer.  

Dream On foi uma jogada de sorte responsável por mudar todo o futuro do grupo. A banda estava quase sendo largada pela gravadora após o fracasso de seu primeiro trabalho na indústria, até que seu produtor convenceu a Columbia Records a lançar essa canção, com a promessa de que ela faria sucesso. E realmente fez. A gravadora manteve o contrato de Aerosmith e o grupo tornou-se um dos principais clientes. No mesmo ano, a banda lançou o álbum Aerosmith.

Aerosmith [Imagem: Reprodução/Discogs]

In Utero: O último álbum de Nirvana

In Utero, lançado em 1993 pela DGC Records, foi o último álbum da banda e é considerado o testamento musical de Kurt Cobain, vocalista e guitarrista do grupo, que cometeu suicídio no ano seguinte. Por ser considerado a espinha dorsal de Nirvana, após sua morte o grupo se separou. 

Kurt Cobain  [Imagem: Reprodução/RockTime]

O disco começou a ser gravado aqui no Brasil e chocou os diretores pelo pouco tempo que levou à banda a concluir as gravações: apenas 12 dias. Em sua primeira semana de lançamento, atingiu o primeiro lugar na parada Billboard 200 e vendeu mais de 181 mil cópias. Atualmente, cerca de 15 milhões já foram vendidas. 

Serve the Servants, música que aborda os aspectos da vida de Cobain, abre a última obra da banda. O disco mescla vários ritmos ao longo de suas canções; algumas mais melódicas, como Heart-Shaped Box, e outras mais agitadas, como Very Ape. A versão americana do álbum possui 12 faixas, já as outras versões, apresentam uma faixa bônus de quase oito minutos. Mesmo de forma não intencional, Nirvana fez um belo trabalho para encerrar a trajetória do grupo. 

Capa do álbum In Utero [Imagem: Reprodução/Nirvana]

[Crítica] ‘Endless Summer Vacation’ é o verdadeiro tributo de Miley Cyrus 

Depois de romper com a imagem de boa garota em Bangerz, esbanjar psicodelia ao lado de Wayne Coyne em Dead Petz, retornar às suas origens do country em Younger Now e aprimorar uma postura de rockstar em Plastic Hearts, Miley Cyrus deu início a uma era de maior potência em sua carreira com o lançamento de Endless Summer Vacation na última sexta-feira (10).

O oitavo álbum de estúdio da artista contém 13 músicas, que é dividido em duas partes – a primeira representa a manhã, com baladas mais sensíveis, e a segunda a noite, com canções que remetem a era disco oitentista e um grunge discreto dos anos 70. Além de conter a participação das cantoras Sia e Brandi Carlile, os principais produtores e compositores que fazem parte do projeto são Greg Kurstin, Kid Harpoon, Tyler Johnson, Mike Will Made-It e Michael Pollack.

Capa de Endless Summer Vacation [Imagem: Reprodução/Instagram]

O grande carro-chefe do disco, Flowers, é uma canção que sintetiza a narrativa contada por Miley em Endless Summer Vacation: a mensagem do amor-próprio. Os números da música falam por si só sobre seu potencial — são 289 milhões de visualizações no YouTube, 646 milhões de streams no Spotify e seis semanas no topo da Billboard Hot 100, parada de sucessos dos Estados Unidos, e da Billboard Global 200.

Em meio a esse sucesso, os fãs da cantora colocaram em debate algumas teorias da conspiração envolvendo o ex-marido de Cyrus, o ator Liam Hemsworth. A música foi lançada no dia 13 de janeiro, dia do aniversário de Hemsworth. Além disso, de acordo com alguns rumores, a casa utilizada no clipe foi o local onde o ator se encontrava com as amantes durante o casamento.

E, por fim, a canção faz uma inteligente resposta à atemporal When I Was Your Man, de Bruno Mars – que Liam teria dedicado à Miley durante a festa de noivado do casal. É inegável que Flowers foi uma ótima escolha para debutar a nova fase da artista.

Em seguida, Jaded é um pedido de desculpas mesmo após um manifesto sobre autossuficiência. Ela mostra o outro lado da moeda de alguém que, apesar de já ter superado o fracasso em um relacionamento, também assume sua parcela de culpa. “É uma pena do caramba que tenha acabado assim, lamento que você esteja cansado”

Rose Colored Lenses, fala sobre uma manhã na cama ao lado da pessoa amada e perfeita por quem está apaixonado, ou, como ela diz, “perdido no país das maravilhas enxergando o mundo cor-de-rosa”. É uma balada sensual, mas também romântica, sendo uma das faixas que mostra a maturidade alcançada pela artista no novo trabalho. 

Em parceria com a cantora Brandi Carlile, Thousand Miles resgata uma vertente da persona Miley Cyrus, especialmente no trabalho apresentado por ela há seis anos em Younger Now. A sensação de já ter escutado algo parecido da artista se confirma com a nota que a cantora deixou sobre a canção no Spotify.

A música foi escrita por Miley em 2016 ou 2017 – mesma época da sua fase country – quando soube que uma das suas melhores amigas perdeu uma irmã para o suicídio. “Eu não conseguia imaginar a vida sem a minha irmã [Noah Cyrus], então escrevi essa música para ela”. Cyrus também conta que, originalmente, a canção se chamaria Happy Girl, porque tomou uma forma que não era esperada. 

Na sequência, You não foi uma surpresa para os ouvintes por já ter sido apresentada por Miley em seu show especial de Ano Novo para o canal de TV norte-americano NBC, no Réveillon de 2021 para 2022. Apesar de ter sido interpretada ao vivo algumas vezes, – inclusive, está presente no álbum Attention, uma coletânea que revisita todos os sucessos da cantora e foi gravado durante os shows da turnê de 2022, que passou pelo Brasil – You ainda não havia ganho uma versão de estúdio. Porém, agora conta com um vocal forte e elementos sonoros que fogem ao senso comum para uma música calma e romântica.

Handstand é a famosa faixa de interlude do álbum, ou seja, responsável por “fechar” o primeiro capítulo do disco e introduzir o segundo. Entretanto, a música não é nada rápida – diferente das interludes comuns. Já a sétima canção do disco, River, intitula também o segundo lead-single, e é justamente um ponto de partida para uma nova história a ser contada sobre a aura noturna e sensual que envolve as pistas de dança. 

Acompanhada de um videoclipe em preto e branco, a música fala sobre “um amor que flui como um rio”. A estética de diva pop estampa uma artista adulta e pronta para ser referência. Ainda no clipe, Miley interage com modelos sem camisa, dança em meio ao vento e no final, fica completamente molhada – tudo isso apenas com um look preto básico, provando que menos é mais.

Em nota ao Spotify, a cantora contou que River surgiu em um momento difícil de sua vida, mas com uma história peculiar. “Estava passando por muitas questões emocionais e pessoais. Essa música evolui como um problema”, declarou a artista. A ocasião que inspirou o trabalho foi uma festa com amigos gays ao som de Diana Ross, Whitney Houston, Lindsay Lohan, Paris Hilton, Britney Spears e “todas as lendas”.

Violet Chemistry é a prova que Miley Cyrus voltou com tudo para o universo pop – seu último álbum tão pop havia sido Bangerz, em 2013, apesar da sonoridade completamente diferente. “Hoje a noite faremos apenas coisas erradas” é um dos versos da canção provocativa e com um refrão chiclete. 

Direta ao ponto, Miley Cyrus traz uma parceria pouco comercial com Sia, que quase não canta em Muddy Feet. A música é, basicamente, um “chute na bunda” em um relacionamento que não faz mais sentido. Com palavrões e sentenças de peso, traz um pouco da energia rockstar da artista.

Wildcard, mostra o caminho para o final do trabalho, mas é uma daquelas faixas que quando começa parece inofensiva, e quando chega no refrão mostra um potencial que o ouvinte não esperava. Ao deixar o recado para a pessoa amada: “ei, sou imprevisível, não espere por muito”, a cantora entrega uma potência vocal e tanto.

A faixa Island não conversa tanto com a estética sonora que Endless Summer Vacation se propõe – especialmente por vir no segundo ato do álbum, que segundo a cantora, é a selvageria noturna. A canção se remete ao tropical, e surgiu a partir de uma reflexão pessoal da artista. “Ela estava contemplando a vida no paraíso que conseguiu criar para se sentir segura”.

Wonder Woman pode ser considerada a última faixa do disco, já que a 13ª é uma versão demo de Flowers no piano. WW não fecha o álbum com grande excitação como era de se esperar para a conclusão da parte PM, mas apesar disso, é uma música bonita que fala sobre a força feminina passada de geração para geração.

A canção é em homenagem à avó materna, Loretta Finley, que morreu em agosto de 2020, e a quem era bastante apegada. “Eu e Mami éramos muito próximas e ela dirigia o meu fã clube. Se você recebeu algum autógrafo entre 2008 e 2018, provavelmente era da minha avó”, revelou a artista ao Spotify. Em Wonder Woman, Miley descreve sua avó como uma mulher não só maravilhosa, mas forte e autossuficiente, algo que facilmente traça um paralelo com Flowers, que abre o disco.

Com o lançamento do álbum, Miley conseguiu a melhor pontuação no Metacritic – comparado a seus trabalhos anteriores – com uma nota 84. Além disso, alcançou o topo do iTunes em 14 minutos nos Estados Unidos, pegou #1 em 54 países na Apple Music e, ao redor do mundo, conseguiu a primeira posição em 70 países. Diversos veículos a aclamaram, como a BBC, que chama a cantora de “a maior pop star do século 21”, e a Clash Magazine, que afirma ser um lançamento onde Cyrus incorpora a si mesma, “este é um lançamento que visa a atemporalidade por si só”.

O disco veio acompanhado de um especial no Disney+. Em Miley Cyrus – Endless Summer Vacation (Backyard Sessions), a artista fala sobre o que motivou a composição das músicas e como elas representam quem ela é atualmente. Também conta com apresentações de algumas das canções e do hit The Climb, em comemoração aos 14 anos de seu lançamento.

Endless Summer Vacation é a despedida perfeita para histórias conturbadas e uma mensagem de boas-vindas à novas oportunidades. O oitavo disco da estrela pop é, tanto uma declaração sobre seguir em frente, quanto uma fusão madura de toda a sua história musical. Há momentos de pop, de acordo com a moda do rádio, combinado com country, rock psicodélico e sintetizadores dos anos 1980. 

A autossuficiência é um tema recorrente, mas Miley também mostra um lado íntimo em faixas que abordam dores e medos. A cantora, porém, não deixa sua faceta selvagem de lado, o que se torna um verdadeiro trabalho completo, principalmente por carregar a experiência de transitar por diferentes gêneros musicais e personas de forma camaleônica. “Endless Summer Vacation é uma mistura de tudo que já fiz, por isso chamo ele de sapato de Cinderela, porque ele tem o encaixe perfeito”, declara Miley ao Disney+.

A ascensão das “faixa rosa” na cena do trap brasileiro

Para quem acompanha o mundo da música no Brasil, não é novidade que o trap esteja ganhando um espaço extraordinário dentro da indústria musical. Nascido como um subgênero do rap, o trap surgiu em Atlanta, Estados Unidos, entre os anos 1990 e 2000. Sempre foi caracterizado por ser um pouco mais “agressivo” do que o rap em si, tanto na letra das músicas quanto na batida. Mesmo com algumas divergências, o trap e o rap ainda se mantêm conectados pelo conteúdo das músicas, que geralmente abordam questões raciais, desigualdade, ostentação e a vida nas periferias. 

No Brasil, esse estilo começou a circular e ser aderido em 2013, mas seu consumo ficou muito intenso a partir de 2016, com grandes nomes do trap, como Raffa Moreira, Sidoka e Recayd Mob. O trap foi construído pela ótica cultural, espacial, midiática e social vinda das favelas e periferias, que, inicialmente, em São Paulo, já mostravam uma potência nessa cena. As letras são como poesia e trazem uma visão de como o intérprete vive naquele lugar descrito na canção. Sexo, racismo, desigualdade, dinheiro e as experiências de cada um são o ponto chave do trap, que ao se misturarem com o beat e auto-tune, o tornam um estilo único.

É fato que o trap já é destaque na indústria brasileira, e mesmo que seja um dos estilos mais escutados hoje, a maioria das músicas são interpretadas por homens, trazendo um debate sobre a posição feminina e a visibilidade que possuem na cena atualmente. Assim como no rap, as mulheres tiveram que enfrentar o patriarcado e as questões de gênero para alcançar um espaço digno, mas, mesmo assim, ainda não conseguiram grande reconhecimento no subgênero. 

Mesmo que as trappers mantenham a ousadia do estilo que cantam, não deixam que os mesmos temas que são abordados por homens sejam o principal de suas músicas. Com mais glamour, elas inovam na abordagem de questões importantes, principalmente as de gênero, combinadas com pautas raciais e sobre vivências nas periferias. Pode se parecer muito com o que os homens cantam, mas é diferente ao passo que levam representatividade e empoderamento aos ouvintes, principalmente a outras mulheres e meninas que se identificam com as letras.

As chamadas “faixa rosa”, são as “divas da rima”, mulheres empoderadas e maduras nas questões sexual e amorosa, que alcançaram a independência, principalmente financeira, e que fazem música (rap, trap e funk) com temas que identificam em suas vidas reais. O termo “faixa rosa” é muito comum na Região Sudeste do Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, e se refere a essas mulheres que ostentam sua liberdade. 

Um exemplo está presente na música Faixa Rosa, da AZZY, cantora destaque na indústria do rap, na qual deixa claro a sua independência: “Ele me chama de braba, de faixa rosa, fala que eu sou gostosa e é doido pra me pegar. Sabe que eu não dependo de ninguém, tenho meu copão também, desencosta que eu quero dançar.” 

Muitas se mostraram relevantes na cena e a maioria representa autonomia a outras que pretendem entrar no ramo. Por menor que seja o número de artistas mulheres no trap, é muito importante o incentivo que as presentes e com maior visibilidade levam para as futuras trappers da geração. 

Ebony

Ebony nasceu em Queimados, na Baixada Fluminense, e começou a fazer sucesso aos 18 anos, quando gravava músicas autorais direto do seu celular, por meio de aplicativos que disponibilizavam beats. Em março de 2019, lançou sua primeira música oficial, Ca$h Ca$h e depois continuou gravando hit atrás de hit. Em entrevista ao João Vitor Pena para o Medium, Ebony fala sobre como é ser considerada a primeira trapstardo Brasil: “Eu gosto de ser a primeira mulher a fazer trap no Brasil, mas isso me assusta, porquê já era pra ter mais!”. 

Em Bratz, um de seus primeiros hits, ela rima sobre a posição da mulher no cenário, sobre ostentação e hype, exatamente como o trapé traduzido como uma expressão musical de sua realidade. Hoje, com mais de 253.126 ouvintes mensais no Spotify, Ebony foi a única mulher a aparecer no documentário de 2019 produzido pelo streaming, “O trap nacional mostra a que veio”. Desde então, se consolidou como uma das maiores trappersdo país e inspiração para outras mulheres na cena.

Onnika

Nascida em Diadema, São Paulo, Onnika começou a fazer sucesso com apenas 19 anos, ao lançar seu primeiro single Ayo Bih, música que é recheada de ostentação e empoderamento. Depois disso, lançou hits com grandes nomes da cena, como Bin, Tasha e Tracie, Febem, Ebony e outros. Em 2022, lançou o ep ONNiKA, onde mistura vocais bem trabalhados com grandes características do trap. 

Cristal

Ganhando destaque na cena do trap nacional nos últimos anos, a artista Cristal, de Porto Alegre, é um dos nomes mais promissores da cena. Ela já se dedicava à poesia antes de entrar para o mundo da música, mas se destacou quando lançou o single Ashley Banks, em 2019, que faz referência ao seriado Um Maluco no Pedaço e quebra a lógica do racismo, o qual associa pessoas negras à pobreza e à miséria. Cristal participou da faixa Deus Dará, de Djonga, e ganhou muita notoriedade ao mostrar sua voz imponente na música. 

Suas letras abordam, sobretudo, questões raciais e sociais, levando o que passou em sua vida para as letras de suas músicas. Seu último lançamento foi o álbum Quartzo. Nele, cada faixa representa um cristal e um pedaço da sua vida: “A música e a poesia são quase como livros abertos sobre a nossa vida. Sempre senti esse incômodo e, ao mesmo tempo, essa necessidade de falar. Isso está sempre me dividindo como artista e como pessoa.” 

Tasha e Tracie

As irmãs Tasha e Tracie, aos 26 anos, estão despontando na indústria do trap nacional. Elas são as responsáveis por criar o Expensive Shit, nome do blog onde falam sobre a valorização da população negra nas periferias por meio da arte, moda e informação. Já eram ativistas desde cedo. Trabalharam sempre em prol das lutas raciais e periféricas e através disso, começaram uma carreira na moda, transformando peças a partir de roupas compradas em brechós e criando um estilo próprio, seguindo sua ancestralidade e gosto. 

A entrada das irmãs no mundo da música começou em 2019, quando lançaram o álbum Rouff. Seguiram com o disco Diretoria, lançado em 2021, repleto de brasilidades, faz referências à escolas de samba, lifestyle e claro, empoderamento: “Enxergamos ‘Diretoria’ como um pé na porta. A gente tentou passar um recado que somos MC’s, sem essa de RAP de Mina.”, comentou Tasha ao Portal Popline. 

A última parceria foi com Ludmilla, em Sou Má. A música se tornou hit em pouco tempo e já alcançou mais de 4 milhões de reproduções no Spotify. Além de fazer parte de uma nova fase da carreira de Ludmilla, que está se aventurando em novos gêneros musicais, também representa um grande símbolo de representatividade na junção de três mulheres negras que cantam sobre autoestima, independência e ostentação de suas próprias conquistas. 

Ebony, Onnika, Cristal e Tasha e Tracie são apenas algumas das representantes de uma cena complexa, ampla e repleta de mulheres diferentes, com vivências e realidades distintas. Suas ações dentro do movimento devem ser enaltecidas como símbolo da representatividade e empoderamento que levam em suas rimas, e onde apresentam o resultado de uma grande luta para ganhar espaço dentro de um ambiente que sempre foi majoritariamente masculino e ainda deve ser conquistado por muitas outras “divas da rima”. 

Oscar 2023: quem leva o prêmio de “Melhor Canção Original”?

Com a cerimônia do Oscar 2023 se aproximando, as expectativas para conhecermos os vencedores em diversas categorias aumentam, incluindo a de Melhor Canção Original. Este ano, com uma variedade de filmes aclamados pela crítica e favoritos pelo público sendo indicados, a premiação promete ser histórica.

A categoria de Melhor Canção Original premia as músicas criadas, especificamente, para um filme, incluindo a letra e a melodia. Ela é importante na premiação pois as músicas, muitas vezes, se tornam um componente crucial na construção da atmosfera do filme, transmitindo emoções e complementando a narrativa.

A 95° edição da cerimônia de entrega dos Academy Awards acontece dia 12 de março de 2023, em Los Angeles, Califórnia. É importante destacar que é o compositor que recebe a indicação, tendo um limite de até três participantes na composição das faixas. Os intérpretes só são considerados na categoria se tiverem contribuído na letra das canções.

Lift Me Up – Rihanna

Lift Me Up foi lançada em 28 de outubro de 2022, como lead single do álbum de trilha sonora de Pantera Negra: Wakanda Forever. O anúncio da música foi muito comentado por marcar a primeira canção solo de Rihanna em mais de 6 anos. Classificada como uma balada R&B, a canção é um tributo ao falecido ator Chadwick Boseman, que interpretou o personagem T’Challa, protagonista do primeiro filme.

A faixa foi produzida e escrita por Ludwig Göransson, com adições de Ryan Coogler, da cantora nigeriana Tems e de Rihanna na composição. Em sua crítica, a Pitchfork elogiou os vocais da cantora barbadense, mas considerou a música e a letra uma adição genérica para a trilha sonora.

O single estreou em segundo lugar na Billboard Hot 100 e permaneceu por duas semanas não consecutivas no Top 10. No Reino Unido, Lift Me Up debutou em terceiro lugar na Official Single Charts. A canção foi indicada no Golden Globes Awards, Critics’ Choice Movie Awards e no Oscar deste ano. Apesar disso, até o momento, só ganhou o prêmio no Hollywood Music in Media Awards.

Rihanna não colocou a música na setlist de sua performance no Super Bowl, mas é inegável que nos últimos meses ela foi um dos nomes mais comentados no mundo, e isso pode ser levado em consideração pelos votantes na corrida para ganhar a estatueta. A representatividade também pode ser uma questão forte para a premiação, que tenta trazer maior diversidade nas indicações nos últimos anos.

Hold My Hand – Lady Gaga

Hold My Hand é o lead single do disco da trilha sonora de Top Gun: Maverick. A canção, lançada em 3 maio de 2022, conta com composição e produção de Lady Gaga e BloodPop. Essa é a terceira vez que a cantora é indicada nessa categoria, sendo anteriormente nomeada por Til It Happens to You, do documentário The Hunting Ground, e Shallow, de Nasce Uma Estrela.

Para a crítica, Hold My Hand evoca as poderosas baladas dos anos 80, com uma ótima mensagem de esperança. Além disso, o single possui semelhanças com Take My Breath Away, música original feita para o primeiro filme Top Gun, em 1986. A música interpretada pela banda Berlin ganhou a categoria de Melhor Canção Original em 1987 e conseguiu o primeiro lugar na Billboard Hot 100.

O videoclipe da faixa foi dirigido por Joseph Kosinski, mesmo diretor de Top Gun: Maverick. No filme, a música toca durante uma cena no bar entre a personagem Penny e sua filha e, depois, se repete na cena final, em que o protagonista Maverick e Penny desaparecem no pôr do sol. 

Por ter sido lançada em uma terça-feira, Hold My Hand só entrou na Billboard Hot 100 em sua segunda semana, em 17° lugar. Além da indicação no Oscar, a canção recebeu indicações no Globo de Ouro, Grammy Awards por Best Song Written for Visual Media e no Critics’ Choice Movie Award na categoria de Best Song.

Naatu Naatu – M.M. Keeravaani e Chandrabose

Naatu Naatu é uma música indiana em telugu feita para a trilha sonora do filme RRR (Revolta, Rebelião, Revolução). A faixa foi composta por M. M. Keeravani e Chandrabose, e é interpretada por Rahul Sipligunj e Kaala Bhairava. Ela se tornou a primeira música de um filme indiano a ser indicada ao Oscar por Melhor Canção Original

Apesar disso, não é a primeira música com compositores indianos a ser nomeada na categoria. No Oscar 2009, a canção Jai Ho, do filme Quem Quer Ser um Milionário?, venceu o prêmio. Porém, o longa era uma produção britânica, apesar da história ser situada na Índia. 

Naatu Naatu já tem o favoritismo da crítica e ganhou o Globo de Ouro e Critics’ Choice Movie Awards. No Golden Globe Awards, fez história por ser a primeira música indiana a ganhar a categoria. 

O interessante é que o filme RRR ganhou a curiosidade do público americano após um trecho do longa com a produção musical viralizar no TikTok. A coreografia feita pelos protagonistas do filme ganhou as redes sociais e virou trend no aplicativo de vídeos. Com a chegada do longa nos cinemas americanos e no streaming, várias pessoas puderam assistir a performance na íntegra.

Applause – Diane Warren

Applause, do filme Elas por Elas, é escrita por Diane Warren e interpretada por Sofia Carson, atriz e cantora. Lançada em 9 de dezembro de 2022, a faixa tem uma mensagem de empoderamento feminino que conversa com o longa antológico.

A canção é a 14° indicação de Diane, que ainda não conseguiu vencer a categoria. Esse é o sexto ano consecutivo que Warren tem uma de suas composições na premiação. A marca de 14 indicações em Melhor Canção Original só foi alcançada por sete artistas na história. Por esse motivo, em novembro de 2022, a compositora ganhou um Oscar honorário pelo conjunto de sua obra e contribuição para o cinema.

This Is A Life – Ryan Lott, David Byrne e Mitski

Trecho do filme Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. [Imagem: Reprodução]

This Is A Life faz parte da trilha sonora do filme Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo e é composta por Son Lux, um projeto pop experimental de Ryan Lott. Lançada em 8 de março de 2022, a canção é uma balada clássica e lenta com destaque para os vocais de Byrne e Mitski, também compositores da faixa.

A música é a que menos recebeu atenção nas apostas da categoria, pois não foi indicada em nenhuma das premiações usadas como termômetro do Oscar. Apesar disso, o longa Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo é um dos favoritos da edição e tem o maior número de indicações, 11 ao todo.

Pré Lista

Com a divulgação dos pré-selecionados, muitas expectativas surgiram, mas nem sempre os favoritos do público entram na lista de indicados. Um dos grandes “esnobados” desta edição é a música Carolina, de Taylor Swift, para o filme Um Lugar Bem Longe Daqui.  A artista americana ganhou indicações do Golden Globes, Critics’ Choice e Grammy Awards pela sua composição. Todavia, foi ignorada pela Academia e não garantiu sua primeira nomeação ao prêmio.

Algumas outras canções muito comentadas foram Nothing Is Lost (You Give Me Strength), de The Weeknd, para Avatar: O Caminho da Água, Ciao Papa, de Gregory Mann, para a animação Pinóquio de Guillermo del Toro, My Mind & Me, de Selena Gomez, para o documentário Selena Gomez: My Mind & Me e Stand Up, de Jazmine Sullivan, para Till – A Busca por Justiça.

Mesmo assim, os fãs de cinema e música podem esperar por uma noite emocionante e inesquecível na cerimônia do Oscar deste ano, onde a música e o cinema se unem para celebrar e honrar os talentos mais impressionantes e inspiradores do ano. 

[Crítica] ‘This Is Why’ traz o isolamento, maturidade e o autêntico punk rock

Após um hiatus de 5 anos e meio, a banda Paramore fez seu esperado comeback na última sexta-feira (10) com seu sexto álbum de estúdio, This Is Why. O projeto repete pela primeira vez a mesma formação do disco anterior do grupo, com Hayley Williams nos vocais, Taylor York na guitarra e Zac Farro na bateria.

This Is Why começou a ser produzido durante a pandemia e retrata emoções vividas nessa época pela banda, além de reflexões dos 20 anos de história do grupo. No anúncio do álbum, Paramore diz “Se você sentiu sensações de agorafobia, isolamento, dissociação, desconexão e nostalgia por coisas que você ainda não experimentou e nem sabia que queria. Então nós temos um álbum para você”.

O disco conta com 10 faixas e tem como produtor principal Carlos de la Garza. A mixagem é assinada por Manny Marroquin e a masterização é feita por Emerson Mancini e Michelle Mancini. O álbum tem como escritores principais os três integrantes da banda e resgata a sonoridade do punk rock autêntico de projetos anteriores.

A primeira música é This is Why, faixa que deu nome ao projeto e lead single do álbum. Lançada em 28 de setembro de 2022, a canção foi a última adição na tracklist do disco e explora as emoções de ter passado pelo período de isolamento social e suas consequências. A falta de humanidade e empatia da sociedade e opiniões não solicitadas são algumas das razões usadas para exemplificar o sentimento.

A faixa alcançou o terceiro lugar na parada musical da Billboard Rock e Alternative Airplay e ficou em oitavo na Bubbling Under Hot 100, também da Billboard. O videoclipe foi gravado em uma mansão em Malibu, na Califórnia, e foi dirigido por Brendan Yates, da banda punk Turnstile.

The News, o segundo single do disco, lançado em 8 de dezembro de 2022, resgata o melhor do punk rock, desde sua sonoridade até a letra com sinais claros de insatisfação com o que está acontecendo no mundo. A canção é um bom exemplo da intenção do álbum, que traz reflexões sobre os acontecimentos dos últimos 5 anos de hiatus da banda.

A música ficou em 34° lugar na Billboard Hot Rock & Alternative Songs por apenas uma semana. O videoclipe mostra Hayley Williams em isolamento sendo absorvida pelas notícias enquanto se transforma em uma forma mais bizarra. O vídeo foi inspirado em cenas do gênero de terror e é dirigido por Mike Kluge e Matthew DeLisi.

A terceira canção é Running Out Of Time, escolhido como quarto single da era This Is Why. A faixa explora a falta de tempo como o último álibi e as famosas desculpas e pequenas mentiras que acompanham um atraso. Em entrevista para a Genius, Hayley afirmou que a música é inspirada em situações que aconteceram com ela e na sua tendência à procrastinação.

A amizade da vocalista do Paramore com Taylor Swift também ajudou a dar vida a canção, já que foi em uma visita ao closet de presentes de Taylor que Hayley pode ver sua falta de organização na vida. O destaque de Running Out Of Time vai para o refrão que traz a estética do funk rock, a mistura dos dois gêneros eleva ainda mais a faixa.

O projeto segue com C’est Comme Ça, terceiro single do álbum, lançado em 12 de janeiro. A expressão em francês que dá nome a música pode ser traduzida em português por “É assim que é”. A temática é semelhante a da faixa anterior, só que em C’est Comme Ça, a banda aceita que é necessário algum tipo de caos para sobreviver. 

A canção traz alguns versos mais falados, nunca antes vistos na discografia do grupo. Em entrevista ao The Zane Lowe Show, Paramore admitiu que a influência na sonoridade e estilo da música vem de bandas como Talking Heads, Dry Cleaning e Yard Act.

Big Man, Little Dignity é a quinta e a mais longa música do disco. Apesar do ritmo mais tranquilo, a letra é mais ríspida por relatar o sentimento de impunidade masculina. A faixa ressalta a falta de consequências para os homens na sociedade, que não se responsabilizam por suas ações.

A sexta canção é You First, que reflete sobre o paradoxo de poder ser o herói e o vilão na mesma história. Em versos como “Turns out I’m livin’ in a horror film, Whеre I’m both the killer and the final girl”, a faixa exemplifica esse conceito. A sonoridade remete ao rock alternativo e tem como destaque a ponte e o refrão.

O álbum segue com Figure 8, música que contempla estar perdido na imensidão, pois a “figura 8” se refere ao símbolo do infinito. A canção tem um liricismo interessante sobre a ideia e chama a atenção pelo solo de guitarra no pré-refrão. 

Liar é a oitava faixa do disco e a primeira a utilizar a temática da paixão, mas especificamente o medo de se apaixonar. A canção super intimista e pessoal marca, possivelmente, a fase inicial do relacionamento entre dois integrantes da banda. Hayley Williams e Taylor York confirmaram, em setembro de 2022, os rumores de que estariam namorando, e fãs logo associaram a música à história dos dois.

Ensaio para a revista Billboard [Imagem: Reprodução/Billboard]

A penúltima faixa é Crave, que fala sobre nostalgia tanto na letra como no ritmo, e se assemelha com algo já feito em trabalhos anteriores. Mesmo assim, a canção não deixa de ser interessante por trazer nos versos provocações importantes sobre o tema.

O projeto se encerra com Thick Skull, uma das músicas que mais surpreendem no disco. Ela começa devagar e vai crescendo, até explodir no refrão em uma experiência catártica da vocalista. Na letra, é possível identificar a escolha de encerrar This Is Why com a canção, que é de fato uma maneira de calar acusações injustas sobre a carreira do grupo.

Com o lançamento do álbum, Paramore alcançou o primeiro lugar no Top Albums Debut Global no Spotify e tem projeções de estrear no topo da UK Album Chart pela primeira vez em uma década. This Is Why também conseguiu ficar em 1° lugar no Itunes dos Estados Unidos. 

No Metacritic, o disco recebeu nota 85 com 18 críticas consideradas positivas. A revista NME atribuiu nota máxima e considerou o projeto um retorno triunfal da banda. Já a Rolling Stones, destacou a maturidade atingida no álbum, mostrando que ser adulto também traz suas angústias. A Pitchfork deu a nota 6.3, elogiando o uso do ritmo post-punk, mas não considerou que o Paramore chegou no nível de projetos anteriores.

Photoshoot para a capa da revista NME  [Imagem: Reprodução/NME]

É importante lembrar que This Is Why marca o último álbum do contrato da banda com a Atlantic Records. Assim, o disco marca o fim de uma era muito importante na carreira do Paramore. Em diversas entrevistas, Hayley Williams deixou claro o valor simbólico do projeto como o fim de um acordo assinado quando ainda era adolescente. 

Agora, como adultos, a banda finalmente pôde deixar para trás algumas polêmicas e se dedicar a projetos mais íntimos para o trio. Esses podem ser um dos motivos que levaram This Is Why a ser um álbum mais curto. Ele se afasta bastante sonoramente de seu antecessor, After Laughter, mas está longe de ser um álbum completamente nostálgico. 

Para os fãs, o disco pode soar familiar a projetos como Riot!, mas o ponto-chave da nova era vem na maturidade das composições. Por motivos óbvios, a agonia, raiva ou insatisfação da juventude não têm mais espaço na discografia do grupo. Os sentimentos agora dão lugar a problemas mais “reais” do mundo adulto, como perder a noção de passagem do tempo e aceitar aspectos imutáveis de sua personalidade. 

O movimento emo e o gênero pop-punk viraram tendência nos últimos anos, principalmente, por novos nomes na indústria musical. Quando ele é feito por quem não apenas experimenta do gênero, mas viveu o início dos anos 2000, é possível notar algumas diferenças. Hayley mostra constantemente o porquê é uma grande vocalista e compositora, e Zac e Taylor dominam seus instrumentos para trazer um senso de coesão e harmonia. Dessa forma, This Is Why se torna uma adição interessante ao catálogo do Paramore e evidencia a importância da banda no gênero.

Artistas contemporâneos mostram que o punk é uma tendência na indústria musical

A indústria musical tem revelado novos artistas dispostos a explorar o punk. Como exemplo disso, nos últimos anos, Machine Gun Kelly esteve em evidência por seus dois álbuns de pop punk, enquanto Olivia Rodrigo e Willow também emplacaram hits do gênero. Recentemente, Doja Cat, em entrevista à Variety, afirmou que deseja explorar o punk como uma alternativa sonora. Isso mostra uma possível tendência de artistas a migrarem para o gênero, mesmo não estando tradicionalmente posicionados nele desde o início. Mas por que faz sentido para eles explorar esse gênero em específico?

Para compreender esse cenário, é importante entender os diferentes significados dentro do punk. É um movimento cultural que abrange não só a música, mas também a moda, a arte e a literatura. Ele surgiu nos Estados Unidos e na Europa como uma alternativa à complexidade do hard rock e do rock progressivo. 

Esses gêneros possuem características musicais muito elaboradas, como utilização de técnicas apuradas e cuidadosamente aplicadas às músicas. O punk, por sua vez, apostava na simplicidade dos arranjos e na objetividade. Com isso, aliado a suas letras com caráter político e social, ele teve o seu início em 1970 já remando contra a maré.

Tendo Ramones, The Clash e Sex Pistols como algumas das bandas de vanguarda, o movimento passou a ser uma oportunidade de inclusão para jovens que se sentiam desconectados da sociedade. Dentre as principais características, a estética de rebeldia, as roupas rasgadas e os metais e tachas. Musicalmente, parte dessas bandas destacaram-se também pelos vocais que esbanjavam espontaneidade, e não necessariamente um primor técnico. Portanto, o foco era no movimento, na cultura e na mensagem das músicas.

Com o passar dos anos, surgiram diversos segmentos do punk. Dentre eles, o pop punk e o punk hardcore. O primeiro é o nicho de diversas bandas muito famosas, como blink-182, Green Day e Simple Plan. É algo que agrada mais o mainstream e faz sucesso considerável desde os anos 90. Suas letras contam com temas mais pessoais e amorosos. 

Enquanto isso, o segundo possui uma sonoridade mais forte e agressiva, contando com letras sobre questões políticas e um caráter evidente de enfrentamento à sociedade como um todo. Ao contrário do punk tradicional, o hardcore não deu tanta atenção ao visual, abandonando, por exemplo, os cabelos exóticos. O subgênero possui, dentre suas principais bandas no final dos anos 1970: Black Flags, Dead Kennedys e Bad Brains.

Hoje, existem motivos que fazem o punk ser possível de ser explorado por artistas distintos em momentos diferentes de suas carreiras. Para Machine Gun Kelly (MGK), por exemplo, foi uma boa opção afastar-se um pouco do rap e buscar outras oportunidades e públicos. Mas o que fez o artista escolher especificamente o pop punk foi que existia sentido em explorar a estética de um subgênero mais leve, de músicas sobre assuntos pessoais e com letras pegajosas. Essas características combinavam com os seus trabalhos anteriores, e ele pôde se aproveitar disso escolhendo um gênero que traz a leveza do mainstream sem deixar de lado a rebeldia do punk.

Clipe de Bloody Valentine, um dos principais hits de MGK

No caso de MGK, a escolha foi um sucesso — e ele até chegou a reconhecer isso em uma entrevista à Billboard. Prova disso é que, mesmo após o anúncio do artista de que iria voltar para a sua era de rap, ele continua esbanjando participações em festivais de rock e de metal, que são gêneros com uma cultura mais alinhada à do punk que à do mainstream.

Seguindo a mesma linha, a cantora Willow também experimentou o pop punk em algumas de suas canções, como transparent soul e a própria emo girl, com MGK. Os vocais poderosos da cantora adaptam-se de forma que faz ser nítida a tendência da nova geração da música de abraçar o pop punk como um gênero relevante para diversificar o seu cardápio de estilos musicais.

Clipe de transparent soul, de WILLOW

Outra artista que evidenciou a escolha pelo pop punk como opção foi Olivia Rodrigo, que trouxe em seu álbum Sour duas canções com a sonoridade pop punk bem marcadas: brutal e good 4 u. No entanto, essa linha do punk que os artistas têm seguido traz menos ruptura com relação ao pop e é uma forma de explorar novos caminhos sem sair completamente do mainstream.

O que Doja Cat indicou ter desejo de fazer é explorar um subgênero do punk que possui uma divergência maior do pop, que é o punk hardcore. Esse seria um movimento diferente do que tem sido observado na indústria musical.

Doja Cat estampando a capa da revista Variety. [Imagem: Divulgação/Twitter]

Os últimos anos da carreira de Doja contaram também com posicionamentos contra a indústria musical no geral. Ela chegou a afirmar que não gosta de se sentir pressionada a fazer as coisas de uma forma que ela não gosta de fazer, como participar de ensaios fotográficos com frequência e atividades comerciais do tipo. O posicionamento pessoal da cantora sem pensar no que a indústria irá achar é interessante do ponto de vista do anti-establishment — que é uma forte característica do punk hardcore. Um bom exemplo disso é a atitude dela de raspar o cabelo e as sobrancelhas por uma vontade própria, já que não gostava de ter cabelos.

Esses fatores aproximam a estética de Doja Cat do punk hardcore, que possui esse caráter de enfrentamento e de posicionamento forte. A cantora — também na entrevista à Billboard — demonstrou, inclusive, ser admiradora de IDLES, uma famosa banda de punk.

Clipe de MOTHER, da banda IDLES

A escolha pelo punk ou por algum dos seus subgêneros tem sido feita por diversos artistas do pop e do rap mainstream. Em cada caso, há um sentido para que essa opção seja plausível. Com motivos para o hardcore ser uma possível opção, resta esperar para ver como uma estrela de pop e rap internacional, como Doja Cat, sairá no punk hardcore, que ainda não foi explorado com tanto afinco por algum artista recente.

Desilusões amorosas transformadas em hits de sucesso

Nem sempre uma decepção amorosa é o fim do mundo, em certos casos, ela pode ser até positiva para um dos envolvidos. Os ícones musicais Miley Cyrus, Taylor Swift e Shakira não possuem apenas o fato de serem divas pop em comum.  Todas as três foram vítimas de uma desilusão no amor, que as levaram a extravasar esse sofrimento em forma de letras e melodias. Mas as semelhanças não param por aí. Elas e alguns outros artistas conseguiram faturar com seus relacionamentos acabados.  

Composições sobre um amor que não deu certo são mais que comuns no mundo da música, mas não é qualquer faixa que consegue garantir seu lugar no topo das plataformas digitais. No entanto, a indústria musical está cada vez mais cheia de mulheres que estão dominando o rádio, o Spotify e as redes sociais. Afinal, muitas mulheres se encontram e se identificam com a dor transmitida nessas canções, contribuindo ainda mais para seu sucesso 

Miley Cyrus

É preciso falar de Flowers de Miley Cyrus. A música foi lançada no dia 13 de janeiro como uma divulgação de Endless Summer Vacation, seu oitavo álbum produzido em estúdio. A Billboard divulgou que a nova música de Miley é a primeira a ter mais de 50 milhões de streams desde o lançamento da Olivia Rodrigo,  Drivers License, lançado em 2021. O sucesso é tanto que, pela segunda semana consecutiva, a faixa está em primeiro lugar em todas as plataformas de streaming.  

O single ganhou ainda mais força depois que os fãs entenderam que se tratava de uma resposta para seu ex-marido, o ator Liam Hemsworth, com quem se relacionou por cerca de dez anos, com várias idas e vindas. O filme A Última Música, estrelado por ambos, foi o pontapé inicial da relação. Após se apaixonarem durante as filmagens, Hemsworth pediu Miley em casamento em 2012. 

Miley Cyrus e Liam Hemsworth [Imagem: Reprodução/Hollywood Forever]

Assim como é falado em Flowers, a relação sempre foi cheia de altos e baixos. Os rumores de separação entre eles eram constantes. A cantora vem faturando com a falha desse relacionamento desde 2013, quando lançou o hit Wrecking Ball, escrito após o fim do noivado deles, confirmado em setembro do mesmo ano e que conquistou milhares de pessoas. O videoclipe possui mais de um bilhão de visualizações. O ex-casal reatou o noivado alguns anos depois e tornaram a relação oficial em 2018. Contudo, se divorciaram em janeiro de 2020.

No novo single, Miley fala sobre encontrar alegria e empoderamento após um término e faz algumas referências, nenhum pouco sutis, ao seu ex-marido. Após algumas especulações feitas por fã clubes, a letra ganhou um novo significado, em que Cyrus parece ter envolvido When I Was Your Man, de Bruno Mars – música que seu ex dedicou à ela alguns anos atrás. Nesta canção, Mars demonstra arrependimento de suas atitudes e menciona coisas que deveria ter feito para valorizar a relação, como comprar flores, segurar a mão de sua amada e levá-la para dançar.  

Porém, indo ao encontro dessa pegada de se empoderar cada vez mais, Miley rebate todas essas ações falando que pode fazer tudo isso sozinha e para si mesma.  

”Eu posso comprar flores para mim mesma. Escrever meu nome na areia. Falar comigo mesma por horas. Dizer coisas que você não entende. Eu posso me levar para dançar. E posso segurar minha própria mão. Sim, eu posso me amar melhor do que você pode”, escreveu a cantora. 

Shakira

A rainha colombiana anunciou no meio do ano de 2022 que estava se separando do ex-jogador de futebol Gerard Piqué. O motivo do término? Traição. A história seria cômica se não fosse trágica. Shakira desconfiou que estava sendo traída após perceber que uma geleia que, na época, seu marido não gostava, aparecia comida mesmo quando ela estava fora.

De acordo com  o Page Six, a cantora teria descoberto e ficado devastada com o fato de que a atual namorada de seu ex, Clara Chía, frequentava sua casa desde 2021. Como consequência disso, surgiu a música Bzrp Music Sessions #53, parceria com o DJ e produtor argentino Bizarrap. Lançada no dia 11 de janeiro deste ano, a letra chamou atenção por não ter rodeios. É uma canção feita para passar uma mensagem:

”Você achou que me machucou e eu fiquei mais forte. As mulheres não choram mais, as mulheres faturam” , escreveu a cantora

A faixa atingiu mais de 60 milhões de visualizações no Youtube em 24h, tornando-se a nova música latina mais assistida na plataforma. Uma canção cheia de indiretas que não perdoou ninguém; nem Piqué, nem Chía. A cantora afirma que o ex-jogador trocou uma Ferrari por um Twingo – carro popular da Renault. Além de deixar claro que vale duas garotas de 22 anos, idade de Clara. Sobrou até para a antiga sogra, que também foi mencionada na canção. A colombiana permanece na playlist Today’s Top Hits do Spotify desde que lançou essa bomba. 

Taylor Swift 

É impossível falar sobre esse assunto sem mencionar a loirinha. É ainda mais impossível citar todas as músicas que a americana fez e que se tornaram um sucesso após o fim de um namoro. No entanto, têm algumas que não poderiam ficar de fora dessa lista.  

No final de 2021, Taylor lançou a regravação do álbum Red e algumas músicas novas foram escritas quando o disco estava sendo produzido pela primeira vez. Entre elas, All Too Well (10 minute version) (Taylor’s version) se tornou, facilmente, a mais querida de todas. Escrita em 2011, logo após o rompimento, a cantora fala sobre um término doloroso com um parceiro que era mais velho que ela, e, inclusive, citou esse fato para justificar a separação dos dois.

 Não demorou para que os fãs clubes de Taylor associassem os versos ao ex-namorado Jake Gyllenhaal. Além de escrever esse hit, Swift ainda dirigiu o videoclipe da música, estrelado por Sadie Sink e Dylan O’brien, o curta teve mais de 80 milhões de visualizações. The Last Time também foi dedicada para o ator. 

Não é muito difícil associar Dear John a John Mayer, um relacionamento que terminou há mais de 10 anos, mas que foi trazido de volta no novo álbum Midnights. A faixa Would’ve, Could’ve, Should’ve também se refere ao cantor. Em ambas as letras, Taylor aponta a diferença de idade entre eles – 13 anos – e cita: ”Você não acha que eu era muito nova para você mexer comigo?” na quinta música de Speak Now, lançada em 2010. 

A última música escolhida para entrar nesse combo épico de indiretas é Style. Uma outra faixa que também entrega a pessoa que inspirou a letra logo em seu nome: o ex-participante da banda britânica Harry Styles. Ao longo da canção, a cantora menciona que o astro estava saindo com outras pessoas enquanto eles estavam juntos, mas, Style traz um ar mais maduro de Taylor, visto que ela admite que não pode culpá-lo, pois fez o mesmo.  

Taylor Swift e Harry Styles [Imagem: Reprodução/O Globo]

Selena Gomez

Selena Gomez e Justin Bieber. Uma das relações mais comentadas no mundo da indústria musical. Ao longo da extensa história amorosa deles, que durou de 2010 até 2018 – com algumas idas e vindas – diversas músicas foram feitas, tanto por Bieber quanto por Gomez, como os hits Sorry e The Heart Wants What He Wants. 

Selena Gomez e Justin Bieber [Imagem: Reprodução/O Globo]

Mas, a escolhida de hoje é Lose You To Love Me, que ficou em primeiro lugar no Billboard Hot 100 em 2019. Essa canção marcou o ponto final de sua relação com o canadense. No documentário Selena Gomez: My Mind & Me, a cantora conta que essa foi a música mais rápida que ela já escreveu. ”Escrevemos em 45 minutos. É mais do que apenas amor. É sobre eu aprender a me escolher, escolher a vida. A música é sobre saber que você se perdeu totalmente, apenas para se redescobrir novamente”, disse.

Alguns fãs do antigo casal acreditam que a letra foi uma forma que a cantora encontrou de dizer adeus para o seu antigo amor, que um tempo depois se casou no mesmo ano com a modelo Hailey Baldwin. 

”Eu me entreguei por inteiro e todo mundo sabe. Você me destruiu e agora dá pra ver. Em dois meses, você nos substituiu como se fosse fácil. Me fez pensar que eu merecia logo quando comecei a melhorar. Nós sempre agimos cegamente. Eu precisei te perder para me encontrar. Esta dança estava me matando lentamente. Eu precisei te odiar para me amar”, escreveu Gomez em Lose You To Love Me. 

A nova geração:  

As canções feitas para tentar curar um coração partido são cada vez mais comuns. Desde o início de 2021, algumas figuras femininas vêm se destacando na área, como Olivia Rodrigo. Sour foi o primeiro álbum lançado pela cantora e que conseguiu garantir algumas premiações de prestígio na indústria musical, como: Melhor Álbum na Billboard 200, Melhor Álbum Pop no Grammy Awards e Álbum do Ano no People Choice Awards. 

Olívia se tornou um fenômeno, principalmente entre as adolescentes, devido sua capacidade de conseguir retratar os sentimentos de uma desilusão amorosa de forma tão singular. 

Olivia Rodrigo após Grammy Awards [Imagem: Reprodução/CNN]

Gracie Abrams é outro nome que cresce cada vez mais. Com apenas 23 anos, a cantora já lançou seu primeiro EP – This Is What It Feels Like – e abrirá alguns shows de Taylor Swift em sua nova turnê , The Eras Tour. O single I miss you, I’m sorry foi o responsável por impulsionar a carreira de Gracie. Com uma mistura de melancolia e vulnerabilidade, possui mais de 127 milhões de streams no Spotify.

Como bem disse Shakira em seu novo hit, as mulheres não choram mais, elas faturam. Nem sempre um relacionamento que não deu certo no quesito amoroso significa um fracasso total. 

É muito  significativo ver um sentimento negativo – seja ele raiva, rancor ou tristeza – ser transformado em arte. É ainda melhor saber que, cada vez mais, as mulheres estão dominando um espaço que, por muito tempo, foi ocupado, predominantemente, por figuras masculinas. A expressão de seus sentimentos por meio da música passou a ser valorizada, ao invés de invalidada.